Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

30 de maio de 2019

Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

 Liga NOS - Reconquista. A Liga NOS 2018/ 19 teve um antes de Bruno Lage e um depois de Bruno Lage. O Benfica, depois de 15 jornadas de potencial desperdiçado, encontrou o homem certo para o clube encarnado e alguém que nos faz por vezes pensar - o que é que fez o futebol português nos últimos anos para merecer alguém assim?
    Numa época em que a luta pelo título se fez a dois, entre Benfica e FC Porto, os dragões vacilaram na segunda volta, vendo escapar uma distância de 7 pontos e testemunhando in loco o Benfica assaltar a liderança em pleno Estádio do Dragão. Com 103 golos marcados, 18 vitórias nos últimos 19 jogos e uma segunda volta em que as águias venceram no Dragão, em Alvalade, em Braga, em Guimarães e em Moreira de Cónegos, é absolutamente inquestionável a justiça e o mérito do novo campeão nacional (5.º título em 6 anos).
    Novamente rodeado de um clima com demasiados casos e polémicas desnecessárias, culpa dos intervenientes e de uma comunicação social que não fala de futebol mas sim de tudo aquilo que não interessa, o futebol português tem muito a aprender com a postura e personalidade do homem que ergueu bem alto a camisola de Jaime Graça, jamais esquecendo em momento algum as suas origens e todo o trajecto até à glória. Pela positiva, destaque para a impressionante qualidade demonstrada pelos jovens João Félix e Éder Militão, um super-Bruno Fernandes que carregou muitas vezes sozinho o Sporting e afirmou-se como inequívoco Jogador do Ano, brilhando ainda o Moreirense, uma equipa-sensação na qual sobressaíram os nomes de Chiquinho e Ivo Vieira.
    No geral, deve-se elogiar a maior estabilidade dada aos treinadores (Porto, Braga, Vit. Guimarães, Moreirense, Belenenses SAD, Santa Clara, Portimonense, Tondela e Nacional resistiram toda a época com o mesmo técnico, embora 3 destes já se saiba que terão novo técnico), ditando 2018/ 19 o adeus de Feirense, Nacional e Desportivo de Chaves, que serão substituídos daqui a uns meses por Paços de Ferreira, Famalicão e Gil Vicente.

    Acompanhem-nos então neste balanço final, que analisa em detalhe as 18 equipas da Liga portuguesa, procurando o que correu bem, o que correu mal, quem se destacou e quem desiludiu:




Resultado de imagem para benfica felix pizzi rafa BENFICA (1)

   O campeão voltou. Numa época de emoções fortes, os adeptos da Luz não esquecem duas datas - 2 de Janeiro, quando uma derrota em Portimão por 2-0 com dois auto-golos ditou o fim da Era Rui Vitória; 2 de Março, quando em pleno Estádio do Dragão e com uma reviravolta por 2-1 o Benfica assaltou e agarrou o 1.º lugar, posição que nunca mais largou.
    Mas se essas são as "datas fáceis", há outras duas, mais invisíveis no calendário da Liga, que tiveram ainda maior importância. Bruno Lage foi anunciado como treinador interino a 3 de Janeiro, sendo oficializado como dono do lugar a 14 de Janeiro. Porque, mais do que qualquer coisa, este é um campeonato em que houve um a.BL e um d.BL.
    Com um plantel brutal a nível qualitativo, incomparável na técnica, sempre olhámos para o Benfica de Rui Vitória como "potencial desperdiçado". Três derrotas (Belenenses fora, Moreirense em casa e Portimonense fora), conjugadas com uma Champions fraca, atiraram RV para o desemprego. E tudo mudou. Com Bruno Lage, os números falam por si: 18 vitórias e 1 empate em 19 jornadas, um vendaval de bom futebol numa 2.ª volta em que os encarnados venceram no Dragão, em Alvalade, em Braga, em Guimarães e em Moreira de Cónegos.
    Os avassaladores 103 golos marcados devem ser colocados em perspectiva - nas primeiras 15 jornadas o Benfica marcou 31 golos, nas 19 jornadas sob o comando de Lage, 72 golos. A Luz, que esta época até viveu um histórico 10-0, não se calou até ter a reconquista, conseguindo Lage um 4-4-2 equilibrado mas entusiasmante, capaz de existir sem Jonas, apostando na formação e no jogador português (na última jornada, 7 portugueses no 11 titular) e deixando os jogadores confortáveis e libertos. Liberdade (tomada de decisão) com responsabilidade (posicionamento, movimentações). Seferovic, que encarávamos no Verão passado como um excedentário, foi o Most Improved Player da temporada, acabando como melhor marcador com 23 golos, marcando a cada 86 minutos; Samaris e Gabriel foram recuperados, Ferro e Florentino promovidos, os laterais Grimaldo e Almeida (12 assistências cada) jogaram como nunca, Rafa (17 golos) mostrou com consistência tudo aquilo que qualquer adepto sabia que ele era capaz, e Pizzi foi o MVP da equipa com números estratosféricos - 13 golos e 19 assistências - revelando-se o centro de operações criativas da equipa.
    Especial é a palavra certa para descrever Bruno Lage (não víamos tamanho potencial nem tínhamos semelhante admiração por um treinador do futebol português desde que Mourinho treinava o Porto) e para descrever "o miúdo" que ele sentiu que tinha que representar a mudança. Aos 19 anos, João Félix marcou 15 golos na Liga (em apenas 1.736 minutos) e mostrou ser, uma vez que Bernardo Silva saltou basicamente da II Liga para o Mónaco, o jovem mais promissor a despontar no futebol nacional desde Cristiano Ronaldo. Será muito pedir apenas mais uma época de águia ao peito herdando o 10 de Jonas?

Destaques: Pizzi, João Félix, Rafa, Haris Seferovic, Álex Grimaldo

Resultado de imagem para porto militao felipe PORTO (2)

    Não houve bicampeonato, e em parte por culpa própria. Os dragões, que marcaram menos 29 golos do que o Benfica, não eram para nós os principais favoritos à conquista do título, mas tornaram-se e fecharam a primeira volta com 5 pontos de vantagem para o Benfica, 5 pts que umas jornadas antes eram 7.

    Nunca esteve em causa a qualidade defensiva do Porto (20 golos sofridos), impressionando a dupla Felipe-Militão e revelando-se um erro de Sérgio Conceição a entrada no 11 de Pepe, desfazendo-se a melhor dupla da prova e passando o melhor central do campeonato para lateral-direito, uma ideia que também a nós nos parecia boa em teoria, mas que na prática contribuiu de forma negativa para o desfecho do campeonato azul e branco.
    Mantendo preservadas as características que Conceição privilegia, os dragões vacilaram na 2.ª volta quando empataram 1-1 em Guimarães e 0-0 no terreno do Moreirense nas jornadas 20 e 21, perdendo o 1.º lugar de vez com a derrota por 2-1 no Dragão diante do Benfica.
    Superior ao Benfica de Rui Vitória mas bastante inferior ao Benfica de Bruno Lage, o Porto acabou a prova com 3 derrotas, duas delas diante do clube da Luz. Valendo pelo colectivo, Éder Militão (reforço do ano em Portugal) foi quem mais brilhou a nível individual, tendo também ele um período de menor fulgor quando se viu deslocado para a direita. De resto, elementos como Corona, Marega (grande Champions mas reduziu para metade - 22 para 11 - os seus golos na Liga), Óliver, Otávio e Brahimi viveram de momentos e períodos curtos, não se podendo apontar o dedo aos sempre fiáveis e regulares Alex Telles, Danilo, Felipe e Herrera.
    Os azuis e brancos tiveram o campeonato na mão mas perderam-no, podendo crescer e seguir o caminho certo caso aceitem que apresentaram de facto menos futebol que os novos campeões, ao invés de se esconderem em alegados casos extra-futebol. Esperamos que não se assumam riscos em relação a uma lenda viva chamada Iker Casillas, e 2019/ 20 pode representar tremendo desafio de reconstrução adivinhando-se as saídas de Militão, Herrera, Felipe, Brahimi, Marega e Alex Telles. Se no lugar de Pinto da Costa optávamos por manter a aposta em Sérgio Conceição? Provavelmente não.

Destaques: Éder Militão, Jesús Corona, Felipe, Alex Telles, Moussa Marega


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 SPORTING (3)

    Primeiro, uma vénia a Bruno Fernandes. Agora podemos continuar o texto. Resgatados por Sousa Cintra depois de quase destruídos por Bruno de Carvalho, os leões arrancaram para 2018/ 19 debilitados, vendo Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins e Rafael Leão rumar a outras paragens após rescisão. Além do excelente comportamento nas Taças (duas finais conquistadas nas grandes penalidades diante do FC Porto), o Sporting mostrou personalidade e não se deixou abater pelo contexto, embora sempre carregado pelo Melhor Jogador da Liga.
    Com tantas derrotas como Benfica e Porto juntos (6), os leões tiveram José Peseiro no comando durante 8 jornadas, viveram duas jornadas algo mentirosas com Tiago Fernandes, cumprindo os restantes 24 jogos bem entregues a Keizer, escolha improvável e arriscada mas feliz por parte de Frederico Varandas.
    Nani começou a época como capitão (embora, aqui entre nós, Bruno Fernandes sempre o tenha sido, mesmo quando não tinha a braçadeira no braço) mas rumou aos EUA depois do capítulo mais negro desta temporada leonina (derrota caseira por 4-2 diante do Benfica), podendo-se salientar como contratempos a lesão de Battaglia e o parco rendimento de Bas Dost (15 golos marcados na Liga, embora 8 de grande penalidade). Após período inicial com Salin, Renan Ribeiro "agarrou" a baliza, Ristovski foi simultaneamente um dos jogadores mais azarados e avermelhados da época, e Jovane e Miguel Luís foram os jovens lançados, embora tenhamos mais expectativas para Joelson e Félix Correia e continuemos a achar que Geraldes merecia mais oportunidades. Já Wendel cresceu, e tanto Doumbia como Luiz Phellype deixaram boas indicações rumo à próxima época, na qual esperamos maior rendimento de Raphinha.
    Quando o Sporting esteve bem, esteve muito bem. A chegada de Keizer coincidiu com uma sequência de 7 vitórias consecutivas, registo que os leões bateram entre o início de Março e Maio com 10 vitórias seguidas. Comum a toda a época, embora principalmente a partir da chegada do treinador holandês, os desempenhos de Bruno Fernandes para os quais faltam palavras. O médio português, camisola 8, marcou 20 golos na Liga e fez 13 assistências. Um autêntico faz-tudo, BF carregou o Sporting jogo após jogo, jogou e fez jogar, ganhou o respeito de tudo e todos, e tudo isto com uma intensidade que nos permite afirmar que, embora adorássemos continuar a vê-lo por cá, sabemos que o seu nível já é outro. Mas se sair, pelo menos a última imagem terá sido a dele a levantar uma taça.

