Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

10 de junho de 2021

Euro 2020: Previsão Grupo F

Na véspera do arranque do Euro 2020 (disputado em 2021), encerramos a nossa análise detalhada a cada um dos grupos da competição. Nela procurámos realizar uma sumária retrospectiva do apuramento de cada selecção, identificando forças e fraquezas, esquematizando como deve jogar cada equipa, até que fase imaginamos que chegue e que jogadores devem ser tidos em conta.
    Neste torneio disputado em 11 cidades diferentes (Londres, Roma, Sevilha, Munique, Amesterdão, Glasgow, Copenhaga, Budapeste, Bucareste, São Petersburgo e Baku) espalhadas por toda a Europa, no Grupo F o "factor casa" pertence à Alemanha e à Hungria, com a Baviera a acolher a selecção germânica durante toda a fase de grupos.

    O Grupo F é o Grupo de Portugal e é, indiscutivelmente, o "grupo da morte". No entanto, acreditamos que não morra ninguém. E assim deve ser: se pensarmos que os melhores terceiros poderão ser equipas com 3 ou 4 pontos, basta por exemplo que os 3 favoritos vençam todos a Hungria e se verifique pelo menos um empate nos jogos entre si, ou que goleiem todos a Hungria e o 3.º classificado perca dois jogos pela margem mínima, e devem seguir todos para os oitavos.
    O campeão da Europa em título (sim, somos nós), que arrecadou também uma Liga das Nações, e os 2 últimos campeões do mundo. Difícil pedir melhor. Neste Grupo F, que acreditamos que até possa gerar 3 dos 4 semi-finalistas, há Ronaldo e há Mbappé, há Neuer e há Kanté, há Rúben Dias, Kimmich e Kroos. E até há Benzema.

    Mas vamos por partes. A Hungria, que há cinco anos empatou 3-3 com Portugal na fase de grupos, chega a esta fase final sem o seu melhor jogador (Szoboszlai) e tudo fará para encher páginas de jornais ao ajudar a tombar um gigante. A Alemanha por sua vez atravessa um momento de gritante imprevisibilidade - no Mundial 2018 ficou em último num grupo com Suécia, México e Coreia do Sul, na qualificação para este Euro chegou a perder em casa com a Holanda por 4-2, na Liga das Nações deixou-se atropelar pela Espanha (6-0) e já em 2021 chegou mesmo a registar uma chocante derrota caseira frente à Macedónia do Norte por 2-1. Löw repescou Hummels e Müller e já tem as malas feitas, com Hans-Dieter Flick confirmado como sucessor; é compreensível o sentimento geral de desconfiança em relação à Mannschaft, mas abaixo argumentamos e vemos as coisas das várias perspectivas.
    A França é campeã do mundo em título e, para a generalidade dos adeptos, é a favorita nº 1 à vitória neste Euro 2020. Falar desta França é falar de uma formação onde não houve espaço para Aouar, Theo Hernández, Upamecano e Camavinga, é falar de um ataque reforçado com Karim Benzema, é falar de uma equipa talhada para jogos a eliminar, dotada fisica, técnica e tacticamente, de fácil adaptação a qualquer oponente e que joga com 12 porque tem N'Golo Kanté.

    Portugal não tem Éder, mas tem uma equipa muito superior à de 2016: quem tem Ronaldo, Bernardo, Bruno Fernandes e Diogo Jota pode jogar olhos nos olhos com qualquer equipa, mas é possível que a Selecção das Quinas volte a ser uma equipa pouco vibrante mas muito eficaz; temos um excelente registo em Campeonatos da Europa (meias-finais em 2000, finalista em 2004, meias-finais em 2012 e vencedor em 2016) e com Fernando Santos são muitas as vezes em que não somos claramente superiores a quem temos pela frente, mas é muito muito complicado Portugal ser inferior a alguém.

Votos de um grande Euro 2020, e que ganhe Portugal! Fiquem então com a previsão deste Grupo F:


1. FRANÇA  
(Previsão: Vencedor)

  • Guarda-Redes: Hugo Lloris (Tottenham), Mike Maignan (Lille), Steve Mandanda (Marselha)
  • Defesas: Benjamin Pavard (Bayern Munique), Léo Dubois (Lyon), Raphael Varane (Real Madrid), Kurt Zouma (Chelsea), Jules Koundé (Sevilha), Presnel Kimpembe (PSG), Clément Lenglet (Barcelona), Lucas Hernández (Bayern Munique), Lucas Digne (Everton)
  • Médios: N'Golo Kanté (Chelsea), Paul Pogba (Manchester United), Corentin Tolisso (Bayern Munique), Adrien Rabiot (Juventus), Moussa Sissoko (Tottenham)
  • Extremos/ Avançados: Thomas Lemar (Atlético Madrid), Ousmane Dembélé (Barcelona), Marcus Thuram (Gladbach), Kingsley Coman (Bayern Munique), Antoine Griezmann (Barcelona), Olivier Giroud (Chelsea), Wissam Ben Yedder (Mónaco), Karim Benzema (Real Madrid), Kylian Mbappé (PSG)
Seleccionador: Didier Deschamps;
Ausências: Dayot Upamecano, Theo Hernández, Houssem Aouar, Eduardo Camavinga

Forças: N'Golo Kanté; Factor Benzema é um reforço na motivação do balneário, sobretudo de jogadores como Mbappé e Griezmann, ansiosos de se divertir em campo com o craque do Real Madrid; Difícil atrair a França e deixá-la exposta e desequilibrada;
Fraquezas: Balneário instável, como ficou provado com as recentes declarações de Giroud; Varane realizou uma época fraca, e Kimpembe está longe de ser um central à prova de erros; Ego de Pogba pode partir a equipa, se o médio de 28 anos quiser trabalhar menos e divertir-se mais. 

