Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

24 de agosto de 2018

Antevisão da Liga NOS 2018/ 19

 Liga NOS - Cumpridas duas jornadas, apresentamos a nossa habitual Antevisão a mais uma temporada do futebol português. Numa época em que acreditamos que o nível suba dentro no rectângulo de jogo (interessante dinâmica que Benfica, Porto e Braga apresentam já em Agosto), a Liga perdeu uma das suas personagens principais: Jorge Jesus. Pela primeira vez em 15 épocas, JJ não integra o conjunto de dezoito treinadores, todos portugueses.
    No seu segundo ano de utilização, espera-se o aperfeiçoar do VAR, e fazemos votos para que o ruído à volta das quatro linhas diminua, o que infelizmente não deve acontecer.
    O Porto defende o título tendo preservado a maioria das suas peças, necessitando apenas de responder às saídas de Ricardo Pereira e Marcano. Os substitutos encontrados, até ver, já moravam no Dragão. À procura do bicampeonato, capaz de cimentar o poder do passado e mostrar que a última época não foi somente um deslize do então tetracampeão Benfica, os azuis e brancos contam com o melhor treinador dos 3 grandes, o que pode ter o seu peso.
    Reconquista será a palavra de ordem na Luz. Os encarnados reforçaram-se com qualidade, seguraram Jonas e Rúben Dias, continuando a dar oportunidade aos jovens diamantes (Gedson, neste caso) para mostrarem o seu valor de águia ao peito. Parece-nos indiscutível que o Benfica tem o melhor plantel do campeonato (não o melhor onze) e a brutal qualidade técnica de vários intervenientes da frente conjugada com a multiplicidade de soluções obriga Rui Vitória a ser campeão.
    O Sporting iniciou 2018/ 19 à procura de estabilidade, depois de viver uma tragédia e combater um cancro que, infelizmente, promete ainda atormentar o quotidiano do clube mais uns tempos. As eleições (8 de Setembro) serão um momento crucial numa época em que é impossível não saudar o milagre que Sousa Cintra tem operado. Sinceramente, vimos a coisa muito mal parada. À espreita de aproveitar potencial desnorte leonino está um Braga cada vez mais candidato ao título. A época não começou bem para Abel, mas o clube que tem como meta ser campeão no espaço dos próximos 4 anos deve ser respeitado, já não fazendo muito sentido falar em 3 grandes.
    Nacional da Madeira e Santa Clara substituiram Paços de Ferreira e Estoril, proporcionando umas quantas viagens às Ilhas, num ano em que esperamos significativo crescimento do Vit. Guimarães sob o comando de Luís Castro, e em que saudamos a chegada ao futebol português de jogadores como Nani, Facundo Ferreyra, Castillo, Gudelj, Sturaro ou Danny, guardando saudades de Rui Patrício, William Carvalho, Raúl Jiménez, Ricardo Pereira, Gelson, Marcano, Vukcevic, Francisco Geraldes, Fabrício e da explosão que nunca chegámos a ver (cá) de Diogo Dalot.
    A viagem dura até 19 de Maio e promete emoções fortes e espaço para jovens valores - entusiasmante pensar nos minutos que terão Gedson Fernandes, Rúben Dias, Zivkovic, Diogo Leite, Éder Militão, Xadas, Trincão, Matheus Pereira, Galeno, Gelson Dala, Joel Pereira ou Heriberto, entre outros.

    Cabe-nos então apresentar a nossa previsão em termos de destaques colectivos e individuais, sujeita como sempre às vicissitudes do mercado de transferências até final de Agosto, convictos que teremos uma bela época pela frente e desejando que em Maio festeje o mais justo campeão:




 BENFICA (1)

   Reconquista. Não se fala noutra palavra para os lados da Luz. Depois de 4 anos a vencer de forma consecutiva, o Benfica hipotecou o inédito penta por mérito do Porto (justo campeão) e devido a alguma sobranceria: deu a entender que LFV achou que a máquina estava tão oleada que se podia dar ao luxo de atacar uma época sem substituir Ederson, Nélson Semedo e Lindelöf.
    A presença nas eliminatórias de acesso à Liga dos Campeões, conjugada com o reduzido nº de internacionais presentes no Mundial, permitiu/ obrigou as águias a fazerem tudo com tempo. Em Agosto, a equipa já apresenta índices competitivos interessantes, e os reforços contratados dão margem zero a Rui Vitória.
    Os benfiquistas sentiram, mais do que nunca, a importância de Jonas (o melhor jogador da Liga) quando percepcionaram como real a possibilidade do 10 rumar às Arábias. Mas o craque continua, bem como Rúben Dias. À manutenção do elenco da época passada - a vitamina Raúl Jiménez foi a única perda, ficando por exemplo Grimaldo que já dávamos como perdido - o Benfica acrescentou os golos de Ferreyra (principal candidato a assumir-se como goleador máximo no pós-Jonas) e Castillo (amor à primeira vista para os adeptos), resolveu a importantíssima questão da baliza com Vlachodimos, e terá, depois de recuperado, Corchia para dar ao lado direito o que Grimaldo dá do lado esquerdo.
    Cada vez mais em 4-3-3 - a sério que o Benfica quer mesmo o luxo de ainda garantir Ramires e Gabriel? - pede-se a Rui Vitória que por fim consiga potenciar extremos como Rafa e Zivkovic, embora o técnico prefira sempre Salvio e Cervi, e à monstruosidade do imprescindível Fejsa juntam-se os jogadores em destaque neste arranque de época: Pizzi e Gedson Fernandes. O camisola 21 está a mostrar porque é que foi o melhor jogador da Liga há dois anos, prometendo melhores números que nunca e justificando em campo o porquê dos colegas o procurarem sempre que levantam a cabeça. Já Gedson, é tudo aquilo que este Benfica precisava - a capacidade de transporte, a pressão alta com fome de bola, o quebrar de linhas. Mas há um bónus: Krovinovic. Para se perceber a importância do croata, ficou a sensação que se não se tivesse lesionado em 17/ 18 talvez o Benfica tivesse alcançado o penta, coincidindo a sua presença com o período em que as águias praticaram melhor futebol e foram mais dominantes. Boa dor de cabeça para Vitória a futura coexistência de Pizzi, Gedson e Krovinovic no mesmo onze.
    Embora haja 4 candidatos ao título, as candidaturas de Benfica e Porto parecem-nos mais fortes. Os encarnados conquistam connosco a pole position com ligeiríssima vantagem, essencialmente pelo potencial técnico e pela multiplicidade de opções que Rui Vitória tem do meio-campo para a frente. Saiba o treinador gerir todo este talento.

Treinador: Rui Vitória
Onze-Base (4-3-3): Vlachodimos; A. Almeida (Corchia), R. Dias, Jardel, Grimaldo; Fejsa, Gedson (Krovinovic), Pizzi; Zivkovic (Rafa), Cervi, Jonas

Atenção a: Jonas, Filip Krovinovic, Pizzi, Gedson Fernandes, Nicolás Castillo

 PORTO (2)

    No papel, o FC Porto parte como favorito a erguer o troféu em Maio. Mas a qualidade individual e técnica do lado do Benfica faz-nos pender para as águias. Mantendo as suas características preservadas - elevada intensidade de jogo e combatividade, pujança física e perfeição na execução de bolas paradas - o Porto procura o bicampeonato numa edição que, quanto mais for para homens de barba rija e menos de rodriguinhos, mais favorecerá os dragões. Convém recordar: 1) Sérgio Conceição é para nós superior a Rui Vitória e José Peseiro, 2) Na época passada o Porto foi a melhor equipa em campo em todos os clássicos disputados.

    Sérgio Conceição disciplina o plantel e não tem medo de sentar qualquer jogador, potenciando a evolução de supostos suplentes e descobrindo sistemáticas soluções internas, isto numa época em que o primeiro desafio é substituir devidamente Ricardo Pereira e Marcano. Maxi e o jovem Diogo Leite têm sido os escolhidos, podendo Éder Militão entrar na discussão para qualquer um dos lugares no decorrer de 18/ 19. Que a Direcção do Porto não funciona como dantes fica evidente pela gestão ineficaz dos processos de Ricardo e Dalot, podendo por exemplo Brahimi e Herrera sairem do clube no próximo Verão a custo zero.
    Para lutar com o mesmo número de armas do Benfica, determinado em reconquistar o 1º lugar, o Porto merecia uns 2 reforços de qualidade. Marega continuará por cá a aterrorizar defesas com a sua dimensão física, e a Aboubakar pede-se por fim regularidade toda a época. No corredor esquerdo, Brahimi mantém-se o jogador iluminado deste plantel, esperando-se mais uma super-época de Alex Telles (será ele o único jogador de classe mundial da Liga NOS se considerarmos ser Top-10 na sua posição para essa classificação?). Herrera e Sérgio Oliveira são muito importantes na forma como SC vê este Porto, mas a inclusão de Danilo (que saudades) nos próximos meses pode elevar os campeões nacionais para outro patamar.
    Perante a falta de reforços, Otávio e Corona terão que render o dobro como aconteceu com vários jogadores no ano passado; Óliver não deixou de ser craque, e num ápice pode passar de corpo estranho no sistema a jogador-chave; Conceição gosta de André Pereira, e mesmo uma nova vida para Adrián não está excluída.

Treinador: Sérgio Conceição
Onze-Base (4-3-3): Casillas; Maxi Pereira (Militão), Felipe, Diogo Leite, Alex Telles; Danilo, Herrera, Sérgio Oliveira; Marega, Brahimi, Aboubakar

Atenção a: Yacine Brahimi, Alex Telles, Moussa Marega, Éder Militão, Otávio


 SPORTING (3)

    A 15 de Maio um acto monstruoso (ou "chato" nas palavras do ex-presidente do Sporting) podia ter afundado o clube. Na verdade, o narcisismo, a loucura e o ódio ao rival sobreposto ao amor pelo próprio clube, características de Bruno de Carvalho que só se intensificaram com o tempo, colocaram em causa a sustentabilidade do Sporting e a sua identidade. As rescisões com justa causa de Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins, Bruno Fernandes, Bas Dost, Battaglia, Rafael Leão, Podence, Rúben Ribeiro foram entretanto geridas na medida do possível. Dos mais relevantes, Patrício rumou ao Wolves, William ao Bétis, Gelson ao Atlético e Leão ao Lille, mas Sousa Cintra (incrível trabalho durante estes meses!) segurou Bruno Fernandes, Dost e Battaglia.
    Numa temporada perigosa - a realidade actual do clube deixará o nervosismo vir ao de cima se as coisas não estiverem a correr bem, e o ruído exterior existirá em maior ou menor dose - o Sporting procura a sua estabilidade. Tentará o título, mas julgamos que na melhor das hipóteses ficará em 3º lugar. O mercado de treinadores tinha melhores opções do que José Peseiro, habitualmente azarado, mas Sousa Cintra tem presenteado o técnico com verdadeiros reforços.
    Embora a atravessar o pós-crise, aquilo que nos faz colocar o Sporting acima do Braga é precisamente a qualidade dos jogadores. A baliza ainda levanta bastantes questões, mas a dupla de centrais Coates-Mathieu é boa. Jogadores como Bruno Fernandes, Dost e Nani (esperamos muito dele) prometem ser pedras basilares deste novo Sporting, no qual Gudelj e Sturaro são extraordinários reforços, Diaby uma solução melhor que Montero ou Doumbia, existindo ainda margem para a evolução dos jovens Raphinha, Matheus Pereira e Jovane Cabral.
    No decorrer de 18/ 19 perceberemos se Jefferson ou Acuña assumem o lugar de lateral-esquerdo, isto assumindo que não é contratado ninguém para a posição até dia 31, e daqui a uns meses o melhor Sporting pode recomendar a coexistência em campo de Battaglia, Gudelj, Sturaro, Bruno Fernandes e Nani. Há, claro, margem para Diaby emparelhar com Dost na frente, e flanqueadores como Acuña, Raphinha ou Matheus mostrarem a Peseiro que são obrigatórios no flanco contrário ao de Nani.
    À procura de construir uma nova identidade - perder Rui Patrício, William e Gelson pesa - e numa época em que vai deixar de se ouvir o "Siim!" a cada defesa no estádio, ficará claro o porquê do verde ser cor de esperança.