Destaques: Bruno Fernandes, Marcos Acuña, Jeremy Mathieu, Luiz Phellype, Wendel

Resultado de imagem para abel dyego sousa BRAGA (4)

    15 pontos à frente do grande rival do Minho, 7 pontos atrás do Sporting. Assim acabou o Sporting de Braga, com os gverreiros a piorarem significativamente em relação à temporada transacta - de 75 pts passaram para 67, de 74 golos marcados passaram para 56, de 29 golos sofridos passaram para 37.
    Com Abel Ferreira a perder cotação, embora merecendo já voto de confiança para o futuro próximo por parte do clube, o Braga caiu nas meias-finais das duas Taças e perdeu fulgor a partir do momento em que perdeu em Alvalade por 3-0 na 22.ª jornada. Porque em 21 jornadas o Braga somava 15 vitórias, 4 empates e apenas duas derrotas (no Dragão e na Luz, neste último caso por destrutivos 6-2), mas da jornada 22 em diante seguiram-se 7 derrotas em 13 rondas.
    Numa temporada em que Dyego Sousa foi um dos 10 melhores jogadores do campeonato, arrasando sobretudo na primeira volta mas fechando a época nos convocados de Portugal para a Liga das Nações, o Braga sofreu muito com a lesão de Raúl Silva e descobriu um novo valor das balizas ao ver-se obrigado a lançar Tiago Sá.
    Com laterais competentes (Goiano e Sequeira), ficou sempre a sensação que Abel perdeu muita qualidade a meio-campo (muito diferente passar de Danilo, Vukcevic e André Horta para Claudemir, Palhinha e Fransérgio) e que podia e devia ter dado bastantes mais minutos a 2 talentos especiais como Trincão e Xadas.

Destaques: Dyego Sousa, Wilson Eduardo, Sequeira, Marcelo Goiano, Tiago Sá

 VIT. GUIMARÃES (5)

    Embora a classificação final corresponda exectamente àquela a que apontávamos o Vitória na nossa Antevisão (o Top-5 ficou organizado como acreditámos que ficaria), a equipa de Luís Castro esteve longe de convencer, não ficando muito longe de ser uma desilusão.
    Com o 6.º melhor ataque e a 4.ª melhor defesa da Liga, os vimaranenses conseguiram garantir o acesso à 2.ª Pré-Eliminatória da Liga Europa, esperando-se no entanto que Luís Castro conseguisse morder os calcanhares do Braga (no entanto, ficou a 15 pontos do grande rival) ou pelo menos ser uma ilha entre o Top-4 e o resto da tabela, o que não aconteceu.
    Com um papel importante na corrida ao título, o Vit. Guimarães venceu o Porto fora por 3-2 e empatou em casa 0-0 diante dos dragões, campo no qual derrotou ainda o Sporting por 1-0. Ao Benfica, o clube da cidade-berço não tirou qualquer ponto.
    No geral, achamos que Luís Castro - cujas equipas demoram sempre algum tempo a assimilar as suas ideias - pode fazer muito melhor, atendendo aos trabalhos desenvolvidos em Vila do Conde e Chaves e olhando para a qualidade deste plantel. Esperávamos muito mais de João Carlos Teixeira, Alexandre Guedes ou Welthon, sofrendo o Vitória com o facto de André André só ter estado disponível ou fisicamente apto em 16 das 34 jornadas. Tozé e Davidson assumiram assim o papel de principais figuras da equipa, evoluindo Rafa Soares nas suas cavalgadas ao longo do corredor e funcionando Osorio e Pedrão como uma muito competente e segura dupla de centrais.

Destaques: Tozé, Davidson, Rafa Soares, Osorio, Pedrão

 MOREIRENSE (6)

    A equipa sensação de 2018/ 19. Após duas temporadas a fechar a Liga em 15.º, o Moreirense rebentou com a escala, tornando-se a equipa desta edição que mais superou as nossas expectativas e previsões iniciais.
    Quinta equipa com mais vitórias (16), viveu-se ao longo da época um sonho em Moreira de Cónegos, perdendo os comandados de Ivo Vieira o 5.º lugar apenas na última jornada. E se calhar ainda bem que assim foi uma vez que, considerando que os cónegos não submeteram no devido momento os papéis para poderem jogar na Liga Europa em 19/ 20, acabar um lugar abaixo das competições europeias torna esse lapso menos frustrante.
    O excelente trabalho de Ivo Vieira permitiu a este Moreirense a melhor pontuação de sempre, deliciando qualquer adepto o critério da equipa a sair a jogar, demonstrando trabalho de casa e uma tomada de decisão muito acima da média por parte de vários dos seus intervenientes. Não houve melhor exemplo disto do que espectacular vitória na Luz por 3-1... Falar deste Moreirense é principalmente falar de Chiquinho: o médio de 23 anos foi um dos jogadores mais marcantes desta época, brilhando muito para além dos seus números (8 golos e 7 assistências). Sem espaço no Benfica, podendo muito bem regressar à Luz agora com outro estatuto, Chiquinho mostrou sempre comportamento de jogador de equipa grande, contagiando os colegas. A incrível campanha deve, infelizmente, desmantelar este plantel de heróis - os jovens Chiquinho, Heriberto, Loum (melhor médio defensivo da 1.ª volta), Ivanildo Fernandes e Pedro Nuno brilharam, destacando-se ainda a evolução de jogadores maduros como Fábio Pacheco e Arsénio. Víto Campelos será o treinador em 2019/ 20; veremos qual será o próximo desafio de Ivo Vieira, merecendo o técnico madeirense a subida de patamar que terá.

Destaques: Chiquinho, Heriberto, Arsénio, Fábio Pacheco, Ivanildo Fernandes 

 RIO AVE (7)

    O sétimo lugar bate certo com a História recente dos vilacondenses, que tiveram Nuno Espírito Santo, Luís Castro ou Miguel Cardoso como treinadores, mas a época esteve longe de ser, no seu todo, uma "época de sétimo lugar".
    Com José Gomes a arrancar a época, e a justificar a aposta deixando o clube à 13.ª jornada precisamente no 7.º lugar mas a apenas 3 pontos do 5.º, tudo teve que ser repensado quando o Reading atraiu o treinador para o Championship. O Rio Ave escolheu Daniel Ramos, homem da terra dispensado pelo Chaves, sendo a classificação final superior ao futebol praticado, longe do ADN que se começava a enraizar em Vila do Conde nas últimas épocas.
    O clube surpreendeu ao garantir Fábio Coentrão no Verão e voltou a surpreender alguns meses depois ao confiar em Rúben Semedo (aposta ganha, claramente). Entre os principais destaques, Carlos Vinícius brilhou de tal forma na primeira volta ao ponto de ir parar ao Mónaco, Galeno (bastante melhor na 1.ª volta) soube utilizar o empréstimo para reclamar a sua oportunidade no Porto, e tanto Léo Jardim como Nikola Jambor confirmaram a boa prospecção que o clube faz hoje em dia. Foi bom ver Nuno Santos sem lesões, Gabrielzinho deixou boas indicações e de Murilo esperávamos mais.
    É sabido que Daniel Ramos não continuará nos Arcos na próxima temporada, tendo o clube escolhido Carlos Carvalhal como seu sucessor.

Destaques: Galeno, Carlos Vinícius, Léo Jardim, Nikola Jambor, Bruno Moreira

 BOAVISTA (8)

    As equipa de Lito Vidigal não encantam (muito longe disso, aliás) mas lá que o homem consegue resultados, consegue. O treinador angolano, que já realizara excelentes trabalhos no Belenenses e no Arouca, baixando a sua cotação em Setúbal e na Vila das Aves, ficou sem clube após a jornada 18, mas à 20.ª jornada já estava a orientar o clube do Bessa.
    Diz bastante o facto de em 15 jogos como treinador do Boavista, Lito Vidigal ter ganho 9, não sofrendo golos em sete. Na segunda volta, apenas Benfica, Porto, Sporting e Braga pontuaram mais, e toda esta remontada aconteceu sem que os axadrezados pudessem contar com o seu principal activo desta época, o guarda-redes Hélton Leite, que se lesionou na jornada 21 quando cumpria apenas o seu 2.º jogo com o novo treinador.
    Além de Hélton Leite (um dos bons guarda-redes brasileiros deste campeonato juntamente com Léo Jardim, Muriel e Charles), brilhou sobretudo o colectivo. A experiência de Mateus ou Fábio Espinho foi importante, Neris foi um esteio na defesa, deixando Yusupha uma boa imagem nos últimos jogos e tornando-se o central Gonçalo Cardoso o jogador mais jovem a actuar nesta edição.

