Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

13 de agosto de 2021

Antevisão da Premier League 2021/ 22


  Premier League - Passou-se a final da Champions disputada entre duas equipas inglesas, passou-se o Euro 2020, passaram-se os Jogos Olímpicos de Tóquio, e entretanto já está na altura da Liga mais entusiasmante do futebol europeu regressar. Inglaterra viveu o sonho internacional com a sua selecção a disputar o Europeu até ao fim, perdendo apenas nas grandes penalidades frente à campeã Itália, e agora cumpre-se outro sonho: com o fim das restrições e a "libertação total" decretada por Boris Johnson, os adeptos estão de volta aos estádios. O futebol faz bem mais sentido assim.
    A época passada foi a época do Manchester City. Os cityzens conquistaram o 3.º campeonato dos últimos 4, impedindo a instalação do Liverpool (época bizarra, fortemente marcada pela lesão de Virgil van Dijk) no topo do futebol inglês. Foi o ano dos portugueses Rúben Dias e Bruno Fernandes, foi o ano dos golos e das assistências de Harry Kane, e dos jovens Foden e Mount. Foi um ano azul, que só não foi perfeito para os de azul celeste porque o Chelsea levou a melhor na final da Liga dos Campeões.

    Em 2021/ 22 a coisa promete. Manchester City (Pep Guardiola), Chelsea (Thomas Tuchel), Liverpool (Jürgen Klopp) e Manchester United (Ole Gunnar Solskjaer) prometem intensa e frenética luta pelo 1.º lugar numa edição em que apenas 4 equipas têm novo treinador - Nuno Espírito Santo assumiu o Tottenham, Bruno Lage substituiu-o no Wolves, Patrick Vieira foi escolhido para rejuvenescer o Crystal Palace e o Everton reagiu à saída de Ancelotti para o Real Madrid com o recrutamento de Rafa Benítez, outrora treinador do grande rival da cidade.
    Com o mercado a encerrar apenas a 31 de Agosto, fica a sensação que ainda estão para acontecer negócios de peso, capazes de modificar algumas das nossas previsões. Atendendo ao que está consumado e é oficial, o grande destaque vai para o regresso de Romelu Lukaku (115 milhões) ao Chelsea e para a super-transferência de Jack Grealish do Aston Villa para o Manchester City por 117,5 milhões de euros. Os villans canalizaram este dinheiro da melhor maneira (Emi Buendía, Danny Ings e Leon Bailey foram aquisições brilhantes), destacando-se também o ataque ao mercado do Leicester, com Patson Daka e Soumaré. Jadon Sancho está de volta ao seu país para representar o Manchester United, e merecem também uma palavra as transferências entre clubes ingleses de Ben White, Billy Gilmour (empréstimo), Marc Guehi, Michael Olise ou Nathan Collins. Novidades completas nesta realidade são Varane, Konaté, Ajer, Lokonga, Bryan Gil, Onyeka, Perraud, Rashica ou Mwepu.

    Recordamos que desceram Sheffield United, WBA e Fulham, subindo Norwich, Watford e Brentford, que trazem consigo jogadores como Pukki, Todd Cantwell, Ismaïla Sarr ou Ivan Toney.
    A luta pelo Top-4 prevê-se imprópria para cardíacos, com Leicester City, Tottenham, Aston Villa, Arsenal e West Ham a terem ambições muito elevadas, numa Liga em que se espera maior equilíbrio e que, ao contrário das últimas edições, muito dificilmente será um passeio para o campeão.

    Acompanhem-nos então nesta completa Antevisão da Premier League 2021/ 22, numa tentativa de prever a classificação final e destaques individuais, sempre falível considerando várias transferências que ainda devem acontecer até fim de Agosto:


 MANCHESTER CITY (1)

    3 campeonatos conquistados nos últimos 4 anos é suficiente para que este Manchester City reclame o estatuto de principal favorito à conquista da Premier League. Os cityzens mantêm vivo o fantasma da Champions - em 20-21 deram um passo importante, chegando pela primeira vez à final - mas em competições de longa duração, é muito, muito difícil ganhar a uma equipa de Guardiola.
    Pep terá consciência que inventou quando não devia na final da Liga dos Campeões, e no virar de página de 20-21 para 21-22 o técnico espanhol sentiu a necessidade de abanar o plantel, sacrificando vários elementos para garantir Jack Grealish (já oficial) e Harry Kane (aguardam-se cenas dos próximos episódios até 31 de Agosto).
    A equipa que mais gosto dá ver em Inglaterra, com futebol fluido e total, continuará - e continuaria sempre, a não ser que Messi tivesse escolhido Manchester em vez de Paris - a ser "a equipa de Kevin De Bruyne". O médio belga, capitão, é o epicentro de tudo e, desde que consiga manter as lesões longe, parte como principal favorito a MVP. Temos muita curiosidade de ver a evolução de Grealish (camisola 10) ao seu lado, querendo Guardiola modificar um pouco o futebol do britânico, que passará a ser mais médio interior, tendo que trabalhar mais e aprender a usar o seu dom de afectar os tempos do jogo doutra forma, e menos um driblador a insistir em diagonais da esquerda para o centro.
    Confirmando-se Kane, será a cereja no topo do bolo, e Southgate poderá agradecer ao ter Kane, Grealish e Foden juntos todo o ano na mesma equipa; mesmo sem Kane, há Gündogan, há Mahrez (um extremo que sai beneficiado pelo facto de ser diferente de todos os outros) e o diamante Phil Foden poderá continuar a sua imparável explosão em direcção ao olimpo dos melhores do mundo.
    Dez anos depois, não há Kun Agüero, mas o azul celeste de Manchester não deixará de representar golos e mais golos e futebol espectáculo. Temos apenas algumas reticências em relação à posição 6 (ter De Bruyne e Grealish deve obrigar a ter Rodri, ou Fernandinho, nas costas, mas aí Gündo não cabe num 11 base que venha a ter Kane), sendo sempre um bónus a perfeita sintonia da dupla John Stones-Rúben Dias.

Treinador: Pep Guardiola
Onze-Base (4-3-3): Ederson; João Cancelo, Stones, Rúben Dias, Zinchenko; Rodri, De Bruyne, Grealish; Mahrez, Foden, Gündogan (G. Jesus)

Atenção a: Kevin De Bruyne, Rúben Dias, Jack Grealish, Phil Foden, Riyad Mahrez

 CHELSEA (2)

    Os vencedores da Liga dos Campeões 20-21 querem bem mais do que o 4.º lugar alcançado na última Premier League. E o nosso palpite é que os blues, magnificamente bem treinados por Thomas Tuchel, poderão ser o principal rival do City na luta pelo título.
    Em 20-21, Tuchel comandou o Chelsea em 19 jornadas (meio campeonato). De finais de Janeiro até ao término da Liga, os londrinos foram a 2.ª melhor equipa, com os 38 pontos somados a serem apenas superados pelos 45 registados pelo Manchester City no mesmo período. Equipa fortíssima em competições a eliminar, o Chelsea impressionou defensivamente com Tuchel - sofreu 13 golos em 19 jogos na Premier, e na Champions sofreu apenas 2 golos nos 7 jogos disputados contra Atlético Madrid, Porto, Real Madrid e Manchester City.
    Tendo desenvolvido o hábito de derrotar Guardiola, Tuchel precisava urgentemente de um grande ponta de lança e tem-no agora: Romelu Lukaku volta a Inglaterra e a Stamford Bridge muito mais jogador, sendo hoje o belga talvez o avançado da actualidade mais versátil para servir qualquer sistema. É forte nos apoios, como referência ou em dupla, e tem passada larga para explorar a profundidade. Um tormento.
    Com a baliza bem entregue a Mendy e uma defesa que ainda pode ganhar um reforço (Koundé?), é um luxo ter Kanté-Jorginho e o 3-4-1-2 está feito para Mason Mount estar como quer. Werner, Ziyech e Pulisic terão que fazer pela vida quando as oportunidades surgirem, e esta pode ser uma temporada decisiva na carreira de Kai Havertz - sem Lukaku, o alemão acabaria por crescer como falso 9, mas o ingresso do portentoso belga tornará Havertz mais jogador, talvez com menos golos mas mais completo.

Treinador: Thomas Tuchel
Onze-Base (3-4-1-2): Mendy; Azpilicueta, Thiago Silva, Rüdiger; R. James, Jorginho, Kanté, Chilwell; Mount; Havertz, Lukaku

Atenção a: Romelu Lukaku, Kai Havertz, Mason Mount, Jorginho, Reece James

 LIVERPOOL (3)

    Em 2020/ 21, o Liverpool comprovou a Lei de Murphy. O departamento clínico teve sempre clientela para recuperar, num role de lesões que teve em Virgil van Dijk (o melhor defesa central do mundo só deu o seu contributo até à jornada 5) a baixa mais significativa. Klopp experimentou mais de 10 duplas de centrais, com muitas adaptações pelo meio, e no final da história o 3.º lugar acabou por ser improvável desfecho, muito contribuindo a subida de nível de Alisson (até marcou!) e Alexander-Arnold na recta final. Diogo Jota foi a boa notícia da época, parecendo desde o 1.º jogo ter jogado em Anfield desde sempre, e Salah fez os seus golos, custando assistir ao decréscimo de forma de Mané e à incapacidade de Thiago Alcântara em encaixar à primeira nas ideias da equipa.
    Quase um ano mais tarde, o Liverpool já não se pode gabar de ter incontestavelmente o melhor quarteto defensivo da Premier League. Talvez ainda o seja, sobretudo atendendo à perspectiva de Konaté formar dupla com VVD, e nas laterais continua muito forte, mas Rúben Dias mudou o City, Varane melhorará o United, e o Chelsea defende bem no seu todo.
    Klopp não perdeu o jeito, e desde que van Dijk esteja bem, o mais certo é as coisas começarem a acontecer novamente. Jota, Mané (essencial que volte ao seu nível de 18-19 e 19-20) e Salah são um terror para qualquer defesa, e assim os principais pontos de interrogação neste Liverpool surgem quando se constata a falta de opções válidas para o ataque no banco, e quando se antevê um meio-campo órfão de Wijnaldum e se percebe que, ou Thiago agarra a 2.ª oportunidade ou terá que ser a época de afirmação de Keita, Curtis Jones ou do miúdo Harvey Elliott. Um problema a ter em consideração: há CAN em Janeiro, o que pode significar ausências dos craques Salah e Mané.

Treinador: Jürgen Klopp
Onze-Base (4-3-3): Alisson; Alexander-Arnold, Konaté, van Dijk, Robertson; Fabinho, Henderson, Thiago (Keita); Salah, Mané, Diogo Jota (Roberto Firmino)

Atenção a: Virgil van Dijk, Sadio Mané, Mohamed Salah, Diogo Jota, Alexander-Arnold

 MANCHESTER UNITED (4)

    Pode ser injusto prevermos o 4.º lugar para o segundo classificado da última edição, até porque com reforços de luxo o Manchester United está efectivamente mais forte, mas o factor Solskjaer, treinador que consideramos inferior a Guardiola, Tuchel e Klopp, acaba por pesar.
    Old Trafford está apaixonado por Bruno Fernandes (18 golos e 12 assistências no último campeonato) e a chama deve continuar bem acesa, com o craque português a poder render ainda mais com Sancho na equipa, e permitindo Lingard uma melhor gestão física do 18 dos red devils.
    Os vermelhos de Manchester contrataram pouco mas muito bem. E muitas vezes contratar 2 grandes jogadores permite um crescimento superior do que contratar 5 bons jogadores. Com Raphaël Varane (10 anos de Real Madrid mas ainda tem 28 anos) a defesa promete serenar e ser uma das melhores da prova. Maguire merecia um parceiro como Varane, e Luke Shaw há-de estar nas nuvens depois de espalhar qualidade no Euro 2020. Na baliza, caberá a Dean Henderson ganhar o lugar em definitivo e provar que está à altura do restante 11. E se Varane chega para tranquilizar atrás, Jadon Sancho chega de Dortmund para destruir os defesas contrários. Há muito que o United precisava de ter um elemento capaz de rasgar pela direita, e aos 21 anos o extremo britânico procurará replicar neste regresso ao seu país os números brutais que alcançou na Alemanha.
    Um médio defensivo como Declan Rice podia nomeadamente permitir a Paul Pogba ser mais o Pogba da França do que o Pogba que se tem visto na Premier League, e na frente a competição promete entre Cavani, Greenwood e Martial. Seja como for, o facto de Rashford falhar o arranque da temporada permitirá a coexistência de 2 destes, sem esquecer o super-promissor Amad Diallo e Elanga, outro menino.