Equipa-Base (4-3-1-2): Lloris; Pavard, Varane, Kimpembe, L. Hernández; Kanté, Pogba, Rabiot (Tolisso); Griezmann; Mbappé, Benzema

Os campeões do mundo entram neste Euro 2020 com o estatuto de favoritos, e Deschamps deverá repetir 8 titulares da selecção mais consistente há três anos na Rússia.
    As nuances tácticas deste França, equipa completa e montada para dificilmente perder o equilíbrio, garantindo em simultâneo que os seus 2 principais desequilibradores (Griezmann e Mbappé) se mantêm frescos, são fáceis de identificar mas difíceis de contrariar.
    Num 4-3-1-2 que potencia a óptima leitura de Griezmann (no conjunto do Euro 2016 + Mundial 2018, nenhum jogador foi tão regular num nível tão alto) a surgir entre linhas, os franceses mantêm Lloris, Pavard, Varane e Lucas Hernández no sector defensivo, surgindo apenas Kimpembe (gostamos mais de Koundé) como novidade no lugar que outrora pertencia a Umtiti. De resto, o facto da França jogar com 2 laterais que também são centrais mostra bem a obsessão de Deschamps em não deixar a equipa descompensada.
    Claro está que qualquer equipa que conte com N'Golo Kanté sabe que pode abusar um bocadinho à frente e suspeitamos que a inclusão de Benzema na equipa possa levar a que se note mais Kanté, a salvar a equipa na sequência de um maior entusiasmo de Griezmann, Mbappé e Pogba nas combinações com o avançado do Real Madrid, homem que traz futebol de rua e imprevisibilidade. Manter Pogba comprometido, "amarrado" qb e sem estar de ego ferido ao ser porventura apenas a 4.ª figura da selecção será crucial, surgindo apenas como dúvida quem será o herdeiro de Matuidi - Rabiot leva vantagem, mas Tolisso esteve bem nos amigáveis recentes nessa posição e pode ser considerado.
    No L'Equipe, os adeptos franceses pediram um 11 com menos um médio (Rabiot/ Tolisso) e com Coman presente em campo, mas essa solução mais ofensiva será apenas um Plano B para o seleccionador. Na frente, espera-se grande química e muitos problemas para os adversários com Griezmann, Mbappé e Benzema a formarem o trio de ataque mais complicado de anular neste Europeu.

Destaques Individuais (Previsão):


    Torcemos para que assim não seja, mas perspectivando este Euro 2020 com cabeça a França é a principal favorita à vitória. E se o MVP da competição sair dos gauleses, vemos 4 diferentes narrativas com mais força: 1) N'Golo Kanté fechou a época em altas, brilhando na final da Champions e nas meias-finais, é um amor de pessoa, vale por 2 em campo e será peça-chave e bombeiro numa equipa que pode ficar mais distraída e fascinada ao ver integrada a classe de Benzema; 2) Kylian Mbappé é o herdeiro legítimo de Ronaldo e Messi, venceu um Mundial com 19 anos e aos 22 é o grande craque desta França, esperando-se muitas arrancadas imparáveis, muitos golos e super-exibições como aquele jogo de 2018 contra a Argentina; 3) Deschamps deu nova oportunidade a Karim Benzema e o avançado do Real Madrid vai elevar o jogo dos seus colegas de ataque, estando todo o planeta futebol deliciado com esta segunda vida do franco-argelino; 4) Antoine Griezmann é actor secundário em Barcelona, mas sempre que chega à selecção francesa e principalmente às fases finais joga que se farta. No somatório de 2016 e 2018 nenhum jogador europeu somou tantas performances num nível tão alto, e o mais certo é que a tendência se mantenha.
    O quarteto fantástico está apresentado, a França conta ainda com Pogba e pode atirar para jogo quando quiser os desconcertantes Coman e Dembélé. Parece-nos, porém, que um bom trajecto francês implicará sempre Raphaël Varane como esteio defensivo, algo que a acontecer seria em contramão com a época realizada em Madrid pelo central de 28 anos. Entre os laterais, Pavard esteve melhor em 2018 mas desta vez temos um feeling maior em relação a Lucas Hernández.


2. ALEMANHA  
(Previsão: Finalista vencido)

  • Guarda-Redes: Manuel Neuer (Bayern Munique), Bernd Leno (Arsenal), Kevin Trapp (Eintracht Frankfurt)
  • Defesas: Lukas Klostermann (RB Leipzig), Robin Koch (Leeds United), Matthias Ginter (Gladbach), Mats Hummels (Borussia Dortmund), Antonio Rüdiger (Chelsea), Niklas Süle (Bayern Munique), Marcel Halstenberg (RB Leipzig), Robin Gosens (Atalanta), Christian Günter (Friburgo)
  • Médios: Emre Can (Borussia Dortmund), Joshua Kimmich (Bayern Munique), Florian Neuhaus (Gladbach), Toni Kroos (Real Madrid), Ilkay Gündogan (Manchester City), Leon Goretkza (Bayern Munique), Jonas Hofmann (Gladbach)
  • Extremos/ Avançados: Kai Havertz (Chelsea), Sèrge Gnabry (Bayern Munique), Jamal Musiala (Bayern Munique), Timo Werner (Chelsea), Thomas Müller (Bayern Munique), Kevin Volland (Mónaco), Leroy Sané (Bayern Munique)
Seleccionador: Joachim Löw;
Baixa: Marc-André Ter Stegen.

Forças: Possibilidade de fazer o transfer da base do Bayern Munique; 3 jogos da fase de grupos na Allianz Arena; Melhor guarda-redes entre as 24 equipas; 3-4-1-2 dificulta aos adversários anular a preponderância de Kroos e Kimmich;
Fraquezas: Histórico recente de grande desnorte e vulnerabilidade; 3-4-1-2 parece perfeito em teoria mas não é um esquema com anos de rodagem; Dúvidas sobre a fé que os jogadores depositam nas ideias de Löw.

Equipa-Base (3-4-1-2): Neuer; Ginter (Süle), Hummels, Rüdiger; Kimmich, Kroos, Gündogan, Gosens; Müller; Havertz (Sané), Gnabry (Werner)