Destaques: Hélton Leite, Neris, Mateus, Fábio Espinho

 BELENENSES SAD (9)

    Silas é um treinador especial. Cada vez mais sai reforçada esta ideia, provando o treinador de 42 anos que sabe preparar um jogo (interessante verificar quando escolheu jogar com 3 centrais e quando não o fez), interpretá-lo no seu decurso, identificar como pode ferir os pontos fracos do adversário e até certa medida controlar o jogo com e sem bola. O 9.º lugar mascara um pouco o incrível campeonato que o Belenenses SAD realizou, com tudo contra si: a disputa, entretanto já em tribunal, entre o clube e a SAD privou a equipa de Silas de actuar no Restelo, fazendo as malas rumo ao Jamor, perdendo mais tarde o emblema e vendo a sua figura na 1.ª volta (Fredy) transferir-se no mercado de Inverno.
    Contra todas estas fatalidades, Silas manteve a equipa coesa, tacticamente audaz, podendo-se gabar de ser a única equipa que nunca perdeu com o campeão nacional - venceu o Benfica no Jamor por 2-0 e empatou 2-2 na Luz, único jogo em que o Benfica versão Bruno Lage perdeu pontos no campeonato. Impossível neste caso não fazer comparações. É que o Belenenses SAD fechou a 1.ª volta com 28 pontos, num 6.º lugar em igualdade pontual com Vit. Guimarães (5.º) e Moreirense (7.º), mas na segunda volta somou apenas 15 pontos, algo que pior só Feirense e Nacional conseguiram.
    Destaque evidente para Muriel, o irmão mais velho de Alisson, guarda-redes do Liverpool, que fez a diferença, vendo brilhar à sua frente Sasso e Gonçalo Silva. Além dos primeiros passos do promissor Kikas, Licá recuperou bastante crédito, Diogo Viana fixou-se em definitivo a ala/ lateral e Eduardo Henrique mostrou capacidade para representar clubes de um patamar acima.

Destaques: Muriel, Licá, Gonçalo Silva, Vincent Sasso, Fredy



 SANTA CLARA (10)

    O histórico emblema português, que não militava no principal escalão desde 2003, regressou e não se fez rogado, fechando a contagem num honroso décimo lugar.
    Sem nunca descurar o bom futebol e a estima pelo esférico, a equipa muitíssimo bem orientada por João Henriques (1.º grande trabalho do técnico de 46 anos a este nível) enfrentou variadíssimos contratempos, revelando sucessiva capacidade de se adaptar. A saber: Thiago Santana começou a época como goleador de serviço, mas contraiu uma lesão grave; Fernando Andrade passou a assumir ofensivamente, acabando transferido para o FC Porto em Janeiro; o capitão e requintado médio iraniano Rashid esteve ausente na Taça da Ásia.
    Com sistemáticas novas soluções, o Santa Clara contrariou o nosso feeling inicial quando pensávamos que os Açores seriam o forte da equipa. Analisando as estatísticas, os açorianos somaram 20 pontos em casa e 22 fora de portas. Vendendo sempre caras as derrotas diante de Porto e Sporting, tiveram em Fábio Cardoso um central goleador (5 golos), mostrando o trinco Kaio o suficiente para ser há poucos dias negociado para o Krasnodar por 3 milhões, e percebendo-se que Rashid e Bruno Lamas são de uma casta diferente. Perante a constante necessidade de identificar um novo homem-golo, a lesão de Thiago Santana e a transferência de Fernando Andrade fizeram emergir Guilherme Schettine, um ponta de lança de 23 anos que teremos muita curiosidade de acompanhar em 2019/ 20.

Destaques: Osama Rashid, Fábio Cardoso, Kaio, Guilherme Schettine, Fernando Andrade

 MARÍTIMO (11)

    É sabido que quando um clube confia os destinos do seu clube a Petit, esse clube jamais vai ao fundo. Mas convenhamos, a garantia da manutenção está muito aquém da real valia deste Marítimo. Com uma embaraçosa marca de 26 golos marcados (ninguém marcou tão pouco entre as 18 equipas), os insulares trocaram à jornada 11 Cláudio Braga, o único treinador sobre o qual não tínhamos uma opinião formada no lançamento desta época, por Petit, e o antigo trinco de Boavista e Benfica conseguiu endireitar as coisas a partir da 16.ª jornada.
    É impossível dissociar a boa segunda volta (6.º melhor registo, com os mesmos 28 pontos alcançados nessas 19 jornadas que o 5.º melhor, o Boavista) do espectacular contributo do guarda-redes Charles - o guardião brasileiro até começou a época como suplente de Amir, mas fartou-se de defender, deu pontos e terá sido muito provavelmente o GR com maior nº de "defesas impossíveis" nesta Liga.
    Além de Charles, Edgar Costa mostrou em vários momentos o porquê de envergar a braçadeira de capitão, Vukovic mostrou valências interessantes, Pelágio parece ter condições para ser aposta de futuro, e Joel Tagueu despertou tarde mas acabou em grande com 6 golos marcados nas últimas 9 jornadas.

Destaques: Charles, Edgar Costa, Josip Vukovic, Joel, Zainadine

 PORTIMONENSE (12)

    A equipa que ajudou a mudar o rumo do título (Bruno Lage substituiu Rui Vitória depois de derrota encarnada em Portimão por 2-0, com dois auto-golos) teve uma prestação bastante low profile, mantendo-se sempre distante da apertada luta pela manutenção, sem no entanto sonhar com a Europa em momento algum.
    Com Jackson Martínez (9 golos) a atirar para o passado um longo calvário de lesões, conseguindo inspirar os colegas, achámos que o Portimonense poderia sofrer bastante com a saída do nipónico Shoya Nakajima, um talento ímpar que precisa de regressar urgentemente ao futebol europeu. No entanto, o samba conjunto de Paulinho, Bruno Tabata, Wellington e Lucas Fernandes foi suficiente para espalhar bom futebol em alguns estádios, enchendo o olho do adepto comum.
    Após passagem infeliz no Dragão, Paulinho recuou uma casa e apresentou-se como o jogador mais esclarecido e consistente do plantel, brilhando no corredor Wilson Manafá durante meia época o suficiente para rumar à Invicta, e convencendo-nos sobretudo os jovens Bruno Tabata (22 anos) e Lucas Fernandes (21 anos).

Destaques: Paulinho, Jackson Martínez, Bruno Tabata, Shoya Nakajima, Wilson Manafá

 VIT. SETÚBAL (13)

    Estranha época teve o Vitória de Setúbal, equipa que parece ter tantas vidas como um gato, e que tememos (por se tratar de um histórico) que quando finalmente cair à II Liga, dificilmente se conseguirá levantar.
    Com 28 golos marcados (3.º pior ataque), pode-se dizer que os sadinos continuarão entre os grandes do futebol nacional devido à sua defesa - 39 golos sofridos, quando para efeitos de comparação o Braga sofreu 37, o Sporting 33 e o Benfica 31. O clube abdicou dos serviços de Lito Vidigal - que acabou no Boavista a festejar um simpático 8.º lugar - e coube ao outrora capitão setubalense, Sandro Mendes, "espremer" ao máximo um elenco bastante pobre.
    A maior vitória da época foi sem dúvida o regresso de Nuno Pinto (o lateral-esquerdo travou uma batalha contra um linfoma), assegurando os trintões Mendy, Vasco Fernandes e José Semedo a competitividade da equipa, e roubando holofotes o avançado Jhonder Cádiz, que aos 23 anos evoluiu como poucos esta época no futebol português.   

Destaques: Jhonder Cádiz, Hildeberto, Frederic Mendy, Vasco Fernandes, José Semedo

 DESP. AVES (14)

    José Mota iniciou a época, Augusto Inácio terminou-a. Nem a conquista da Taça de Portugal em 2018 chegou para prolongar o oxigénio no balão de Mota, que em boa hora passou o testemunho a Inácio, homem do futebol claramente com mais para dizer a partir de um banco de suplentes do que em qualquer programa televisivo de comentário desportivo (decente treinador, mau comentador, quando muitos são o inverso).
    Verdade seja dita, o Desportivo das Aves conseguiu exactamente os mesmos 18 pontos em cada uma das duas voltas. Mas com Inácio a equipa evoluiu sobremaneira no momento defensivo, surpreendendo em vários campos. Destaque principal para Mama Baldé (não esperávamos tamanho crescimento do jogador emprestado pelo Sporting, que provou ser definitivamente mais extremo do que lateral), devendo-se salientar o facto do lateral-direito Rodrigo Soares ter terminado a Liga NOS como o jogador do campeonato com maior nº de oportunidades de golo criadas. De resto, Beurnardeau teve um contributo importante entre os postes, e durante a vigência de Inácio, Luquinhas, Jorge Fellipe e Derley foram os jogadores que deram o maior salto.

Destaques: Mama Baldé, Rodrigo Soares, Jorge Fellipe, Luquinhas, Beurnardeau

 TONDELA (15)

    Depois de respirar saúde e tranquilidade na época passada, certame em que a equipa de Pepa reclamou a distinção de equipa-sensação e terminou no 11.º lugar, o Tondela regressou ao seu habitat natural, carimbando a manutenção apenas e só na última jornada com uma vitória por 5-2 diante do Desportivo de Chaves, autêntica final ou Survivor.
    Nesta altura já se sabe que Pepa (38 anos) não continuará em Tondela, sendo possível fazer um balanço extremamente positivo da passagem do técnico pelos beirões. Tomané voltou a ser o farol ofensivo da equipa, abraçando António Xavier o papel de mestre das assistências, e entre Delgado, Peña, Murillo e Pité, o chileno revelou-se o tecnicista mais consistente.
    Atrevemo-nos a achar que é desta que Cláudio Ramos ruma a outras paragens, sendo necessário para evitar novos sustos que o clube consiga atrair mais jogadores na linha de João Pedro, emprestado pelo LA Galaxy e reforço interessante na segunda volta.