Treinador: Ole Gunnar Solskjær
Onze-Base (4-3-3): Henderson; Wan-Bissaka, Varane, Maguire, Shaw; Fred, Pogba, Bruno Fernandes; Sancho, Rashford, Greenwood (Cavani, Martial)

Atenção a: Bruno Fernandes, Jadon Sancho, Luke Shaw, Raphaël Varane, Mason Greenwood

 LEICESTER CITY (5)

    Parece maldade, mas uma vez que vemos os mais fortes candidatos ao Top-4 um patamar acima dos restantes clubes, não temos alternativa que não seja apontar o Leicester ao 5.º lugar, "morrendo na praia" bem perto da Champions pela terceira época consecutiva.
    O Leicester é um óptimo exemplo de estratégia, visão de mercado e gestão. Os foxes contam com um bom treinador (vê-se a evolução dos jogadores quando passam pelas mãos de Brendan Rodgers), têm um plantel com alguma profundidade, um 11 muito equilibrado e completo, e a inteligência de ir preparando o futuro e acautelando sistematicamente futuras perdas: veja-se Patson Daka, o príncipe herdeiro de Jamie Vardy no limite do fora-de-jogo, ou Soumaré, que deixa o clube menos preocupado quando surgir a proposta certa por Tielemans ou Ndidi.
    Com um leque de jogadores que permite a Rodgers escalar um 4-4-2, um 4-3-3, um 3-4-1-2 ou um 3-4-3, o Leicester viu-se obrigado a ir ao mercado em SOS para responder à grave lesão de Fofana (só regressa em 2022) garantindo o gigante nórdico Vestergaard. Esperamos muito de Kelechi Iheanacho, jogue o nigeriano no apoio a Vardy ou ao novo amigo Daka, e quem tem Barnes, Maddison, Tielemans, Ricardo Pereira e Castagne entra em todos os jogos com pretensões de os vencer.
    Se algum entre os rivais de Manchester, o Chelsea e o Liverpool escorregar.. o Leicester não deve perdoar.

Treinador: Brendan Rodgers
Onze-Base (4-4-2): Schmeichel; R. Pereira, Evans (Vestergaard), Söyüncü, Castagne; Ndidi, Tielemans, Maddison, H. Barnes; Iheanacho, Vardy (Daka)

Atenção a: Kelechi Iheanacho, Patson Daka, Youri Tielemans, Jamie Vardy, Harvey Barnes

 ASTON VILLA (6)

    A equipa dos Emilianos. Na última época, o 11.º lugar do Aston Villa foi uma classificação bastante enganadora. Os villans chamaram todas as atenções para si quando golearam o então campeão Liverpool por 7-2, e só uma lesão do craque Jack Grealish, que o impediu de dar o seu contributo à equipa entre as jornadas 24 e 36, impediu voos mais altos. Quando Grealish se lesionou, a equipa de Dean Smith estava em 9.º mas o Top-4 distava apenas 5 pontos.
    Falar de Grealish é um lógico ponto de partida para a Antevisão desta época. O camisola 10, craque com pinta de pertencer a outra geração e fã incorrigível de meias curtas, no clube desde os seus 6 anos, rumou ao Manchester City por 117,5 milhões de euros. O clube da cidade de Birmingham tem sabido usar o dinheiro, pagando Grealish as contratações de Emi Buendía (melhor jogador do Championship ao serviço do Norwich, e um craque de todo o tamanho para marcar e sobretudo assistir com fartura), Leon Bailey (extremo potente e entusiasmante) e Danny Ings, um dos melhores avançados em Inglaterra.
    Com este trio, juntando-lhes ainda o experiente Ashley Young e o emprestado Tuanzebe, o Aston Villa apresenta argumentos para crescer e atrever-se a competir olhos nos olhos com alguns dos gigantes ingleses.
    Dean Smith já contava com um super-guarda-redes - Emiliano Martínez foi o melhor na sua posição na Premier em 20-21 e reforçou o seu pedigree com uma enorme Copa América - e a conjugação dos substitutos de Grealish com jogadores como McGinn, Watkins, Mings ou Cash deixa o técnico com obrigação de fazer um brilharete. Olhando para a Academia, quiçá Philogene-Bidace e Chukwuemeka tenham minutos esta temporada.

Treinador: Dean Smith
Onze-Base (4-2-3-1): E. Martínez; Cash, Konsa, Mings, Targett (A. Young); Douglas Ruiz, McGinn; Bailey, Buendía, Watkins; Ings

Atenção a: Emiliano Buendía, Emiliano Martínez, Danny Ings, Leon Bailey, Ollie Watkins

 TOTTENHAM (7)

    Prever a temporada de 21-22 do Tottenham está obrigatoriamente dependente do dossier Harry Kane. O ponta de lança inglês, jogador com mais golos e mais assistências na última Premier League, está farto de não ganhar nada e aos 28 anos deseja rumar ao Manchester City. Daniel Levy tem resistido, mas o mais provável é que até ao fecho do mercado Kane se junte a Grealish, KDB e Guardiola, o que implica todo um novo cenário: consumando-se a transferência, em que jogadores irá o Tottenham gastar o dinheiro arrecadado com o melhor jogador inglês da actualidade?
    A nova época está já marcada por muitas mudanças. É uma nova Era com Nuno Espírito Santo como treinador, tendo sido NES o escolhido depois dos objectivos Conte, Pochettino, ten Hag, Roberto Martínez e Gattuso (#NoToGattuso) saírem gorados. Os spurs têm também um novo homem forte do futebol, Fabio Paratici, um negociador nato com boas relações com Jorge Mendes e que levou para a Juventus jogadores como Pogba, Pirlo, Vidal, Dybala, Tevez, Coman ou Chiesa.
    Sem Alderweireld, Lamela e Joe Hart, mas com Cristián Romero (o central argentino é uma das melhores novidades desta Premier League), Bryan Gil e Gollini, o Tottenham ainda tem muito para fazer neste mercado caso Kane saia. E de acordo com esses potenciais reforços (adorávamos ver Dusan Vlahovic substituir Kane), mais o clube se poderá ou não aproximar do Top-4.
    Como as coisas estão, a única certeza é que Son Heung-Min - poucas vezes referido como um dos melhores jogadores da Premier embora o seja - vai continuar a brilhar, e na pré-época Dele Alli e Lucas Moura deixaram bons apontamentos.

Treinador: Nuno Espírito Santo
Onze-Base (4-2-3-1): Lloris; Tanganga (Doherty), C. Romero, Dier, Reguilón; Højbjerg, Ndombélé; Lucas Moura, Alli, Son; Kane

Atenção a: Son Heung-Min, Harry Kane, Cristián Romero, Dele Alli, Pierre-Emile Højbjerg

 ARSENAL (8)

    Em 2020/ 21 o Arsenal ficou em oitavo lugar, e é em 8.º lugar que voltamos a colocar os gunners, equipa com um treinador com potencial e com jogadores com potencial, mas que precisa invariavelmente de tempo.
    Com Pierre Aubameyang incapaz de ser um fiável porta-estandarte do projecto, o Arsenal não tem hoje uma figura que ilume o caminho da equipa, alguém como Alexis Sánchez, Mesut Özil ou Robin van Persie, isto para não puxar a cassete mais atrás até aos Henrys e Bergkamps. Num misto entre aposta na formação (Bukayo Saka e Emile Smith Rowe) e bom scouting (Sambi Lokonga), o clube vem construindo um plantel que dá sinais positivos, apesar de estar a anos-luz de vários emblemas com que o Arsenal há alguns anos ombreava.
    Ben White (quase 60 milhões) é a grande novidade. O ex-Brighton não é um central como van Dijk ou Maguire cuja imponente presença deixará todos mais descansados, mas é um defensor moderno e muito consistante, não devendo demorar a tornar-se um dos favoritos dos adeptos e a motivar o debate no país sobre se deveria ser ele ou John Stones a partilhar o centro da defesa da selecção com Harry Maguire.
    O novo clube do português Nuno Tavares deve conceder poderes reforçados ao suiço Granit Xhaka depois de tremendo Euro 2020 e aguardamos com curiosidade a gestão que Arteta fará de Thomas Partey e do reforço Sambi Lokonga (boa aposta). Emile Smith Rowe passou a vestir o número 10 e promete brilhar, sendo importante começar a introduzir Gabriel Martinelli na equipa, com a mesma confiança que Rowe e Saka mereceram.
    No geral, não nos parece que esta equipa consiga mais do que andar na luta com Leicester, Tottenham, Aston Villa e West Ham pela Europa. Auba e Lacazette sabem como marcar golos, mas é de Nicolas Pépé que esperamos um maior boom de rendimento.

Treinador: Mikel Arteta
Onze-Base (3-4-3): Leno; B. White, Gabriel, Holding; Saka, Xhaka, Thomas (Lokonga), Tierney; Pépé, Smith Rowe, Aubameyang

Atenção a: Bukayo Saka, Nicolas Pépé, Emile Smith Rowe, Ben White, Granit Xhaka

 WEST HAM (9)

    Há um ano atrás apontámos o West Ham à descida. Não podíamos estar mais errados: os hammers foram mesmo a equipa sensação da Premier League, terminando num improvável 6.º lugar a apenas 2 pontos do Top-4.
    David Moyes renasceu, recuperando a sua cotação dos tempos de Goodison Park, e o clube londrino parte para esta época com outro estatuto e confiança. No Estádio Olímpico de Londres, a equipa tem estabilizado o seu 4-2-3-1, alicerçado no duplo pivot Declan Rice-Tomas Soucek. Até ver, o titular da selecção inglesa continua no seu clube do coração, o que poderá permitir ao colega checo continuar a aventurar-se na frente e tentar bater os 10 golos da última época.
    O defeso dos hammers tem estado bem mais calmo do que esperávamos - a novidade é apenas o francês Aréola, para competir pela baliza com Fabianski, mas pelo menos um central e dois jogadores de ataque devem assinar até 31 de Agosto. Infelizmente, garantir Jesse Lingard não parece possível. O médio ofensivo emprestado pelo Manchester United brilhou na segunda volta de 20-21, mas o seu papel de protagonista terá que ser entregue a outro jogador, alguém como Fornals ou Lanzini olhando para o presente plantel.
    Claramente equipa para andar entre o 7.º e o 10.º lugares, o West Ham precisa de pequenas afinações para sonhar com mais. Falta banco, e uma lesão grave por parte de um jogador como Said Benrahma (podem esperar muito mais dele), Michail Antonio ou Jarrod Bowen poderia custar caro.

Treinador: David Moyes
Onze-Base (4-2-3-1): Fabianski; Coufal, Diop, Ogbonna, Cresswell; Rice, Soucek; Bowen, Fornals (Lanzini), Benrahma; M. Antonio

Atenção a: Declan Rice, Michail Antonio, Said Benrahma, Tomas Soucek, Vladimir Coufal

 LEEDS UNITED (10)

    Em Marcelo Bielsa nós confiamos. O argentino de 65 anos é uma das personalidades e uma das mentes mais fascinantes actualmente no futebol inglês. Homem do leme no Leeds desde 2018, recolocou os whites na Premier League e conseguiu guiar os seus jogadores até um notável 9.º lugar na temporada de regresso.
    O Leeds sprinta como mais ninguém, e resiste mais tempo a correr do que todos os outros. No futebol, correr muito é diferente de correr bem, mas a capacidade de sacrifício deste elenco jamais será posta em causa, até porque só entra no Bielsa ball quem está disposto a dar tudo pelas ideias do treinador, quase matando o seu ego individual de jogador.
    Apontamos o Leeds United a uma posição algures entre o 8.º e o 11.º lugares. A equipa é basicamente a mesma: Meslier (um dos jovens guarda-redes com maior futuro do mundo) prossegue de luvas calçadas, a defesa tem como novidade Júnior Firpo à esquerda, e no meio-campo a preservação de Kalvin Phillips, jogador mais importante na filosofia da equipa, parece quase um milagre depois do seu fantástico Euro 2020. Na temporada passada Bamford calou-nos e provou ser um dos Most Improved Players do ano, Jack Harrison (estava emprestado) assinou em definitivo até 2024 e Raphinha tem sobre si o peso de castigar adversários e inventar.
    O entretenimento está garantido, mas caso o Leeds ambicione superar a sua 9.ª posição da época passada parece-nos que terão que chegar a Elland Road mais 1 ou 2 jogadores capazes de desequilibrar, na linha de Raphinha, e possivelmente um todo-o-terreno para fazer companhia a Stuart Dallas.