Treinador: José Peseiro
Onze-Base (4-3-2-1): Viviano; Ristovski (B. Gaspar), Coates, Mathieu, Acuña; Battaglia, Gudelj, Sturaro; Bruno Fernandes, Nani; Dost

Atenção a: Bruno Fernandes, Bas Dost, Nani, Nemanja Gudelj, Stefano Sturaro

 BRAGA (4)

    Podemos estar equivocados, mas acreditamos que a 4 jornadas do fim do campeonato será clara a existência de dois fortes candidatos ao título (Benfica e Porto) e duas equipas a lutar pelo terceiro lugar.
    O contexto de um Sporting ferido pode significar uma oportunidade única para o Braga assaltar o pódio, dando sequência ao incrível futebol praticado em 2017/ 18.
    Abel Ferreira é treinador, e mesmo depois de um arranque de época em falso merece toda a confiança para continuar a desenvolver o seu trabalho. Em Braga, numa época em que o grande rival quererá encurtar distâncias, o farol dos bracarenses é ambicioso. A meta foi definida: conquistar o título no espaço dos próximos 4 anos.
    Sem Europa, Abel deve continuar a promover uma sábia gestão do seu plantel, continuando a contar com craques que estão à porta da Selecção como Ricardo Horta e Paulinho. Estamos certos que a dinâmica ofensiva será entusiasmante, seguros de que João Novais (golos de livre directo garantidos em Braga!), Ailton, Murilo, Eduardo e Claudemir foram bons reforços, e torcemos para o subvalorizado Esgaio continue uma máquina e para que seja dada liberdade para Xadas e Trincão singrarem na Pedreira.
     Golos não serão problema, faltando sim perceber se o clube tem o que é preciso para vencer os grandes e não vacilar na Hora H como aconteceu na recta final de 2017/ 18. Fenómeno passageiro ou não, a verdade é que a defesa não tem impressionado, acusando a lesão de Raúl Silva. No entanto, mais importante para Abel nesta fase parece-nos o encontrar do seu meio-campo. Vukcevic, Danilo e André Horta tinham um peso significativo no equilíbrio e controlo das operações, e cabe ao treinador encontrar a melhor solução para essa zona do terreno. Fransérgio acaba por ser à sua maneira um reforço, mas não é tão linear assim que Abel consiga promover em Palhinha o salto que conseguiu que Esgaio produzisse.
    Não nos surpreenderá uma intromissão do Braga no Top-3, mas o plantel do Sporting e especialmente o potencial 11 titular continua a dar uma ligeira vantagem aos leões. No entanto, como um predador, o Braga não hesitará se o Sporting, essencialmente por motivos extra-quatro linhas, tremer.

Treinador: Abel Ferreira
Onze-Base (4-4-2): Matheus; Esgaio, Raúl Silva, Bruno Viana, Ailton; Xadas (Trincão), Fransérgio (Claudemir, Palhinha), João Novais, Ricardo Horta; Dyego Sousa (Wilson), Paulinho 

Atenção a: Ricardo Horta, Paulinho, Ricardo Esgaio, João Novais, Bruno Xadas

 VIT. GUIMARÃES (5)

    Entre as 18 equipas da Liga, apontar o Vit. Guimarães ao quinto lugar é talvez a aposta com maior probabilidade de sucesso. A chegada de Luís Castro e um defeso inteligente e com bom gosto na hora de contratar deixam antever elevado salto competitivo. Não nos parece que o Vitória consiga ameaçar ainda o Top-4, ficando claro à espera de um deslize de um dos favoritos, podendo terminar esta edição numa espécie de ilha entre os candidatos ao título e as equipas do sexto para baixo.
     O 9º lugar da época passada pôs fim ao reinado de Pedro Martins na cidade-berço, numa temporada em que também o actual treinador do Sporting, José Peseiro, esteve em Guimarães. Num dos clubes com a massa adepta mais fervorosa de Portugal, a contratação de Luís Castro parece em teoria um casamento perfeito: o técnico realizou trabalhos incríveis em Vila do Conde e Chaves, e tem agora superior matéria-prima.
    Ainda gostávamos de ver Cláudio Ramos (Tondela) ser contratado, parecendo ser a única peça que falta, e sendo o jogador formado no Vitória um guardião muito melhor que Douglas e Miguel Silva. As opções de Castro para todas as posições são múltiplas, como fica demonstrado pelo facto de contar na defesa com Pedrão, Venâncio, Osorio e João Afonso para centrais, Rafa e Florent para lateral-esquerdo ou Victor García e Dodô para o lado direito.
    No meio-campo há menos margem para descobertas. André André será certamente o que Pedro Tiba foi no Chaves de Luís Castro, e deve subir muito de rendimento neste regresso à casa onde foi tão feliz entre 2012 e 2015; e João Carlos Teixeira pode explodir em definitivo. Talvez a carreira do médio luso que tantos anos esteve ligado ao Liverpool tivesse sido outra se tivesse tido a sorte de encontrar um treinador como Luís Castro mais cedo... A força de Wakaso deve ser imprescindível, mas não é de excluir a inclusão de Pêpê a seis. O médio encarnado tem bastante mais qualidade do que aquela que apresentou no seu empréstimo ao Estoril.
    Na frente, boas dores de cabeça para o novo timoneiro vimaranense. A falta de ganas de Ola John talvez o faça perder o comboio para Tyler Boyd (a evolução do neozelandês tem-nos surpreendido) ou Davidson (jogador de Castro no Chaves), faltando perceber como o treinador olha para Welthon. Se acordar, o ex-Paços de Ferreira pode tornar-se um caso sério (a cláusula de 30 milhões de euros mostra a confiança que o clube tinha quando o contratou), seja a jogar na frente ou num corredor. Kléber tem sido ssociado, mesmo existindo Junior Tallo e Alexandre Guedes, que certamente pretente realizar toda uma temporada ao nível da sua final da Taça de Portugal, Aves-Sporting.
    Mesmo sem Raphinha, Hurtado, Héldon e Konan, o Vit. Guimarães está hoje mais forte. Que se cuidem os adversários quando a equipa assimilar na plenitude a visão e as ideias do treinador, e sobretudo se jogadores como Welthon, João Carlos Teixeira ou Alexandre Guedes explodirem de vez.

Treinador: Luís Castro
Onze-Base (4-3-3): Douglas; Dodô, Venâncio, Pedrão, Florent (Rafa); Wakaso, André André, João Carlos Teixeira; Ola John (Welthon), Davidson (Boyd), A. Guedes (Junior Tallo)

Atenção a: André André, João Carlos Teixeira, A. Guedes, Welthon, Tyler Boyd

 MARÍTIMO (6)

    Conseguirá o Marítimo manter o espantoso registo caseiro que tinha com Daniel Ramos? Admitimos que entre os 18 treinadores da Liga, todos portugueses, Cláudio Braga é aquele que conhecemos pior. Estranho talvez apontarmos ao primeiro lugar pós Top-5 um clube com um treinador que é para nós um ponto de interrogação, mas a qualidade ao dispor de Braga obriga-o a isso.
    Amir parece levar vantagem sobre Charles esta época, e a defesa do Marítimo (saiu Pablo, entrou Lucas Áfrico) é composta por jogadores já entrosados. No meio-campo, Correa pode dar sequência à sua excelente segunda metade de 17/ 18, e quem tem Ricardo Valente e Edgar Costa sabe que terá golos de belo efeito, assistências e muito trabalho. Números. A tudo isto, juntam-se os dois nomes fortes desta época: Danny e Joel Tagueu. O internacional português (38 jogos por Portugal) pode fazer a diferença no nosso campeonato, mesmo aos 35 anos. Um bonito regresso à casa de partida de um jogador que tanto poderá funcionar como 3º médio como num flanco. Depois, a permanência do camaronês formado no Brasil, Joel Tagueu, é um verdadeiro milagre. O ponta de lança marcou 9 golos em 15 jogos na época passada, e julgámos que um clube doutro patamar (um dos dois do Minho por exemplo) faria tudo para o garantir.
    Ter um goleador como Joel faz muita diferença numa Liga como a nossa, e a aquisição de Danny pode servir de injecção de motivação para uma equipa que nos deixa de pé atrás por não conhecermos bem Cláudio Braga, convencendo-nos sim os jogadores que formam o plantel.

Treinador: Cláudio Braga
Onze-Base (4-3-3): Amir; Bebeto, Zainadine, Áfrico, Rúben Ferreira; Baiano, Gamboa (Vukovic), Correa; Ricardo Valente (Edgar Costa), Danny, Joel Tagueu

Atenção a: Joel Tagueu, Danny, Jorge Correa, Ricardo Valente, Lucas Áfrico

 DESP. CHAVES (7)

    Não restam dúvidas a ninguém que Luís Castro deixou saudades em Chaves. O novo treinador do Vit. Guimarães, indiscutivelmente um dos melhores do nosso futebol na actualidade, colocou o Desportivo no sexto lugar, impressionando sobretudo a segunda volta. Daniel Ramos (treinador muito diferente de Castro mas muitíssimo competente) viajou para o Continente, mas não terá como o antecessor jogadores determinantes como Matheus Pereira, Pedro Tiba e Davidson.
    Parece-nos que este Chaves ainda precisa de uns 3 reforços capazes de fazer explodir o 4-3-3 típico de Daniel Ramos (o seu Marítimo era uma das equipas que melhor contra-atacava em Portugal). Olhando para a matéria-prima actual, a defesa parece por exemplo mais fiável que a do Rio Ave, e no meio-campo a classe de Bressan é conhecida, saudamos o regresso de Bruno Gallo ao futebol português, e Stephen Eustáquio tem tudo para se assumir como o melhor jogador desta formação.
    Perdigão tem agora o espaço que não tinha com Matheus, Davidson e Jorginho no plantel, João Teixeira terá que apresentar uma regularidade como nunca foi capaz, e muita atenção ao reforço Avto depois de uma grande temporada no Académico de Viseu. Na frente, mantém-se William (avançado muito trabalhador e que liga bem a equipa) mas, como dissemos, Daniel Ramos merecia 2 ou 3 reforços que pusessem este Chaves mais perto do 6º e mais longe do 10º (provável a classificação final oscilar entre esses postos). 

Treinador: Daniel Ramos
Onze-Base (4-3-3): Ricardo; Brigues (Paulinho), Marcão, Maras, Luís Martins (Djavan); Stephen, Bruno Gallo, Renan Bressan; Perdigão, Avto, William 

Atenção a: Stephen Eustáquio, Avto, William, Perdigão, Nikola Maras

 BOAVISTA (8)

    Prossegue a cruzada de estabilidade e segurança do Boavista. Os axedrezados terminaram as últimas duas épocas em 8º e 9º, e à partida devem voltar a experimentar uma classificação final semelhante. Acreditamos que bem longe da luta pela manutenção, mas não perto o suficiente de um prestigiante Top-5, Top-6 como o clube ambiciona certamente a médio-prazo. Jorge Simão tem uma equipa madura, bem preparada e com poucas lacunas.
    Helton Leite é o novo dono da baliza, e numa defesa que costuma ser um dos pontos fortes do clube, Raphael Silva parece ser o novo patrão, sucedendo a nomes do passado como Raphael Rossi, Lucas ou Paulo Vinícius. Quem tem um 3 de meio-campo com Idris, Fábio Espinho e David Simão tem automaticamente uma boa compreensão de todos os momentos do jogo, sobrando mais questões no ataque. André Claro e Rafael Costa (excelente pé esquerdo) foram boas aquisições, e Mateus, Falcone e Rafael Lopes oferecem todos coisas diferentes. O gambiano de 24 anos, Yusupha, esteve com um pé no Stade de Reims, mas a transferência não se deu. Se ficar, pode ser o melhor reforço do Boavista, tendo potencial para, focado e bem trabalhado, resultar num caso sério.

Treinador: Jorge Simão
Onze-Base (4-3-3): Helton Leite; Carraça, Neris, Raphael Silva, Talocha; Idris, Fábio Espinho, David Simão; Rafael Costa, André Claro (Rochinha), Yusupha (Rafael Lopes)

Atenção: Yusupha, Fábio Espinho, Raphael, Helton Leite, Rafael Costa

 RIO AVE (9)

    A extraordinária campanha de 2017/ 18 sob o comando de Miguel Cardoso teve um preço. Depois do 5º lugar, conquistado com um futebol vistoso e corajoso (só o Benfica teve maior média de posse de bola), deu-se o êxodo e total descaracterização da equipa. Cássio, Lionn, Marcelo, Marcão, Yuri Ribeiro, Pelé, Francisco Geraldes, João Novais, Barreto e Guedes rumaram a outras paragens, e o próprio Miguel Cardoso viajou para a Ligue 1, assumindo o Nantes.
    A opção por José Gomes surpreendeu-nos, quando esperávamos alguém como Daniel Ramos ou Nuno Manta Santos. Depois de muitos anos em campeonatos periféricos, o outrora adjunto de Jesualdo Ferreira, mereceu a confiança por parte de uma Direcção que nesta década contou com Luís Castro, Pedro Martins ou Nuno Espírito Santo.
    Com o desafio de reconstruir uma equipa de raíz, que quase só mantém o capitão Tarantini (extensão do treinador em campo), o Rio Ave deve terminar este campeonato entre o 6º e o 9º lugares. A época não começou bem (tremendo falhanço frente aos polacos do Jagiellonia Bialystok) mas o ataque entusiasma - Galeno, Gelson Dala ou Murilo Freitas são craques, e o empréstimo de Carlos Vinícius (jogador do Nápoles, transferido para Itália depois de brilhar no Real Massamá) dará ao jovem brasileiro o desafio certo no momento certo. Leandrinho deve assumir a vaga deixada por Pelé, há ainda Joca ou Gabrielzinho, e impõe-se que Diego Lopes (lesionou-se no arranque desta temporada) seja capaz de acrescentar aquele je ne sais quois que Geraldes ou Krovinovic deram ao Rio Ave nas últimas duas épocas.
     Não duvidamos do potencial ofensivo deste Rio Ave, mas a defesa assusta-nos um pouco. Veremos qual o lado da balança que pesa mais, e se José Gomes dura toda a época.

