Bósnia 3 - 1 Irão (Dzeko 23', Pjanic 59', Vrsajevic 83'; Reza 82')
Partindo do pressuposto que a Argentina conseguia vencer a Nigéria -
como aconteceu - o jogo de hoje podia permitir ao Irão, em caso de vitória,
seguir para a próxima fase. A Bósnia, já eliminada, jogava hoje apenas pela
honra e para conseguir a sua 1.ª vitória em Mundiais, uma vez que este Brasil
2014 está a ser a estreia da selecção bósnia nestas andanças. Finalizado o
jogo, acabámos por ter uma Bósnia muito superior a eliminar o Irão, ajudando a
Nigéria. Pode-se dizer que a Bósnia jogou como até aqui ainda não tinha conseguido,
e o Irão na Hora H fez o pior jogo dos 3. Importa acrescentar que foram 2
selecções prejudicadas no seu trajecto: a Bósnia teve azar no primeiro jogo
(auto-golo a arrancar o Mundial) mas viu um golo anulado a Dzeko quando ainda
estava 0-0 com a Nigéria; já o Irão de Carlos Queiroz teve fortes razões de
queixa no jogo frente à Argentina, no qual os seus jogadores se transcenderam e
só a combinação da equipa da arbitragem com o talento de Lionel Messi acabou
por escrever uma história negativa para os iranianos.
Queiroz manteve o seu modelo de jogo habitual,
extremamente defensivo mas com resultados interessantes nos 2 jogos anteriores
na saída para o ataque, enquanto que o seleccionador bósnio finalmente viu a
luz. Modelou a sua equipa por forma a conseguir jogar com Dzeko e Ibisevic em
uníssono, conseguiu ter Pjanic próximo dos avançados em vez de sacrificar em
terrenos recuados o mais talentoso jogador bósnio a construir, e abdicou de
Lulic, Misimovic e Hajrovic. É certo que poucos têm os pézinhos de Misimovic,
que Lulic é um dos jogadores mais experimentados nas competições europeias, mas
a equipa melhorou sem eles (também porque pela frente estava o Irão, e a Bósnia
não tinha pressão nenhuma, claro). Já Hajrovic, embora seja um dos jogadores
com maior potencial desta Selecção, tem claramente que melhorar no capítulo da
decisão e aí poderá vir a ser um jogador de outro nível. O embate de hoje
arrancou com Dzeko a testar Haghighi e no começo vimos uma Bósnia confortável a
encostar um Irão, como sempre com as linhas muito recuadas. Aos 23' e com
alguma naturalidade chegou a vantagem bósnia - Pjanic deu para Dzeko e o
avançado do Manchester City, do meio da rua, atirou forte e rasteiro, num
remate que deu golo e era bem difícil para Haghighi. O Irão de Carlos Queiroz
mostrou resiliência e quase empatou no lance seguinte, num excelente remate de
Shojaei à barra.
A Bósnia foi mantendo uma baixa intensidade, embora a
fechar rápido e a vetar qualquer tentativa de transição iraniana, e só na 2.ª
parte voltou a haver futebol, numa altura em que Shojaei - um dos jogadores
iranianos com mais técnica - já tinha sido substituído. O 2-0 chegou aos 59
minutos com o homem do jogo a fazer o gosto ao pé e a conseguir uma despedida
digna deste Mundial. Miralem Pjanic recuperou uma bola junto à grande área do
Irão, a jogada desenvolveu-se com Dzeko e Susic, com este último a devolver a
Pjanic que - talvez ligeiramente adiantado mas num fora-de-jogo mínimo do qual
ninguém se queixou - finalizou com calma. O jogo foi passando mas chegaria
ainda o 1.º golo do Irão neste Mundial. Um golo bem merecido! O capitão
Nekounam acreditou e cruzou após uma jogada de insistência para o desvio de
Reza Ghoochannejhad. O Irão merecia sair deste Mundial com 1 golo e Reza foi
sempre ao longo dos 3 jogos o homem mais perigoso do ataque da equipa asiática.
No entanto, o golo marcado amoleceu um pouco o Irão porque logo no minuto
seguinte chegou o 3-1 - Salihovic fez Vrsajevic correr e o lateral-direito
decidiu que também tinha direito ao seu momento e rematou à baliza, batendo
Haghighi, e acabando com o jogo.
Fica uma sensação agridoce ao acompanhar a fase de grupos
de Bósnia e Irão. A Bósnia foi uma equipa imatura, azarada e que se deslumbrou
com o facto de estar no seu primeiro Mundial. O seu seleccionador cometeu
alguns erros, principalmente ao obrigar um criativo como Pjanic a participar
tanto no processo defensivo e a ter que pegar no jogo tão atrás. O jogador da
Roma foi sempre o jogador mais esclarecido da Bósnia neste Mundial e, juntamente
com Dzeko, merecia outra sorte. Relativamente ao Irão, a equipa de Queiroz
deixou uma excelente imagem na prova e infelizmente realizou o seu pior jogo no
momento em que tinha mesmo que ganhar.
Barba Por Fazer do Jogo: Miralem Pjanic (Bósnia)