Nos últimos anos, a Alemanha tem deixado em campo claros sinais de desnorte e vulnerabilidade. Löw tem inventado e inventado, sem sucesso, mas uma inspiração, a que também poderemos chamar uma pequena cópia do 3-4-1-2 do Chelsea de Thomas Tuchel, pode ter salvo a Mannschaft mesmo a tempo.
    Há um dado que distingue esta Alemanha de todos os outros principais candidatos e que não deve ser ignorado: com Neuer, Süle, Kimmich, Goretkza, Müller, Gnabry e Sané, os germânicos têm a vantagem de ter a base de um clube importada para a selecção, com tudo o que isso significa a nível de rotinas, e tendo especial importância uma vez que o Bayern Munique é uma das melhores equipas da actualidade. Além dos 7 jogadores referidos, mesmo Hummels e Kroos já não jogam em Munique (cidade e estádio que acolhe os 3 jogos da Alemanha) mas já jogaram no Bayern.
    Se em 4-3-3 havia uma série de dúvidas para Löw e a defesa parecia sempre excessivamente desprotegida, além de por exemplo Müller (reintegrado, tal como Hummels) não ser potenciado a 100%, o 3-4-1-2 resolve muita coisa.
    Visto que a Eslovénia de Oblak não marca presença neste Euro, pode-se considerar Neuer o melhor guarda-redes deste Euro 2020, e se a defesa actuar de facto com 3 centrais, além de Hummels e Rüdiger (óptimo ano no Chelsea), Ginter pode ter vantagem sobre Süle por conferir maior dinâmica e flexibilidade ao tabuleiro germânico. O sistema ganha muito com Kimmich e Gosens como alas, deixando Kroos como cérebro e Gündogan como seu colega de sector, podendo fazer mais sentido Goretkza para essa posição pela sua dimensão física superior.
    E se Tuchel aposta no Chelsea em Mount no apoio a Werner e Havertz, Löw tem a oportunidade de deixar Thomas Müller a assistir uma dupla que pode ser composta precisamente pelos homens do Chelsea, esfomeados para se redimirem depois de uma temporada que acabou em glória clubística mas que em que ficaram ambos bem abaixo das expectativas, sem esquecer os extremos do Bayern, Gnabry e Sané. A dupla que nos parece mais perigosa neste esquema? Gnabry e Havertz.

Destaques Individuais (Previsão):


    No estudo das várias selecções, é fácil identificar e elencar claras razões para confiar na França, em Portugal e na Itália. Na Alemanha... não tanto. Ao contrário das restantes 3 selecções, a eleição da Alemanha como semifinalista sustenta-se muito mais no instinto, apoiada pelo factor Bayern Munique e também pelo factor casa na fase de grupos. A Mannschaft até pode acabar este Grupo F em 1.º, mas também pode terminar em terceiro. Ou não fosse o "grupo da morte".
    Caso Joachim Löw mantenha o recente 3-4-1-2 em que tudo de repente parece ganhar sentido, Joshua Kimmich e Toni Kroos podem ser 2 dos principais destaques da competição, num esquema em que se torna bastante mais difícil para os adversários condicionar a influência de ambos (dois atletas singulares a nível de QI futebolístico) na engrenagem alemã.
    Thomas Müller tem 10 golos em mundiais, mas nunca marcou num Europeu. Aos 31 anos, quer corrigir isso e mostrar o quanto a Alemanha ficou a perder quando Löw o afastou. Poucos jogadores na actualidade assistem como ele (claro que quando se tem Lewandowski como destino da bola é normal que os números sejam altos) e se tiver como função jogar nas costas de 2 avançados móveis, vemo-lo a fazer mossa.
    A defesa alemã deixa-nos de pé atrás, mas Manuel Neuer é um dos melhores (será entre ele e Courtois) ou mesmo o melhor guarda-redes entre os presentes nesta competição e um senhor como ele faz toda a diferença nos grandes jogos. Uma vez mais, apoiados na ideia de que o 3-4-1-2 é para manter, Robin Gosens terá carta branca para correr e correr pelo flanco esquerdo, entrando pela grande área com frequência e tentando imitar os números que atinge pela Atalanta, e na dupla da frente, Gnabry é a aposta mais segura mas algo nos diz que o elegante Kai Havertz (não esquecer que praticou o melhor futebol da sua curta carreira como falso 9 no Leverkusen), autor do golo da final da Champions, pode-se afirmar como um dos jovens da competição.


3. PORTUGAL  
(Previsão: Meias-finais, eliminado pela Alemanha)

  • Guarda-Redes: Rui Patrício (Wolves), Anthony Lopes (Lyon), Rui Silva (Granada)
  • Defesas: João Cancelo (Manchester City), Nélson Semedo (Wolves), Rúben Dias (Manchester City), Pepe (Porto), José Fonte (Lille), Raphael Guerreiro (Borussia Dortmund), Nuno Mendes (Sporting)
  • Médios: João Palhinha (Sporting), Danilo Pereira (PSG), William Carvalho (Bétis), Rúben Neves (Wolves), João Moutinho (Wolves), Renato Sanches (Lille), Sérgio Oliveira (Porto), Bruno Fernandes (Manchester United)
  • Extremos/ Avançados: Bernardo Silva (Manchester City), Pedro Gonçalves (Sporting), Rafa (Benfica), Gonçalo Guedes (Valência), Diogo Jota (Liverpool), Cristiano Ronaldo (Juventus), João Félix (Atlético Madrid), André Silva (Eintracht Frankfurt)
Seleccionador: Fernando Santos;
Baixa: Pedro Neto.

Forças: Melhor dupla de centrais do Euro 2020; Mentalidade vencedora garantida com Ronaldo, Rúben Dias, Pepe e Bruno Fernandes; Geração claramente superior à de 2016, sabe sofrer e fechar os caminhos para a baliza, mas conta com velocidade e criatividade na frente;
Fraquezas: Melhor 11 deve ser encontrado e ajustado ao longo da competição; Perseguição de CR7 ao recorde de Ali Daei servirá de motivação mas pode prejudicar a tomada de decisões; Titularidade de Raphael Guerreiro contra algumas selecções é um convite à exploração das suas costas;

Equipa-Base (4-3-3): Rui Patrício; J. Cancelo, Rúben Dias, Pepe, R. Guerreiro (N. Mendes); Danilo (João Palhinha), R. Sanches, B. Fernandes; Bernardo, Diogo Jota, C. Ronaldo