Destaques: Tomané, António Xavier, Juan Delgado, Ricardo Costa

 DESP. CHAVES (16)

    Havia qualidade para muito mais. Depois dos bons campeonatos de 2017 (11.º) e 2018 (6.º), a última jornada desta época sentenciou a descida do Chaves ao segundo escalão. Esta temporada para esquecer começou com Daniel Ramos no comando, experimentou dar a volta com Tiago Fernandes, e acabou a aceitar o abismo com José Mota.
    Com 3 diferentes treinadores (nenhuma equipa nesta edição da Liga NOS teve tantos, se ignorarmos o jogo do Boavista com Jorge Couto como interino), o Chaves mostrou um desacerto e gestão confusa que em nada têm caracterizado o clube nos últimos anos. A Daniel Ramos, treinador cujas equipas jogam um futebol pouco ambicioso (competentes a defender e mortíferas em transição) mas eficaz e que se destacara no Marítimo, achamos que o Chaves não deu o tempo e a estabilidade suficientes. Tiago Fernandes (um dos "mitos" desta temporada, construído por aqueles que avaliam treinadores com base nas flash interviews e não no futebol jogado em campo, foi a fama que ganhou como treinador depois do Sporting ter somado resultados positivos consigo, embora praticando um futebol paupérrimo) revelou-se um erro de casting, e a aposta na velha guarda, leia-se José Mota, também foi um tiro ao lado.
    Entre tantos desastres, importa não esquecer também a perda a meio da época do activo mais valioso do clube - Stephen Eustáquio, que numa movimentação inesperada rumou ao Cruz Azul do México -, valorizando-se apenas o fiável central Maras e a espaços jogadores como Luther Singh, William e Niltinho.

Destaques: Nikola Maras, William, Stephen Eustáquio

 NACIONAL (17)

    É difícil olhar para o Nacional da Madeira e não pensar nos chocantes 10-0 impostos pelo Benfica de Bruno Lage na Luz no dia 10 de Fevereiro. Na altura, o clube insular até reagiu bem ao traumatizante resultado com duas vitórias nas 3 jornadas seguintes, mas é difícil defender Costinha e os seus pupilos quando nas 10 jornadas finais somaram apenas 2 pontos...
    A pior defesa da prova (73 golos sofridos) acabou no lugar que prevíamos aquando da nossa Antevisão, ficando sempre a sensação que este se tratava de um dos plantéis com mais carências entre as 18 equipas. Após perder no Verão os seus 2 máximos goleadores, Ricardo Gomes e Murilo, o Nacional nunca veio a ter homens-golo desse nível, sobressaindo nesse aspecto apenas Bryan Róchez (10 golos) e João Camacho (7). Pela negativa, o georgiano Arabidze de quem esperávamos muito mais, e pela positiva o facto da luta pelo título não ter sofrido nenhum volteface devido a uma das habituais situações de nevoeiro na Choupana. Poucos elogios há a fazer, merecendo Costinha uma palavra de apreço por ter sempre procurado dotar a equipa de uma postura positiva - aqui e ali demasiado inocente - e tendo o lateral-direito Kalindi mostrado qualidade para justificar a sua continuidade noutra equipa das sobreviventes.

Destaques: Kalindi, João Camacho, Bryan Róchez, Daniel Guimarães

 FEIRENSE (18)

    A 20 de Agosto de 2018, com duas jornadas decorridas, o Feirense juntava-se aos 3 grandes com 6 pontos e duas vitórias. Depois do 16.º lugar da época anterior, apenas 1 ponto acima das duas equipas que então desceram (Paços de Ferreira e Estoril), e até contra as expectativas iniciais, tudo levava a crer que a equipa de Santa Maria da Feira poderia tentar repetir o feito de 2016/ 17 (8.º lugar). Só que não.
    Depois dessas duas vitórias em outros tantos jogos, o Feirense só voltou a vencer... na última jornada. Pelo meio, 20 derrotas e 11 empates. Nuno Manta Santos resistiu no comando técnico até à 20.ª jornada, deixando na altura a equipa a 5 pontos da salvação, mas com o substituto (Filipe Martins, com um registo de uma vitória, 3 empates e 10 derrotas) o Feirense acabou a 15 pontos de distância do Tondela, última equipa a assegurar a manutenção. E pode-se constatar que a equipa só se soltou (empates por 4-4 contra Chaves e Santa Clara, vitória em jeito de pedido de desculpas no último capítulo) após estar condenada.
    Entre poucos razões para sorrir, Tiago Silva fez o que pôde para adiar a descida, não devendo ter dificuldade em encontrar clube na Liga NOS (gostávamos de o ver regressar ao Restelo sob o comando de Silas) e a principal nota de destaque vai mesmo para o central Briseño, um dos bons valores do nosso campeonato na sua posição e que achamos que poderia surpreender se adquirido por Braga, Vit. Guimarães ou mesmo por um dos 3 grandes.

Destaques: Briseño, Tiago Silva, Babanco



por Miguel Pontares e Tiago Moreira

28 de maio de 2019

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Após termos partilhado os nossos prémios referentes à Premier League, chegou a vez da nossa Liga NOS.
    Numa época em que o Porto procurava a consolidação, houve reconquista por parte do Benfica, que assim acentuou a sua hegemonia interna (5.º título em 6 anos). Mas os adeptos encarnados só puderam gritar a plenos pulmões "o campeão voltou" porque houve Bruno Lage, a principal figura do futebol nacional em 18/ 19, mesmo que não goste de ter os holofotes sobre si.
    Entre incríveis números colectivos (103 golos marcados, 18 vitórias nas últimas 19 jornadas por parte do Benfica) ou individuais (Bruno Fernandes, um médio, marcou 20 golos no campeonato e 32 no conjunto de todas as competições), saiu a ganhar o bom futebol e a aposta na juventude (Félix, Militão, Ferro, Florentino, Galeno, Heriberto, Gedson, etc.), numa Liga valorizada por surpresas como o Moreirense e o Santa Clara.
    Fazendo sentido falar num a.Bruno Lage e d.Bruno Lage, 2018/ 19 é um remate potente de Bruno Fernandes, festejando com a braçadeira vibrante no seu braço esquerdo, é o prodígio João Félix a surgir entre linhas e a provar quão especial é ao marcar nas estreias em Alvalade e no Dragão, é um passe açucarado de Pizzi e um cruzamento perfeito de Grimaldo, é uma bola conquistada na profundidade por Seferovic e um corte providencial de Éder Militão. É Chiquinho, a mostrar que um passo atrás pode permitir dois à frente, é uma arrancada imparável de Rafa, e é, porque há, sempre houve e sempre haverá coisas muito mais importantes do que o futebol, o conforto de saber que Iker Casillas está bem.

    O futebol é feito de jogadores e por isso os prémios abaixo são, praticamente, só deles. Abaixo encontrarão o nosso 11 do Ano, Jogador e Jovem do Ano, Treinador do Ano e algumas categorias adicionais. Vamos lá a isto:



Guarda-Redes: Entre as onze posições, entregar a titularidade na baliza de 2018/ 19 é o exercício menos consensual (além do guarda-redes, apenas merece também alguma discussão o centro da defesa, no lado direito), porque qualquer um entre 4 guarda-redes seria uma boa escolha.
    Mas comecemos em sentido inverso. Vlachodimos brilhou na Europa, mas deixou a nível interno algumas dúvidas sobre a sua capacidade para assumir as exigentes luvas do Benfica, clube onde rendeu mais - ao contrário da generalidade dos jogadores de campo - na versão Rui Vitória do que na versão Bruno Lage. Além do grego, e tendo também Beunardeau, Renan e Daniel Guimarães mostrado qualidade a espaços, importa mencionar Hélton Leite. O guardião axadrezado estava a ser um dos melhores e mais decisivos do nosso campeonato mas deixou de contar após a 21.ª jornada devido a uma lesão grave.
    Assim, e abaixo dos restantes 4, surge Tiago Sá. Com 24 anos, começou a temporada como 3.ª opção atrás de Matheus e Marafona mas fez do azar dos outros a sua sorte. Charles (guarda-redes com o maior nº de defesas espectaculares esta época) foi determinante para que o Marítimo não descesse, e é difícil encontrar um GR que tenha sido superior quando avaliada em exclusivo a segunda volta. Léo Jardim revelou tremendo potencial, parecendo reunir condições para reforçar um grande, Muriel (irmão de Alisson, guarda-redes do Liverpool) impressionou pela consistência, mas acabámos por escolher Casillas - sentimentos à parte pelo susto que provocou a sua saúde, o portero do Porto correspondeu sempre, mostrou-se seguro e ambicioso, puxou pela equipa e acumulou mais clean sheets do que qualquer outro. 



Lateral Direito: E se o mal amado dos benfiquistas vier um dia a ser o jogador mais titulado da História do clube? Pensem sobre isso, porque não é de todo impossível. O limitado lateral-direito do Benfica, capitão de equipa na recta final desta Liga NOS e figura essencial no balneário encarnado, realizou a sua melhor época de sempre (2 golos e 12 assistências), evoluiu a partir do momento em que teve o amigo Pizzi no corredor, sempre consciente do que é capaz e de quando e como não se deve expor.
    Numa época em que o lado direito dos dragões teve vários intérpretes, dois deles presentes no Top-5 de outras duas posições deste 11 do Ano, e em que nenhum dos laterais destros do Sporting nos convenceu, Rodrigo Soares destacou-se ao ser o jogador da Liga com mais oportunidades de golo criadas. Foram 118 passes decisivos, acima dos 104 de Bruno Fernandes e 103 de Pizzi.
    Marcelo Goiano apresentou a regularidade e competência a defender que o caracterizam, Kalindi foi o defesa com mais dribles depois de Grimaldo e alimentou dentro do possível o sonho da manutenção do Nacional, e Diogo Viana completou com sucesso a sua adaptação à nova função de lateral/ ala.