Treinador: José Gomes
Onze-Base (4-2-3-1): Léo; N. Monte, Buatu (M. Rodrigues), Borekvovic, A. Figueiredo; Tarantini, Leandrinho; Galeno, Gelson Dala (Diego Lopes), Murilo (Gabrielzinho); Carlos Vinícius (Bruno Moreira)

Atenção a: Galeno, Carlos Vinícius, Gelson Dala, Murilo, Leandrinho


 FEIRENSE (10)

    O Feirense surpreendeu tudo e todos quando em 2016/ 17 garantiu um oitavo lugar que serviu para colocar o nome do treinador Nuno Manta Santos no radar dos clubes de maior nomeada. No entanto, a época passada quase significou uma viagem do céu ao inferno. Santa Maria da Feira sofreu até à última jornada, fechando a Liga com 31 pontos quando Paços de Ferreira e Estoril desceram com 30.
    É sempre difícil antecipar o rendimento desta equipa, como de resto este ano é verdadeiramente desafiante organizar os clubes do 10º ao último lugar, mas acreditamos que a equipa pode capitalizar o bom arranque e cumprir uma época segura, fazendo muito com pouco.
    Numa equipa compacta, o camisola 10 e maestro Tiago Silva poderá avançar para a sua melhor época de sempre, contando com o apoio de Luís Machado, o extremo dos grandes golos na temporada passada. É possível que a melhor dupla de centrais para NMS seja Briseño e Philipe Sampaio, mas gostamos bastante de Flávio Ramos e não podemos excluir a voz de comando de Bruno Nascimento. A adaptação de Edson a lateral-direito tem surtido efeito, e na frente à eterna promessa João Silva juntam-se agora dois bons reforços - Sturgeon e Edinho. Destaque particular para o ponta de lança que, apesar dos seus 36 anos, está a deixar indicações que pode realizar uma época ainda melhor do que aquelas que viveu no Sado.

Treinador: Nuno Manta Santos
Onze-Base (4-3-3): Caio; Edson, Briseño, P. Sampaio (Flávio Ramos), Vítor Bruno; Babanco, Crivellaro, Tiago Silva; Sturgeon, Luís Machado, Edinho (João Silva)

Atenção a: Tiago Silva, Edinho, Luís Machado, Sturgeon, Briseño

 PORTIMONENSE (11)

    Antever esta época do Portimonense deixa-nos com sentimentos mistos. Há motivos que permitem antecipar uma boa produtividade, mas também não conseguimos fechar os olhos a algumas razões que se podem traduzir em fracasso.
    Depois de subir de forma consecutiva Arouca, Moreirense, União da Madeira, Chaves e Portimonense, Vítor Oliveira quebrou na época passada o seu padrão e experimentou a Liga NOS. A equipa de Portimão ficou em 10º lugar, mas o experiente técnico optou por regressar ao seu habitat natural: sortudo Paços de Ferreira, que assim deve voltar ao primeiro escalão em 19/ 20.
     A reforçar as evidentes sinergias recentes entre Portimonense e Porto, o clube escolheu António Folha (muitos anos a trabalhar nas camadas jovens dos dragões, assumindo o Porto B em 16/ 17) como novo treinador. O técnico de 47 anos tem procurado implementar um 3-4-3, cuja correcta assimilação não se faz da noite para o dia.
    Numa leitura global, convém recordar que o clube perdeu dois dos 3 melhores marcadores da época passada: o craque Fabrício (16 golos) e o veterano Pires (9 golos). Juntos valeram portanto 25 golos, marca de peso num clube com este nível, e não foram devidamente substitutídos. A continuidade do japonês Shoya Nakajima - muito provavelmente o melhor jogador do campeonato fora do Top-4 - é o principal motivo de confiarmos neste Portimonense, dada a brutal qualidade técnica e visão de jogo do pequeno nipónico que agora tem nas costas o número 10, mas falta claramente um goleador a esta equipa.
     O guardião Léo parece-nos melhor que o habitual titular Ricardo Ferreira; Rúben Fernandes, Lucas Possignolo e Felipe Macedo são os três centrais de Folha, com Hackman e Wilson Manafá a servirem como alas. Pedro Sá e Ewerton (passou menos de um mês como jogador do Porto) são elementos-chave, mas mais importante será o regresso do reforço de luxo Paulinho. Apesar de não ter vingado no Dragão, é um jogador especial, e alguém que pode levar o treinador a esculpir um 3-5-2.
    Esta época esperamos mais de Bruno Tabata, é importante não esquecer Rafael Barbosa (bons pés, jogador emprestado pelo Sporting) mas urge encontrar um jogador que valha 15 golos/ época. Seja como for, em Portimão vai ser Nakajima + 10. 

Treinador: António Folha
Onze-Base (3-5-2): Ricardo Ferreira (Léo); Felipe, Lucas, R. Fernandes; Hackman, Pedro Sá, Paulinho, Ewerton, Manafá; Bruno Tabata (Wellington), Shoya Nakajima 

Atenção a: Shoya Nakajima, Bruno Tabata, Paulinho, Ewerton, Pedro Sá

 VIT. SETÚBAL (12)

    Treinador do clube em três das últimas quatro épocas, José Couceiro (boa escolha para director técnico nacional da FPF) foi uma dádiva para o Vitória FC. Fazendo jus ao lugar comum de fazer omeletes sem ovos, o homem que conhece o futebol português como a palma das mãos conseguiu, com poucos recursos, cumprir objectivos (sistemática manutenção), marcando ainda presença numa final da Taça da Liga, e contribuindo para o crescimento de jogadores como João Mário, Ricardo Horta, Pedro Tiba, Rúben Vezo, Gonçalo Paciência, João Amaral, André Pereira ou Fábio Cardoso. A sua ausência será notada, mas o clube soube identificar o sucessor certo: Lito Vidigal.
    À semelhança do que acontece com Couceiro, as equipas de Vidigal não costumam cativar adeptos neutros ou convencer os mais exigentes, essencialmente pela postura pragmática (ainda faz sentido falar nisto hoje em dia?) de quem prefere conservar o 1-0 ou, dependendo do contexto, segurar o ponto. Responsável por ter posto o Arouca (!) na rota da Liga Europa, com um 5º lugar em 2015/ 16, Lito Vidigal abraça agora um projecto com uma massa adepta apaixonada e apaixonante, no qual acreditamos que o todo será bem superior àquilo que as partes levam a crer.
    O jovem guardião Joel Pereira, emprestado pelo Manchester United, pode emergir como uma das figuras desta equipa, pedindo-se bastante a elementos como Costinha e Rúben Micael para que o Vitória consiga algo mais que a manutenção, mantendo a linha de água longe e respirando fundo com tranquilidade q.b. Se Nuno Valente voltar a apresentar o nível que exibiu no passado com Vidigal no Arouca será uma excelente aquisição, e na frente à potencial alternância de momentos de forma de Éber Bessa, Alex e Zequinha, juntar-se-á como factor decisivo o poderio físico de Mendy.   

Treinador: Lito Vidigal
Onze-Base (4-3-3): Joel Pereira; Mano, Vasco Fernandes, Nuno Reis, Nuno Pinto; Nuno Valente (Semedo), Costinha, Rúben Micael; Zequinha (Éber Bessa), Mendy, Cádiz (Allef)

Atenção a: Joel Pereira, Frederic Mendy, Costinha, Rúben Micael, Nuno Reis

 BELENENSES (13)

    Conseguirá o Belenenses alhear-se de todo o lixo extra-futebol que tem marcado a realidade do clube nos últimos meses? O desentendimento entre clube e SAD atingiu proporções impensáveis: o clube "despejou" a SAD do Estádio do Restelo, casa do Belenenses há mais de 60 anos, obrigando os azuis a aceitarem o Estádio do Jamor como novo código-postal. O litígio entre clube e SAD subiu depois de nível com a criação por parte do clube de um novo "Os Belenenses", que competirá nos distritais com o objectivo de chegar no futuro à I Liga.
    No meio deste faroeste burocrático, e quando todas as partes deviam sim remar para o mesmo lado, Silas tem como desafio manter os jogadores focados nas quatro linhas. O técnico de 41 anos deixou uma boa primeira impressão em 17/ 18, revelando uma boa preparação diferenciada dos jogos consoante os adversários e uma sagaz capacidade de dotar a equipa de um sólido comportamento defensivo.
    À perda de Maurides, jogador-alvo fundamental na estratégia da época passada, o Belém junta ainda as saídas de André Sousa (merece experimentar o futebol espanhol), Florent, Yebda, Bakic e Nathan. Em sentido inverso, fez regressar à Liga NOS jogadores como Mika, André Santos e Nuno Coelho, precisará que Fredy, Licá e Keita tenham golo, e que um jogador de pedigree diferenciado como Chaby consiga finalmente exibir-se de acordo com o seu potencial técnico. Muriel parte como dono da baliza, com Mika à espreita, a dupla de centrais (Gonçalo Silva-Sasso) transmite segurança, e Diogo Viana deve nestes primeiros tempos continuar totalmente comprometido com o seu novo papel de lateral-direito. Ainda assim, e numa época que se prevê muito difícil para os lados do Restelo (agora Jamor), não afastamos a importância que um eventual regresso de Viana a terrenos adiantados possa vir a ter, com Sagna a ocupar o sector defensivo.

Treinador: Silas
Onze-Base (4-3-3): Muriel; Diogo Viana (Sagna), Gonçalo Silva, Sasso, Zakarya; Nuno Coelho, Ljujic, Lucca (Chaby); Fredy, Licá (Reinildo), Keita 

Atenção a: Diogo Viana, Fredy, Muriel, Matija Ljujic, Jonatan Lucca


 TONDELA (14)

    Em 2017/ 18, o Tondela foi a equipa-sensação da Liga NOS. Quem não se lembra daquela vitória em pleno Estádio da Luz? Com um plantel que parecia quase condenado, Pepa montou uma equipa capaz de terminar num respeitável 11º lugar. Ora, desta vez já não Murilo (contratado pelo Rio Ave), Tyler Boyd (regressou a Guimarães) ou Pedro Nuno (rumou a Moreira de Cónegos), mas há Cláudio Ramos. E sinceramente achamos que a continuidade ou não daquele que tem sido por larga margem o jogador mais preponderante do Tondela nos últimos anos será factor decisivo no desfecho da época. Pessoalmente, consideramo-lo a peça que falta no Vit. Guimarães de Luís Castro, e o facto do Sporting ter emprestado Pedro Silva pode significar que essa saída esteja acautelada.
    Com ou sem Cláudio Ramos, Pepa é um técnico capaz e conta, sobretudo no ataque, com várias opções sedentas de conquistarem o seu lugar. Será interessante continuar a acompanhar o crescimento de Jorge Fernandes ao lado do mentor Ricardo Costa (37 anos) no coração da defesa, e o regresso do venezuelano Murillo é uma boa notícia depois da saída de... Murilo. Tomané é peça-chave no esquema de Pepa, e elementos como Miguel Cardoso ou António Xavier (novidade) têm qualidade. Finalmente, o colombiano emprestado pelo Benfica, Arango, pretenderá realizar uma época certamente superior à que rubricou na Vila das Aves. 

Treinador: Pepa
Onze-Base (4-4-2): Cláudio Ramos; David Bruno, J. Fernandes, R. Costa, Joãozinho; H. Tavares, B. Monteiro, Murillo, Miguel Cardoso; Arango, Tomané

Atenção a: Cláudio Ramos, Jhon Murillo, Tomané, Miguel Cardoso, Jorge Fernandes

 SANTA CLARA (15)

    Os voos para os Açores estão de regresso ao principal escalão do futebol português. É preciso recuarmos à época de 2002/ 03 para encontrarmos o Santa Clara entre os grandes - à data, Lito Vidigal fazia parte do plantel, tal como o hoje comentador Pedro Henriques. Para efeitos de contextualização, o Porto tinha Mourinho como treinador e Deco, Ricardo Carvalho e Vítor Baía eram figuras; no Benfica, Simão Sabrosa começava a acentuar a sua influência, e no Sporting as expectativas eram altas para dois jovens talentos, Cristiano Ronaldo (18 anos) e Ricardo Quaresma (19).
    Na sempre competitiva Ledman LigaPro, os açoreanos conseguiram bater a concorrência mais próxima de Académico de Viseu, Académica e Penafiel e, com Carlos Pinto no comando técnico, a subida passou de sonho adiado a realidade. No entanto, é João Henriques (bom trabalho no Leixões, mau trabalho na Mata Real) quem assume agora a equipa depois de não ter conseguido evitar a descida do Paços de Ferreira. Era a melhor escolha possível? Bastante questionável.
    Num plantel que ainda pode receber reforços até final de Agosto - mescla de excedentários como o eslovaco do Benfica, Martin Chrien, e elementos experimentados como Ukra, rei do social media - temos curiosidade para ver sobretudo o rendimento de Thiago Santana (marcou 17 golos na época passada, bem apoiado por Fernando Andrade) e do internacional egípcio Rashid, jogador com um perfume diferenciado neste conjunto. De resto, Bruno Lamas foi um bom reforço, Fábio Cardoso e Patrick são mais-valias na defesa ao contrário de César, e nas alas Zé Manuel e Ukra sabem o que fazer com a bola. Stephens e Pineda são os jókers deste elenco.
    O clube que em 2016 viu quase 50% das acções da SAD compradas por um investidor de Singapura é um principais candidatos a mudar de treinador no decorrer de 2018/ 19. Cabe ao clube, que acreditamos possa causar algumas surpresas em casa, escapar ao cenário mais provável: a descida.

