26 de junho de 2014

Portugal 2-1 Gana: Agora já é tarde...

Portugal    2 - 1    Gana (Boye (A.G.) 31', C. Ronaldo 81'; Gyan 57')

    Portugal precisava de recuperar uma desvantagem de 5 golos, mas não foi capaz e acabou por ficar definitivamente de fora do Mundial. Não foi certamente pelo jogo de hoje frente a uma boa selecção - onde até houve melhorias -, mas sim pelos dois jogos anteriores. Faltou muita atitude à equipa portuguesa nos jogos frente à Alemanha e aos E.U.A. e o destino foi o merecido - como Paulo Bento afirmou. O técnico português usou hoje um onze com maior qualidade onde fez actuar William Carvalho e Rúben Amorim no centro do terreno e relegando Miguel Veloso - por ser o único disponível - para a lateral esquerda.
    Portugal desde cedo deu boas indicações no que toca à intensidade colocada em jogo. Troca de bola rápida e bastante objectiva. Ronaldo deu logo o mote atirando à barra num cruzamento repleto de intencionalidade - já que o capitão olhou apenas para a baliza e não para a área. Logo a seguir converteu um livre à entrada da área onde Dauda atirou com dificuldade para canto. O Gana respondia sempre pelo mesmo lado - direito. O corredor de Miguel Veloso era uma autêntica auto-estrada para os ganeses, já que o médio luso não tem capacidade física para acompanhar os extremos adversários. Muito bom no apoio ao ataque com os seus cruzamentos (Miguel Veloso é dos melhores portugueses a bater bolas), mas defensivamente simplesmente não era capaz. A verdade é que o português não tem a culpa. Aquele não é o seu lugar e Paulo Bento não tinha outra escolha. Ronaldo continuava a tentar, mas a bola não entrava. Grande cruzamento de João Pereira da direita e Ronaldo - livre ao segundo poste - atirou à figura de Dauda. O guardião ficou eufórico com a defesa ao remate do melhor do mundo, sendo que - tendo em conta a eficácia normal de Ronaldo nestes lances - podia ter feito muito melhor. Os africanos responderam logo a seguir com Gyan a aparecer na grande área em excelente posição, mas Beto a negar o golo com uma fantástica defesa com as pernas! À meia hora de jogo surgiu o golo para Portugal. Cruzamento venenoso de Miguel Veloso da esquerda e Boye falhou o corte e atirou uma valente "rosca" traindo Dauda com um chapéu. Amorim e Ronaldo ainda insistiram em fazer o segundo antes do intervalo, mas isso não aconteceu. Os portugueses iam para o balneário com a vantagem mínima.
    Com o nulo no jogo entre Alemanha e E.U.A., nem que a equipa das quinas marcasse 10 passaria. Contudo, os alemães marcaram logo no início da segunda parte e faltavam 3 golos à selecção portuguesa. Os 4 golos eram desde o início a prioridade e não os 5 em que a imprensa tanto insistiu. Com 5 golos de desvantagem e tendo uma das equipas - no outro jogo - que vencer, nunca teriam de ser 5 os golos que Portugal teria que marcar para passar. Isto partindo do princípio que não sofríamos golos. Mas sofremos mesmo... Asamoah cruzou de trivela da direita e Gyan apareceu ao segundo poste para fazer o golo. Enorme centro de Kwadwo Asamoah com Gyan a aparecer completamente solto nas costas de Veloso. O conjunto africano podia mesmo ter ampliado a vantagem, mas Waris não deu o melhor seguimento ao cruzamento de Gyan mesmo estando praticamente sozinho perante a baliza. Paulo Bento decidiu (mal) colocar Varela por João Pereira relegando Rúben Amorim para a lateral direita e abdicando assim de um médio. O jogo tornou-se mais partido e sem grande brilhantismo táctico. Começou a ser mais objectivo, mas os ataques - quer de um lado, quer do outro - saíam sempre precipitados. Aos 80 minutos chegaria o golo de Ronaldo. Nani cruzou da direita, Mensah atirou de cabeça para cima e Dauda a socar mal a bola tendo a mesma ido parar a Cristiano Ronaldo. O capitão não foi de meias medidas e rematou sem problemas para o fundo das redes. Até ao fim do encontro só deu Ronaldo. Após bom entendimento com Veloso, o capitão atirou para defesa de Dauda. Logo a seguir, desviou um cruzamento de Nani passando a bola a milímetros da barra. E para finalizar, falhou mais um golo estando isolado com o guardião africano. Não estava nos seus melhores dias, de facto. Se fosse outro jogador, era aceitável e até provável que isto acontecesse. O problema é que Ronaldo habituou-nos mal e estes lances falhados não são habituais no capitão. Ainda assim, todos temos maus momentos. E este não foi o Mundial de Ronaldo.

    Uma vitória com o sabor amargo da despedida, mas com algumas melhorias no jogo português. Sobretudo porque hoje houve um meio campo de grande nível. William Carvalho segurou o meio campo defensivo e Moutinho e Amorim complementaram-se em terrenos mais ofensivos. Moutinho voltou aos bons jogos e isso fez toda a diferença. Hoje não é dia de fazermos um balanço sobre a nossa opinião da prestação da equipa no Brasil. Mais tarde faremos a nossa análise dando a nossa opinião sobre o que correu mal para Portugal não estar ao nível de anos anteriores.



Barba Por Fazer do Jogo: João Moutinho (Portugal)
Outros Destaques: Rúben Amorim, William Carvalho, Ronaldo; Gyan, K. Asamoah, Dauda.

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