Treinador: Marcelo Bielsa
Onze-Base (4-1-4-1): Meslier; Ayling, Llorente, Struijk, Júnior Firpo; K. Phillips; Raphinha, Dallas, Klich, Harrison; Bamford

Atenção a: Kalvin Phillips, Raphinha, Patrick Bamford, Stuart Dallas, Illan Meslier

 EVERTON (11)

   A história de amor dos adeptos do Everton com Rafa Benítez tem vivido difíceis primeiras páginas. Após a inesperada saída de Carlo Ancelotti para o Real Madrid, o clube da cidade de Liverpool hesitou entre vários nomes mas acabou por optar pelo técnico espanhol, homem que liderou os vizinhos em Anfield entre 2005 e 2010. Muitas trocas de acusações ainda estão frescas na memória, bem como aquela mítica final de Istambul, noite mágica do Liverpool diante do AC Milan na Liga dos Campeões.
    O Everton é o 4.º clube de Rafa em Inglaterra (já orientou os reds, o Chelsea e o Newcastle) e em boa verdade o hispânico fartou-se de fazer omeletes sem ovos em St. James' Park.
    Mas o Everton quer o Top-4 ou o Top-6, meta muito ambiciosa para um clube que tem sido ultrapassado por Leicester City, West Ham e Aston Villa, e que parece estar a ter dificuldades em atrair os alvos que gostaria.
    Nos moldes actuais, espera-se um Everton frequentemente em 4-2-3-1, com Allan e Doucouré a segurarem a equipa e Lucas Digne a fazer a diferença pela esquerda. Tendo Calvert-Lewin (um dos pontas de lança mais fortes do mundo no jogo aéreo), Benítez deve pedir muitos cruzamentos a Digne e aos reforços Townsend e Demarai Gray, podendo esta ser uma época decisiva para Richarlison, melhor marcador dos Jogos Olímpicos com 5 golos. Duvidamos que James Rodríguez fique.
    Prevemos que a época não corresponderá às ambiciosas aspirações do treinador e da direcção, mas o calendário acessível no arranque pode atenuar a relação crispada e preconceituosa entre o treinador e a massa adepta.

Treinador: Rafa Benítez
Onze-Base (4-2-3-1): Pickford; Coleman, M. Keane, Mina, Digne; Allan, Doucouré; Townsend, Richarlison, James (D. Gray); Calvert-Lewin

Atenção a: Dominic Calvert-Lewin, Richarlison, Lucas Digne, Jordan Pickford, Allan

 BRIGHTON (12)

    A estatística caracteriza o Brighton como uma equipa que joga como uma equipa grande, mas que pontua como equipa pequena sobretudo devido à sua ineficácia ofensiva. Em 2020/ 21, o Brighton foi a 7.ª melhor defesa do campeonato, impressionando outro dado: com uma média de 9,4 remates concedidos por jogo, os seagulls foram a quarta melhor equipa nesse capítulo, apenas atrás de Manchester City, Liverpool e Chelsea. Números que não deveriam resultar num 16.º lugar.
    Se tudo correr bem, o Brighton pode atravessar esta temporada longe das contas da descida. Graham Potter é um dos treinadores que vale a pena acompanhar em Inglaterra e a valorização de jogadores (Lamptey, Trossard e sobretudo Bissouma cresceram todos em 20-21) deve continuar, podendo resultar em transferências avultadas como a de Ben White para o Arsenal.
    Desta vez, Tariq Lamptey e Solly March podem continuar a destacar-se nos corredores, e um miolo povoado com Bissouma e o reforço Mwepu (o zambiano actuava no Red Bull Salzburgo) será sinónimo de muita energia. Com quase 60 milhões em caixa depois de negociar White, é fácil adivinhar que o Brighton gaste bastante num avançado centro.
    Está aqui uma equipa bem treinada, em que fica a dúvida sobre o centro da defesa (será o holandês Veltman o novo White ou vão ao mercado?) e em que a tendência é o belga Leandro Trossard ser cada vez mais figura.

Treinador: Graham Potter
Onze-Base (3-4-1-2): R. Sánchez; Veltman, Dunk, Webster; Lamptey, Bissouma, Mwepu, March; Trossard; Welbeck, Maupay

Atenção a: Yves Bissouma, Leandro Trossard, Tariq Lamptey, Adam Webster, Solly March

 SOUTHAMPTON (13)

    A não ser que até ao fecho do mercado o Southampton consiga uns 2 reforços de luxo, tudo indica que os saints repitam o sofrimento da extenuante luta pela permanência, distantes da saúde desportiva que o clube apresentou entre 2014 e 2017.
    Tímido no mercado, e bem longe da visão de outrora (van Dijk, Mané, Tadic, etc), o Southampton não fez qualquer grande contratação em 20-21 (o central Salisu não deslumbrou como esperávamos) e mesmo esta época, as melhores compras - Adam Armstrong e Romain Perraud - foram somente em resposta às saídas de Danny Ings e Bertrand.
    Hasenhüttl é bom treinador (se não fosse ele talvez colocássemos a equipa umas 2 ou 3 posições abaixo) e na defesa Bednarek é de betão, mas a saída de Vestergaard forçará Salisu a dar um passo em frente. Seja mantendo o actual 4-4-2 (na verdade mais um 4-2-2-2) seja regressando aos 3 centrais, e caso os saints queiram recuperar a competitividade de antigamente, é muito importante que sejam rejeitadas todas as abordagens pelo capitão James Ward-Prowse, o melhor cobrador de bolas paradas da Premier League.
    Sem Ings, pedir-se-á mais a Ché Adams, que promete fantástica parceria na frente com Adam Armstrong (29 golos ao serviço do Blackburn na época passada).

Treinador: Ralph Hasenhüttl
Onze-Base (4-4-2): McCarthy; Walker-Peters (Livramento), Bednarek, Salisu, Perraud; S. Armstrong (Walcott), Diallo (Romeu), Ward-Prowse, Redmond (Djenepo); C. Adams, A. Armstrong

Atenção a: Adam Armstrong, James Ward-Prowse, Ché Adams, Romain Perraud, Jan Bednarek

 WOLVES (14)

    Sai Nuno, entra Bruno. Os Wolves, a equipa de emigrantes portugueses na Premier League, continuam com treinador português e reforços portugueses. Tudo parece estar idêntico, mas tudo pode estar também bem diferente.
    Nos 4 anos de Nuno Espírito Santo (novo treinador do Tottenham) no clube, e avaliando em especial os 3 que foram na Premier League, o Wolves cimentou-se enquanto equipa compacta, algo conservadora na sua abordagem, eficaz ao atacar com poucos elementos e usualmente transcendente nos jogos contra os candidatos ao título. A alternância entre 3-4-3 e 3-5-2 marcou a gerência de NES.
    Bruno Lage brilhou no Benfica em 18-19 mas defraudou as expectativas em 19-20. O protagonista de "Dia de Treino" do Canal 11 regressa a Inglaterra, onde já trabalhou como adjunto de Carlos Carvalhal no Sheffield Wednesday e no Swansea, e esperamos ver a sua melhor versão. Com Lage, os 3 centrais não devem ser completamente abandonados mas o 4-4-2 deve surgir muitas vezes.
    Olhando para o plantel, Rui Patrício foi ter com Mourinho a Roma e José Sá (igualmente um jogador Gestifute) foi o escolhido, precisando de provar que não é um downgrade em relação ao titular da baliza da nossa Selecção. É muito bom ver Raúl Jiménez de volta aos relvados, agora com uma protecção na cabeça depois da horrenda lesão que o deixou KO em finais de Novembro de 2020 contra o Arsenal; e com BL diríamos que Pedro Neto e Trincão (emprestado pelo Barcelona) são fortes candidatos a Jogador do Ano do clube. Um desafio: Trincão e Adama Traoré (se ficar) pisam os mesmos terrenos, e pode fazer sentido Lage tentar converter Pedro Nota ou mesmo o musculado Traoré num novo Diogo Jota do ponto de vista de ocupação dos espaços.

Treinador: Bruno Lage
Onze-Base (4-4-2): José Sá; Nélson Semedo, Coady, Boly, Aït-Nouri; Trincão, Rúben Neves, João Moutinho, Pedro Neto; A. Traoré, Jiménez

Atenção a: Pedro Neto, Francisco Trincão, Raúl Jiménez, Rúben Neves, Nélson Semedo 

 BRENTFORD (15)

    Finalmente! O Brentford não fazia parte das contas do 1.º escalão do futebol inglês desde a longínqua época de 46-47, ou seja, pouco depois da II Guerra Mundial. Os bees, recordistas de tentativas falhadas de acesso à Premier através dos play-offs, chegam aonde estava escrito que acabariam por chegar, infelizmente numa fase em que já não contam nas suas fileiras com jogadores como Benrahma, Ollie Watkins ou Maupay.
    O sucesso do Brentford é fruto do método, de muita análise, de uma prospecção de excelência apoiada num Moneyball futebolístico. Rasmus Ankersen, um dinamarquês de 37 anos que divide o seu tempo entre a presidência do Midtjylland e o papel de director de futebol do Brentford (desde 2015), tem sido decisivo no crescimento dos dois clubes, apoiado na sua boa relação com Matthew Benham. Desde 2015 os negócios do outro mundo do Brentford são incontáveis: Maupay por 2 milhões para depois sair por 22, Watkins por 7 milhões para sair por 34, Benrahama por 1,7 milhões para sair por 23, e Ivan Toney assinou no começo da temporada passada por 5 milhões e 600 mil euros. O retorno? 33 golos no Championship, um novo recorde da competição.
    Quando olhamos para o Brentford identificamos o tipo de brilhantismo nos bastidores de clubes como o Leicester, Leeds, Aston Villa ou Brighton. Sob a orientação do arrogante mas carismático Thomas Frank, o Brentford promete ser uma das equipas onde mais jogadores se irão valorizar ao longo de 2021/ 22: aos 25 anos Ivan Toney enfrenta o desafio pelo qual passam vários avançados que brilham nos escalões secundários e desaparecem na Premier, e apostamos que continuará a apresentar números bem interessantes; o norueguês Ajer (Celtic) foi a grande contratação do clube, Yoane Wissa por 10 milhões poderá revelar-se uma "pechincha"; e Frank Onyeka vai-se dar a conhecer, enchendo o campo com a sua capacidade de recuperação e transporte. Mbeumo, Jansson, Canós e Rico Henry têm o perfil certo para não acusar a transição para a Premier.