Treinador: João Henriques
Onze-Base (4-3-3): Marco (João Lopes); Patrick, Fábio Cardoso, João Pedro, João Lucas; Pedro Pacheco, Bruno Lamas, Rashid; Zé Manuel, Ukra (Fernando Andrade), Thiago Santana

Atenção a: Thiago Santana, Rashid, Fernando Andrade, Fábio Cardoso, Ukra

 MOREIRENSE (16)

    Por duas vezes Petit salvou o Moreirense, por duas vezes Petit saiu depois disso. Em Moreira de Cónegos os adeptos já se habituaram a emoções fortes nas rectas finais dos campeonatos e a muitas mudanças de treinadores (em 2017/ 18 Manuel Machado, Sérgio Vieira e Petit, em 2016/ 17 Pepa, Augusto Inácio e Petit). Este ano nada disto deverá faltar. 
    À imagem do Santa Clara, o Moreirense escolheu um treinador que falhara a manutenção - Ivo Vieira, incapaz de potenciar um plantel do Estoril que era, por exemplo, superior àquele que tem agora às suas ordens. É natural que as primeiras jornadas ajudem a resolver algumas dúvidas (Jhonatan ou Trigueira, que 2 centrais entre Aberhoun, Iago e Halliche), e quem tem jogadores como Chiquinho e Pedro Nuno acabará sempre por tratar bem o esférico em alguns momentos.
    Estamos curiosos para ver o que Nenê pode fazer no nosso futebol aos 35 anos (inesperado regresso do melhor marcador da Liga Sagres 08/ 09 ao serviço do Nacional), é recorrente vermos no franco-argelino Bilel potencial para muito mais e a chegada de Patito Rodríguez (que glória era no FM quando militava no Independiente) foi no mínimo inesperada. Numa equipa que deve - uma vez mais - sofrer a bom sofrer até ao cair do pano, e que talvez ainda se tente mexer para garantir peças sobressalentes dos grandes, a única certeza é mesmo Heriberto Tavares. O extremo emprestado pelo Benfica tem evoluído todos os anos e já passeava na II Liga, podendo agora afirmar-se como um dos jovens valores desta temporada.

Treinador: Ivo Vieira
Onze-Base (4-3-3): Jhonatan; João Aurélio, Halliche (Aberhoun), Iago, Rúben Lima; Neto (Fábio Pacheco), Chiquinho, Pedro Nuno; Bilel (Patito), Heriberto, Nenê

Atenção a: Heriberto, Chiquinho, Nenê, Bilel, Jhonatan

 NACIONAL (17)

    Senhoras e senhores, bem-vindos de regresso ao maravilhoso mundo em que um dos jogos dos grandes na Madeira é adiado devido ao nevoeiro, gerando falatório durante as jornadas seguintes. Depois da miserável temporada de 2016/ 17 (apenas 21 pontos), o Nacional não demorou a reagir e conseguiu voltar à superfície logo um ano depois de mergulhar na II Liga.
    Os campeões da Ledman com 71 pontos (7 de vantagem sobre o Santa Clara, impressionando os 72 golos marcados) são uma equipa com boas ideias, e é justo reconhecer que hoje Costinha é mais treinador, tendo amadurecido com humildade nos últimos dois anos. O tempo faz muita coisa e, agora com distância, podemos ver que em 2013/ 14 o "Ministro" ainda não estava preparado para um Paços pós-Paulo Fonseca (3º lugar), onde deixou péssima imagem.
     Neste salto para a NOS, o Nacional não conta com os seus dois melhores marcadores do ano passado. Ricardo Gomes (24 golos) rumou ao Partizan, e Murilo (14) foi adquirido pelo Braga. No entanto, mesmo com duas gritantes baixas, a base existente dá garantias e permite antecipar uma transição confiante neste salto competitivo.
    Jogadores como Camacho, Witi, Bryan Róchez ou Jota parecem prontos para este palco, e o pé esquerdo do georgiano Arabidze faz dele o super-reforço desta equipa e um jogador que, caso se adapte bem, pode deixar uma marca significativa. Os defesas sem serem incríveis conhecem-se muito bem, podendo Arthur ser uma das revelações desta edição, e o meio-campo é operário mas sem ser alérgico à bola. Equipa aguerrida, que promete vender caros todos os pontos em disputa.

Treinador: Costinha
Onze-Base (4-2-3-1): Daniel Guimarães; Nuno Campos, Arthur, Diogo Coelho, Cerqueira; Jota, Ibrahim, Vítor Gonçalves; Arabidze (Witi), João Camacho, Bryan Róchez

Atenção a: João Camacho, Giorgi Arabidze, Bryan Róchez, Witi, Arthur

 DESP. AVES (18)

    Dois indicadores destacam o Desportivo das Aves das restantes equipas desta Liga. Primeiro, o actual estatuto de detentor da Taça de Portugal. E segundo, após o adeus (ou até já) de Jorge Jesus ao futebol português, José Mota é agora o treinador com mais jogos na I Liga.
    Com um técnico muito experiente, e bastante à antiga na sua concepção de futebol, a facilidade que a direcção tem a despedir (em 2017/ 18 começou com Ricardo Soares, teve Lito Vidigal e acabou com Mota) pode sobrepor-se à margem ou balão de oxigénio que o técnico com passagens por Paços de Ferreira, Vit. Setúbal, Belenenses, Leixões e Feirense, entre outros, ganhou ao viver a tarde mais bonita da sua carreira no Jamor.
    No seu 4-3-3 altamente dependente dos desequilíbrios e acções de Amilton (sentimos que nunca explodiu como podia) e Nildo, o Aves terá desta vez o francês e reforço Beurnardeau entre os postes. Sim, já não há Quim, nem Adriano, nem Artur. A média de idades (27,31) traduz a maturidade deste colectivo, no qual José Mota nunca abdica da fiabilidade de Braga e Vítor Gomes conjugada com a energia de Cláudio Falcão. Para garantir a manutenção, Derley (ou o reforço Michel Douglas) terá que produzir números, e numa leitura geral confiamos no lateral Rodrigo Soares, que pensámos que daria o salto neste Verão, bem como no central Jorge Fellipe (limitado tecnicamente, mas imponente). Fellipe forma boa dupla com Diego Galo, mas Ponck é melhor que ambos e acabará por conquistar o seu lugar, julgamos.

Treinador: José Mota
Onze-Base (4-3-3): Beurnardeau; Rodrigo, Ponck (Diego Galo), Jorge Fellipe, N. Lenho; Vítor Gomes, Falcão, Braga (Fariña); Nildo, Amilton, Derley

Atenção a: Derley, Amilton, Nildo, Rodrigo Soares, Cláudio Falcão



por Miguel Pontares e Tiago Moreira

19 de agosto de 2018

FC Porto 18/ 19: À procura do Domínio do Passado

A encerrar o nosso lançamento e análise aprofundada aos 3 grandes na antecâmara de mais uma temporada de futebol português, temos o campeão nacional Futebol Clube do Porto.
    Depois de 4 títulos consecutivos do Benfica, o Porto garantiu em 2017/ 18 que o "penta" era propriedade exclusiva dos dragões, conquistando o campeonato com um registo expressivo (88 pontos, 28 vitórias em 34 jogos), sendo simultaneamente o melhor ataque e melhor defesa - 82 marcados contra 18 sofridos. Sérgio Conceição viu o Benfica assaltar a liderança momentaneamente entre as jornadas 28 e 29, mas na jornada seguinte e em pleno Estádio da Luz o mexicano Herrera decidiu a contenda.
      Os azuis e brancos viveram uma época complexa, com várias lesões a obrigarem SC a inventar sistematicamente novas soluções. O crescimento de Sérgio Oliveira ou Herrera foi o espelho de uma época em que Alex Telles, Brahimi e o fortíssimo Marega (o Porto só largou o 1º lugar quando não pôde contar com o maliano) como principais destaques.
    No ano em que o Porto procura o bicampeonato, tem sido notório que a Direcção azul e branca já não trabalha como antes. Brahimi e Herrera terminam contrato com o clube em 2019 e podem ser donos do seu destino no próximo Verão, como aconteceu com Marcano neste, e o dossier Marega jamais sucederia no passado quando o Porto tinha sempre tudo sob controlo. Para além da infeliz venda de Gonçalo Paciência (3 Milhões? A sério?) e dos estranhos negócios com o Portimonense, o caso mais grave deste defeso foi mesmo a gestão da posição de lateral-direito - o Porto vendeu Ricardo Pereira ao Leicester acreditando que teria em Diogo Dalot o substituto e que este renovaria, mas o lateral-prodígio acabou por rumar ao Manchester United.
    Embora com menos plantel que o Benfica, em termos de 11 o Porto certamente não perde para ninguém. Nesta recta final de Agosto, Sérgio Conceição desespera por 2 ou 3 reforços, e isto se não sair ninguém. Seja como for, podem esperar um candidato forte, um dos 2 principais favoritos ao título, com o físico e as bolas paradas como principais armas, e um treinador que costuma encontrar os melhores reforços no banco de suplentes.


O Plantel


  • Guarda-Redes: Iker Casillas, José Sá, Vaná
  • Defesas: Maxi Pereira, João Pedro (Palmeiras), Felipe, Éder Militão (São Paulo), Chancel Mbemba (Newcastle), Diogo Leite, Alex Telles, François Moubandje (Toulouse)
  • Médios: Danilo Pereira, Olivier Ntcham (Celtic), Héctor Herrera, Afonso Sousa, Sérgio Oliveira, Óliver
  • Extremos: Moussa Marega, Otávio, Jesús Corona, Yacine Brahimi, Shoya Nakajima (Portimonense)
  • Avançados: Vincent Aboubakar, Adrián, Soares, André Pereira

    Importante na conquista do título, Iker Casillas mantém-se na Invicta a gritar entre os postes Fuera! Fuera! quando quiser que a sua defesa suba após uma bola parada. Aos 37 anos e naquela que pode ser a sua última temporada de dragão ao peito, o guardião espanhol promete agigantar-se nos jogos grandes como vem sendo hábito, e transmitir tranquilidade a uma defesa semi-renovada.
    José Sá e Vaná devem ser as alternativas ao ex-portero do Real Madrid, beneficiando o verdadeiro fenómeno do Olival, Diogo Costa (a quem entregaríamos a baliza quando Iker a abandonar), de um empréstimo a um Rio Ave desta vida.

    Na temporada passada, Ricardo Pereira, Felipe, Marcano e Alex Telles formaram aquele que foi claramente o melhor quarteto defensivo do campeonato. Uma dupla de centrais em perfeita sintonia, comunicação e com características complementares, fazendo a diferença com o seu jogo aéreo nas bolas paradas ofensivas, e dois laterais que foram um dos factores mais importantes (embora pouco referido) na jornada azul e branca rumo ao título.
    Ricardo Pereira mantém-se a mesma locomotiva, embora agora na Premier League com o Leicester City, e Diogo Dalot - que o Porto pretendia que fosse o lateral-direito titular este ano - foi ter com Mourinho a Manchester. Assim, Maxi Pereira (bom início de época) parece querer agarrar o lugar, mesmo tendo o clube contratado João Pedro.
    No centro da defesa, Felipe mantém-se, mas falta perceber quem será o novo Marcano. O jovem Diogo Leite (19 anos) tem convencido, ele que curiosamente foi durante toda a formação "o outro central" ao lado do sempre capitão Diogo Queirós. Mbemba representou um investimento significativo, e dado o seu perfil físico pode ser dominante na Liga Portuguesa, faltando perceber se está em perfeitas condições de servir um clube de máxima exigência. Nos últimos dois anos nunca fez mais de 13 jogos, e a lesão nesta pré-época não ajudou. A fechar o quarteto de centrais, o reforço defensivo que realmente nos enche as medidas: Éder Militão. É certo que ainda há Chidozie, mas o ex-São Paulo de 20 anos é jogador para entrar no 11 portista. Polivalente (joga a central, médio defensivo ou lateral), vemo-lo curiosamente - a não ser que Maxi mantenha o nível apresentado - a agarrar a posição 2.
    Do lado esquerdo, pouco há a dizer. Alex Telles é um dos melhores do mundo na sua posição, e um jogador imprescindível neste Porto. Perante a necessidade de encontrar uma alternativa, Moubandje parece ser um alvo realista.