Defesa Central (Lado Dto.): De malas feitas para o Atlético Madrid deixando 20 milhões de euros nos cofres do Dragão, Felipe (30 anos) foi o central mais competente e regular entre os que actuaram pelo lado direito. Na comparação com o seu principal concorrente, Rúben Dias, ambos cometeram mais erros do que seria recomendável, embora o brasileiro tenha errado menos. Portugal perde um central duro mas alguém que formou excelentes parcerias com Marcano e Militão (não tanto com Pepe).
    Menos elegante do que o parceiro Ferro, Rúben Dias voltou a demonstrar que é um líder nato, afirmando-se como o patrão e alma da defesa encarnada no pós-Luisão e, salvo alguns deslizes, revelando uma concentração ímpar sobretudo quanto mais exigentes foram os adversários.
    Depois dos 2 potenciais titulares nesta posição, Coates esteve abaixo do que já fez, Gonçalo Silva esteve intratável em variadíssimos jogos, muitas vezes numa defesa a 3 que viu Sasso também brilhar, e Bruno Viana manteve-se irrepreensível, caindo o seu desempenho quando perdeu Raúl Silva como companheiro de defesa.


Defesa Central (Lado Esq.): O melhor central do campeonato e o 2.º melhor jovem desta edição. Sem precisar de qualquer período de adaptação ao futebol europeu, o futuro jogador do Real Madrid chegou ao Porto e apanhou logo o andamento, impressionando a sua qualidade e maturidade em todos os momentos (é dificílimo ultrapassá-lo em 1 para 1, farta-se de dobrar os colegas, é forte pelo ar e está cómodo quando lhe pedem que saia a jogar) e custando perceber como Sérgio Conceição o "atirou" para o lado direito, desfazendo aquela que vinha a ser a melhor dupla de centrais da Liga.
    Mathieu (que jogão na final da Taça!) consolidou o seu estatuto enquanto um dos jogadores preferidos dos sportinguistas nos últimos anos, oscilando mais o seu rendimento em comparação com 17/ 18 mas não deixando dúvidas em relação ao facto de ser o melhor central em Portugal com bola no pé. Também elegante, Ferro (poderá sempre dizer que a sua estreia na Liga foi um 10-0) destacou-se numa dupla de centrais com muitos anos de histórias lado a lado, agarrou em definitivo o lugar no 11 de Lage e conquistou os adeptos com a sua simplicidade a desarmar.
    Finalmente, apesar de ter integrado a defesa do último classificado Feirense, o mexicano Briseño mostrou-se fortíssimo a defender e merece uma transferência para um clube que lhe faça justiça; e Fábio Cardoso regressou a Portugal para se fartar de marcar (5 golos na Liga NOS).


Lateral Esquerdo: Parecia impossível bater Alex Telles, indiscutível melhor lateral-esquerdo e um dos melhores jogadores da Liga nos últimos anos, mas Grimaldo conseguiu-o. O jogador de campo do campeão nacional com mais minutos na Liga (3.052) marcou 4 golos, fez 12 assistências, foi um dos 8 destaques individuais desta edição e um dos melhores laterais-esquerdos do futebol europeu em 2018/ 19. Entre as figuras da época encarnada (Pizzi, João Félix, Rafa, Seferovic e Grimaldo) não foi o mais decisivo nem o melhor, mas foi o mais regular, bastando recordar aos mais esquecidos que a saída de bola do Benfica com Rui Vitória... era Grimaldo.
    É possível que Portugal perca no mesmo Verão dois craques - Grimaldo e Alex Telles - continuando o brasileiro do FC Porto essencial com a sua distinta qualidade de cruzamento, quer em bola corrida quer em bola parada.
    Sequeira evoluiu bastante ao serviço do Braga, Rafa Soares aproveitou o período em Guimarães para crescer com Luís Castro, e Acuña (umas vezes a lateral, outras vezes a extremo) manteve os seus elevados - ok, algumas vezes demasiado - índices competitivos, sendo um dos melhores do Sporting a longa distância do iluminado Bruno Fernandes.


Médio Centro: A necessidade de conciliar no mesmo 11 os melhores do ano, o que implica uma dupla na frente de Ponta de Lança + Segundo Avançado, gera a meio-campo dois conjuntos de 5 opções algo mistas. Indiscutível, isso sim, a obrigatoriedade dos nossos dois médios centro titulares serem Chiquinho e Bruno Fernandes.
    Jonatan Lucca foi um belo reforço do Belenenses SAD, Rashid um craque absoluto passeando toda a sua classe (excelente também Bruno Lamas, no Santa Clara) sobretudo até rumar à Taça da Ásia, Danilo Pereira fez-se sinónimo de correcção táctica e exemplar atitude, e Samaris passou de transferível a indiscutível.
    Mas Chiquinho (8 golos, 7 assistências) esteve noutro patamar. O único titular do nosso 11 extra-grandes foi um dos melhores jogadores da Liga, catapultou o Moreirense para um nível impensável, impressionando a sua qualidade a definir tanto em construção apoiada como em transição. Quando Shoya Nakajima saiu do nosso campeonato, passou a ser o jogador mais especial fora do Top-4, e o Benfica ficará muito bem servido caso o resgate.


Médio Centro: Há jogadores para os quais um curto texto não chega para traduzir uma época. Único repetente no nosso 11 do Ano em comparação com a temporada passada, Bruno Fernandes destacou-se de tudo e todos, e foi o capitão que o Sporting precisava numa época em que o leão arrancou ferido e traumatizado. Com 20 golos e 13 assistências no campeonato (32 golos no total da época), o camisola 8 jogou, fez jogar, foi o motor do Sporting (que intensidade) e apareceu sempre, exibindo notável liderança e inteligência dentro e fora de campo. Um orgulho e uma honra, para adeptos do Sporting e adeptos rivais, podermos assistir a uma época cá em Portugal de um jogador assim...
    Além do capitão verde e branco, Gabriel demorou a conquistar o seu espaço, mas Bruno Lage fez dele um dos reforços do ano, formando excelente e improvável dupla com Samaris e deliciando qualquer adepto com os seus passes longos; Herrera foi igual a si mesmo, embora com outro rosto; em Guimarães, Tozé deu sequência à boa época que fizera ao serviço do Moreirense; e Paulinho voltou a Portimão para se sentir em casa e soltar o seu melhor futebol.


Extremo Direito: Os adeptos do Benfica vivem uma difícil relação com Pizzi. Mas não é à toa que com Jorge Jesus, Rui Vitória ou Bruno Lage o criativo encarnado foi sempre titular e peça-chave na manobra ofensiva da Luz. O cérebro do campeão nacional, de regresso à direita onde se sente realmente cómodo, útil e realizado, marcou 13 golos e fez 19 assistências. Colocando as coisas em perspectiva, esteve ligado a 32 golos enquanto que Bruno Fernandes esteve ligado a 33, e retirando os golos de grande penalidade a ambos, estiveram os dois ligados aos mesmos 27 golos de bola corrida. Aceitem-no como é, pois tem um QI diferenciado na construção e interpretação do jogo, compreendendo os colegas (que o adoram e respeitam) como ninguém e sendo o elemento que muitos procuram quando levantam a cabeça.
    Além do 21 das águias, Corona cumpriu a sua melhor época em Portugal, embora nunca se afirmando como um titular absoluto de Sérgio Conceição; Mama Baldé (8 golos) cresceu imenso e provou que rende mais actuando na frente; Arsénio acabou a temporada a lateral mas semeou o terror como extremo, combinando na perfeição com os colegas Chiquinho, Pedro Nuno, Heriberto ou Nenê; e Edgar Costa foi um dos poucos destaques positivos do Marítimo, alargando o seu reportório de livres directos e cruzamentos venenosos. 


Extremo Esquerdo: A qualidade esteve sempre lá, só lhe falta soltar-se sob a orientação do treinador certo. O melhor jogador do Benfica no último terço do campeonato explodiu finalmente, e tornou-se tudo aquilo que qualquer adepto sabia que ele podia ser. Com 17 golos na Liga (embora apenas duas assistências), coube a Rafa fazer o 2-1 em pleno Estádio do Dragão que colocou o Benfica numa liderança da qual nunca mais saiu. Sempre em excesso de velocidade, confiante e a acelerar o jogo como mais nenhum jogador o fez esta época em Portugal, fica a pergunta: será que conseguirá ser em toda a temporada de 2019/ 20 aquilo que foi neste ano civil?
    Yacine Brahimi despediu-se do futebol português com a sua melhor marca de golos na Liga (10), continuando a deixar os defesas tontos com os seus círculos perfeitos mas voltando a deixar a sensação que podia render muito mais; Galeno (estatísticas de drible ao nível de Rafa, e apenas batido por Brahimi) pediu uma oportunidade no FC Porto; Davidson mostrou porque é que Luís Castro o foi buscar ao Chaves onde já o orientara; e Heriberto Tavares fez o suficiente para ter uma oportunidade na pré-época com Bruno Lage, continuando a sua senda de aproveitar todas as épocas para se fazer mais jogador.



Segundo Avançado: Prodígio. E porque Bernardo Silva não foi aposta de Jorge Jesus podemos dizer: a Luz não vibrava e festejava um talento assim desde Rui Costa, e o futebol nacional não via despontar alguém tão especial desde que nasceu alguém que viria a conquistar 5 bolas de ouro. Dizemos isto sem querer exercer ou forçar comparações, que só fazem mal ao 79 das águias, mas de facto Félix é... fora de série. Aos 19 anos, o "miúdo" cuja titularidade a segundo avançado Bruno Lage viu como uma urgente e obrigatória mudança para deixar uma marca, acabou com 15 golos e 7 assistências sendo titular e aposta continuada apenas a partir de 6 de Janeiro (Benfica 4-2 Rio Ave). De joelhos assentes na relva, o rapaz que marcou nas suas estreias em Alvalade e no Dragão, olha de braços cruzados para o seu futuro, e os adeptos e o bom senso pedem pelo menos uma época mais de águia ao peito, quiçá com o 10 de Jonas.
    Portento físico sem igual, Marega voltou a ser importante na aplicação das ideias de Sérgio Conceição, embora passando de 22 para 11 golos, Wilson Eduardo picou o ponto com frequência; Licá encontrou no 3-5-2 um esquema indicado para as suas características; e Jhonder Cádiz foi um dos elementos que mais cresceu, num Vitória de Setúbal em que o seu talento contrastou com a monotonia.