Treinador: Thomas Frank
Onze-Base (3-5-2): Raya; Ajer, Jansson, Pinnock; Canós, Norgaard, Janelt, Onyeka, R. Henry; Toney, Mbeumo (Wissa)

Atenção a: Ivan Toney, Kristoffer Ajer, Frank Onyeka, Bryan Mbeumo, Rico Henry

 CRYSTAL PALACE (16)

    O Crystal Palace é uma das 4 equipas que mudou de treinador: saiu o veterano Rody Hodgson e chegou Patrick Vieira, lendário médio do Arsenal com um CV curto como treinador (New York City e Nice). A chegada do francês de 45 anos coincide com a intenção de rejuvenescer o plantel, tendo o Palace já contratado o médio ofensivo Michael Olise (19 anos, uma das revelações da II Liga no Reading), o central Marc Guehi (21 anos, boa época no Swansea e toda a formação no Chelsea), chegando ainda por empréstimo Conor Gallagher (21) e melhorando a defesa com o ingresso do dinamarquês Joachim Andersen, um dos destaques do relegado Fulham.
    O balneário poderá sentir a falta de muitos jogadores que marcaram os últimos anos do clube - van Aanholt, Scott Dann, Townsend e Sakho, entre outros - mas as difíceis decisões parecem ir no sentido certo, se bem que foram tomadas todas de uma vez só e não distribuídas no tempo. Continuam em Londres figuras experientes como Guaita, Tomkins, Benteke, McArthur ou Milivojevic, isto numa fase em que Wilfried Zaha já deve estar em paz com a ideia de que o eternamente adiado salto para uma equipa do Top-6 inglês não acontecerá, mais valendo dar tudo pelo seu clube. A irreverência do desconcertante Zaha e o futebol de rua de Eberechi Eze (pode brilhar com outra intensidade neste 2.º ano) podem ser ingredientes-chave para a versão Vieira deste Crystal Palace.

Treinador: Patrick Vieira
Onze-Base (4-3-3): Guaita; J. Ward, J. Andersen, Guehi, Mitchell; Milivojevic (Riedewald), Gallagher, Olise; Eze, Zaha, Benteke (Mateta)

Atenção a: Wilfried Zaha, Eberechi Eze, Michael Olise, Joachim Andersen, Marc Guehi

 BURNLEY (17)

    O mundo vai mudando, aparece uma pandemia e há-de desaparecer, e o Burnley continua basicamente inalterado. Sempre com Sean Dyche (inicia a 10.ª temporada como treinador do clube), os clarets têm repetido até à exaustão a mesma fórmula, mantendo os mesmos jogadores e a mesma ideia de 4-4-2 com muito jogo directo, um bloco baixo e obrigando todas as equipas a sujar os calções quando se deslocam ao Turf Moor.
    É indiscutível que o Burnley tem a sua identidade, e é como um todo uma personagem distinta (clássica, outros dirão ultrapassada, agarrada ao velho futebol inglês) na actual colecção de cromos, mas mais cedo ou mais tarde a falta de reforços e de ambição acabará por condenar o clube ao Championship.
    Prever que o Burnley se safa in extremis é no entanto mais razoável. A equipa continua a ter um dos melhores guardiões da Premier League (Nick Pope) e a dupla Tarkowski-Mee é uma das mais afinadas em Inglaterra, convidando uma eventual e merecida transferência de Tarkowski à aposta em Nathan Collins, que caso contrário talvez até actue como lateral direito; à frente, como tem sido apanágio, Dwight McNeil é um animal diferente neste ecossistema, puxando para si todas as responsabilidades na hora de criar com magia, e entre o trio Chris Wood, Jay Rodriguez e Ashley Barnes, o técnico fará a sua rotação.

Treinador: Sean Dyche
Onze-Base (4-4-2): Pope; Lowton, Tarkowski (Collins), Mee, C. Taylor; Gudmundsson, Westwood, Brownhill (Cork), McNeil; J. Rodriguez, C. Wood

Atenção a: Dwight McNeil, Nick Pope, James Tarkowski, Chris Wood, Jay Rodriguez

 NORWICH (18)

    Há que elogiar a Direcção do Norwich. Os canários venceram o Championship em 2019, no regresso à Premier League acusaram a subida de nível e ficaram em último, mas em 2021 voltaram a ficar em primeiro no Championship. Tudo isto com Daniel Farke no comando, técnico alemão em que o clube confia (renovou recentemente até 2025).
    O Norwich arrasou a concorrência na época passada com 97 pontos. Mas na Premier League o patamar qualitativo de treinadores e jogadores é bem diferente. Mais importante: o melhor jogador do último Championship, o argentino Emiliano Buendía (15 golos e 16 assistências), deixou o Norwich para se juntar ao fantástico projecto do Aston Villa. Deixará saudades em Carrow Road.
    Daniel Farke tem o dom de colocar este Norwich a praticar um futebol positivo e bastante ofensivo, e quem consegue jogar bem estará sempre mais perto de triunfar, mas este elenco parece insuficiente para o desafio que é a Premier. Billy Gilmour, emprestado pelo Chelsea, pode crescer muito este ano e ser um dos candidatos a Jovem do Ano, e o finlandês Pukki (nos últimos 3 anos marcou 30 e 26 golos no Championship, e 11 quando o clube subiu à Premier) será destinatário de cruzamentos e passes nas costas.
    Ben Gibson e Giannoulis foram garantidos em definitivo, Gunn chegou para competir com Krul pela baliza, e além de ser obrigatório segurar os promissores Todd Cantwell (caso saia, Tzolis será obrigado a adaptar-se mais rápido) e Max Aarons, continuam a faltar 1 ou 2 jogadores para deixar os adeptos mais confiantes. O kosovar Milot Rashica e o norte-americano Josh Sargent foram bons reforços, mas não são Buendía, e o que o Norwich ganhou em verticalidade perdeu em visão, temporização e futebol cerebral.

Treinador: Daniel Farke
Onze-Base (4-3-3): Krul; Aarons, Hanley, Gibson, Giannoulis; Gilmour, Rupp, Melou (Dowell); Rashica, Cantwell (Tzolis), Pukki

Atenção a: Billy Gilmour, Todd Cantwell, Temu Pukki, Christos Tzolis, Milot Rashica

 NEWCASTLE (19)

    O Newcastle vinha de 16 épocas consecutivas na Premier League quando enfrentou o inferno de descer ao Championship em 08-09. Neste século, por duas vezes os magpies desceram como 18.º classificados (08-09 e 15-16) e em ambos os casos subiram logo no ano seguinte, sagrando-se campeões do segundo escalão à primeira oportunidade. O fraco investimento e a falta de visão a longo-prazo no clube leva-nos a suspeitar que este ioiô entre a Premier e o Championship poderá acontecer algumas vezes mais nos próximos anos.
    Houve um tempo em que o Newcastle tinha Demba Ba e Papiss Cissé; houve um tempo em que o Newcastle contratava Wijnaldum, Mitrovic e Thauvin no mesmo Verão; mas tudo isso é passado, e desta vez Steve Bruce apenas recebeu como reforço Joe Willock - o grande destaque do clube na recta final de 20-21, quando estava emprestado pelo Arsenal, assinou em definitivo.
    Fiel ao 3-5-2 com que o Newcastle se tem apresentado ultimamente, Bruce poderá retirar bastante mais esta época de Jacob Murphy como ala e é expectável que a equipa continue a viver dos dribles de Saint-Maximin e dos golos de Callum Wilson.
    Os manos Longstaff e o criativo mas irregular Miguel Almirón terão um papel a desempenhar num clube que ainda não conseguiu retirar de Ryan Fraser o aproveitamento que tinha no Bournemouth e que, tendo Joelinton e Dwight Gayle, pode sempre recorrer a um Plano B na hora de eleger a companhia de Wilson.
    O Newcastle pode até não descer. Mas, caso resista, não se deve livrar de um valente susto. Ir buscar um treinador como Eddie Howe a meio da época podia mudar o destino.

Treinador: Steve Bruce
Onze-Base (3-5-2): Dubravka; F. Fernández, Lascelles, Schär; J. Murphy, Longstaff, Hayden, Willock, Ritchie; Saint-Maximin, C. Wilson

Atenção a: Callum Wilson, Joe Willock, Jacob Murphy, Saint-Maximin, Martin Dubravka

 WATFORD (20)

    Desde 2000 o Watford passou 15 temporadas no Championship e 6 na Premier League. O clube gerido pelo italiano Gino Pozzo tem por hábito coleccionar treinadores (nos últimos 7 anos teve 14 treinadores) e, de acordo com a média, a última época fez-se a meias entre Vladimir Ivic e o actual técnico, o espanhol Xisco Muñoz. Vicarage Road volta a ter Premier League ao fim-de-semana depois de ter sido a melhor defesa do Championship, destacando-se o senegalês Ismaïla Sarr como melhor jogador da equipa.
    Honestamente, embora Xisco conte com vários jogadores que sabem bem o que é preciso fazer para sobreviver na Premier League (Deeney, Cleverley, Gosling, Will Hughes, Danny Rose ou Ben Foster), o plantel continua a parecer um "plantel de Championship". Acreditamos que possa ocorrer o que aconteceu em 06-07, época em que o Watford desceu logo após festejar a subida, sendo que uma boa época dos hornets pedirá sempre grandes desempenhos do chileno Francisco Sierralta no centro da defesa, confiando os colegas na ousadia de Sarr (continuará por certo a carregar a equipa às costas) e sendo bastante provável que, numa lógica de 4-4-2, o treinador (ou treinadores, especulando que Xisco não durará até 2022) serão experimentados vários parceiros para Deeney na frente, não faltando nesta altura candidatos - Joshua King, João Pedro, Ashley Fletcher, Emmanuel Dennis, Cucho e Success.

Treinador: Xisco Muñoz
Onze-Base (4-4-2): Bachmann; Kiko Femenía, Sierralta, Troost-Ekong, Rose (Masina); Sarr, Etebo, Cleverley, Sema; Deeney, King (Fletcher, João Pedro)

Atenção a: Ismaïla Sarr, Francisco Sierralta, Troy Deeney, Kiko Femenía, João Pedro




por Miguel Pontares e Tiago Moreira

6 de agosto de 2021

Antevisão da Liga Bwin 2021/ 22


  

 Liga Bwin Está de volta o futebol português e estão de regresso, idealmente numa progressão contínua (autorizada e a reflectir um mundo imunizado e preparado para conviver com o vírus), os adeptos aos estádios. Há um ano atrás era incerto quando a DGS daria luz verde aos lugares com distanciamento e previam-se como mais prováveis vencedores aqueles que melhor conseguissem deixar a Covid-19 à porta do balneário; entretanto a pandemia continua, mas as vacinas vêm sendo administradas e a normalidade aproxima-se, devagarinho e com bom senso.

    A Liga Bwin 2021/ 22 será experienciada com uma intensidade diferente. A ideia de novos Loucos Anos 20 que pode contagiar a sociedade no pós-pandemia poderá também invadir um pouco o nosso futebol, com elevadas doses de adrenalina e saudade, quer da parte dos simpatizantes quer da parte dos jogadores e treinadores. Os cânticos já se começam a ouvir, as bandeiras ondulam nas bancadas e os jogadores transformam-se: uns acordam da monotonia e querem levar os fãs à loucura, outros acusam a velha pressão, o fim do conforto e da execução em silêncio.
    Em 2021/ 22 acontece algo que não acontecia desde 2003/ 04: entramos numa edição e nos 3 campeonatos anteriores houve 3 vencedores diferentes: Sporting (2021), Porto (2020) e Benfica (2019). Na última vez em que esta circunstância se deu, os 3 grandes eram treinados por José Mourinho, José Antonio Camacho e Fernando Santos, e os vencedores tinham sido Porto, Sporting e Boavista em 2003, 2002 e 2001 respectivamente.

    Nacional da Madeira, Farense e Rio Ave dão lugar a Estoril, Vizela (36 anos depois no 1.º escalão) e Arouca, com a particularidade dos dois últimos virem de duas promoções consecutivas, isto numa época em que o Sporting procura um bicampeonato que não festeja desde a altura dos Cinco Violinos. É de saudar a opção de continuidade de projecto dos 3 grandes, com Rúben Amorim, Sérgio Conceição e Jorge Jesus a servirem de exemplo para uma Liga invulgar - é tão comum metade dos emblemas trocarem de treinador, e na viragem de 20/ 21 para 21/ 22 as novidades são apenas Pepa no Vit. Guimarães, João Pedro Sousa no Famalicão, Jorge Simão no Paços de Ferreira e João Henriques no Moreirense.