Que sejamos bicampeões e que Fernando Santos deixe de fumar! Desde que FS abraçou o desafio de ser seleccionador nacional em 2014, Portugal perdeu por 12 vezes em 84 jogos. No entanto, 8 dessas derrotas aconteceram em jogos amigáveis, o que significa que apenas França (Liga das Nações), Ucrânia (Qualificação Euro 2020), Uruguai (Mundial 2018) e Suiça (Qualificação Mundial 2018) derrotaram a Selecção das Quinas. Apenas uma derrota em fases finais.
    Embora Portugal tenha obrigação de praticar um melhor futebol (pela brutal qualidade do elenco actual e porque qualquer equipa que jogue bem está sempre mais perto de ganhar) estamos preparados para que a selecção não nos preencha como as de 2000 ou 2004, mas saiba sofrer, lutar e matar na Hora H.
    Num 4-3-3 sem grandes segredos, Portugal deve ver o seu 11 afinado à medida que o Euro 2020 se desenrolar, sendo provável a fixação de Nuno Mendes como titular e a gradual estabilização da melhor fórmula para o trio de médios, com 5 jogadores (Danilo, Palhinha, William, Neves e Renato) interessados em garantir lugar na dupla de médios que farão companhia a Bruno Fernandes.
    Com a melhor dupla de centrais do Euro 2020 (Rúben Dias e Pepe) a poder revelar-se um factor muito importante, Portugal procurará cruzar apenas através dos seus laterais subidos, transportando em transição com Bernardo ou Renato (quando for titular) e apostando forte na flutuação táctica e comunicação de Ronaldo e Diogo Jota. Bruno Fernandes é o wildcard da equipa, importando que não acuse o cansaço (acabou a época completamente rebentado) e que repita o que fez no amigável contra Israel, conseguindo dar continuidade à importância que tem tido nos seus clubes, um nível que quase nunca tem apresentado ao vestir a camisola da selecção. André Silva e João Félix são excelentes opções para poder lançar.

Destaques Individuais (Previsão):


Portugal tem equipa para se bater com qualquer selecção neste Euro 2020 e, somando tudo o que deve ser ponderado, é realista considerar Portugal, detentor do troféu, um dos 4 principais candidatos a chegar à final. Na nossa previsão, deixamos a Selecção das Quinas nas meias-finais, mas torceremos para estar enganados.
    Um dos desafios da nossa Selecção neste Campeonato da Europa é saber jogar sem Cristiano Ronaldo - com jogadores como Bruno Fernandes e Bernardo Silva a assumirem maiores responsabilidades - mas tendo Ronaldo em campo também. O capitão português quer acima de tudo ser bicampeão, sem se ver obrigado a abandonar o jogo decisivo em lágrimas, mas terá metas individuais: basta-lhe 1 golo para desempatar com Platini e tornar-se o maior goleador de sempre em europeus (com a diferença que Platini marcou 9 no Euro 84 e Ronaldo marcou 9 distribuídos entre 2004, 2008, 2012 e 2016) e actualmente com 104 golos está a cinco do recorde do iraniano Ali Daei nas selecções. Quer isto dizer que, se por exemplo Ronaldo marcar 2 golos à Hungria na jornada inaugural, a imprensa portuguesa vai garantidamente passar o resto da competição obcecada com a contagem decrescente até o recorde ser igualado ou ultrapassado. Desde que não afecte o futebol da selecção e motive CR7, nada contra.
    Ronaldo está com 36 anos e já sabe o que é ser campeão europeu, mas há 5 craques portugueses que ainda não sentiram esse gosto e têm todos capacidade para brilhar: Diogo Jota pode ser o grande destaque português, parecendo-nos o tipo de jogador que jamais se esconderá nos momentos difíceis, podendo beneficiar da sua óptima leitura a decidir quando aparecer nas costas e da marcação mais cerrada que será feita a Ronaldo; Rúben Dias foi o melhor central do futebol europeu em 2020/ 21 e esperamos que a sua parceria com Pepe seja um dos alicerces da nossa Selecção; Bernardo Silva já estava na órbita da Selecção A em 2016, ao contrário de outros, mas falhou a competição por lesão. O 10 português é o jogador mais mágico e tecnicista e, não tendo realizado uma temporada tão exuberante como outros, pode crescer agora, sendo o jogador "do passe para o passe". Bruno Fernandes é para nós a grande dúvida - carregava o Sporting, carrega o United, mas costuma desaparecer quando joga por Portugal. Oxalá não acuse o desgaste da época que realizou em Manchester e faça muitos jogos no nível que exibiu no particular com Israel. E João Cancelo foi o melhor lateral da Premier League e quererá ser um dos melhores laterais deste Euro 2020. É natural que Portugal canalize muito do seu jogo pela direita, procurando que o lado esquerdo seja o quadrante de concretização e nesse sentido Cancelo pode emergir como o principal desequilibrador português.
    Além de tudo isto, o júnior Nuno Mendes é menino para conquistar a titularidade durante a fase de grupos, e no meio-campo temos curiosidade principalmente para acompanhar o equilíbrio e as diferentes soluções que Rúben Neves oferece e o suplemento vitamínico que Renato Sanches poderá ser, pontualmente, para a equipa.


4. HUNGRIA  


  • Guarda-Redes: Peter Gulácsi (RB Leipzig), Ádám Bogdán (Ferencváros), Dénes Dibusz (Ferencváros)
  • Defesas: Loïc Négo (MOL Fehérvár), Gergö Lovrencsics (Ferencváros), Bengedúz Bolla (MOL Fehérvár), Endre Botka (Ferencváros), Willi Orbán (RB Leipzig), Ákos Kecskés (FC Lugano), Ádám Lang (Omonia) Attila Szalai (Fenerbahçe), Attila Fiola (MOL Fehérvár)
  • Médios: Kevin Varga (Kasimpasa), Ádám Nagy (Bristol City), Dániel Gazdag (Philadelphia Union), Tamás Cseri (Mezokovesdi), András Schafer (FC DAC 1904), László Kleinheisler (NK Osijek)
  • Extremos/ Avançados: Roland Sallai (Friburgo) Filip Holender (Partizan), Szabolcs Schön (FC Dallas), Roland Varga (MTK), Csaba Hahn (Paksi), Nemanja Nikolic (MOL Fehérvár), Ádám Szalai (Mainz)
Seleccionador: Marco Rossi;
Baixa: Dominik Szoboszlai

Forças: Puskas Arena (único estádio do Euro 2020 com lotação permitida de 100%) contra Portugal e França; Gulácsi é um bom guarda-redes de engate; Nada a perder;
Fraquezas: Sem Szoboszlai a equipa perde magia, transporte e possibilidade de resolver jogos à lei da bomba; Há ouro para explorar nos canais entre Négo e Botka e entre Holender e Attila Szalai;

Equipa-Base (3-4-1-2): Gulácsi; Botka (Lang), Orban, Szalai; Négo, Nagy, Kleinheisler, Holender; Sallai; Szalai, Nikolic