Ponta de Lança: Se no começo da época nos dissessem que o melhor marcador desta Liga ia encerrar 2018/ 19 com 23 golos, menos de 2.000 minutos na Liga, 1 golo a cada 84 minutos e nenhum golo de grande penalidade... teríamos ficado confusos. Quem seria este jogador: Ferreyra ou Castillo? Aboubakar ou Soares? Jonas ou Bas Dost sem penalties? Não, foi Haris Seferovic, o suiço que encarávamos como excedentário e virou um dos jogadores mais importantes da Liga. Em perfeita sintonia com João Félix (como diz Lage, um procura espaços nas costas da defesa e o outro o espaço à frente da defesa), o helvético foi o Most Improved Player desta edição, bisou por 6 ocasiões e apareceu sempre nos jogos grandes.
    Dyego Sousa foi um dos 10 melhores da Liga, realizando uma 1.ª volta de sonho, Soares falhou vários jogos mas marcou como nunca pelo Porto, Jonas (é o adeus?) pincelou a época do 1.º classificado com a sua classe, e Bas Dost acabou relegado para o banco por Luiz Phellype mas no conjunto da época teve bons períodos, mesmo que 8 dos seus 15 golos tenham sido de grande penalidade.



    Aceitamos que Éder Militão, Grimaldo ou Dyego Sousa também eram escolhas admissíveis para este Top-6, mas foi neste sexteto que encontrámos maiores argumentos a favor.
    Longe das andanças dos grandes, e depois de dispensado da pré-época do Benfica, Chiquinho mostrou no Moreirense que tem muito para dar, quem sabe até ao serviço das águias. Médio requintado, distinto na visão de jogo que apresenta e na forma como conduz jogo e esconde a bola, jogou como muito poucos. Nota para o facto de não entregarmos uma vaga do nosso Top-6 a um jogador extra-grandes desde Diogo Jota (2015/ 16).
    Depois, uma avalanche ofensiva do campeão nacional. Haris Seferovic (ninguém cresceu como ele) falhou vários golos mas mesmo assim foi o melhor marcador da Liga com 23 (jogando menos de 2.000 minutos e marcando um golo a cada 84 min), disse sempre presente nos palcos de maiores nervos, funcionando em sintonia perfeita com João Félix e sendo igualmente determinante pelo seu contributo defensivo. Já Rafa - o melhor jogador dos encarnados se considerarmos apenas o último terço, e muitos adeptos ficam apenas com essa imagem - realizou um campeonato em excesso de velocidade, apresentando muito melhor relação com o golo (17) e sendo por vezes absurda a sua facilidade e naturalidade em retirar adversários do caminho.
    João Félix mudou o Benfica, sendo aos 19 anos a revelação da Liga e deixando os portugueses a sonhar com o seu futuro, tornando-se a melhor representação em campo do Benfica versão Bruno Lage. Depois, o demasiadas vezes criticado e poucas vezes valorizado Pizzi foi o maestro e o cérebro (impressionantes 19 assistências!) do ataque benfiquista. Mas o Jogador do Ano só podia ser um: Bruno Fernandes. O médio e capitão do Sporting recusou-se a tirar o pé do acelerador em momento algum, marcou 20 golos, fez 13 assistências e carregou a sua equipa praticamente sozinho. O ano passado a Liga considerou-o o MVP quando na verdade era Jonas que merecia esse prémio, mas desta vez o número 8 do Sporting merece tudo.



    Tudo estava encaminhado para Éder Militão "limpar" este prémio, até que Bruno Lage confiou a titularidade a um rapaz de 19 anos que mudou para sempre o rumo deste campeonato. Com golo, visão de jogo, qualidade a distribuir e colocar os colegas na cara do golo, tudo muito à frente daquilo a que estamos habituados a ver em atletas da sua idade, o principal traço que distingue o Jovem Jogador do Ano 18/ 19 dos restantes jovens craques é a capacidade que tem de interpretar, perceber e ocupar os espaços. Isso, e a ousadia que caracteriza os fenómenos, jamais se escondendo e aparecendo sempre nos jogos grandes. Difícil encontrar nesta edição momento mais bonito do que a substituição de Félix por Jonas, com o 10 brasileiro em lágrimas. Estava passado o testemunho.
    Além da nova coqueluche do futebol português, Éder Militão foi o reforço do ano em Portugal, o melhor central da Liga (embora condenado na recta final à direita), fazendo o suficiente para que o Real Madrid não tivesse dúvidas sobre o seu valor.
    Numa edição que deu a conhecer Florentino (apenas 11 jogos e 841 minutos na Liga, abaixo dos mínimos que temos fixados para que os jogadores sejam elegíveis para esta categoria), Gedson ou Kalindi, consolidando Bruno Tabata e Ivanildo Fernandes, destacamos principalmente a dupla de centrais do Benfica - o campeão nacional acabou a época com dois centrais de 22 anos, Ferro e Rúben Dias -, o desconcertante Galeno e ainda Heriberto Tavares, atleta exemplar que no espaço das últimas 4 temporadas tem crescido de ano para ano.



Treinador do Ano: Sem esquecer o papel fundamental de Lito Vidigal, Augusto Inácio e Petit na salvação e consolidação de Boavista, Aves e Marítimo, e sendo obrigatório perdermo-nos também em elogios ao trabalho desenvolvido por João Henriques nos Açores, 4 treinadores (sem ordem definida) marcaram à sua maneira esta edição, abaixo do nosso Treinador do Ano, que só podia ser um.
    O holandês Marcel Keizer chegou a Portugal em Novembro e em Maio tem 2 taças no seu currículo ao serviço dos leões (melhor época do clube em termos de títulos desde 2002). Um gentleman, refrescante na postura e cultura, fez mais do que seria expectável com o plantel ao seu dispor, e teve dedo inequívoco na época de Bruno Fernandes, que melhorou a olhos vistos a partir da sua entrada em funções. Sérgio Conceição acabou de mãos vazias, depois de perder uma vantagem de 7 pontos, mas merece que lhe seja reconhecido algum mérito - os azuis e brancos foram por larga margem a melhor defesa do campeonato e fizeram apenas menos 2 pts do que o campeão. Relativamente ao futebol praticado pelo Porto e ao carácter do técnico portista... não contem connosco para o defender na mesma medida. Entre os não-candidatos, Silas teve tudo contra o seu Belenenses SAD mas terminou na 1.ª metade da tabela, potenciando um plantel muito limitado e demonstrando a partir do banco que sabe preparar um jogo e corrigi-lo no seu decurso. Finalmente, Ivo Vieira comandou o fantástico Moreirense, equipa sensação da prova e um dos projectos que mais gosto nos deu acompanhar, com futebol de equipa grande e muita personalidade.
    Mas, naturalmente, todos os caminhos vão dar a Bruno Lage. E depois de ver nascer José Mourinho, Setúbal fica provado como autêntico viveiro de treinadores especiais. O técnico com as melhores conferências de imprensa e flash interviews (fala de futebol, abre o jogo e permite ao adepto comum aprender) dos últimos anos revolucionou o Benfica, transformando potencial desperdiçado numa máquina de bom futebol. Os números falam por Lage - 103 golos marcados, 18 vitórias e 1 empate nos seus 19 jogos na Liga - tendo feito renascer Gabriel e Samaris, promovido Florentino ou Ferro, encontrado a fórmula certa para espremer o melhor de Pizzi, Rafa, Grimaldo e Seferovic e tido a coragem e a sensibilidade de perceber que João Félix é um jogador diferenciado.
    Que o futebol português aprenda e se deixe contagiar com o homem que ergueu o 37, que para ele é dele e de Jaime Graça.



Melhor Marcador: 1. Haris Seferovic (Benfica) - 23
2. Bruno Fernandes (Sporting) - 20
3. Rafa (Benfica) - 17

Melhor Assistente: 1. Pizzi (Benfica) - 19
2. Bruno Fernandes (Sporting) - 13
3. Álex Grimaldo, André Almeida (Benfica) - 12

Clube-Sensação: Moreirense
Desilusão: Desportivo de Chaves
Most Improved Player: 1. Haris Seferovic, 2. Mama Baldé, 3. Jhonder Cádiz
Reforço do Ano: Éder Militão (Porto)
Flop do Ano: Facundo Ferreyra (Benfica)
Melhor Golo: André Almeida (Benfica 6 - 2 Braga) (Link)




27 de maio de 2019

Prémios BPF Premier League 2018/ 19

Ninguém merecia perder. Manchester City (98 pontos) e Liverpool (97) escreveram juntos em 2018/ 19 uma das mais bonitas páginas do futebol inglês, proporcionando aos adeptos um fervoroso duelo de titãs. Para a História fica o primeiro bicampeonato dos citizens, numa Premier League que não se deixava vencer de forma consecutiva pela mesma equipa desde 2009; e será sempre impossível esquecer este Liverpool, que tornou este troféu "o mais complicado título da carreira de Guardiola" segundo o próprio.
    Com a mesma intensidade e emoção de sempre, exemplo máximo no futebol do Velho Continente, 18/ 19 teve no "português" Wolves e no Watford as principais sensações, mostrando que longo será o caminho do histórico Manchester United até voltar a ombrear com os maiores rivais.
    Tudo leva a crer que a Premier League tenha visto pela última vez Eden Hazard ziguezaguear entre os defesas contrários, ficando imortalizada nesta competição a categoria de Virgil van Dijk, o central que não se deixou driblar em momento algum ao longo da época, a magia e competitividade de Bernardo Silva, tantas vezes elogiado pelo melhor treinador do mundo na actualidade, e a vertigem e capacidade de aparecer na Hora H de Raheem Sterling, cada vez mais um jogador de topo mundial. A profundidade dada por Alexander-Arnold e Robertson, o significativo crescimento de Ryan Fraser e Wijnaldum, ou os golos de Aubameyang, Salah e Mané são alguns dos temas de destaque numa prova disputada até à última jornada, e vencida por quem acabou por revelar maior "estofo".