    No meio-campo, Danilo Pereira acabará por parecer um reforço quando no decorrer da temporada voltar a pisar os relvados. Sérgio Conceição sabe que precisa de ter outro "monstro" no miolo, e daí o clube querer Ntcham. Pode ser difícil tirá-lo do Celtic, mas vinha preencher uma lacuna.
    Herrera deve manter o nível que fez dele um dos principais rostos (atenção, agora tem um novo rosto) de 17/ 18, Sérgio Oliveira conquistou o seu espaço neste FC Porto e Óliver, embora sinta dificuldades em integrar a dinâmica deste Porto versão Sérgio Conceição, pode num ápice passar de corpo estranho a craque maior. Assim como o Benfica incorporou João Félix, gostávamos de ver um dos principais talentos do Olival, Afonso Sousa, começar a sentir o que é estar com a equipa A. Finalmente, não esqueçamos Nwakali, que consoante o que apresentar no Porto B, logo merecerá ou não oportunidade na primeira equipa.

    Moussa Marega (dizima equipas e decide jogos em Portugal com o seu arcaboiço) continua por cá depois de um pequeno castigo, Otávio e Corona são claramente dois jogadores a quem Sérgio Conceição vai exigir muito mais esta época, podendo dar o salto como outros deram na edição anterior, e Brahimi (pode ser a última época que o temos em Portugal, caso saia a custo zero em 2019) é um iluminado. Não obstante, para aproximar este plantel do nível qualitativo e em termos de nº de opções do Benfica, começando também a preparar o pós-Brahimi, faríamos do japonês Shoya Nakajima uma das prioridades nestes últimos dias de mercado. O nipónico é especial e tem indiscutivelmente nível de clube grande.
    A fechar, Aboubakar e Soares mantêm-se como opções no ataque, exigindo-se muito maior regularidade por parte do camaronês. Vê-se que Sérgio Conceição gosta de André Pereira, e Adrián, caso fique no plantel, pode ter uma palavra a dizer ao longo da época.


O que muda? Há um ano atrás, Benfica e Sporting continuavam com os seus treinadores (Vitória e Jesus) e o Porto era o único a mudar, agitando as águas. Sérgio Conceição chegou ao Dragão e não deixou ninguém indiferente. Enérgico e disciplinador, inventou soluções e fez crescer jogadores (quem achava que Sérgio Oliveira acabaria a época como indiscutível titular?), num Porto que viveu alguns períodos de bom futebol, essencialmente assente num estilo muito físico - quando o Porto consegue levar o jogo para as divididas e para o pulmão, não há quem consiga competir em Portugal com os dragões, equipa forte nas bolas paradas e, claro, com lampejos de arte de Brahimi ou Alex Telles.
    O ADN do Porto continuará o mesmo, sendo necessário substituir meia defesa titular. Recordamos que um dos pecados do Benfica pós-tetra foi precisamente não ter sabido substituir Ederson, Nélson Semedo e Lindelöf, enfrentando o Porto agora o desafio de encontrar os substitutos de Ricardo Pereira e Marcano. Até ver, Maxi Pereira e Diogo Leite (soluções internas) estão a agarrar a oportunidade, considerando nós como já dissemos que Éder Militão pode entras nas contas para qualquer uma das duas posições.
    Entre o 4-4-2 e o 4-3-3, por força do posicionamento habitual de Marega a flectir do corredor direito para junto do ponta-de-lança, o Porto continuará com um meio-campo em alta rotação e uma ala esquerda que promete ser a fonte dos principais desequilíbrios através da magia de Brahimi e dos cruzamentos perfeitos de Alex Telles. A época de Óliver é uma incógnita, mas acreditamos que Otávio e Corona dêem bastante mais este ano.


A Formação: Tal como o Benfica, o FC Porto tem realizado um trabalho assinalável nos escalões de formação. Nos últimos anos, a aposta em jogadores como Rúben Neves ou André Silva não foi um acto isolado, sendo uma tendência para manter num clube que claramente já viveu dias mais desafogados do ponto de vista financeiro.
    Como nos fartamos de dizer, a solução para o futebol português subir novamente alguns degraus no Ranking UEFA, passa pela capacidade de segurar jogadores como Gedson Fernandes, João Félix, Jota, Diogo Dalot, Rúben Neves ou Renato Sanches 3 ou 4 anos e não apenas um.
    Quando a temporada passada terminou, achávamos que Diogo Dalot seria um dos mais fortes candidatos a jovem jogador do ano nesta edição. Infelizmente, o lateral foi transferido pelo valor aproximado da cláusula (um crime um jogador daqueles estar "protegido" por apenas 20 milhões de euros), e à partida a nível de projectos de futuro apenas constará esta época no plantel sénior Diogo Leite.
    Como acima dissemos, Afonso Sousa era um jogador que gostávamos de começar a ver pelo menos nas taças, e parece-nos que Diogo Costa, Diogo Queirós e Bruno Costa têm tudo a ganhar ao ser emprestados, cumprindo épocas inteiras ao serviço de clubes da I Liga. Ainda entre os juvenis e os júniores, Fábio Silva deve ser olhado pela Direcção com máximo cuidado: que o Porto não venha a cometer com aquele que é nesta fase o avançado mais promissor das camadas jovens em Portugal o mesmo erro que cometeu com Dalot...


15 de agosto de 2018

Antevisão da Premier League 2018/ 19

  Premier League - Não há entusiasmo como aquele que uma época inteira de Premier League pela frente proporciona. A Liga mais competitiva e imprevisível do planeta (desde 2009 nenhuma equipa conseguiu vencer a prova duas edições seguidas) é a casa dos melhores treinadores do mundo. Guardiola, Klopp, Mourinho, Pochettino e agora também Sarri (incrível novidade) e Emery. Quase se pode dizer que só falta Simeone a nível de personas inconfundíveis do futebol moderno, mesmo que Allegri ou Zidane também mereçam uma palavra.
     A Liga em que adivinhar o Top-6 é uma lotaria perdeu Wenger, treinador do Arsenal desde 1996, e ganhou fado e pastéis de nata (ok, pastéis de nata talvez não porque Carvalhal desceu). Marco Silva e Nuno Espírito Santo prometem fazer do Everton e do recém-promovido Wolves duas das sensações desta edição.
    Depois de muitos milhões gastos - excepto pelo Tottenham - chegaram a Inglaterra jogadores como Jorginho, Naby Keita, Fabinho, Fred, Kepa, Leno, Yarmolenko, Felipe Anderson, Kovacic, Jahanbakhsh ou Seri, sem esquecer as movimentações internas de Mahrez, Shaqiri, Richarlison ou Wilshere. Bom sinal também o facto de em termos de nomes sonantes, a Premier só ter perdido Courtois e o melhor marcador de sempre do Manchester United e da selecção inglesa, Wayne Rooney. Do Championship subiram jovens valores que prometem colocar os seus nomes nas bocas do mundo como Rúben Neves, Sessegnon, Diogo Jota e James Maddison, tudo isto numa época em que pensamos que, se imperar o mais provável, haverá bicampeão.
    Jogos partidos e suados até ao último segundo com cada dividida disputada como se fosse a última, o calor e fervor dos adeptos sentido bem perto das quatro linhas, ziguezagues entre defesas de Mo Salah, passes açucarados e teleguiados de De Bruyne, defesas impossíveis de De Gea, tudo isto apenas um nível abaixo da intensidade de Kanté.
    Acompanhem-nos então nesta completa Antevisão da Premier League 2018/ 19, numa tentativa de prever a classificação final e destaques individuais:



 MANCHESTER CITY (1)

    Não nos parece que a coisa vá parar por aqui. Depois de uma temporada avassaladora em que foram coleccionados recordes - mais pontos (100), mais vitórias (32), mais vitórias consecutivas (18), mais vitórias fora (16), mais golos de sempre (106), maior diferença de golos (+76) e maior diferença pontual para o 2º classificado (19 pontos) - o Manchester City continua com ganas e procura fazer em 18/ 19 aquilo que ninguém consegue em Inglaterra desde Sir Alex Ferguson: o bicampeonato, vencer duas vezes consecutivas. Desde 2009, entre Chelsea, United, City e Leicester, o vencedor foi sempre alternado. Evidência da competitividade e imprevisibilidade da Premier League.
    Para além da total comunhão de ideias entre Guardiola e os seus jogadores, o que assusta neste City são dois factores: a quantidade de soluções e a idade dos activos. Porque olhar para Sané (22), Sterling (23), Bernardo (24), Foden (18), Gabriel Jesus (21), Ederson (24), Stones (24), Laporte (24) e Mendy (24) faz-nos perceber que há uma base para muitos anos. Depois, Guardiola dá-se ao luxo de ter por exemplo Stones, Laporte, Otamendi e Kompany para centrais, poder alternar entre Agüero e Gabriel Jesus, entregar os flancos a 2 entre Sané, Mahrez (único reforço) e Sterling, ou começar a preparar a passagem das botas de David para Bernardo Silva.
    Não acreditamos que o City bata tantos recordes como na época passada, até porque o nível da concorrência subiu, nem que o passeio seja tão declarado, mas a palavra "domínio" deve voltar a ser sinónimo de Manchester City. Futebol total, certamente com maiores ambições europeias.
    Ederson acolhe agora na Premier o compatriota Alisson, podendo Tite ver os dois melhores guarda-redes da canarinha no mesmo campeonato, e na defesa Benjamin Mendy é uma espécie de reforço depois da lesão grave que o afastou dos relvados durante 90% da época passada. Parece-nos que este é o ano de John Stones (curioso Guardiola ter confessado em entrevista que pode usá-lo como alternativa para a posição de Fernandinho, depois de falhados os alvos Jorginho e Fred), que com Laporte garante a bola servida numa bandeja para os médios; a competição promete ser interessante entre Sané, Sterling e Mahrez, e quem tem Agüero e Gabriel Jesus continua a ter muitos golos garantidos. A gestão do prodígio Phil Foden é para ser acompanhada de perto, e estimem cada vez que David Silva tiver a bola nos pés. O craque espanhol não dura para sempre.
    Finalmente, é obrigatório individualizar dois jogadores. O mágico português Bernardo Silva arrancou a época num nível soberbo e deve ser um dos destaques da época, cada vez mais em terrenos centrais. E como se todos estes craques não chegassem, há ainda Kevin De Bruyne, o maior deles todos. O médio belga, sempre forte candidato a MVP da época, é o único verdadeiro incontestável do meio-campo para a frente, e um playmaker sem igual.

Treinador: Pep Guardiola
Onze-Base (4-1-2-3): Ederson; Walker, Stones, Laporte (Otamendi), Mendy; Fernandinho; De Bruyne, David Silva (Bernardo); Sterling (Mahrez), Sané, Agüero (Gabriel Jesus)

Atenção a: Kevin De Bruyne, Bernardo Silva, Kun Agüero, Leroy Sané, John Stones

 LIVERPOOL (2)

    Preparem-se para um vendaval de futebol. Embora nos pareça muito difícil que alguma equipa que não o City vença esta edição de 18/ 19, o Liverpool parece-nos o principal candidato a ameaçar os citizens. Klopp, tal como sobretudo Sarri e Pochettino, vão provocar fortes dores de cabeça a Guardiola.

    Finalistas da última Champions League, derrotados pelo Real Madrid num jogo do qual Salah saiu em lágrimas e para o qual Karius levou a capoeira, os reds ficaram em 4º nas últimas duas épocas, mas têm tudo para dar o salto. Em Anfield vê-se um projecto, e as cirúrgicas contratações (Alisson, Naby Keita, Fabinho e Shaqiri representaram um investimento de 182 milhões, colocando o Liverpool como máximo gastador deste mercado) prometem fazer desta equipa um caso sério em todas as frentes.
    A equipa que melhor contra-ataca no mundo terá novamente em Mo Salah o seu jogador iluminado, integrando um trio assustador com Mané (esperam-se melhores números) e Firmino, jogador habitualmente desvalorizado. No meio-campo, Chamberlain será baixa toda a época mas Fabinho vem acrescentar a leitura e a tranquilidade necessárias para funcionar em contraponto com a intensidade do vaivém Naby Keita, jogador que parece que nasceu para viver dentro de um relvado da Premier League. Ao ter Shaqiri, Klopp garante que os 3 da frente terão sempre alguém a obrigá-los a manter o nível, e fazemos votos para que Sturridge consiga contribuir toda a época como super-suplente.
    Depois ter perdido quase todo 17/ 18, veremos como Lallana incorpora esta equipa, interessando ainda acompanhar a evolução do jovem Alexander-Arnold, numa defesa que tem em Robertson e sobretudo no patrão Van Dijk os seus jogadores mais especiais. E todos devem melhorar no sector, salvaguardados por Alisson, titular da Selecção do Brasil.