A Hungria teve o azar de calhar num grupo com 3 equipas que apontamos às meias-finais deste Euro 2020. Perante as circunstâncias, os comandados de Marco Rossi são a selecção com menos responsabilidades neste Euro 2020 (até a Finlândia e a Macedónia do Norte têm mais pressão), beneficiando ainda de uma Puskas Arena com capacidade de quase 70 mil espectadores a seu favor contra Portugal e França.
    É lamentável que Szoboszlai (será a referência desta Hungria na próxima década) não tenha recuperado a tempo, e convém relembrar que actualmente esta selecção já não conta com Dzsudzsak e Gera, dois dos seus melhores jogadores num passado recente, e os responsáveis pelos 3 golos marcados contra Portugal naquele 3-3 de loucos em 2016.
    Com o intuito de estragar as contas dos 3 favoritos, a Hungria actuará com 3 centrais, destacando-se nos primeiros metros dois atletas do Leipzig, Gulácsi (será seguramente muito testado neste Grupo F) e Orban; no meio-campo, Nagy e Kleinheisler são os jogadores mais esclarecidos com bola e o posicionamento de Sallai será a principal particularidade a ter em atenção, baixando o jogador do Friburgo em relação à linha de Szalai e Nikolic. No entanto, temos dúvidas que a Hungria insista na sua opção habitual de alinhar com 2 avançados em todos os jogos desta fase de grupos.

Destaques Individuais (Previsão):


    Numa Hungria órfã do seu verdadeiro craque (Dominik Szoboszlai), o mais certo é que os destaques individuais sejam pouco expressivos, com cada jogo a ser um tremendo e exigente teste à capacidade húngara de se aguentar viva no jogo e sem golos sofridos.
    Numa óptica de adiar o golo e tentar enervar portugueses, franceses e alemães, Peter Gulácsi terá uma palavra a dizer. Há 3 anos era Király o guardião húngaro, e nessa posição o jogador do Leipzig representa um evidente upgrade. Que seja homem do jogo em algum encontro, mas que não seja contra nós.
    Figura central no comportamento táctico da formação de Marco Rossi, o amadurecido-mas-longe-de-corresponder-ao-seu-potencial Ádám Nagy pode voltar a ganhar cotação, tal como quando se deu a conhecer ao mundo em 2016, e Roland Sallai (bom final de época na Bundesliga) é capaz de representar o maior perigo ao ser menos policiado do que Szalai.


9 de junho de 2021

Euro 2020: Previsão Grupo E

A dois dias do arranque do Euro 2020 (disputado em 2021), prosseguimos a nossa análise detalhada a cada um dos grupos da competição. Pretendemos realizar uma sumária retrospectiva do apuramento de cada selecção, identificando forças e fraquezas, esquematizando como deve jogar cada equipa, até que fase imaginamos que chegue e que jogadores devem ser tidos em conta.
    Neste torneio disputado em 11 cidades diferentes (Londres, Roma, Sevilha, Munique, Amesterdão, Glasgow, Copenhaga, Budapeste, Bucareste, São Petersburgo e Baku) espalhadas por toda a Europa, no Grupo E o "factor casa" pertence à Espanha, uma vez que os jogos serão disputados em Sevilha e em São Petersburgo, cidade russa que também acolhe alguns jogos do Grupo B.

    Ao contrário do Grupo D, que analisámos ontem, o E é talvez o grupo que menos nos encanta. Bem longe do nível de 2008, 2010 e 2012, a Espanha tem visto os seus símbolos terminarem as suas carreiras, iniciando-se agora um ciclo novo. Da velha guarda, Sergio Ramos deveria ser o último grande resistente mas Luis Enrique não perdoou o facto do capitão ter disputado apenas 5 jogos em 2021; Sergio Busquets herdou assim a braçadeira, mas um teste positivo à Covid-19 marginalizou-o, deixando o universo espanhol assustado com um eventual surto. Ironicamente, Luis Enrique (um dos treinadores mais capazes neste Euro 2020) optou por abdicar da chance de convocar 26 jogadores, chamando apenas 24 para em cada jogo ter apenas o 3.º guarda-redes na bancada, mas acabou a ligar de emergência a 5 jogadores para acautelar qualquer desenvolvimento infeliz, acrescentando posteriormente 11 jogadores dos Sub-21 à "bolha" hispânica. A jornada inaugural tem no menu um Espanha-Suécia que está neste momento 2-2 em casos de Covid-19.
    No caminho até ao Euro, a Espanha não vacilou na qualificação, num grupo que incluía precisamente a Suécia (os espanhóis ganharam por 3-0 em casa e empataram 1-1 em Solna); mais relevante o 1.º lugar na Liga A da Liga das Nações, com uma goleada (6-0) diante da Alemanha como ponto alto e a lembrar os bons velhos tempos espanhóis.

    Junta-se à Espanha a Polónia, orientada pelo português Paulo Sousa e com o máximo goleador do planeta nas últimas duas épocas como estrela. As lesões de Milik e Piatek, que deveriam disputar a vaga ao lado de Robert Lewandowski, só acentuam a responsabilidade que o avançado do Bayern Munique terá na jornada do seu país. Mas se a Polónia pode contar com o seu maior craque, o mesmo não se pode dizer da Suécia, que viu o quase quarentão Zlatan regressar à selecção para depois acabar por falhar na Hora H, lesionado. Fecha o grupo a Eslováquia, que ultrapassou no play-off a República da Irlanda e a Irlanda do Norte, conseguindo assim bilhete para o lote de 24 equipas.

    Cá vai então a análise completa ao Grupo E:


1. ESPANHA  
(Previsão: Quartos-de-final, eliminada pela Alemanha)

  • Guarda-Redes: Unai Simón (Athletic Bilbao), David De Gea (Manchester United), Robert Sánchez (Brighton)
  • Defesas: Marcos Llorente (Atlético Madrid), César Azpilicueta (Chelsea), Éric García (Manchester City), Diego Llorente (Leeds United), Pau Torres (Villarreal), Aymeric Laporte (Manchester City), José Gayá (Valência), Jordi Alba (Barcelona)
  • Médios: Sergio Busquets (Barcelona), Rodri (Manchester City), Thiago Alcântara (Liverpool), Fábian Ruiz (Nápoles), Koke (Atlético Madrid), Pedri (Barcelona)
  • Extremos/ Avançados: Pablo Sarabia (PSG), Dani Olmo (RB Leipzig), Mikel Oyarzabal (Real Sociedad), Ferrán Torres (Manchester City), Adama Traoré (Wolves), Gerard Moreno (Villarreal) Álvaro Morata (Juventus)
Seleccionador: Luis Enrique;
Baixas: Sergio Ramos, Dani Carvajal; Ausências: Jesús Navas, Mario Hermoso, Angeliño, Iago Aspas

Forças: Óptima incorporação dos laterais no jogo ofensivo, bem temporizada; Thiago Alcântara é um pensador com características únicas; Não se espera qualquer timidez de Dani Olmo, Ferrán, Pedri e Gerard Moreno; 
Fraquezas: Dupla Laporte-Pau sem rotinas, com o central do City algo desconfortável ao actuar do lado direito; Falta de liderança ou voz de comando; Morata não é garantia de golos. 