    Como todos os anos, é chegada a altura de indicarmos aqueles que foram para nós os melhores do ano: o nosso 11, o Jogador do Ano e o Jovem Jogador do Ano, o Treinador do Ano, e ainda algumas categorias complementares.



Guarda-Redes: Que época de estreia no futebol britânico! Contratado por 62 milhões de euros à Roma no Verão passado, Alisson foi um dos principais motivos (conjugado com a colossal regularidade de van Dijk) para a estabilidade e segurança defensiva do Liverpool. Galardoado com as luvas de ouro, o brasileiro nem precisava de ter sido o guardião com mais clean sheets (21) para ser o destaque máximo da posição na prova.
    Depois de Alisson, o compatriota Ederson. Abençoado Brasil, que hoje em dia tem 2 dos 5 guarda-redes em melhor forma no mundo. Ainda mais consistente do que em 2017/ 18, o ex-Benfica, jogador com as características perfeitas para o modelo de Guardiola, voltou a ser fantástico, perdendo tangencialmente para Alisson pela maior importância do 13 do Liverpool no percurso dos reds.
    De Gea desiludiu e embora tenha dado pontos desta vez também custou alguns, Kepa e Leno fizeram a sua aclimatização à Premier League, Lloris e Schmeichel estiveram ao nível habitual e Rui Patrício brilhou no 1.º terço do campeonato. Ainda assim, e uns furos abaixo de Alisson e Ederson, os principais destaques desta edição foram o filipino Etheridge (adiou ao máximo a descida do Cardiff, defendendo ao longo do trajecto 3 grandes penalidades), Fabianski (recordista de defesas com 148) e Ben Foster (um dos grandes responsáveis pela surpreendente época do Watford).


Lateral Direito: Com 20 anos, existem apenas 2 jogadores no mundo que já estão entre os melhores do planeta na sua posição - Mbappé... e Alexander-Arnold. O camisola 66 do Liverpool, lançado na temporada passada por Klopp, disparou para números estratosféricos (1 golo e 12 assistências, ficando ao lado de Eriksen e apenas abaixo de Hazard e Fraser no pódio dos melhores assistentes), apresentando uma brutal qualidade nos dois lados do campo, sempre com uma disponibilidade física muito acima da média. Imaginem este rapaz com 24/ 25 anos...
    Ao contrário de outras épocas, e mostrando-se como uma espécie de oásis entre os grandes campeonatos da Europa, a posição de lateral-direito reuniu esta época em Inglaterra um quinteto de excelentes performers. O irlandês Doherty, um dos jogadores mais queridos de Nuno Espírito Santo, foi um dos dínamos do Wolves, marcando 4 golos e fazendo 5 assistências; Wan-Bissaka (21 anos) foi uma das revelações da época; Azpilicueta revelou a consistência e experiência do costume (ano após ano revela ser um dos jogadores que melhor defende na Premier) e o nosso Ricardo Pereira foi o jogador do ano do Leicester, parecendo estar destinado a este futebol e merecendo a chamada de Fernando Santos para os 23 finais da Liga das Nações.


Defesa Central: Que monstruosidade, no melhor sentido possível da palavra. O melhor central do mundo, jogador intransponível e jamais driblado ao longo de 2018/ 19, marcou a fasquia em termos de qualidade e entrega em Anfield, contagiando todos os colegas de equipa. Recordamos que esta foi a 1.ª temporada completa do holandês de 27 anos pelos reds. E não lhe falta nada: poderoso fisicamente, dominante no jogo aéreo, um comandante que nunca perde a concentração, inteligente na antecipação dos comportamentos dos adversários, sabendo muitas vezes condicioná-los e levá-los para onde os quer, e juntando a tudo isto uma ocasional elegância. Troy Deeney disse na brincadeira odiar Van Dijk por ser tão forte em todos os aspectos, inclusive cheirando bem. Assim é o 4 do Liverpool, alguém que tem ao mesmo tempo a capacidade de impressionar como Vidic e Stam, e de saber colocar o pé como Ricardo Carvalho.
    Além de van Dijk, destacamos o incrível 1.º ano do suiço Schär no Newcastle, a fiabilidade defensiva daquele que em tempos foi o antecessor de van Dijk no Southampton, Alderweireld, e que hoje forma uma dupla completíssima com Vertonghen, provando Lindelöf (um dos poucos destaques da época do United) que é material de Premier League, e voltando Tarkowski a demonstrar que merece bastante mais do que um Burnley.


Defesa Central: A nossa pequena batota deste ano fez-nos separar os 2 melhores centrais da temporada em duas categorias distintas embora tenham os dois (Van Dijk e Laporte) actuado do lado esquerdo das respectivas defesas. Protótipo perfeito do central moderno, Aymeric Laporte - aquele jogador que aos 25 anos já consegue ser o 2.º melhor central da Premier League mas ainda não foi convocado por França ou Espanha - tem a melhor saída de bola de Inglaterra, podendo-se ver no seu jogo as evoluções de quem tem partilhado o balneário e tantos treinos com Kompany. Determinante na recta final, foi indiscutível para Pep nas 8 derradeiras jornadas e nessas o City não sofreu qualquer golo em 6.
    Depois de ser titular com Mourinho ou Conte, David Luiz voltou a mostrar toda a sua qualidade no exigente embora por vezes imperfeito modelo de Sarri, Vertonghen falhou vários jogos mas os spurs foram sempre mais seguros com ele em campo, Duffy formou uma excelente dupla com Dunk e marcou mais golos do que qualquer outro defesa (5) e o antigo central do Porto, Willy Boly, mostrou ter qualidade suficiente para ser um indiscutível na defesa da equipa-sensação.


Lateral Esquerdo: Há quem goste muito de Jordi Alba ou Marcelo, mas se tivermos em consideração apenas 2017/ 18 e 2018/ 19, Robertson tem que ser considerado o melhor lateral-esquerdo da actualidade. Fonte inesgotável de energia, o escocês que viajou para Anfield depois de brilhar sob o comando de Marco Silva foi desta vez um dos 8 melhores jogadores do campeonato, servindo os seus colegas por 11 ocasiões e oferecendo múltiplas soluções lance após lance, jogo após jogo.
    Fantástico foi também o rendimento de Lucas Digne em Goodison Park, baixando um pouco Marcos Alonso o seu rendimento em comparação com as últimas épocas. Já Ben Chilwell mostrou que podemos definitivamente contar com ele nos próximos anos, completando van Aanholt este Top-5 à falta de melhor opção.


Médio Defensivo: Quando comparado o nosso 11 deste ano com o da época passada, há apenas um repetente - Fernando Luiz Rosa, o homem que tantas vezes equilibrou quase sozinho o Manchester City bicampeão. Tantas vezes invisível e raramente presente para quem só vê os melhores momentos dos jogos, ficou ilustrada a importância de Fernandinho quando se lesionou em Dezembro, perdendo os citizens diante de Crystal Palace e Leicester na sua ausência, e quase hipotecando o título. Aos 34 anos, é o jogador mais velho deste 11 e um talismã para o qual Guardiola terá que encontrar herdeiro a curto-prazo (Gündogan é bom, mas não faz o mesmo).
    De resto, James Milner (impressionante principalmente na 1.ª volta) foi um dos responsáveis pela inigualável intensidade e elevada maturidade táctica do meio-campo do Liverpool, Milivojevic fartou-se de marcar (12 golos, embora 10 deles de grande penalidade), Declan Rice apresentou potencial para ser um dos grandes jogadores ingleses da sua geração, e entre Gueye e Ndidi, os números ajudaram à escolha da formiga trabalhadora do Everton. Uma palavra apenas para Jorginho, que após 10 jornadas parecia garantida a sua presença nestes prémios de final de época, desvalorizando entretanto.


Médio Centro: David Silva apresentou a espaços o perfume que sempre o caracteriza e diferencia, sendo o maestro do City e o role model perfeito para Bernardo Silva, Pogba jogou muito no pós-Mourinho, sendo impossível não colocar em causa o seu frouxo rendimento até então, mas para nós quem mais se destacou neste conjunto de médios interiores foi mesmo Georginio Wijnaldum, o nosso Most Improved Player desta edição da Premier League. Com poucos "números", o holandês traduz na perfeição aquilo que se pede a um médio no 4-3-3 de Klopp: qualidade no transporte e na chegada à área, incessante sede de reconquistar o esférico e de asfixiar o portador da bola e as suas linhas de passe.
    Um verdadeiro senhor, João Moutinho provou com 32 anos que consegue jogar a qualquer ritmo, pela inteligência que tem e pela capacidade de controlar o jogo, adaptando-o ao seu próprio batimento cardíaco, e Kanté (percebemos a intenção de Sarri, mas o francês como interior ou médio de ligação é apenas bom, enquanto que como médio defensivo consegue ser um dos melhores do mundo) cumpriu a sua função, sempre de sorriso no rosto e - ao contrário de outro francês entre estes cinco - procurando sempre ser uma ajuda e uma solução para o treinador, e nunca um problema.


Médio Centro: O que tu jogas, Bernardo... O melhor jogador português em 2018/ 19 (o pódio incluiria Ronaldo e Bruno Fernandes) tornou-se tudo aquilo que sonhávamos que seria sob o comando de Guardiola quando o City o contratou. O esquerdino, inúmeras vezes elogiado por Pep ao longo da época, alternou entre um posicionamento mais aberto à direita ou em terrenos mais centrais (foi um dos beneficiados com a época de De Bruyne, fustigado por lesões) e mostrou sempre a fome e a coragem de assumir responsabilidades que caracteriza os grandes jogadores. Quando alguém com as suas doses de magia e talento trabalha como Bernardo trabalhou, tem-se um verdadeiro exemplo.
    Embora um pouco abaixo das suas últimas épocas, Eriksen continuou a ser um dos principais criativos da Premier, podendo esta ter sido a sua última temporada em Inglaterra, Sigurdsson estabeleceu um novo máximo de golos (13) e James Maddison foi, na sua estreia no primeiro escalão inglês, o jogador que criou mais oportunidades. A fechar estes cinco, Rúben Neves. O médio português não correspondeu às nossas expectativas (porventura demasiado elevadas) mas terá aprendido muito com Moutinho, ficando evidente que continuará a brilhar, seja no Wolves seja num patamar acima.