Dentro do rectângulo de jogo temos curiosidade de perceber até que ponto a tendência de actuar em sistemas tácticos com 3 centrais (basilar ou pontual entre os favoritos) pode contagiar os clubes mais pequenos, que na generalidade privilegiam de forma religiosa o 4-3-3. Isto numa Liga Bwin que perdeu apenas Marega, Angel Gomes, Léo Jardim, Franco Cervi e Dener enquanto figuras de relevo. Porém, a permanência de Nuno Mendes, Corona, Al Musrati, Seferovic, Grimaldo ou Eustáquio é tudo menos adquirida.
    Deve-se destacar a circulação interna de inúmeros atletas (João Mário, Mario González, Kriticiuk, Bruno Costa, Fábio Cardoso, Gil Dias, Rúben Vinagre, Lucas Mineiro, Rodrigo Pinho, Ricardo Esgaio, Borevkovic, Jambor e Gonçalo Esteves) e, do estrangeiro, os ingressos mais assinaláveis são Yaremchuk, Meïte e Pepê. Da II Liga sobem nomeadamente Miguel Crespo, André Vidigal, André Silva, Dani Figueira ou Kiko Bondoso, jogadores com nível de 1.ª Liga e que vêm acrescentar qualidade.
    Espera-se muito de vários repetentes como Pedro Gonçalves, João Mário, Rafa, Paulinho ou Taremi, podendo esta temporada servir de confirmação para Luis Díaz, Abel Ruiz, Jovane Cabral, Mateo Cassierra, Rochinha ou Hidemasa Morita e reclamando-se espaço para várias jovens promessas (Gonçalo Ramos, João Mário, Herculano Nabian, Tomás Händel, André Almeida, Tiago Dantas, Tiago Morais, Reisinho e Reymão à cabeça).

    Cabe-nos então apresentar a nossa previsão para 21/ 22, em termos de destaques colectivos e individuais, sujeita como sempre às vicissitudes do mercado de transferências, tanto a nível de entradas como de saídas:


 SPORTING (1)

    Desde 2002 que o Sporting não arrancava uma época com o escudo e estatuto de campeão em título. A chegada de Rúben Amorim a Alvalade fez com que os leões crescessem num só ano e queimassem as etapas evolutivas que seria de esperar em 3 ou 4 épocas. Era difícil o Sporting viver um melhor momento do que o actual: a equipa está estável, não sofreu significativas baixas e o balneário é humilde e coeso ao ponto de continuar a correr nos limites com plena fé no seu treinador; o regresso à Champions obrigará a uma distribuição diferente de minutos e impossibilitará a utilização do melhor 11 todos os fins-de-semana, mas permitirá também uma motivação diferente por parte de um plantel que continua focado e esfomeado. Afinal, o Sporting não comemora um bicampeonato desde os anos 50.
    Ao Sporting não se pode exigir o título - nos últimos 19 anos, o clube só se sagrou campeão uma vez e o plantel é o 3.º mais valioso (valores Transfermarkt) da Liga - e é razoável pensar-se que Amorim voltará a projectar qualquer conquista "jogo a jogo". O retomar da comunhão com os adeptos também permitirá pulverizar um mito: para aqueles que defenderam que os leões só foram campeões por jogarem com estádios vazios e sem terem a "perturbação" dos seus simpatizantes e das suas claques, cabe aos jogadores mostrar que não, mantendo ou subindo o nível.
    Se o ano correr muito bem, será difícil segurar Rúben Amorim por cá, procurando o jovem treinador de 36 anos consolidar-se como melhor treinador em Portugal. Olhando para a equipa, João Mário saiu para o rival Benfica, Eduardo Quaresma foi para Tondela crescer e o "avô" Antunes mudou-se para Paços de Ferreira. Ricardo Esgaio e Rúben Vinagre chegaram para as alas, dando assim Amorim, Viana e Varandas continuidade à política de contratar em Portugal. Até final de Agosto, Ugarte (fantástico reforço, caso se confirme) deve ser oficializado e é natural que ainda chegue mais um jogador para a linha avançada e quiçá um central.
    É essencial manter Pedro Gonçalves e João Palhinha mais 1 ano, estando o plantel preparado q.b. para que Nuno Mendes seja a única baixa de peso até ao mercado fechar. Com ou sem o prodígio esquerdino, acreditamos que os leões continuem a defender bem e a dificultar e muito aos adversários a criação de oportunidades. Pote procurará ser o MVP da prova e esperamos grande subida de rendimento por parte de Jovane e Paulinho. A principal incógnita é mesmo o modo como a perda de um mestre a gerir ritmos e acalmar a equipa como João Mário pode afectar os hábitos enraizados, uma vez que nenhum dos seus herdeiros entende tão bem o jogo.
    Dá para confiar neste Sporting, com todos hoje em dia a remar para o mesmo lado. A juventude (Gonçalo Inácio, Daniel Bragança, Matheus Nunes, Gonçalo Esteves ou Dário Essugo) sabe que está em boas mãos, e todos sabem que trabalhando a oportunidade aparecerá, mesmo que em adaptações improváveis porém inteligentes como Tabata a médio centro. Não sabemos até onde chegará este Sporting, mas é bom sinal quando se nota que um clube sabe onde quer chegar e como quer jogar, assimilando os jogadores tudo o que Amorim pensa. 

Treinador: Rúben Amorim
Onze-Base (3-4-3): Adán; G. Inácio, Coates, Feddal; Porro, João Palhinha, Matheus Nunes (Tabata, D. Bragança), N. Mendes; Pedro Gonçalves, Paulinho, Jovane (Nuno Santos)

Atenção a: Pedro Gonçalves, Paulinho, Jovane Cabral, João Palhinha, Pedro Porro


 BENFICA (2)

    É com Luís Filipe Vieira em prisão domiciliária e Rui Costa a dar os primeiros passos como presidente, pelo menos até às próximas eleições, que está contextualizado o incerto 2021/ 22 do Benfica. No seu regresso à Luz, Jorge Jesus prometia que os encarnados iam triplicar com ele e arrasar, mas o desfecho deprimente foi uma desilusão em toda a linha e um 3.º lugar (desde 2008/ 09 que as águias não terminavam abaixo de segundo).
    Neste Ano 2 do Novo Testamento, é difícil fazer pior. O Benfica tem, dos três grandes, o plantel com maior qualidade individual e com melhores soluções a partir do banco; mas os últimos anos têm provado que isso não chega se os jogadores forem macios e não forem capazes de correr e lutar tanto como os outros, mais unidos. Até ao fecho do mercado ainda se devem registar várias saídas e entradas relevantes, sobretudo se a entrada na Champions for assegurada, o que prejudica quaisquer palpites de antevisão: manterá o Benfica o 3-4-3 da época passada, voltará ao 4-4-2 ou experimentará um 3-5-2?
    Com Grimaldo, Seferovic, Carlos Vinícius, Gabriel, Chiquinho e até Waldschmidt a poderem rumar a outras paragens, JJ conta agora com um médio mais físico (Meïte), com um ala forte no 1 para 1 e com muito para limar (Gil Dias), destacando-se sobretudo nas novidades o ucraniano Roman Yaremchuk (avançado completo e um dos principais candidatos a Melhor Marcador da Liga, não nos parecia possível que viesse parar ao nosso campeonato) e João Mário, um jogador de notável QI e um cérebro capaz de simplificar tudo e equilibrar/ gerir ritmos numa equipa ansiosa e que só tem conhecido duas velocidades, raramente respirando como deve ser.
    Como sempre, o ego inflamado de Jorge Jesus pode ser um problema no caminho, e seria bom Gonçalo Ramos não ter que nascer dez vezes. Em todo o caso, na perseguição ao 38 seria importante que Everton e Darwin se redimissem de tudo o que não foram e estamos convictos que a liderança de Otamendi, a consolidação de Lucas Veríssimo como um grande defesa, a inteligência de Weigl (tão diferente que é para ele sentir João Mário em campo) e os rasgos de Rafa farão parte da história desta edição.

Treinador: Jorge Jesus
Onze-Base (3-4-3): Odyessas; Lucas Veríssimo, Otamendi, Vertonghen; Diogo Gonçalves, João Mário, Weigl, Grimaldo; Rafa, Yaremchuk, Everton

Atenção a: Roman Yaremchuk, João Mário, Rafa, Lucas Veríssimo, Julian Weigl

 PORTO (3)

    Com 2 campeonatos conquistados nos últimos 4, o FC Porto inicia aquela que será a 5.ª época de Sérgio Conceição como treinador dos azuis e brancos. Os dragões, agora sem Moussa Marega (figura de proa no esquema do treinador), manterão o seu ADN: equipa fisicamente dominante, intensa em todos os duelos, meticulosa nas bolas paradas e inteligente a nível táctico, beneficiando de nuances posicionais de Otávio e, até aqui, do papel híbrido de Marega entre a faixa e a aproximação ao homem mais avançado.
    O 4-4-2 deve continuar a ser o esquema-base, embora adivinhemos pontual configuração num sistema de três centrais para "encaixar" em alguns adversários. Sem Marega, Toni Martínez parte na pole position para ser o novo melhor amigo de Taremi; Evanilson poderá ter mais espaço, e não nos surpreenderá se até final de Agosto chegar mais um avançado ao Dragão.
    Se por um lado Marega foi ter com Leonardo Jardim ao Al Hilal, em sentido inverso chegaram à Invicta 3 reforços - Pepê desequilibrará a partir da esquerda, Bruno Costa foi repescado após excelente rendimento no Paços de Ferreira, e Fábio Cardoso (já merecia o salto) herdou a mítica camisola 2 de Jorge Costa, João Pinto ou Bruno Alves. Há ainda a sublinhar a renovação do empréstimo de Grujic, cuja recta final de 20-21 terá convencido Conceição.
    A necessidade de rigor e disciplina no Porto tem condicionado vários criativos, e nesse sentido não é líquido que Vitinha e Fábio Vieira tenham o habitat mais adequado às suas características. Uribe e Sérgio Oliveira são imprescindíveis, Francisco Conceição (agora com o número 10) saltará muitas vezes do banco para criar uma série de problemas aos defesas contrários, e o colombiano Luis Díaz (caso não saia) pode dar sequência à sua incrível Copa América e afirmar-se como uma das grandes figuras deste campeonato. O esforço para segurar Díaz pode motivar uma transferência de Corona, abrindo a saída do polivalente mexicano espaço para uma das potenciais revelações da temporada, João Mário na sua adaptação progressiva a lateral direito.
    Em suma, o Porto continuará a ser uma equipa lutadora e com muita raça, mas a estabilidade do Sporting e a qualidade do plantel do Benfica podem eventualmente atirar os dragões para um 3.º posto (desde 2016 o Porto tem ficado sempre em 2.º ou 1.º).

Treinador: Sérgio Conceição
Onze-Base (4-4-2): Marchesín; Corona (João Mário), Mbemba (Fábio Cardoso), Pepe, Zaidu; Otávio, Uribe, Sérgio Oliveira, Luis Díaz; Toni Martínez, Taremi

Atenção a: Luis Díaz, Mehdi Taremi, Otávio, João Mário, Toni Martínez

 BRAGA (4)

     A equipa vencedora da Taça de Portugal entra em 21-22 uma vez mais com o desejo de se intrometer no pódio. No entanto, há o perigo do grande rival do Minho surgir mais competitivo e encurtar distâncias.
        Com Carlos Carvalhal, o mestre da circulação progressiva, o Sporting de Braga em dia sim é inequivocamente uma das equipas que melhor entretém nos relvados portugueses. O futebol rendilhado, com muita imprevisibilidade no último terço, e a boa reacção à perda, fazem dos bracarenses uma equipa muitas vezes terrível de defrontar. Com menos craques que os 3 grandes, o Braga compensa com uma vantagem: não há equipa em Portugal em que a diferença qualitativa entre as primeiras linhas e as segundas linhas seja tão ténue. É comum os arsenalistas construírem plantéis muito homogéneos e, tanto quanto possível, à prova de lesões.
    No saldo de transferências, Carvalhal viu Gaitán dizer adeus e perdeu Ricardo Esgaio para o Sporting, substituindo-o pelo seu irmão, Tiago Esgaio (B-SAD). Mario González (tremenda aquisição!), Paulo Oliveira e Lucas Mineiro também se juntaram à equipa, regressando ainda Fábio Martins após aventura na Arábia Saudita. É notável a riqueza de opções à disposição de Carvalhal; duvidamos no entanto que Al Musrati continue em Braga, e a saída do líbio obrigará a atacar o mercado visto que ninguém no plantel segura/ equilibra a formação como ele.
    Em 2021/ 22, temporada de estreia do menino Roger (15 anos), será interessante ver se Carvalhal consegue conciliar a dupla espanhola Abel Ruiz & Mario González, e quem tem Galeno, Ricardo Horta, Piazón e Iuri Medeiros terá sempre meios para agitar qualquer jogo.
     Parece estar pela frente uma época que irá testar a consistência e regularidade dos guerreiros, que não poderão vacilar na Hora H e terão muito provavelmente que provar capacidade de saber viver sem Al Musrati.