Equipa-Base (4-3-3): U. Simón; M. Llorente, Laporte, P. Torres, Alba (Gayá); Rodri, Thiago, Fábian (Pedri); F. Torres, Dani Olmo, G. Moreno (Morata)

Se algumas das selecções mais cotadas e candidatas à vitória poderão evidenciar bastante flexibilidade táctica neste Euro, da parte da Espanha não há margem para dúvidas e o 4-3-3 é sagrado.
    Com Luis Enrique, é natural que a Espanha domine a posse de bola em todos os jogos das fase de grupos, mas procurando maior vertigem sem mastigar demasiado o jogo. A principal arma desta equipa é a forma como incorpora os laterais no último terço, com Jordi Alba/ Gayá à esquerda e o adaptado Marcos Llorente à direita como peças-chave num esquema em que a pauta pertence ao maestro Thiago Alcântara.
    Olhando para o 11, espera-se a titularidade de Unai Simón, com De Gea a ser encostado para o banco, e na defesa Luis Enrique deve apostar em dois centrais esquerdinos, Pau Torres e Laporte (Eric García também é hipótese). O teste positivo de Busquets ajudou a resolver quaisquer dúvidas que o seleccionador podia ainda ter no duelo entre o médio defensivo do Barcelona e Rodri, com Thiago absolutamente indiscutível no trio de médios, faltando apenas perceber se a titularidade será dada depois a Fabián Ruiz, Koke ou Pedri. O nosso instinto diz-nos que Fabián deve começar, mas o diamante Pedri deve acabar por conquistar o seu espaço no 11 à medida que a competição se desenrolar.
    No trio de ataque, perdura ainda uma questão: será que Luis Enrique vai insistir em manter Morata como avançado centro? Achamos que essa insistência pode eventualmente ter o seu preço, parecendo a Espanha um animal mais perigoso com Gerard Moreno em substituição do dianteiro da Juventus, acompanhado por Ferrán Torres e Dani Olmo.

Destaques Individuais (Previsão):


    Achamos difícil que a Espanha atinja as meias-finais da competição, parecendo-nos uma eliminação nos quartos-de-final o cenário mais provável. Isto, claro está, se a Covid-19 (apanhou Busquets e Diego Llorente) não proliferar no seio do grupo.
    Se tudo correr como todos desejamos e não se registarem mais baixas de última hora, Thiago Alcântara é o farol criativo desta Espanha e o epicentro e cérebro de todo o jogo. Após adaptação complicada ao Liverpool e à Premier League, Thiago tem neste Euro uma hipótese de reescrever a sua história nas páginas de 2020/ 21, num ecossistema onde se sente bem mais cómodo.
    À partida, a Espanha deve cumprir na fase de grupos e Gerard Moreno é uma das nossas principais apostas, merecendo conquistar a titularidade habitualmente entregue a Morata. Se Luis Enrique conciliar o avançado/ extremo direito do Villarreal com Ferrán Torres e Dani Olmo, a Espanha pode sonhar um bocadinho mais.
    Ultrapassámos a fase em que ficámos desagradados ao perceber que Marcos Llorente (12 golos e 11 assistências esta época pelo Atlético) seria mesmo adaptado a lateral direito, mas neste momento já nos rendemos à opção do seleccionador espanhol, e não será surpreendente se a locomotiva preferida de Simeone continuar a marcar e assistir, mesmo começando bem longe da baliza contrária. Finalmente, Pedri é a coqueluche de La Roja e, apesar de ter apenas 18 anos, é bem possível que conquiste a titularidade ao fim de 1 ou 2 jogos.


2. POLÓNIA  
(Previsão: Oitavos-de-Final, eliminada pela Croácia)

  • Guarda-Redes: Wojciech Szczesny (Juventus), Lukasz Fabianski (West Ham), Lukasz Skorupski (Bologna)
  • Defesas: Tomasz Kedziora (Dínamo Kiev), Bartosz Bereszynski (Sampdoria), Jan Bednarek (Southampton) Kamil Glik (Benevento), Pawel Dawidowicz (Hellas Verona) Michal Helik (Barnsley), Kamil Piatkowski (Raków), Maciej Rybus (Lokomotiv) Tymoteusz Puchacz (Lech Poznan)
  • Médios: Grzegorz Krychowiak (Lokomotiv), Mateusz Klich (Leeds United), Piotr Zielinski (Nápoles), Karol Linetty (Torino), Jakub Moder (Brighton), Kacper Kozlowski (Pogon Szczecin)
  • Extremos/ Avançados: Przemyslaw Placheta (Norwich), Kamil Jozwiak (Derby County), Przemyslaw Frankowski (Chicago Fire), Robert Lewandowski (Bayern Munique), Jakub Swierdzok (Piast Gliwice), Karol Swiderski (PAOK), David Kownacki (Fortuna Dusseldorf)
Seleccionador: Paulo Sousa;
Baixas: Krzysztof Piatek, Arkadiusz Milik

Forças: Neste momento, ninguém no mundo marca golos com a facilidade de Robert Lewandowski; Defesa imponente; Zielinski é habitualmente subvalorizado mas é a peça que pode fazer tudo funcionar;
Fraquezas: Dificuldade em criar elevado volume de oportunidades; Falta drible e jogo exterior.