Treinador: Jürgen Klopp
Onze-Base (4-3-3): Alisson; Alexander-Arnold, Lovren, van Dijk, Robertson; Fabinho, Henderson, Keita; Salah, Mané, Firmino

Atenção a: Mohamed Salah, Sadio Mané, Naby Keita, Virgil van Dijk, Roberto Firmino

 CHELSEA (3)

    Escrevemos há pouco tempo no nosso Facebook que o Chelsea é uma equipa algo esquizofrénica. Veja-se: Mourinho foi campeão na sua segunda vida no clube, mas no ano seguinte os jogadores fizeram-lhe a cama (10º lugar). Chegou Conte e o 3-5-2 e foi amor à primeira vista, tendo como consequência novo domínio interno. Na época passada, essencialmente por diversos tiros nos pés dados pelo treinador italiano (um SMS a dispensar Diego Costa e o encostar de David Luiz depois de uma época fantástica servem de exemplos) os londrinos caíram novamente para o quinto lugar, ficando fora da Champions.
    O homem que fuma 60 cigarros por dia e que agora se vê obrigado a mascar pontas de cigarros, Maurizio Sarri, é uma das mais entusiasmantes novidades desta edição da Premier League. Após extraordinário trabalho no Nápoles, Sarri chega a Inglaterra para aquecer o campeonato. Revolucionário e permanentemente inconformado, o homem que já foi banqueiro deve ter impacto instantâneo.
    O Chelsea perdeu Courtois, substituindo-o por Kepa depois de nega de Oblak, e com Sarri o 4-3-3 com muita bola, intensidade e uma pressão muito alta será a imagem de marca. David Luiz deverá renascer, e Kanté passará a transportar muito mais jogo, aparecendo junto à área adversária. Afinal, a posição 6 agora é de Jorginho - o maestro ítalo-brasileiro que, praticamente sozinho, representa o transfer da saída de bola do Nápoles para Londres.
    Com Sarri, jogadores como Willian e Hazard vão ser muito mais felizes. E também por isso podem esperar que o belga volte a entrar na discussão para MVP do ano. Na frente, Morata é uma dos principais pontos de interrogação, mas acreditamos que este ano seja tudo o que não foi com Conte. Certo é que, como demonstrou ao adaptar Mertens no Nápoles, Sarri não terá problemas em optar por uma frente móvel (Willian, Pedro e Hazard, por exemplo) se Morata não subir o nível. Importante também ver como o italiano gere Kovacic, Barkley, Fàbregas e Loftus-Cheek e temos curiosidade de ver se Hudson-Odoi, um dos destaques da pré-época, vai continuar a ter oportunidades.

Treinador: Maurizio Sarri
Onze-Base (4-3-3): Kepa; Azpilicueta, Rüdiger, David Luiz, M. Alonso; Jorginho, Kanté, Kovacic (Fàbregas, Barkley); Willian, Hazard, Morata

Atenção a: Eden Hazard, Jorginho, N'Golo Kanté, Willian, Kepa

 TOTTENHAM (4)

    Estabilidade. No campeonato dos milhões e dos recordes de transferências batidos amiúde, os spurs bateram este Verão o mais improvável e corajoso dos recordes: pela primeira vez em Inglaterra, uma equipa da Premier League não protagonizou uma única transferência. Não chegou ninguém a White Hart Lane, e não saiu ninguém. Se dúvidas havia que Daniel Levy e Mauricio Pochettino são seres especiais, estão dissipadas.
    Dos jogadores que pensámos que sairiam (Alderweireld, Rose, Dembélé, daí na nossa visão para este plantel no nosso Facebook termos identificado de Ligt, Tierney e Grealish como bons reforços), julgamos que apenas o médio belga pode ainda abandonar o barco. Possível também o Real Madrid tentar Eriksen até final de Agosto, craque que Levy não deve querer perder por nada. E o mais importante neste Tottenham é mesmo a ideia de continuidade: duvidamos que haja melhor reforço do que a renovação de Harry Kane.
    Com o regresso a casa (White Hart Lane renovado, agora chamado Tottenham Hotspur Stadium) in media res esta época, a equipa do Norte de Londres terá um significativo boost na moral. Como se a demonstração de confiança no actual quadro de jogadores não fosse suficiente... No Tottenham não há segredos. Os jogadores conhecem-se profundamente, com Pochettino o futebol é espectáculo, e por tudo isso é-nos muito difícil colocar os spurs, que nas últimas três épocas ficaram sempre em 3º ou 2º, fora do Top-4. Mas adivinhar este Top-5 é uma lotaria.
    O melhor marcador do Mundial 2018 e máximo goleador do ano civil de 2017, Harry Kane, promete continuar a facturar sem parar, pretendendo por certo recuperar a coroa que Salah lhe roubou, aproximando-se paulatinamente do recorde de Shearer em Inglaterra. Com os seus fiéis escudeiros Eriksen, Son e Alli, uma das melhores defesas do campeonato e jogadores que parecerão reforços como Lamela e Lucas, há razões para acreditar que tudo vai correr bem.

Treinador: Mauricio Pochettino
Onze-Base (4-2-3-1): Lloris; Trippier, D. Sánchez, Vertonghen, B. Davies; Dier, Wanyama; Eriksen, Alli, Son; Kane

Atenção a: Harry Kane, Christian Eriksen, Son Heung-Min, Dele Alli, Jan Vertonghen

 MANCHESTER UNITED (5)

    Temos saudades tuas, Mourinho. Do treinador esfomeado por títulos e sem medo de nada, aquele que revolucionou os padrões para a profissão entre Porto, Chelsea e Inter. Madrid traumatizou o técnico português, que cada vez menos parece o treinador certo para estar em Old Trafford. Ao contrário do City, do Liverpool e do Tottenham, e com o Chelsea entregue a Sarri tudo indica que irá acontecer o mesmo, o United não tem criado uma identidade de jogo. O Special One é um mestre no estudo do adversário mas para ganhar a Premier, e com a concorrência num nível muito alto e sem sinais de retrocesso, é preciso coragem. Porque olhar para este United é ver mais o receio de não ganhar (o 1-0 chega) do que o prazer de jogar à bola; é ver a procura de anular ideias dos outros privilegiada em relação à construção de ideias próprias.
    Nos últimos 3 anos, o Manchester United gastou mais de 400 milhões de euros e fez chegar ao clube jogadores como Pogba, Alexis Sánchez e Lukaku. Quem tem jogadores assim tem que jogar mais. Muito mais. É certo que o City gasta tanto ou mais, mas as contratações seguem um plano sustentado, os jogadores crescem e o futebol encanta os neutros. Voltando à realidade dos red devils, não é bom sinal quando pensamos que De Gea tem sido sistematicamente o melhor jogador do clube.
    Depois do 2º lugar da época passada, a 19 pontos do campeão e rival City, Mourinho precisa de se reinventar. Deixar as desculpas e tirar, como antigamente, o melhor de cada um dos seus soldados. Até porque Zidane está à espreita. A defesa não é a ideal (basta ver que qualquer um dos 4 centrais de Guardiola era titular aqui), mas também não é propriamente má. O meio-campo, agora com Matic, Fred e Pogba, impõe respeito. E no ataque espera-se muito mais de Alexis esta época, não tendo Lukaku a pressão do 1º ano. Mourinho precisa depois de mimar tanto Rashford (agora com a camisola 10) como Lingard e Martial, temos curiosidade de ver se Dalot (lateral-direito mais promissor do mundo) começa a entrar no onze já este ano, precisando Mourinho de usar o QI de Ander Herrera e Mata nos jogos certos, e acreditar em Shaw, Bailly ou Lindelöf.
    Temos muita dificuldade em colocar este United na luta pelo título, mas é certo que deverá andar entre o 2º e o 5º lugares. Porém, em Old Trafford, graças a um senhor chamado Sir Alex Ferguson, só se admite o primeiro posto.

Treinador: José Mourinho
Onze-Base (4-3-3): De Gea; Valencia, Bailly, Smalling, Shaw; Matic, Pogba, Fred; Rashford (Lingard), A. Sánchez, Lukaku

Atenção a: Alexis Sánchez, Romelu Lukaku, Paul Pogba, David De Gea, Nemanja Matic

 ARSENAL (6)

    Pela primeira vez desde 1996, o Arsenal arranca uma temporada sem ter Arsène Wenger no banco. Para substituir o mítico treinador francês, a Direcção dos gunners escolheu Unai Emery. Bom treinador, sem dúvida, um estudioso profundo e mestre em competições a eliminar, mas admitimos que esperávamos alguém com um perfil diferente. Mais impactante.
    Numa época que marca um novo ciclo, o Arsenal parte claramente abaixo das 5 equipas que colocamos acima. Aliás, se os pupilos de Emery perderem o comboio cedo, até achamos mais provável um deslize rumo ao 7º lugar do que uma presença no Top-4 (certamente o objectivo definido).
    A abordagem ao mercado foi satisfatória q.b., destacando-se sobretudo as aquisições de Bernd Leno e Lucas Torreira. O guarda-redes alemão é nesta fase claramente superior a Cech (um dos guardiões que marcou a última década) e o pequeno uruguaio é o tipo de médio que o clube não tinha: um poço de energia e raça, capaz de "limpar" o campo e asfixiar os médios ofensivos adversários, fazendo respirar os colegas. Guendouzi foi contratado para o futuro, Sokratis (previsível titular) e Lichtsteiner (previsível alternativa ao velocista Bellerín) contratados para aumentar as soluções na defesa.
    Numa leitura global, a defesa não está ao nível da concorrência, sendo dois os principais desafios para o treinador basco ex-PSG e Sevilha: encontrar forma de fazer coincidir no 11 Aubameyang e Lacazette, avançados que têm tudo para emparelhar bem, e conseguir épocas regulares por parte de Özil, Ramsey e Mkhitaryan. Três craques, um que podia ser um dos melhores do mundo e só não o é por preguiça ou falta de ambição, outro sistematicamente assaltado por lesões, e o último incapaz de se adaptar ao Manchester United, tendo agora pela primeira vez uma temporada desde o início em Londres (as indicações do arménio na segunda metade da época passada foram boas, sobretudo pela sintonia com Aubameyang, a trazer à memória os saudosos tempos de Dortmund).

Treinador: Unai Emery
Onze-Base (4-3-3): Leno; Bellerín, Mustafi (Koscielny), Sokratis, Monreal; Torreira, Ramsey, Özil; Mkhitaryan, Aubameyang, Lacazette

Atenção a: Pierre-Emerick Aubameyang, Mesut Özil, Alexandre Lacazette, Henrikh Mkhitaryan, Lucas Torreira

 EVERTON (7)

    Pela primeira vez Marco Silva tem um super-plantel. Desde que chegou a Inglaterra, este é o terceiro clube de MS. No Hull, encontrou uma equipa condenada à descida, mas falhou a manutenção por pouco, mudando as carreiras de Maguire (presente entretanto numas meias-finais de um Mundial) e Robertson (presente entretanto numa final da Champions). Abraçou como desafio o Watford, com um plantel bastante fraco, e quando rescindiu deixara a equipa tranquila, tendo-se agarrado a tudo o que Richarlison lhe dera, e feito Doucouré render como nunca. Agora, o Everton.
    No clube mais antigo da cidade de Liverpool, Marco Silva está obrigado a conseguir o 7º lugar, por força dos jogadores que tem à sua disposição. Uma intromissão no Top-6 será objectivo a médio-prazo, esperando-se que desta vez o português seja fiel, mantendo-se vários anos no mesmo projecto (só não acontecerá se um dos grandes emblemas ingleses o começar a sondar).
    Goodison Park vai ser esta temporada uma das casas do bom futebol. Tem que ser. Pickford, guarda-redes extremamente valorizado no Mundial 2018, terá à sua frente Mina e Keane ou Zouma, com a locomotiva Coleman à direita e Digne a disputar o corredor esquerdo com Baines. Idrissa Gana Gueye, incansável recuperador, é um dos primeiros nomes na ficha de jogo para qualquer treinador do Everton, interessando depois ver se Marco Silva consegue recuperar o deprimido André Gomes. Acreditamos que sim, voltando o português ao nível que exibiu no Valência.
    Fã do 4-3-3, Marco Silva deve apostar mais num 4-2-3-1 que dê liberdade a Sigurdsson (tão bem lhe fica o número 10 que era de Rooney) para se assumir como maestro. Os primeiros sinais reforçam a ideia que Richarlison vai explodir, e tendo Bernard, Bolasie, Lookman, Tom Davies, Schneiderlin, Sandro e Walcott, o treinador de 41 anos tem soluções para manter o 11 fresco e competitivo.

Treinador: Marco Silva
Onze-Base (4-2-3-1): Pickford; Coleman, Mina, Keane (Zouma), Digne (Baines); Gueye, André Gomes; Bernard (Bolasie, Walcott), Sigurdsson, Richarlison; Tosun

Atenção a: Richarlison, Gylfi Sigurdsson, Seamus Coleman, Jordan Pickford, André Gomes 


 WEST HAM (8)

    Há um ano apontámos o West Ham ao oitavo lugar. As aquisições de Arnautovic e Chicharito fizeram-nos acreditar que a época seria bastante positiva, mas tudo correu mal. O clube acabou no 13º lugar, embora tenha estado bastante tempo com a corda no pescoço. Bilic começou a temporada, Moyes substituiu-o e "descobriu" em Arnautovic um ponta de lança, mas para 18/ 19 o homem do leme dos hammers é Manuel Pellegrini. Vencedor da Premier League em 2013/ 14 com o City, passou também por Real Madrid, Málaga ou Villarreal. Desta vez, o West Ham tem treinador.
    Para além de garantir Pellegrini, os londrinos investiram de forma significativa neste Verão, ultrapassando a fasquia dos 100 milhões (só Liverpool, Chelsea, Leicester e Fulham gastaram mais). Fabianski é o novo número 1, Fredericks e sobretudo Wilshere foram excelentes negócios a custo zero, e a defesa foi reforçada com Balbuena e Diop. Mas o principal motivo de interesse deste West Ham é mesmo o trio de ataque em prespectiva - Yarmolenko, Felipe Anderson e Arnautovic. Os adversários que se cuidem se estes três se entenderem bem...