Treinador: Carlos Carvalhal
Onze-Base (3-4-1-2): Matheus; Paulo Oliveira, Raúl Silva, Sequeira; T. Esgaio, Al Musrati (Lucas Mineiro), Castro, Galeno; Ricardo Horta (Lucas Piazón); Abel Ruiz, Mario González

Atenção a: Abel Ruiz, Ricardo Horta, Galeno, Mario González, Lucas Piazón

 VIT. GUIMARÃES (5)

    Aos 40 anos, Pepa chega ao maior desafio da sua carreira enquanto treinador: o Vit. Guimarães, clube de massa adepta exigente, e que pode ser o exame final antes de rumar a um grande. O técnico excedeu as expectativas em Tondela, colocou o Paços de Ferreira no 5.º lugar, e agora terá nas mãos um plantel recheado com a qualidade que merece, aguardando-se com ansiedade o quanto fará vários jogadores evoluir e, principalmente, a equipa como um todo.
    O Vitória corre o risco de ser uma ilha, em certa medida como o Paços foi em 20-21, num campeonato só seu abaixo dos 4 assíduos moradores do Top-4 e acima de todos os outros. O objectivo desta época passa por estabilizar uma base, espremer muito melhor o potencial de diversos elementos e, sem distracções a nível de competições europeias, ambicionar provocar um desgosto a alguém dos lugares cimeiros.
    Na verdade, Pepa não recebeu quase reforços, destacando-se apenas Alfa Semedo (desenvolvimento promissor para acompanhar, caso o treinador entenda precisar de um 6 impetuoso) e Borevkovic (central com qualidade a mais para descer com o Rio Ave à II Liga). Ao contrário do Verão passado em que o Vitória se fartou de arriscar em adquirir jovens promessas em busca de novos Tapsoba e Edwards, desta feita será privilegiado o trabalho realizado na formação do clube, entre Equipa B e Sub-23.
    O gigante checo Trmal deve assumir a baliza esta época, partindo em vantagem o quarteto defensivo formado por Sacko, Jorge Fernandes, Borevkovic e Rafa Soares. É no centro da defesa que nos surgem algumas dúvidas, podendo Mumin ou André Amaro vir a ter algo a dizer. Depois de fazer disparar os índices de rendimento de Eustáquio, Luiz Carlos e Bruno Costa na Mata Real, Pepa pode agora puxar por novo leque de médios - já se esperava que esta fosse a época de André Almeida, mas Alfa Semedo e Tomás Händel (um em substituição do outro ou em parelha) podem ser boas surpresas, sem esquecer o experiente André André.
    Rochinha (está no momento indicado para carregar a equipa), Marcus Edwards (se ficar), Quaresma e Lameiras são os abre-latas no estojo de Pepa; em termos de finalização, Bruno Duarte e Estupiñán oferecem coisas bastante distintas, estando à espreita Herculano Nabian (17 anos), um fenómeno vitoriano em potência e uma espécie de Lukaku luso-guineense.

Treinador: Pepa
Onze-Base (4-3-3): Trmal; Sacko, J. Fernandes, Borevkovic, Rafa Soares; Händel (Alfa Semedo), André Almeida, André André; Marcus Edwards, Rochinha, Bruno Duarte (Estupiñán, Nabian)

Atenção a: Rochinha, Marcus Edwards, Tomás Händel, Alfa Semedo, Herculano Nabian

 SANTA CLARA (6)

    É bastante improvável que a época do Santa Clara termine com uma melhor imagem do que aquela a que assistimos na 34.ª jornada da Liga NOS 20-21: o treinador Daniel Ramos e o presidente, Rui Cordeiro, mascarados de vacas. Nos Açores, tudo está a correr bem e as boas decisões sucedem-se, apesar de Diogo Boa Alma (fantástico trabalho como director desportivo desde 15-16) ter deixado o clube insular.
    O Santa Clara entra nesta época depois de progressivo crescimento na tabela (10.º lugar em 18-19, 9.º lugar em 19-20 e 6.º lugar em 20-21) e, até ver, os açorianos terão que se dividir entre a Liga e a nova Conference League.
    O plantel, ao contrário do que é habitual no ano após uma performance sensacional de um clube abaixo do Top-4, parece preparado para lidar com o cenário de maior carga de jogos. A equipa orientada por Daniel Ramos manteve quase todos os elementos mais utilizados (saiu apenas Fábio Cardoso para o FC Porto) e ao olhar para as opções ao dispor do técnico de 50 anos vemos vários jogadores muito acima da média na nossa realidade e que não costumam ficar mais do que 1-2 anos neste patamar - Carlos Jr. (15 golos no ano passado) é disso o melhor exemplo, tendo qualidade de sobra para fazer parte do plantel de um candidato ao título em Portugal.
    O profundo entrosamento e elevada química no plantel jogam a favor de uma boa previsão para esta época, passando o venezuelano Mikel Villanueva a liderar a defesa e ficando no ar a expectativa de números superiores por parte de Lincoln e Allano. Cryzan, Rui Costa e Bouldini competirão pelo lugar de ponta de lança, e em relação a Carlos Jr. e ao nipónico Morita... é aproveitar enquanto estão no clube.

Treinador: Daniel Ramos
Onze-Base (4-3-3): Marco; Rafael Ramos, João Afonso, Villanueva, Mansur; Anderson Carvalho, Morita, Lincoln; Allano, Carlos Jr., Cryzan (Rui Costa, Bouldini)

Atenção a: Carlos Jr., Lincoln, Hidemasa Morita, Allano, Mikel Villanueva

 FAMALICÃO (7)

    O Famalicão deslumbrou tudo e todos em 19-20 quando Pedro Gonçalves, Fábio Martins, Gustavo Assunção, Nehuén Pérez, Uros Racic, Diogo Gonçalves e Toni Martínez integraram um super-plantel de uma equipa recém-promovida com os contactos certos. Na temporada seguinte, apareceram as dores de crescimento, alicerçadas numa revolução em quase toda a linha face à valorização de ínumeros activos; a coisa não esteve famosa mas a chegada de Ivo Vieira recolocou o clube no caminho certo, ainda a tempo de Rúben Vinagre, Ugarte, Gil Dias ou Heriberto renderem muito mais. O 9.º lugar quando o campeonato terminou deixava a interrogação: qual seria a classificação dos famalicenses orientados uma época inteira por Ivo Vieira?
    O treinador madeirense tem uma aptidão especial para elevar os seus atletas a uma nova dimensão: basta pensar em Lucas Evangelista no Estoril, Chiquinho e Loum no Moreirense, ou Tapsoba e Marcus Edwards no Vit. Guimarães.
    David Tavares e Pedro Marques (disputará com Bruno Rodrigues o papel de referência do ataque) são dois dos novos projectos do treinador, que confiará a Ivo Rodrigues a responsabilidade de carregar a equipa em diversas ocasiões, apoiado nomedamente pelo tecnicista Iván Jaime. Lá atrás, Luiz Júnior é porventura o grande guarda-redes jovem da nossa Liga e é possível que esta seja a derradeira temporada de Gustavo Assunção em Famalicão. O capitão de equipa, filho de Paulo Assunção, rodeado por colegas que lhe ofereçam maior estabilidade, tem tudo para se voltar a evidenciar como um dos melhores 6 do futebol português. Assumimos que Ugarte não continuará.

Treinador: Ivo Vieira
Onze-Base (4-3-3): Luiz Júnior; Diogo Figueiras (Morer), Diogo Queirós (Batubinsika), P. William, Rúben Lima; Gustavo Assunção, David Tavares, Iván Jaime; Ivo Rodrigues, Heriberto, P. Marques

Atenção a: Ivo Rodrigues, Gustavo Assunção, Iván Jaime, Heriberto, Pedro Marques

 PAÇOS FERREIRA (8)

    A equipa-sensação da última época viu Pepa prosseguir a sua carreira em Guimarães, e Jorge Simão (já treinara o clube em 2015/ 16) foi a escolha dos castores. O sonho europeu do Paços deve ficar hipotecado diante do Tottenham, caso os londrinos se revelem capazes de estar à altura do seu super-favoritismo, mas o adeus precoce à Europa pode ajudar o clube da Capital do Móvel a focar-se no campeonato, mantendo de forma mais pacífica o seu melhor 11 e não precisando de rodar tanto, algo a que uma sobrecarga de jogos seguramente obrigaria (ou obrigará).
    Além de Pepa, saíram também Bruno Costa, Luther Singh, Marcelo, João Amaral e Rebocho, e o mais certo é que Stephen Eustáquio saia também, estando o médio canadiano em altas depois de uma excelente Gold Cup.
    A época pacense começou com uma horrível notícia - o guardião Jordi lesionou-se no tendão de Aquiles e enfrentará uma paragem de longa duração. André Ferreira terá a missão de o substituir, e com franqueza não nos parece estar à altura.
    A defesa, mesmo sem Marcelo, continua a ter Baixinho e Maracás, e o central Flávio Ramos é uma boa novidade se mantiver intactas as qualidades que apresentou há umas épocas atrás com o Feirense na I Liga. Fernando Fonseca tem crescido a olhos vistos como lateral direito, enquanto que à esquerda o Paços terá uma opção de futuro (João Vigário, um dos poucos destaques do Nacional na época passada) e uma opção experiente (Antunes, de regresso a uma das suas antigas casas).
Uns metros à frente, Luiz Carlos continuará a testar a idade, agora com 36 anos, e Nuno Santos (emprestado pelo Benfica) e Rui Pires (era uma das figuras da formação do Porto por volta de 2017) são o tipo de jogadores que costumam resultar na Mata Real.
    Hélder Ferreira é presença garantida no 11, e o menino Matchoi Djaló terá mais minutos. Denilson Jr. pode vir a ser um dos jogadores-chave da época, embora seja uma espécie de jóker, tendo Jorge Simão a vantagem de poder alternar entre Douglas Tanque e João Pedro na hora de eleger o seu ponta de lança.

Treinador: Jorge Simão
Onze-Base (4-3-3): Jordi (André Ferreira); F. Fonseca, M. Baixinho, Maracás, J. Vigário; Abbas, Eustáquio (Rui Pires), Nuno Santos; Hélder Ferreira, Denilson Jr. (Djaló), Douglas Tanque (João Pedro) 

Atenção a: Stephen Eustáquio, Denilson Jr., Douglas Tanque, Nuno Santos, Hélder Ferreira

 GIL VICENTE (9)

    O último clube do falecido técnico Vítor Oliveira errou no casting de Rui Almeida na época passada, mas corrigiu a situação ao confiar os destinos da equipa a Ricardo Soares. Com um passado de ascensão a pulso entre Vizela, Felgueiras, Covilhã ou Chaves, entre vários clubes dos escalões secundários, Ricardo Soares transporta consigo uma ideia de jogo refrescante, recusando-se a montar autocarros e insistindo teimosamente em jogar olhos nos jogos.
    É certo que saíram muitos jogadores (Lucas Mineiro, Denis, Lourency, Rodrigão, Claude Gonçalves, Ygor Nogueira, Pedro Marques e Joel Pereira estavam entre os mais utilizados) mas deve-se elogiar a resposta do clube de Barcelos. Na baliza, o russo Stanislav Kritciuk (porventura o melhor guarda-redes da Liga se excluirmos os grandes) vai dar pontos, enquanto que na defesa Zé Carlos e Lucas juntam-se aos já enturmados Rúben Fernandes, Talocha e Hackman. O meio-campo, órfão de Lucas Mineiro, está assegurado com Jean Irmer (ex-Marítimo) e Vítor Carvalho, agora em definitivo no clube. Há ainda Pedrinho, que com o tempo acabará por ser na cidade do Galo o líder com e sem bola que era na Mata Real.
    Poucas equipas da Liga se podem dar ao luxo de ter 2 jogadores com o potencial de Kanya Fujimoto e Samuel Lino, e é notável como o Gil Vicente passou a ter homogeneidade no leque de opções ofensivas, com Bilel (parece há bastante tempo adiar a chegada de uma época consistente, de acordo com os seus predicados técnicos) e o fortíssimo Murilo a possibilitarem a Ricardo Soares uma gestão mais rica e imprevisível. Quanto ao espanhol Fran Navarro, número 9 nas costas, assinou para ser o homem-golo. Veremos se consegue. 