Equipa-Base (4-4-2): Szczesny; Bereszynski, Glik, Bednarek, Rybus; Krychowiak, Klich, Zielinski, Jozwiak; Swiderski, Lewandowski

A Polónia do português Paulo Sousa não deverá desistir do seu 4-4-2, mesmo depois de perder por lesão Piatek e Milik. Caso o faça, poderá recorrer a um 3-5-2 onde Zielinski, mais solto, ganhará especial importância.
    Numa equipa a que seguramente falta um banco melhor, o antigo médio português há-de dormir descansado ao ver a equipa bem entregue ao triângulo Szczesny-Glik-Bednarek. O guarda-redes da Juventus é hoje muito mais jogador do que há uns anos atrás, Glik sabe sempre como se impor e Bednarek (8 anos mais novo do que o central do Benevento) iguala a concentração e determinação do veterano. Bereszynski e Rybus (será convidado a transportar jogo pelo seu corredor muitas vezes) ocupam as laterais desta Polónia, uma selecção muito mais forte a jogar por dentro do que por fora, possuindo vários médios centro, mas faltando um extremo desequilibrador e criativo, capaz de desmontar uma defesa. À falta de melhor, terá que ser Jozwiak a agigantar-se nesse papel.
    Quem tem Krychowiak, Klich, Moder ou Zielinski (a Polónia estará muito dependente da sua química com a dupla de ataque, e capacidade em ligar sectores) tem muito apoio para a defesa, e é possível que esta selecção acabe por dar maiores garantias - colectivamente - na sua disciplina e teimosia em manter a baliza sem golos sofridos do que propriamente na frente.
    Sem Milik e Piatek, Swiderski pode ver caída do céu a oportunidade da sua vida, servindo como fiel escudeiro de Robert Lewandowski. Temos dúvidas que a bola chegue muitas vezes em condições ao actual melhor jogador do mundo, mas acreditem que quase sempre que chegar lá, será golo.

Destaques Individuais (Previsão):


    Robert Lewandowski marcou 41 golos em 29 jogos da Bundesliga. Desde 2016, nas últimas seis épocas marcou em Munique 42, 43, 41, 40, 55 e 48 golos. O homem é uma máquina, mas na selecção não tem Müller, Kimmich ou Gnabry. Longe disso. O ponta de lança polaco, capitão de equipa, é o principal motivo pelo qual apontamos a Polónia ao 2.º posto (depois disso, a eliminação deve acontecer nos oitavos ou quartos-de-final no máximo) e Lewa sabe bem que, com o Euro a pesar muito na entrega da próxima Bola de Ouro, é crucial manter-se vivo com muitos golos agora no panorama internacional.
    Não havendo Milik e Piatek, que teriam o importante papel de retirar atenções do camisola 9, caberá claramente a Piotr Zielinski a tarefa de alimentar Lewandowski, actuando por certo como elemento mais liberto do meio-campo polaco. Na defesa, sector que achamos que poderá aparecer a bom nível, Jan Bednarek é o jogador em que confiamos mais.


3. SUÉCIA  

  • Guarda-Redes: Robin Olsen (Everton), Kristoffer Nordfeldt (Gençlerbirligi), Karl Johnsson (Copenhaga)
  • Defesas: Mikael Lustig (AIK), Emil Krafth (Newcastle), Victor Lindelof (Manchester United), Pontus Jansson (Brentford), Filip Helander (Rangers) Andreas Granqvist (Helsinborg), Marcus Danielsson (Dalian Pro), Ludwig Augustinsson (Werder Bremen) Martin Olsson (Hacken)
  • Médios: Gustav Svensson (Guangzhou), Jean Cajuste (Midtjylland), Albin Ekdal (Sampdoria), Mattias Svanberg (Bologna), Sebastian Larsson (AIK), Kristoffer Olsson (Krasnodar), Viktor Claesson (Krasnodar), Emil Forsberg (RB Leipzig)
  • Extremos: Dejan Kulusevski (Juventus), Ken Sema (Watford), Robin Quaison (Mainz), Jordan Larsson (Spartak Moscovo) Marcus Berg (Goteborg), Alexander Isak (Real Sociedad)
Seleccionador: Jan Andersson;
Baixa: Zlatan Ibrahimovic.

Forças: Equipa mais do que habituada ao 4-4-2; Augustinsson pode colmatar a falta de criatividade ao criar caos nas suas aventuras pela esquerda; Sem Zlatan, Isak pode aparecer;
Fraquezas: Com Kulusevski inicialmente de fora, o futebol sueco pode ser previsível, a não ser que Forsberg puxe pela imaginação; Dupla de centrais pode ser vítima fácil de Lewandowski, naquele que pode ser um jogo decisivo.

Equipa-Base (4-4-2): Nordfeldt; Lustig, Lindelof, Helander (Jansson), Augustinsson; Claesson, S. Larsson (Ekdal), K. Olsson, Forsberg; Berg, Isak

Sem acusar propriamente a ausência de Zlatan Ibrahimovic (39 anos), que já ninguém esperava que fosse uma opção realista para este Euro 2020 quando regressou à selecção antes de se lesionar, a Suécia encaixa um pouco na Polónia, esperando-se um confronto interessante, e que à partida decidirá muita coisa, quando se encontrarem na 3.ª e última jornada.
    Espera-se que Nordfeldt roube a baliza a Robin Olsen, e a defesa tem a seu favor o facto de já se conhecer há vários anos. Lindelof é o elemento mais desse sector, onde Pontus Jansson e Danielsson farão por tirar o lugar a Helander, e onde as arrancadas de Augustinsson poderão revelar-se cruciais.
    Claesson e Forsberg são jogadores bastante fiáveis, tendo o craque do Leipzig que pegar na equipa, especialmente não havendo Zlatan e o seu ego, e a experiência de Seb Larsson pode forçar a rotação com Ekdal e a utilização em alguns minutos do jovem Cajuste.
    Kulusevski (potencial figura central desta Suécia nos próximos anos) não estará disponível no arranque da competição ao testar positivo à Covid-19, e a ausência do extremo da Juventus simplifica a vida a Andersson, que assim não hesitará em lançar a dupla Berg-Isak.

Destaques Individuais (Previsão):


    Dujan Kulusevski é o grande talento da nova fornada sueca e, lamentavelmente, falhará o começo da fase de grupos por ter testado positivo à Covid-19. O extremo direito da Juventus, jogador letal nas diagonais e com excelente meia distância, resulta bem melhor num 4-3-3 do que neste 4-4-2 sueco mas mesmo assim seria estranho se Jan Andersson não encontrasse maneira de o aproveitar. Oxalá esteja disponível para os encontros com Eslováquia e Polónia.
    O ataque conta com a experiência de Marcus Berg, mas é em Alexander Isak que cairão todos os olhares, com o ponta de lança de 21 anos da Real Sociedad a ser a grande esperança da nação sueca para chegar ao golo. Kulusevski e Isak são malta nova, mas uma boa campanha da Suécia implicará sempre elevado rendimento de Forsberg, Lindelof, Augustinsson e Viktor Claesson, um daqueles jogadores que toma quase sempre a melhor decisão.


