Costa Rica 1 - 1 (5-3 g.p.) Grécia (Bryan Ruiz 52'; Sokratis 90'+1)
Foi
somente no desempate das grandes penalidades que a Costa Rica conseguiu
carimbar um histórico apuramento para os quartos-de-final. Os ticos tinham chegado em 1990 aos oitavos, mas desta vez vão
mais longe. A Costa Rica, selecção sensação do Mundial
2014, teve que sofrer e muito - foi prejudicada pela arbitragem - mas conseguiu
vencer, com o guardião Keylor Navas mais uma vez em destaque entre os postes.
Hoje já se sabia que teríamos o confronto dos outsiders. Ninguém no seu perfeito juízo imaginaria antes do começo do Mundial que Costa Rica-Grécia seria um jogo dos oitavos. A Costa Rica - talvez a equipa mais perfeita do ponto de vista defensivo nesta competição - acabou por ter o azar de apanhar nos oitavos a pior equipa para o seu jogo, a Grécia. Num jogo entre 2 equipas que sabem defender melhor do que atacar (embora a Costa Rica mereça todos os elogios na forma como consegue estar sempre equilibrada, mesmo no momento ofensivo e ao perder a bola nas transições) a 1.ª parte acabou por corresponder às expectativas. O 0-0 manteve-se, ninguém quis errar, embora a Grécia fosse manifestando algum ascendente. O verdadeiro momento do jogo na primeira parte acabou por ser um remate de Salpingidis, após bom cruzamento de Holebas, com Keylor Navas a brilhar e a defender com a perna. O intervalo chegava e temia-se que o nulo se mantivesse até ao fim. À priori era possível prever que seria um jogo com poucos golos, e ia sendo interessante ver como o jovem Joel Campbell estava a ser bem marcado e anulado por uma equipa com vários colegas seus, entre os quais Manolas, o seu marcador individual.
Parecia que os golos iriam demorar, mas não foi o que aconteceu. Na 1.ª vez que rematou à baliza, a Costa Rica marcou. Bolaños assistiu do lado esquerdo e Bryan Ruiz rematou com muita calma, fazendo um remate seco que Karnezis apenas acompanhou com os olhos. Orestis Karnezis podia ao menos ter-se atirado, ele que não fez 1 única defesa durante todo o jogo (prolongamento e penalties incluídos). Logo a seguir ao 1-0 a Costa Rica voltou a carregar e ficou com claras razões de queixa do árbitro - Torosidis impediu com o braço que a bola chegasse a Bolaños, que se preparava para rematar, ficando uma grande penalidade por marcar. O jogo parecia estar a correr bem para os ticos mas ficou nitidamente mais complicado depois de Óscar Duarte ser (bem) expulso. O central do Club Brugge viu o 2.º amarelo, com o árbitro a ajuizar bem nas duas ocasiões. Ficando a jogar com 10 aos 66' a vida da selecção da América Central ficou mais complicada mas os heróis nascem nestes dias, contra todas as adversidades e quando poucos acreditam mas eles acreditam mais que todos. A Grécia procurou impor maior intensidade no jogo, pressionando o adversário e apostando nos cruzamentos para a área (caso para dizer que Keylor Navas ganhou 100% das bolas no jogo aéreo) e, considerando o critério do árbitro, Manolas poderia ter sido expulso após uma bárbara entrada por trás sobre Joel Campbell. Keylor Navas foi dando conta do recado mas aos 90 minutos a alma grega veio ao de cima. Gekas rematou, Navas defendeu bem mas deixando a bola à mercê de Sokratis e o jogador do Dortmund conseguiu um épico empate. Com o golo a Grécia acreditou e em cima do apito final, Mitroglou cabeceou uma brazuca que levava golo escrito, mas Keylor Navas com uma estirada fantástica aguentou a Costa Rica no jogo.
Sabia-se que o prolongamento seriam 30 minutos de luta, de sofrimento para a Costa Rica e assim foi. A Grécia esteve sempre em cima e desperdiçou inclusive uma jogada de 5 para 2, com Keylor Navas a defender no fim, mas após uma transição mal executada e decidida pelos gregos. O tempo foi passando, a defesa costa-riquenha foi sobrevivendo e quando já se cheiravam os penalties, Keylor Navas (guardião cobiçado por Porto e Benfica, segundo a imprensa desportiva portuguesa) brilhou novamente ao fechar o ângulo de remate a Mitroglou.
Nas grandes penalidades, e já com Fernando Santos expulso, os jogadores estiveram inspirados e serenos. Celso Borges, Mitroglou, Bryan Ruiz, Christodoulopoulos, Giancarlo González, Holebas e Campbell marcaram mas à 4.ª tentativa Gekas viu Keylor Navas ser mais decisivo que nunca com uma grande defesa. A História foi escrita, depois da defesa de Navas, pelo penalty marcado por Umaña, colocando a Costa Rica nos quartos-de-final.
Talvez a Costa Rica até fique pelos quartos, mas o que já atingiu foi extraordinário. Emocionante, épico, heróico. Keylor Navas foi um gigante entre os postes, mantendo o nível deste Campeonato do Mundo e do que apresentou na Liga BBVA, hoje Keylor estava destinado a ser lenda; a defesa esteve novamente impecável (boa imagem ver Duarte em lágrimas no fim a agradecer aos colegas) e na frente Bryan Ruiz fez o seu papel e Joel Campbell lutou até ao limite. Holebas esteve muito bem criando perigo constante nas suas subidas, Sokratis marcou o golo que podia ter mudado tudo e Karagounis merece também uma palavra de apreço porque hoje vimos o guerreiro que ele sempre foi durante toda a carreira, sem transparecer em momento algum que tem 37 anos.
Holanda-Costa Rica nos quartos - Robben é favorito, mas esta Costa Rica tem vidas infinitas.