Treinador: Ricardo Soares
Onze-Base (4-2-3-1): Kritciuk; Zé Carlos, Rúben Fernandes, Lucas, Talocha; Vítor Carvalho, Pedrinho; S. Lino, Kanya, Bilel (Murilo); Fran Navarro

Atenção a: Samuel Lino, Stanislav Kritciuk, Kanya Fujimoto, Fran Navarro, Pedrinho

 BOAVISTA (10)

    Em 2020-21 o Boavista caiu no erro frequente das equipas com projectos ambiciosos e investidores externos, que querem crescer do dia para a noite. Na altura foi contratado um camião de jogadores (incluindo nomes sonantes como Javi García, Angel Gomes, Léo Jardim e Rami) mas o desfecho acabou por ser um 13.º lugar, a apenas 2 pontos do Rio Ave, equipa que jogou o Play-Off de despromoção.
    Vasco Seabra e o professor Jesualdo Ferreira representaram na época passada duas opções muitíssimo diferentes por parte da direcção dos axadrezados, e o novo treinador em 21-22, João Pedro Sousa, é uma escolha mais na linha de Seabra, embora com obra feita em Famalicão. Atendendo ao plantel actual, com média de idades de 24 anos, entende-se a tentativa do clube do Bessa em recrutar um treinador hábil na gestão de jovens promessas.
    Com alguns dossiers por fechar, nomeadamente a provável venda do hondurenho Alberth Elis, o Boavista entra na nova temporada com um elenco suficientemente versátil para se apresentar em 3-4-3 (com Javi García adaptado a central) ou num 4-3-3. A baliza continua bem entregue sendo o internacional iraniano Alireza Beiranvand o sucessor de Léo Jardim e Helton Leite, isto sem esquecer o suplente quarentão Rafael Bracalli; e na defesa, aguardamos com curiosidade o 2.º ano em Portugal de Reggie Cannon (caso saia abrirá espaço para Pedro Malheiro) e Porozo.
    João Pedro Sousa parece decidido a confiar as tarefas intermediárias a Miguel Reisinho e Tomás Reymão e, saindo Elis, Yusupha estará obrigado a manter uma regularidade exibicional que não tem sido a impressão digital da sua carreira. Em todo o caso, muita atenção a Tiago Morais (17 anos), autor de um bis na Taça da Liga no arranque da época e invulgar na sua inteligência a ler os espaços junto à grande área adversária.
    Não ter Elis e a magia de Angel Gomes faz diferença, mas seria uma pertinente lição o Boavista realizar uma melhor temporada em 21-22 com menos loucuras e mais prata da casa.

Treinador: João Pedro Sousa
Onze-Base (3-4-3): A. Beiranvand; Porozo, Javi García, R. Abascal; Cannon (P. Malheiro), Reymão, Seba Pérez (Reisinho), Hamache; Sauer (Luís Santos), Elis (Tiago Morais), Yusupha

Atenção: Alberth Elis, Tiago Morais, Tomás Reymão, Miguel Reisinho, Alireza Beiranvand

 BELENENSES SAD (11)

    Com Petit a liderar pela 3.ª época consecutiva, o B-SAD enfrenta em 21-22 o desafio de precisar de uma resposta depois de profunda revolução no plantel. Farão falta as defesas de Kritciuk, a profundidade conferida pelo ala Tiago Esgaio, a acutilância ofensiva de Miguel Cardoso e Silvestre Varela, e a liderança por vezes silenciosa de Gonçalo Silva e Rúben Lima. Uma vez mais condenado a cumprir objectivos com muito menos condições que outros, Petit deve conservar o seu 3-4-3, com o gigante Luiz Felipe (1,98m) a assumir a baliza, e o burquina Trova Boni ou o nigeriano Chima a juntar-se aos já conhecidos Tomás Ribeiro e Cafu Phete. As saídas de Esgaio e Rúben Lima devem abrir espaço para a afirmação da juventude (Calila e Nilton Varela) e no centro do jogo é adicionar ao recuperador Afonso Taira e ao altivo Yaya a poderosa meia distância e capacidade de transporte do sérvio Andrija Lukovic, um jogador que não conseguimos compreender como não singrou em Famalicão.
    Ofensivamente, Afonso Sousa vem tendo cada vez maior relevo no último terço, e o reforço Pedro Nuno será uma ponte interessante entre a criatividade do filho de Ricardo Sousa e a verticalidade de Chico Teixeira. Alioune Ndour e o júnior Luís Mota estão à espreita de oportunidades, mas é obrigatório segurar Mateo Cassierra. O avançado colombiano marcou 11 golos na temporada passada e a expectativa é que essa marca seja ultrapassada.
    Equipas que defendem bem raramente descem (em 20-21 o Belenenses SAD foi a 5.ª melhor defesa em Portugal, somente atrás de Sporting, Benfica, Porto e Braga), mas é aconselhável o alcance de um maior rendimento ofensivo (em 20-21, o B-SAD foi um dos dois piores ataques da prova com modestos 25 golos em 34 jogos).

Treinador: Petit
Onze-Base (3-4-3): Luiz Felipe; Chima (Boni), Cafu Phete, Tomás Ribeiro; Calila, Lukovic (Yaya), Afonso Taira, Nilton Varela; Afonso Sousa, Pedro Nuno (Chico Teixeira, Ndour), Cassierra

Atenção a: Mateo Cassierra, Afonso Sousa, Luiz Felipe, Nilton Varela, Pedro Nuno

 MOREIRENSE (12)

    O Moreirense parece ter descoberto a fórmula para terminar na metade superior da tabela. Ao sensacional 18-19 (o ano do 6º lugar com Chiquinho) seguiram-se dois oitavos lugares consecutivos, em ambos os casos com 43 pontos, e em ambos os casos com 10 vitórias, 13 empates e 11 derrotas. Isto sim, pode-se considerar regularidade.
    A explicação encontra-se, não só mas também, no banco de suplentes: Ivo Vieira, Ricardo Soares e Vasco Seabra cresceram como treinadores durante as suas passagens no clube, e ajudaram o clube a crescer, sendo 3 casos de técnicos com boas ideias e futebol com personalidade e atrevimento. João Henriques é o homem que se segue em Moreira de Cónegos, e há razões para acreditar num futuro risonho se pensarmos nas suas épocas (18-19 e 19-20) no Santa Clara.
    A nível de saídas, destaque para Ferraresi, Pedro Nuno, D'Alberto e Alex Soares. Em sentido inverso, Rodrigo Conceição assinou para competir pelo lugar de lateral direito, Artur Jorge pode formar óptima dupla com Rosic e Jambor (excelente pé esquerdo) permitirá um desenho diferente no sector intermédio, nomeadamente com menor peso nos ombros de Fábio Pacheco, um dos melhores 6 do nosso campeonato.
    De resto, Filipe Soares continua de verde e branco apesar do alegado interesse do FC Porto, Gonçalo Franco deve continuar a evoluir sem pedir licença a ninguém e no ataque, 100% brasileiro, pedem-se golos a Rafael Martins, muita imaginação a Yan, ousadia na meia distância a Walterson e será fundamental que Pires abrace o estatuto de craque da equipa.
     Entre o 8.º e o 12.º lugares, veremos onde pára o Moreirense, uma das equipas mais certinhas do futebol português.

Treinador: João Henriques
Onze-Base (4-3-3): Mateus Pasinato; Matheus, Artur Jorge, Rosic, Conté; Fábio Pacheco, G. Franco (Jambor), Filipe Soares; Pires, Yan (Walterson), Rafael Martins 

Atenção a: Filipe Soares, Pires, Rafael Martins, Fábio Pacheco, Gonçalo Franco

 ESTORIL (13)

    Que bom ver o Estoril na Liga Bwin. A equipa da Linha passou grande parte da última década no 1.º escalão, num período que se caracterizou pelo bom futebol praticado e por dois apuramentos para a Liga Europa (duas presenças consecutivas no Top-5 em 2013 e 2014). Pensar nesse Estoril é, ainda e sobretudo, pensar em Marco Silva. Na sua 1.ª experiência como técnico profissional, o hoje treinador do Fulham deixou uma marca inconfundível, tendo Fabiano Soares e depois Ivo Vieira, com outros treinadores pelo meio, conseguido (embora apenas em alguns momentos) estar à altura do antecessor.
    Certo é que o Estoril não perdeu a habilidade de recrutar bons treinadores jovens. Primeiro, Luís Freire, e mais tarde Bruno Pinheiro. A carta de apresentação deste Estoril aconteceu na Taça de Portugal de 19-20: o Estoril tombou Boavista, Rio Ave e Marítimo, 3 equipas da I Liga, e só perdeu nas meias-finais frente ao Benfica.
    Com tremenda consistência e um plantel essencialmente luso-brasileiro, o Estoril pode lamentar a perda do seu goleador Yakubu Aziz (estava emprestado pelo Vit. Guimarães, que desta feita o emprestou ao Rio Ave) e sobretudo de André Vidigal, jogador de enorme potencial que brilhará ao serviço do Marítimo. Além disso, também na defesa Bruno Pinheiro terá que renovar a 100% a sua dupla de centrais uma vez que Hugo Basto e Hugo Gomes rumaram a outras paragens. A nova parelha deve sair do trio Lucas Áfrico, Rosier e Ferraresi, podendo o venezuelano do Manchester City actuar também a lateral direito.
    Dito isto, o elenco do Estoril tem talento para dar e vender - é muito provável que ao longo da época os grandes se apaixonem por Miguel Crespo (MVP da Segunda Liga e um daqueles médios que enche o campo com a sua qualidade, passeando classe com as suas meias curtas e parecendo doutro tempo), Dani Figueira é guarda-redes para não demorar a dar o salto, e quem tem Gamboa, Bruno Lourenço, André Franco e agora Chico Geraldes será sempre sinónimo de uma troca de bola criteriosa e com QI distinto.
    Temos algumas dúvidas quanto à fiabilidade dos dianteiros (a equipa precisará de uma grande época de Gilson Tavares, Clóvis ou Leonardo Ruiz) mas a estrutura pensada de modo sustentável e integrado (veja-se o belo trabalho nos Sub-23) e o bom futebol praticado deve manter o Estoril afastado dos últimos lugares. Pelo menos, esta jamais será uma equipa aborrecida.

Treinador: Bruno Pinheiro
Onze-Base (4-3-3): Dani Figueira; David Bruno, Ferraresi, Lucas Áfrico (Rosier), Joãozinho; Gamboa, Miguel Crespo, A. Franco (Francisco Geraldes, Bruno Lourenço); Chiquinho, Elias, Gilson Tavares (André Clóvis)

Atenção a: Miguel Crespo, Dani Figueira, Gamboa, Nahuel Ferraresi, Chiquinho

 TONDELA (14)

    Desde que subiu ao primeiro escalão em 2015, o Tondela tem sido quase sempre um exemplo de "fazer muito com pouco". Petit e Pepa (dois treinadores que, pouco a pouco, começam a deixar de ser subvalorizados) marcaram o período de consolidação do Tondela, tendo os beirões iniciado em 19-20 a dinastia espanhola. Natxo González foi uma aposta arriscada mas realizou um trabalho competente, seguindo-se Pako Ayestarán, capaz de guiar a equipa até ao 12.º lugar, num conjunto onde se destacou sobremaneira o ponta de lança Mario González, um verdadeiro achado que entretanto rumou a Braga.
    É natural que o Tondela sinta saudades do dianteiro espanhol - marcou 42% dos golos da equipa na Liga - podendo ressentir-se também o coração da defesa visto que o uruguaio Enzo Martínez terminou o seu empréstimo e o contrato de Yohan Tavares chegou ao fim, renovando apenas Ricardo Alves.
    Posto isto, é sensato esperar um futebol bem pensado a meio-campo através da conjugação de João Pedro, Tiago Dantas (época muito importante para o pequeno jogador que esteve em Munique) e Rafael Barbosa; Murillo e Salvador Agra continuarão a desequilibrar; acumulando-se mais dúvidas relativamente ao papel de novo matador: Rúben Fonseca quer fazer como sénior aquilo que fazia nos juniores do Feirense e do Tondela; o ex-Benfica Daniel dos Anjos ultrapassou um episódio de miocardite aguda; e o azeri Renat Dadashov (talento brutal mas difícil de domar) pode ser uma revelação se mantiver a cabeça no lugar.
    Há reforços para chegar e duas promessas dos grandes (Dantas e Eduardo Quaresma) para estimular, esperando-se no final da história uma manutenção com orçamento baixo e recursos tímidos.