Extremo Direito: Há um ano atrás ficou atrás de Salah (um dos 2 super-jogadores da Premier 17/ 18), mas desta vez nenhum extremo foi igual ou superior a Sterling. O extremo inglês tem evoluído todos os anos desde que é treinado por Guardiola e parece hoje cada vez mais perto de um nível Bola de Ouro. Assusta a margem de crescimento que ainda parece ter, surgindo quer à direita quer à esquerda como uma constante dor de cabeça para as defensivas contrárias, tornando-se (ainda) mais regular, melhorando a sua relação com o golo no conjunto das competições e mantendo-se fortíssimo no 1 para 1.
    Diz bastante da época de Mo Salah o facto de muitos terem considerado que desiludiu, fechando a época mesmo assim como melhor marcador (ex aequo com Mané e Aubameyang) do campeonato. O egípcio foi efectivamente inferior a 17/ 18 mas não deixou de ser um dos melhores da Premier, calando quem achava que seria um one season wonder. A completar estes destaques, Son Heung-Min (Jogador do Ano do Tottenham), Zaha (um dos mais entusiasmantes dribladores em Inglaterra, a merecer outros voos) e Deulofeu (oxalá consiga em 19/ 20 exibir-se de acordo com a sua segunda volta).


Extremo Esquerdo: Eden Hazard, foi um prazer acompanhar-te na Premier League. O extremo belga, provável reforço do Real Madrid, deixou uma vez mais (7.ª época ao serviço dos blues) os adeptos, tanto do Chelsea como os rivais, siderados a seus pés. Embora o clube de Stamford Bridge não tenha lutado pelo título, foi um dos 4 principais craques desta edição e o jogador, entre os grandes, que maior peso e responsabilidade teve sobre si. Em todos os jogos, foi Hazard + 10; e Sarri há-de estar grato, porque em muitos jogos o craque resolveu quase sozinho.
    Os elogios são poucos também para Sadio Mané (de longe a sua melhor época em Inglaterra!), Ryan Fraser cresceu como poucos, Leroy Sané foi decisivo no título (fez o 2-1 no embate caseiro com o Liverpool e mudou drasticamente o derby em Old Trafford) tendo um jogador tão especial que ser estimado, e Felipe Anderson mostrou algumas épocas depois da saída de Payet que os hammers voltam a ter um jogador capaz de carregar a equipa.


Ponta de Lança: Pela 5.ª época consecutiva, Agüero marcou mais de 20 golos na Premier League. E depois de 3 anos consecutivos com Harry Kane como titular no nosso 11 de final de época, o matador argentino voltou a conquistar-nos. Embora fique sempre a sensação que o 10 do City podia chegar facilmente aos 30 golos/ campeonato com outra regularidade, Agüero (com 164 golos, é o 6.º melhor marcador de sempre da Premier) foi novamente um dos homens do título e tem lugar cativo para toda a eternidade na memória dos adeptos dos citizens, sendo uma lenda viva do clube tal como Kompany ou David Silva.
    Em velocidade-cruzeiro, Aubameyang marcou 22 golos sendo o abono de família do Arsenal de Unai Emery, formando excelente dupla com Lacazette; Harry Kane continua a ser em condições normais o melhor avançado a actuar em Inglaterra, sendo razoável pensar-se que sem as lesões teria sido uma vez mais coroado melhor marcador; Raúl Jiménez foi um lobo eléctrico, e durante toda a época uma vitamina similar à que fora no Benfica quando saltava do banco; e, embora Vardy também merecesse aqui estar, Callum Wilson (que entendimento revelou com o companheiro Fraser!) fecha as nossas escolhas, quase dobrando os seus golos em relação ao ano anterior.




    A corrida ao título fez-se, emocionante e mais equlibrada que nunca, entre Liverpool e Manchester City. E a luta pela distinção de Jogador do Ano faz-se também entre atletas dos dois clubes. E só Virgil van Dijk, Raheem Sterling e Bernardo Silva nos parecem escolhas possíveis para MVP entre o nosso leque de 6 finalistas.
    Robertson ou Agüero também poderiam fechar as nossas opções, mas atribuímos as últimas vagas a Mané e Salah, os dois principais argumentos ofensivos dos reds e 2 dos 3 melhores marcadores desta Premier League. Entre elementos das duas equipas que ombrearam pelo 1.º lugar surge Hazard, um craque absoluto que destruiu defesas, encantou adeptos e, julgamos nós, despediu-se em grande.
    Bernardo Silva e Raheem Sterling brilharam e tiveram importância em doses idênticas. Ambos evoluíram para um patamar que hoje nos permite encará-los como dos melhores do mundo nas suas posições, aparecendo os dois em jogos e momentos cruciais, e colhendo dos seus pares e do seu técnico os maiores elogios possíveis.
    Mas, à imagem do que acontece frequentemente (os prémios PFA costumam ser bastante justos, ou pelo menos correspondem normalmente à nossa visão), van Dijk merece o destaque que teve após votos dos colegas de profissão. O melhor central do mundo liderou o Liverpool, jogo após jogo (o factor regularidade pesou na nossa decisão), impôs-se como exemplo, contagiou e fez acreditar toda a equipa. O título ficou a um ponto, mas não foi garantidamente por ele.



    E o sucessor de Leroy Sané é... Trent Alexander-Arnold. E quem mais poderia ser?! O lateral-direito do Liverpool, como acima dissemos o único jogador juntamente com Mbappé que aos 20 anos já é um dos melhores do mundo na sua posição, teve um contributo decisivo (12 assistências para um lateral na Premier League é muita fruta) na época de um candidato ao título, sendo também o mais novo elemento do nosso 11 do Ano.
    Entre as nossas 6 escolhas, mantendo como critério a idade máxima de 22 anos (a PFA estende a faixa etária a 24 anos), Wan-Bissaka colocou o seu nome na lista de desejos de vários emblemas de topo, Declan Rice confirmou que é mais 6 do que central, podendo proporcionar a curto ou médio-prazo uma transferência para um tubarão, e Diogo Jota deliciou Inglaterra, continuando a queimar etapas na sua evolução, e deixando-nos embevecidos com o seu rendimento, tendo sido há alguns anos um dos nossos Jovens Jogadores do Ano na Liga NOS quando despontou no Paços de Ferreira.
    David Brooks, Rashford, Dwight McNeil ou Rúben Neves  também podiam constar neste Top-6, mas preferimos James Maddison (maior nº de oportunidades criadas) e Richarlison (pelo Watford marcou 5, pelo Everton marcou 13).



Treinador do Ano: E escolher entre Guardiola e Klopp... que belo 31. Que Pep Guardiola é actualmente o melhor treinador do mundo julgamos que não restam grandes dúvidas, mas também nos parece evidente que a Premier League tem reunido os melhores dos melhores, e nestes cinco figuram mais dois (Klopp e Pochettino, os técnicos finalistas da Champions) que estarão hoje inclusive entre os 4 ou 5 melhores do mundo. O facto de nos nossos prémios privilegiarmos sempre o desempenho interno, funcionando a Europa apenas como critério pontual de desempate (por exemplo, ganhando a Champions, Klopp merece ser o Treinador do Ano FIFA, continuando Guardiola a merecer esta distinção em Inglaterra), conduz à vitória do espanhol pelo 2.º ano consecutivo.
    Depois de 100 pontos em 2018, o City conseguiu o 1.º bicampeonato da sua História e totalizou desta vez 98 pontos, conseguindo ainda a nível interno um inédito triplete (Premier, FA Cup e Taça da Liga). Parece-nos isto suficiente para que Pep mantenha este estatuto, continuando a potenciar elementos para um patamar de excelência, e tendo em 2018/ 19 o contratempo - que nunca foi nem poderia ser queixa face ao brutal plantel ao seu dispor - de não contar com o melhor jogador da equipa, Kevin De Bruyne.
    Jürgen Klopp morreu na praia com 97 pontos, mas apaixonou todo e qualquer adepto, tornando este título o mais difícil da carreira de Guardiola, e orientando uma equipa plena de intensidade, muito mais equilibrada do que na época anterior e sendo hoje o Liverpool a equipa que, pelas características dos seus jogadores e identidade, nos parece mais adaptável a enfrentar a generalidade das grandes equipas, e letal no mata-mata.
    Finalmente, o português Nuno Espírito Santo (com a sua incrível barba por fazer) levou o Wolves do Championship ao 7.º lugar, qualificando-se para as competições europeias; Pochettino conquistou um lugar no Top-4 da Premier (e, claro, uma presença na final da Champions) sem ter tido qualquer reforço; e Javi Gracia comandou um surpreendente Watford, que acabou muitos lugares acima do que prevíamos.


Melhor Marcador: 1. Mohamed Salah (Liverpool) - 22
1. Pierre-Emerick Aubameyang (Arsenal) - 22
1. Sadio Mané (Liverpool) - 22

Melhor Assistente: 1. Eden Hazard (Chelsea) - 15
2. Ryan Fraser (Bournemouth) - 14
3. Trent Alexander-Arnold (Liverpool) - 12

Clube-Sensação: Wolves
Desilusão: Manchester United
Most Improved Player: 1. Georginio Wijnaldum, 2. Ryan Fraser, 3. Moussa Sissoko
Reforço do Ano: Alisson (Liverpool)
Flop do Ano: Fred (Manchester United)
Melhor Golo: Andros Townsend (Manchester City 2 - 3 Crystal Palace) (Link)