Treinador: Manuel Pellegrini
Onze-Base (4-3-3): Fabianski; Fredericks, Balbuena, Ogbonna, Cresswell (Masuaku); Noble, Wilshere, Obiang; Yarmolenko, Felipe Anderson, Arnautovic

Atenção a: Marko Arnautovic, Felipe Anderson, Andriy Yarmolenko, Jack Wilshere, Ryan Fredericks

 WOLVES (9)

    Do Championship imediatamante para o 9º lugar da Premier League. São bastante altas as expectativas que temos para a equipa mais portuguesa da BPL. Os 99 pontos no Championship em 2017/ 18 foram incríveis (não bateram, porém, os 106 do Reading em 2005/ 06) e o clube gerido por Steve Morgan e fortemente suportado por Jorge Mendes revela uma ambição ímpar: no espaço dos próximos sete anos querem vencer a Premier League!
    Nuno Espírito Santo, dono da barba mais imponente do campeonato, conta com muita juventude, e foi um dos vencedores do defeso com vários reforços que prometem acrescentar muita qualidade. Este plantel tem nível de Premier League, que ninguém duvide disso. Depois de 11 anos como titular do Sporting, Rui Patrício é o novo número 11 (o 1 de Ikeme foi retirado, guarda-redes a quem foi diagnosticada leucemia) e promete ser em Inglaterra tudo o que foi em Portugal. Num 3-4-3 cuja tendência será ficar mais apurado ao longo da época, Coady, Saiss, Boly e Dendoncker são 4 opções para 3 lugares. O belga de 23 anos entusiasma-nos particularmente, pela sua polivalência, podendo ser o Eric Dier deste conjunto. A menor intensidade do reforço João Moutinho será colmatada com a sua inteligência em campo muito acima da média, afirmando-se por certo como irmão mais velho e tutor para muitos dos miúdos lusitanos. Bem abertos, Doherty e Jonny (não teríamos vendido Barry Douglas) prometem épocas a todo o gás.
    A energia de Raúl Jiménez (marcou na estreia) deve chegar para que leve a melhor sobre Bonatini, e a chegada de Adama Traoré (absurda a sua qualidade no 1 para 1, faltando-lhe apenas melhorar em termos de objectividade rumo à baliza, aprendendo a decidir quando fazer o quê) obriga Hélder Costa e Ivan Cavaleiro a subirem o nível.
    O último parágrafo dedicamo-lo aos dois prodígios deste conjunto, dois jogadores que prometem encantar meio mundo e colocar os tubarões dispostos a assaltar um banco por eles. Diogo Jota promete ser um dos jovens destaques desta Premier League, talvez com um nº de golos acima do expectável para muitos adeptos, e sobre Rúben Neves começam a faltar palavras. O médio português, que connosco teria sido titular no Mundial como referimos antes do certame, tem tudo para se tornar um dos melhores médios do mundo. Livres directos, tiros do meio da rua e passes a rasgar que vamos querer rever 5 e 6 vezes.... Vai ser tudo isso, e provavelmente mais.

Treinador: Nuno Espírito Santo
Onze-Base (3-4-3): Rui Patrício; Coady (Saiss), Dendoncker, Boly; Doherty, João Moutinho, Rúben Neves, Jonny; Diogo Jota, Raúl, A. Traoré (Hélder Costa, Cavaleiro)

Atenção a: Rúben Neves, Diogo Jota, Raúl Jiménez, Leander Dendoncker, João Moutinho

 LEICESTER CITY (10)

    O campeão-fenómeno de 2015/ 16, numa época que parecia conto de fadas escrito por Walt Disney, é hoje uma das equipas que surge de forma recorrente como um dos principais candidatos ao pós-Top6.
    A base que viveu um dos títulos mais inesperados da História do futebol tem-se desfeito progressivamente, sobrevivendo como titulares indiscutíveis Schmeichel e Vardy. O filho de Peter mostrou no Mundial quão especial é, e Jamie Vardy deverá voltar a ser o melhor marcador do clube: foi nas últimas três temporadas com 24, 16 e 23 golos. Esta será a 3ª época desde que N'Golo Kanté, para sempre no coração dos adeptos, saiu. O pequeno médio francês já venceu desde a então outra Premier, com o Chelsea, e foi finalista do Euro-2016 e vencedor do Mundial-2018. Porém, esta será a primeira equipa dos foxes sem Mahrez. O craque argelino deu finalmente o salto, e é fortísismo candidato a amealhar mais uma Premier League no seu currículo.
    Com dois portugueses como possíveis titulares - Ricardo Pereira (reforço) e Adrien -, Claude Puel tem ao seu dispor um conjunto de jogadores que dão indicações que se jogará bom futebol no King Power Stadium. Esta deve ser a época em que Chilwell começa a desenhar-se em definitivo como sucessor de Fuchs, faltando perceber quem será o parceiro de Maguire (um dos melhores centrais do Mundial): o capitão Wes Morgan tem uma palavra a dizer, mas Jonny Evans pode formar uma dupla mais moderna, sem esquecer o reforço Söyüncü, que parece ter sido adquirido para ser o futuro Maguire.
    Ndidi é absolutamente indiscutível, bem como o eléctrico Vardy na frente, esperando-se muito mais de Iheanacho esta época. Ghezzal é uma espécie de "novo Mahrez", dentro do possível - confessamos que desejávamos ver Ziyech (Ajax) como substituto do novo jogador do Manchester City - mas com Demarai Gray, Diabaté e Albrighton na luta pelos lugares nos flancos a missão do ex-Mónaco não será fácil. Ainda assim, todos os caminhos esta época vão dar a James Maddison: o novo camisola 10 dos foxes é um dos talentos ingleses mais entusiasmantes da nova geração, e fechou o Championship ao serviço do Norwich com 14 golos e 8 assistências. Tem meia distância, uma brutal qualidade técnica, é exímio nas bolas paradas. Enfim... um craque que vale cada um dos 25 milhões que custou.

Treinador: Claude Puel
Onze-Base (4-2-3-1): Schmeichel; R. Pereira, Morgan (Evans), Maguire, Chilwell; Ndidi, Adrien; Iheanacho, Maddison, D. Gray (Ghezzal); Vardy

Atenção a: Jamie Vardy, James Maddison, Kelechi Iheanacho, Harry Maguire, Ricardo Pereira

 BURNLEY (11)

    Em 2017/ 18 o Burnley conseguiu um inédito sétimo lugar, feito absolutamente notável ao contar Sean Dyche com um plantel que deixava antever a descida, ou perto disso.
    Os 54 pontos conquistados são missão quase impossível de repetir, especialmente atendendo à subida de nível de vários concorrentes, mas nunca é demais relembrar aquilo que torna este Burnley especial: a equipa-sensação do último campeonato foi o 6º pior ataque em prova mas foi simultaneamente a 6ª melhor defesa (só Manchester City, Manchester United, Tottenham, Chelsea e Liverpool sofreram menos golos, tendo os dois últimos sofrido apenas mais 1 que os clarets). Os jogos do Burnley continuarão por certo a ser verdadeiras masterclasses de como defender: Tarkowski, Mee, Lowton e Ward, não desfazendo a importância dos médios nucleares no processo defensivo, mantiveram-se todos, com Joe Hart a ser contratado, aproveitando as lesões de Pope e Heaton, cada qual um super-destaque do Burnley nas últimas duas épocas, para assumir a baliza.
    A presença na Liga Europa (teoricamente o Olympiacos será o derradeiro adversário antes da fase de grupos) pode mudar bastante a gestão ao longo da época, mas o ADN deste Burnley está preservado. Ben Gibson foi a contratação mais cara, formando um quarteto de centrais forte com Tarkowski, Mee e Long; e Vydra foi o único reforço para o ataque, sector no qual acreditamos que Chris Wood suba de produção esta época. E a integração do lesionado Robbie Brady no decorrer da competição acabará por soar a reforço. Dyche sabe o que faz, por isso dificilmente este Burnley irá do céu ao inferno.

Treinador: Sean Dyche
Onze-Base (4-4-2): Hart; Lowton, Mee, Tarkowski, Ward; Lennon (Brady), Hendrick, Cork, Gudmundsson; Wood, Barnes (Vydra)

Atenção a: Chris Wood, James Tarkowski, Ben Mee, Robbie Brady, Jack Cork

 FULHAM (12)

    Recordes foram batidos. O Fulham fez aquilo que nunca ninguém fizera: pela primeira vez, uma equipa recém-promovida em Inglaterra gastou mais de 100 milhões de euros! Cento e nove, mais concretamente.
    Depois de garantida a promoção numa final de play-off emocionante em Wembley (assistência de Sessegnon e golo de Cairney) diante do Aston Villa, o Fulham não se coibiu na hora de gastar, neste regresso à piscina dos grandes. Todos os sectores foram reforçados, foram adquiridos alguns nomes de peso, e talvez mais importante do que tudo, Ryan Sessegnon continua no clube. O jovem extremo/ lateral de apenas 18 anos terminou o Championship com 15 golos e 6 assistências, tendo sido considerado o Jogador do Ano na prova.
    Jokanovic é bom treinador, e viu chegar Sergio Rico para a baliza, Chambers e Mawson para a defesa. À frente, a coisa começa a aquecer. Tom Cairney há muito demonstrava nível de Premier, mas melhor se apresentará ao contar com Seri (esteve com um pé no Barcelona há um ano atrás) e Anguissa (tremendo potencial, caso perceba rapidamente a Premier).
    No trio de ataque, Sessegnon terá a companhia de Mitrović, agora a título definitivo, e de Schürrle, emprestado pelo Dortmund. Mas há ainda Vietto. Tal como o Wolves, um projecto que promete.

Treinador: Slavisa Jokanovic
Onze-Base (4-3-3): Rico; Christie, Chambers, Mawson, Le Marchand; Anguissa, Seri, Cairney; Schürrle, Sessegnon, Mitrović

Atenção a: Ryan Sessegnon, Jean Michael Seri, Aleksandar Mitrović, André Schürrle, Tom Cairney

 CRYSTAL PALACE (13)

    Fizemos o nosso mea culpa no balanço final da temporada passada: Roy Hodgson surpreendeu-nos comandando o Crystal Palace numa recta final incrível. Os números não mentem: de 1 de Janeiro até ao apito final da temporada, o Palace foi a 6ª equipa com melhor desempenho. Sem palavras.
    Partindo do zero, há vários motivos para os eagles sonharem, e dependendo de alguns factores - ou não fosse a Premier League a competição mais imprevisível do planeta futebol - este Palace pode andar entre o 10º e o 15º lugares. Mas quando nos lembramos que o clube conseguiu segurar Wilfried Zaha só conseguimos pensar que a coisa vai correr bem. O extremo/ avançado costa-marfinense é um dos artistas do momento em Inglaterra, capaz de castigar adversários em situações de 1 para 1 com a sua velocidade, e mostrando de época para época melhor relação com o golo.
    De resto, um potencial meio-campo com Milivojevic, Kouyaté ou McArthur e Max Meyer (como é possível o talentoso alemão ter vindo parar aqui?) deixa antever algo de promissor, parecendo equilibrado, Wan-Bissaka é um projecto interessantíssimo de lateral, Townsend tem ganho objectividade e boa decisão, existindo ainda o gigante Sørloth para que Benteke não se encoste.

Treinador: Roy Hodgson
Onze-Base (4-3-3): Hennessey (Guaita); Wan-Bissaka, Tomkins, Sakho, van Aanholt; Milivojevic, Kouyaté, Meyer; Townsend, Zaha, Benteke (Sørloth)

Atenção a: Wilfried Zaha, Max Meyer, Andros Townsend, Aaron Wan-Bissaka, Patrick van Aanholt

 SOUTHAMPTON (14)

    Já passou. A temporada de 2017/ 18 representou um susto significativo para os saints, que terminaram o campeonato em 17º, com apenas mais 3 pontos do que os relegados Swansea e Stoke. Mark Hughes salvou a equipa, e também por isso mereceu voto de confiança, mas convém não esquecer a queda abrupta de um clube que há poucos anos almejava muito mais sob o comando de Pochettino e Koeman. Culpas no cartório para o Liverpool, que assaltou de forma crónica o Southampton - van Dijk, Mané, Clyne, Lovren, Lallana e Lambert - forçando reciclagem permanente.
    Desta vez, tudo leva a crer que os adeptos do Southampton sofram menos. Prevê-se uma época mais tranquila, mas ainda abaixo do registo alcançado entre 2014 e 2017 (8º, 7º, 6º e 8º). Fazendo-se valer do facto de contar com 5 bons centrais no clube (Vestergaard, Hoedt, Stephens, Yoshida e Bednarek) é compreensível que Hughes privilegie uma disposição com três centrais, algo que pode beneficiar os números de Bertrand e Cédric esta época. Romeu e Lemina garantem músculo e boa leitura, não desvalorizando o que pode acrescentar o reforço escocês Stuart Armstrong.
    Elyounoussi é o novo nome que mais nos entusiasma nestes saints, bem como o potencial de uma parceria entre Charlie Austin e Danny Ings na frente. Convenhamos, uma equipa que tem os dois avançados britânicos, Gabbiadini e Shane Long tem que marcar golos a sério.