Treinador: Pako Ayestarán
Onze-Base (4-3-3): Pedro Trigueira; Bebeto, E. Quaresma, Ricardo Alves, Khacef; João Pedro, Tiago Dantas, Rafael Barbosa; Murillo, Salvador Agra, Rúben Fonseca (Dadashov)

Atenção a: Tiago Dantas, João Pedro, Rúben Fonseca, Murillo, Pedro Trigueira

 VIZELA (15)

    Tal como aconteceu com o Arouca, o Vizela ascendeu à Liga Bwin após duas promoções consecutivas. Sempre com Álvaro Pacheco (Treinador que, no final da temporada, poderá ser um dos mais respeitados e elogiados) como timoneiro, a jornada que fez os vizelenses chegar à Primeira Liga - 36 anos depois - começou com um 1.º lugar na Série A do Campeonato de Portugal (19 vitórias, 3 empates e 3 derrotas em 25 jogos) e teve sequência num extraordinário 2.º lugar (18 vitórias, 12 empates e 4 derrotas em 34 jogos) na Segunda Liga, numa edição onde o Vizela acabou como melhor ataque com 59 golos. Ou seja, tudo somado, o ADN vencedor que o Vizela desenvolveu com o enigmático mister Álvaro Pacheco traduz-se, excluindo performances na taça, em: 37 vitórias, 15 empates e apenas 7 derrotas em 59 jogos. Dizem que nós somos os nossos hábitos...
    Dos jogadores que têm sido peças constantes ao longo da aventura, há que destacar Kiko Bondoso (o craque diferenciado de Moimenta da Beira é a prova de que há grandes talentos nos campeonatos secundários, e será seguramente um dos elementos com maiores doses de fantasia e gerador de entusiasmo nesta Liga 21-22) e Samu, atleta que cumpriu a sua formação entre FC Porto e Boavista.
    Os adeptos do Vizela torcerão para que Cassiano (16 golos na última época) continue com a sua veia goleadora, sendo certo que o reforço Guilherme Schettine também pode ser garantia de golos, caso apresente a sua melhor versão, já vista ao serviço do Santa Clara. Temos dúvidas sobre quem assumirá a baliza entre Ivo Gonçalves, Pedro Silva e Charles (no Marítimo alternou super-exibições e defesas impossíveis com erros difíceis de compreender), na defesa Aidara pode fazer-se acompanhar por Bruno Wilson, e no meio-campo a casa das máquinas (Marcos Paulo e Guzzo) contará também com o veterano Claudemir, ex-Braga e com passagens entre os mais diversos países.
    Em condições normais seria difícil para uma equipa que há 36 anos não estava entre os grandes do futebol nacional, e que em Março de 2020 estava a disputar o Campeonato de Portugal, resistir e assegurar a manutenção, mas acreditamos no projecto, no treinador e num plantel que, com uma ou outra afinação, pode complicar a vida a muitos emblemas teoricamente superiores.

Treinador: Álvaro Pacheco
Onze-Base (4-3-3): Ivo Gonçalves; Koffi (Igor Julião), Aidara, Bruno Wilson, Kiki Afonso; Marcos Paulo, Guzzo, Samu; Kiko Bondoso, Cassiano, Cann

Atenção a: Kiko Bondoso, Cassiano, Samu, Guilherme Schettine, Guzzo

 PORTIMONENSE (16)

    Nos últimos anos, o Portimonense tem conjugado quase sempre plantéis desequilibrados, algum desperdício de matéria-prima e negócios difíceis de explicar. Salvos na secretaria na transição de 19-20 para 20-21, os alvinegros têm melhorado com Paulo Sérgio mas fica sempre a ideia que, com a qualidade disponível no ataque, o clube de Portimão deveria respirar com outra tranquilidade. Afinal, estamos a falar do clube que teve Nakajima, Bruno Tabata ou Paulinho. 
    Porém, são vários os factores que nos fazem desconfiar e por isso apontamos novamente o Portimonense à emocionante e imprevisível luta para ficar acima da linha de água.
    Com muito samba, a bola tem sido sempre feliz nos pés de Lucas Fernandes (uma lesão impediu o seu contributo durante quase toda a época transacta) e Luquinha (o jogador do plantel que mais pode crescer esta época) e certamente conhecerá um novo amigo no reforço Carlinhos, jogador que já evidenciou a espaços o seu virtuosismo entre Vit. Setúbal e Estoril. Na baliza, a grave lesão de Samuel Portugal deve atirar Ricardo Ferreira para o 11, e na defesa Willyan é destaque habitual e Moufi dá muita profundidade ao longo do corredor direito, embora não seja certo que o marroquino continue por estas bandas até final de Agosto. Entre os médios, muito se deverá sentir a saída de Dener, capitão de equipa e figura de tremenda regularidade.
    Um dos mistérios do defeso chama-se Beto. Tudo levava a crer que o possante ponta de lança luso de 23 anos e 1,94m, autor de 11 golos na última época, seria motivo de aguerrida luta (os 3 grandes e outros emblemas estrangeiros) pelo seu passe, mas até ver nada aconteceu. A baixa classificação prevista para o Portimonense acaba por beber do facto de assumirmos que o promissor avançado ainda será transferido.
    Com ou sem Beto, haverá sempre vertigem e classe no ataque graças a Aylton Boa Morte e Fabrício, e da série "Como é que este jogador veio parar ao Portimonense?" teremos em 21-22 o capítulo Giannelli Imbula, sucessor de Jackson Martínez ou Marlos Moreno.

Treinador: Paulo Sérgio
Onze-Base (4-3-3): Ricardo Ferreira; Moufi, Lucas, Willyan, Candé; Pedro Sá, Lucas Fernandes, Luquinha (Carlinhos); Aylton Boa Morte, Fabrício, Beto

Atenção a: Beto, Luquinha, Lucas Fernandes, Fahd Moufi, Fabrício

 MARÍTIMO (17)

    Na última época, o Marítimo escapou ao Play-Off de promoção/ despromoção por 1 ponto. A temporada, a melhor de sempre para o representante dos Açores (Santa Clara) podia ter roubado à Liga as duas equipas da Madeira, acabando por cair apenas o Nacional. Ficou, porém, o aviso para o Marítimo, que desde a saída de Daniel Ramos (Junho de 2018) não voltou a encontrar estabilidade - Cláudio Braga esteve no clube 4 meses, Petit 8 meses, Nuno Manta Santos 4 meses, José Gomes 9 meses, Lito Vidigal 4 meses e Milton Mendes 3 meses. O hispânico Julio Velázquez, 3º treinador recrutado por Carlos Pereira em 20-21, está no clube insular desde Março e convém que a direcção não o "queime" à primeira oportunidade. O calendário complicado - sobretudo as primeiras nove jornadas - pode jogar contra.
    Com Velázquez, as equipas raramente jogam para o pontinho. Mas é inequívoco que o Marítimo tem um dos plantéis mais comprimidos ou menos profundos da Liga Bwin. A equipa perdeu não só Rodrigo Pinho (Benfica) mas também Correa, Renê, Hermes, Guitane, Jean e 2 guarda-redes (Charles e Amir). Passar de qualquer um destes guardiões para Miguel Silva, capaz de alternar exibições de mão cheia com episódios de brutal insegurança, parece-nos um passo atrás. E é fácil imaginar que Miguel Silva terá bastante com que se entreter quase todos os jogos.
    A defesa mantém Zainadine como principal esteio, e no meio-campo 21-22 pedirá a Pelágio e Diogo Mendes alguma omnipresença. O italiano Stefano Beltrame deixou bons apontamentos na recta final da época passada, e Bruno Xadas (contratado em definitivo) ainda vai mais do que a tempo para ser o craque da equipa, tendo reportório técnico para inspirar os colegas.
    Caso a opção seja o 4-4-2, Rúben Macedo deverá ter bastantes minutos, até porque Edgar Costa já vai com 34 anos, e na hora de atirar à baliza os insulares depositam grandes esperanças no camaronês Joel Tagueu, que muito tem rendido com Velázquez, com desempenhos individuais decisivos para a manutenção. Por fim, uma menção ao grande reforço deste Marítimo: André Vidigal. O desconcertante ex-Estoril, que enverga a camisola 7, acrescentará capacidade em situações de 1 para 1 e confiamos nele para ser muitas vezes o "abre-latas" de serviço.
    Será, julgamos, uma temporada idêntica à anterior - sofrida até aos instantes finais.

Treinador: Julio Velázquez
Onze-Base (4-4-2): Miguel Silva; C. Winck, Zainadine, Matheus Costa, Fábio China; Diogo Mendes, Pelágio, Xadas (Rúben Macedo), Edgar Costa; Joel Tagueu, André Vidigal

Atenção a: André Vidigal, Joel Tagueu, Bruno Xadas, Rúben Macedo, Pelágio

 AROUCA (18)

    Que montanha russa de emoções viveu o Arouca nas últimas épocas! Depois de 4 épocas na I Liga entre 13-14 e 16-17 (um período que incluiu um histórico 5.º lugar com Lito Vidigal no comando), o Arouca chegou a descer à Série B do Campeonato de Portugal mas num ápice está de regresso ao primeiro escalão: triunfou no Campeonato de Portugal em 19-20 e na temporada passada ficou em 3.º na Liga SABSEG, derrotando o Rio Ave sem margem de discussão (duas vitórias por 3-0 e 2-0) no Play-Off de promoção/ despromoção. É importante notar e ter presente que jogadores como Victor Braga, João Basso, Thales, Pedro Moreira, André Silva, Adílio ou Bukia mantiveram-se nos quadros do clube durante esta escalada, conhecendo assim 3 diferentes escalões do futebol português.
    Armando Evangelista é o homem que trouxe o Arouca à Liga Bwin, sendo o técnico de 47 anos hoje muito mais treinador do que em 15-16 quando a sua fugaz experiência no Vit. Guimarães não correu bem.
    O espanhol Eugeni Valderrama foi o principal reforço da equipa de Aveiro, que apostou essencialmente na preservação dos heróis que em 2 anos conseguiram duas promoções. Podem-se esperar exibições dominantes de Victor Braga entre os postes, tendo à sua frente uma defesa liderada pelo capitão Thales onde se têm destacado os números do central goleador João Basso. Pedro Moreira e Leandro Silva, dois jogadores com passado de Porto B, garantem um meio-campo em alta rotação, e na frente - onde talvez falte algum poder de fogo - Arsénio e Bukia acabaram na shortlist de 10 candidatos a MVP da II Liga, embora seja sobre André Silva que recaem as nossas maiores expectativas. Em suma, temos neste Arouca um balneário forte e estável, prometendo ser um osso duro de roer em todos os jogos, mas parecendo o tipo de equipa que andará a lutar pela manutenção até ao fim.

Treinador: Armando Evangelista
Onze-Base (4-3-3): Victor Braga; Thales, João Basso, Velázquez, M. Quaresma (Joel Ferreira); Pedro Moreira, Leandro Silva, Eugeni; André Silva, Arsénio, Bukia (Adílio)

Atenção a: André Silva, Bukia, Eugeni, João Basso, Victor Braga



por Miguel Pontares e Tiago Moreira