Treinador: Mark Hughes
Onze-Base (3-4-1-2): McCarthy; Stephens, Vestergaard, Hoedt; Cédric, Romeu (Ward-Prowse), Lemina, Bertrand; Elyounoussi (Armstrong); Austin, Ings (Gabbiadini)

Atenção a: Moha Elyounoussi, Charlie Austin, Danny Ings, Mario Lemina, Jannik Vestergaard

 BRIGHTON (15)

    Depois do 15º lugar na última edição, apontamos o Brighton precisamente ao mesmo posto. Se olharmos para as três equipas que subiram na época passada (Newcastle, Brighton e Huddersfield), e deixando de fora a equipa de Rafa Benítez por se tratar de um clube muito mais habituado a este ecossistema, os caminhos de Brighton e Huddersfield têm sido semelhantes. Até aqui. Em 2017/ 18, o Brighton terminou apenas com mais 3 pontos do que os terriers, mas se por um lado o Huddersfield tem em David Wagner um treinador melhor (embora Hughton seja muito competente e mais certinho), a ambição e investimento do Brighton pode cavar diferenças desta vez.
    A uma boa base já existente - Matt Ryan foi um dos 6/ 7 melhores guarda-redes da última Premier, Dunk-Duffy é uma dupla de centrais sólida, e Groß um playmaker de excelência - o Brighton acrescentou reforços num valor total de quase 70 milhões. Destaque principal para o extremo-direito iraniano Alireza Jahanbakhsh (melhor marcador da última Eredivisie com 21 golos) e para o poderoso médio Yves Bissouma, alegadamente na lista de desejos do Porto.
    Tudo nesta equipa cheira a manutenção. Basta pensar que Andone, Murray e Hemed irão concorrer pelo lugar mais adiantado, e jogadores de qualidade como Pröpper, Knockaert (voltará ao nível que fez dele o melhor do Championship há dois anos?) e Solly March (pode dar super-jogador com o "click" certo) terão que fazer pela vida para terem um lugar no onze. Há qualidade defensiva, há golos, há Groß e há banco. Dificilmente haverá descida.

Treinador: Chris Hughton
Onze-Base (4-2-3-1): Ryan; Bruno, Dunk, Duffy, Bernardo, Stephens, Bissouma (Pröpper); Jahanbakhsh, Groß, Knockaert (March); Andone (Murray, Hemed)

Atenção a: Pascal Groß, Alireza Jahanbakhsh, Yves Bissouma, Matthew Ryan, Solly March

 BOURNEMOUTH (16)

    Fiável. Com Eddie Howe no comando desde 2012, numa viagem que já passou por três diferentes escalões, o Bournemouth tem cumprido sempre, oscilando pouco em termos de rendimento e mantendo uma base de jogadores que isoladamente até parecem deixar algo a desejar para este patamar competitivo, mas juntos formam uma equipa no verdadeiro sentido da palavra. Nos cherries não há egos, há uma filosofia seguida com rigor e, considerando que na Premier terminar com 40 pontos normalmente garante a manutenção, os 44 (17/ 18), 46 (16/ 17) e 42 pontos (15/ 16) conquistados nas últimas épocas traduzem a regularidade deste elenco. Como é que Howe ainda está no Bournemouth? Não conseguimos perceber...
    Mantendo Joshua King e Callum Wilson como principais armas ofensivas, o Bournemouth procurará que Lewis Cook dê sequência ao crescimento evidenciado na época passada, contando com a juventude e fome de Fraser, Ibe ou Brooks para fazer a diferença nos corredores. De recordar que o Bournemouth gastou 28 milhões (!) em Jefferson Lerma (bom reforço, mas questionável se não seria melhor dividir essa maquia por 2 ou 3 jogadores), encontrando em Diego Rico o futuro Daniels e apostando forte no jovem galês David Brooks. O miúdo oriundo do Sheffield United pode ser uma agradável surpresa.

Treinador: Eddie Howe
Onze-Base (4-4-2): Begovic; Adam Smith, Steve Cook, Aké, Diego Rico (Daniels); Brooks (Ibe), Lewis Cook (Gosling), Lerma, Fraser (Stanislas); Joshua King, Wilson

Atenção a: Joshua King, Lewis Cook, Ryan Fraser, Jefferson Lerma, Nathan Aké

 WATFORD (17)

    Uma das equipas mais "inglesas" da Premier League é curiosamente treinada por um espanhol. Javi Gracia chegou a terras de Sua Majestade na temporada passada, depois de Marco Silva ter rescindido com o clube, aproveitando o embalo inicial que a equipa teve com o português (veja-se, por exemplo, os números de Richarlison com Marco Silva e com Javi Gracia, e mesmo a diferença no rendimento global de Doucouré), sem acrescentar grande coisa. A Direcção confiou no técnico que passou pelo Málaga, Rubin Kazan ou Osasuna, e esta época prevê-se bastante difícil, não ajudando por certo a facilidade com que o Watford despede treinadores (de 2014 para cá, Javi é o oitavo), hipotecando qualquer ideia de estabilidade.
    Afirmamos que o Watford - equipa que deve salvar-se no limite ou descer - é uma equipa que preserva a velha tradição inglesa essencialmente por três razões. A parceria Deeney-Gray na frente, o carácter muito limitado dos centrais na participação na construção, e o meio-campo possante. Numa Liga tão heterogénea e multicultural, fascinante por isso mesmo, o Burnley é certamente a equipa que mais segue o ADN inglês, o que não impediu a equipa de Sean Dyche de ser a sensação de 2017/ 18.
    Durante o Verão o Watford não mexeu muito, aproveitando a descida do WBA para resgatar Ben Foster (claro upgrade na baliza), garantindo Deulofeu em definitivo e acreditando no jovem português Domingos Quina (veremos quantos minutos terá). Pereyra é craque, e de resto a tendência ao longo da época, num plantel que conta com Doucouré, Capoue, Cleverley, Chalobah e Will Hughes, poderá ser perder a estrutura com 2 avançados no decorrer de 2018/ 19.

Treinador: Javi Gracia
Onze-Base (4-4-2): Foster; Janmaat, Kabasele, Cathcart, Holebas; Deulofeu (Will Hughes), Capoue, Doucouré, Pereyra; Andre Gray, Deeney

Atenção a: Roberto Pereyra, Andre Gray, Gerard Deulofeu, Abdoulaye Doucouré, Ben Foster

 NEWCASTLE (18)

    Belo desafio que Rafa Benítez tem pela frente. O histórico emblema do futebol inglês, morador do emblemático St. James Park, foi uma das desilusões do defeso. Rafa pediu reforços, e os que chegaram (Schär, Fede Fernández, Ki, Muto e Rondón, renovando o empréstimo de Kenedy) estão longe de suprir as lacunas existentes no plantel. Equipas que lutarão pelos mesmos lugares, ou que até estariam em teoria destinadas a lugares inferiores, reforçaram-se com elementos como Jahanbakhsh, Elyounoussi ou Max Meyer, sem esquecer o brutal e ambicioso mercado de transferências de Wolves e Fulham, e a fuga para outro nível de Everton e West Ham. Arriscamos, por tudo isto, dizer que o Newcastle será uma das equipas mais activas no defeso de Janeiro.
    Depois do 10º lugar na época passada, fruto de uma excelente segunda volta - de Janeiro até ao final da época os magpies foram a 7ª equipa com melhor desempenho, pontuando tanto como Chelsea e Arsenal nesse período - há motivos para preocupação no Norte do país.
    Muita coisa pode mudar entretanto, mas a lógica aponta o Newcastle ao lote de equipas que irão lutar até perto do fim para não descer. Mas há, como quase sempre, esperança: Lascelles e Schär podem formar uma boa dupla, Ritchie, Kenedy e Ayoze (temos expectativas para que eleve finalmente o seu jogo para outro patamar) são jogadores capazes de mudar o rumo de um jogo, e se na baliza Dubravka (o guarda-redes que na época passada um dos adjuntos de Benítez afirmava que podia ter feito carreira como extremo!) dá garantias, junto às balizas adversárias temos algumas dúvidas quanto ao rendimento de Rondón, Joselu e Muto. O ideal seria um pegar de estaca, mas o mais natural será Rafa promover alguma rotação em busca do 9 perfeito para ligar com a restante equipa.

Treinador: Rafa Benítez
Onze-Base (4-4-2): Dubravka; Yedlin, Lascelles, Schär, Dummett; Ritchie, Shelvey, Diamé (Ki), Kenedy; Ayoze, Rondón (Joselu, Muto)

Atenção a: Ayoze, Matt Ritchie, Jamaal Lascelles, Kenedy, Martin Dubravka

 HUDDERSFIELD (19)

    A manutenção conseguida pelo amigo de Klopp, David Wagner, em 2017/ 18 (16º lugar) foi um pequeno milagre, valendo o desnorte e queda - em certa medida anunciada pelo progressivo aproximar da linha de água nas temporadas anteriores - de clubes com vários anos de Premier League como Stoke, WBA e Swansea. Será que teremos dois milagres consecutivos? Dificilmente.
    Trabalhado para se apresentar num 5-3-2, é natural que o Huddersfield procure ao longo da época outras soluções que dêem mais prazer aos jogadores e aos adeptos. O actual modelo faz-se valer do trio Billing-Hogg-Mooy no meio-campo, colocando junto do pinheiro na frente (preferimos Mounié a Depoitre) um elemento desconcertante e criativo, como o reforço Diakhaby ou Pritchard. Numa equipa tímida a nível de reportório técnico ou, à Jorge Jesus, nota artística, Aaron Mooy é um caso à parte. O australiano sobressaiu em todos os jogos do Mundial, tendo pela frente França, Dinamarca e Peru, e só não é hoje em dia outro jogador por 1) ter chegado tarde ao futebol europeu e 2) não actuar num clube onde se faça rodear por jogadores que falem a sua linguagem futebolística.

Treinador: David Wagner
Onze-Base (5-3-2): Lössl; Hadergjonaj, Zanka, Schindler, Kongolo, Löwe; Hogg, Billing, Mooy; Diakhaby, Mounié (Depoitre)  

Atenção a: Aaron Mooy, Adama Diakhaby, Philip Billing, Steve Mounié, Terence Kongolo

 CARDIFF (20)

    Entre as três equipas que subiram (Wolves, Cardiff e Fulham), a equipa do País de Gales é a única que colocamos em zona de descida. Tendo já à partida o plantel mais fraco e menos preparado para o nível Premier dos 3 recém-promovidos, o Cardiff (o Swansea desceu, mas o país de Gareth Bale continua representado no primeiro escalão) gastou 30 milhões em reforços. Para se ter uma noção, o Fulham gastou 109 e o Wolves 72.
    O experiente Neil Warnock (69 anos) comanda uma equipa que quando chegou à Premier League (2013/ 14) desceu logo nessa época. Os galeses defendem melhor do que atacam, têm um começo de campeonato complicado (entre as jornadas 4 e 10 enfrentam Arsenal, Chelsea, City, Tottenham e Liverpool) e na hora de rematar à baliza não têm nenhum goleador de créditos firmados. Na temporada passada Junior Hoilett foi o melhor marcador com apenas 11 golos, Zohorè (a alternativa a 9 é Danny Ward) é um ponta de lança trabalhador mas longe de ser uma máquina de facturar, factores que aumentam a importância da contratação de Bobby Reid. O camisola 14, contratado ao Bristol City onde foi o 4º melhor marcador do Championship (19 golos, mais do que Diogo Jota ou Sessegnon, por exemplo), tem as características certas para agitar a Premier League, devendo à partida jogar atrás da referência ofensiva.
    Numa defesa entrosada mas limitada, o patrão Sean Morrison (pode fazer a diferença na frente com o seu 1,94m) promete destacar-se, esperando-se depois a competência de médios de alta rotação como Ralls, Arter ou Gunnarsson, e elementos como Josh Murphy ou Hoilett como principais criadores de desequilíbrios.

Treinador: Neil Warnock
Onze-Base (4-2-3-1): Etheridge; Peltier, Bamba, Morrison, Bennett; Ralls, Arter (Gunnarsson); Murphy (Mendez-Laing), Bobby Reid, Hoilett; Zohorè

Atenção a: Bobby Reid, Sean Morrison, Junior Hoilett, Harry Arter, Josh Murphy



por Miguel Pontares e Tiago Moreira