4. ESLOVÁQUIA  


  • Guarda-Redes: Martin Dubravka (Newcastle), Marek Rodák (Fulham), Dusan Kuciak (Lechia Gdansk)
  • Defesas: Martin Koscelnik (Slovan Liberec), Peter Pekarik (Hertha), Tomas Hubocan (Omonia), Lubomir Satka (Lech Poznan), Milan Skriniar (Inter), Martin Valjent (Maiorca), Denis Vavro (Huesca), Dávid Hancko (Sparta Praga)
  • Médios: Jakub Hromada (Slavia Praga), Stanislav Lobotka (Nápoles), Patrik Hrosovsky (Genk), Ján Gregus (Minnesota United), Juraj Kucka (Parma), Marek Hamsik (Goteborg), Lászlo Bénes (Augsburgo), Tomás Suslov (Groningen)
  • Extremos/ Avançados: Ondrej Duda (Colónia), Róbert Mak (Ferencváros), Vladimír Weiss (Slovan Bratislava), Lukás Haraslín (Sassuolo), Ivan Schranz (FK Jablonec), Michal Duris (Omonia), Róbert Bozeník (Feyenoord)
Seleccionador: Pavel Hapal;

Forças: Sector defensivo competente, com especial destaque para Skriniar e Dubravka; Hamsik deve rejuvenescer assim que o árbitro apitar; Médios criativos arregaçam as mangas para trabalhar;
Fraquezas: Avançados com registo pouco convincente; 34 anos do lateral Pekarik pesam.

Equipa-Base (4-1-4-1): Dubravka; Pekarik, Skriniar, Satka, Hancko; Hrosovsky (Hromada); Duda (Weiss), Kucka, Hamsik, Mak; Bozenik (Schranz)

Preservando a grande maioria dos jogadores que deixaram boa imagem no Euro 2016, a Eslováquia não tem o nome da Polónia e da Suécia, mas não será uma surpresa se conseguir criar muitos problemas a ambos. Mesmo diante da Espanha, é fácil de prever que La Roja tenha que suar muito para igualar a capacidade de sacrifício eslovaca, sedentos de pressionar uma Espanha que, se aparecer aburguesada, vai-se arrepender.
    Num 4-1-4-1 bem definido, Dubravka é garantia de várias defesas por jogo, Skriniar é um centralão, e tanto Satka como Hancko verão neste Euro uma rampa de lançamento.
    Caberá a Hrosovsky ou Hromada segurar o barco junto da defesa, libertando Duda, Kucka, Suslov ou Mak, todos longe de serem jogadores preguiçosos diga-se, no ataque. Hamsik não é o mesmo do último europeu, mas aos 33 anos ainda deve conseguir ser o craque desta equipa. Mais preocupante é facto de nem Bozenik nem Schranz serem garantia absoluta de conversão de oportunidades.

Destaques Individuais (Previsão):


    Andou pela China, jogou esta época na Suécia e na próxima temporada será uma das novidades do futebol turco. Marek Hamsik já está com 33 anos e afastado dos seus tempos áureos como máxima figura napolitana, mas esta última oportunidade de representar o país num Europeu puxará pelo melhor de um líder nato, com e sem bola.
    Numa selecção para a qual não temos, no geral, grandes expectativas, tiraremos notas de Satka e Hancko, e principalmente do jovem Tomas Suslov, se lhe forem dados alguns minutos para dizer olá ao mundo.
    Acreditando que a Eslováquia será "teimosa" a defender, pode-se esperar muito trabalho para Milan Skriniar e o central do Inter, que passou de ignorado de Antonio Conte a imprescindível, pode mascarar e adiar muita coisa.



8 de junho de 2021

Euro 2020: Previsão Grupo D

Cada dia mais perto do arranque do Euro 2020 (disputado em 2021), prosseguimos a nossa análise detalhada a cada um dos grupos da competição. Pretendemos realizar uma sumária retrospectiva do apuramento de cada selecção, identificando forças e fraquezas, esquematizando como deve jogar cada equipa, até que fase imaginamos que chegue e que jogadores devem ser tidos em conta.

    Neste torneio disputado em 11 cidades diferentes (Londres, Roma, Sevilha, Munique, Amesterdão, Glasgow, Copenhaga, Budapeste, Bucareste, São Petersburgo e Baku) espalhadas por toda a Europa, no Grupo D o "factor casa" pertence à Inglaterra e à Escócia, com os comandados de Gareth Southgate a disputarem os seus 3 jogos em Wembley, Londres, e a 2.ª jornada a representar a única vez que a Escócia jogará fora de Glasgow na fase de grupos.

    O Grupo D promete ser um dos mais engraçados de acompanhar neste Euro 2020, parecendo uma mini-Premier League. Junta a vice-campeã do mundo Croácia a uma Inglaterra com uma geração de sonho e que poderá ter presente a motivação de poder disputar quase toda a competição em Londres: os 3 jogos da fase de grupos estão garantidos, mas o 1.º classificado deste Grupo D joga os oitavos em Wembley e visto que as meias-finais e a final serão jogadas também na catedral do futebol britânico, apenas os quartos representariam uma deslocação, neste cenário idealizado pelos adeptos ingleses.
    A Inglaterra está bem. Realizou um apuramento quase sem sobressaltos (curiosamente, a única derrota foi com a República Checa, que reencontra agora neste Grupo D, sem esquecer aquele frenético e sofrido 5-3 contra o Kosovo) e na Liga das Nações conseguiu ganhar um dos jogos à Bélgica, vacilando perante a Dinamarca (empate e derrota). Com o segundo plantel mais jovem da competição - média de idades de 24,81, apenas batido pela Turquia - Southgate tem muitas opções e óptimas dores de cabeça, conseguindo ter em simultâneo o seu melhor jogador (Harry Kane) no apogeu da sua carreira e vários craques como Foden, Mount e Grealish a estrearem-se numa fase final.

    O estatuto de vice-campeã do mundo da Croácia não pode ser ignorado, até porque a espinha dorsal mantém-se quase inalterada, Zlatko Dalic continua como seleccionador e Rakitic, Mandzukic, Subasic e Corluka são os únicos nomes sonantes que já não integram esta fornada, embora quase todos bem substituídos. Os croatas realizaram um apuramento tranquilo, num grupo algo fraco, desiludindo na Liga A da Liga das Nações, somando apenas 3 pontos (1 vitória e 5 derrotas) na companhia de França, Portugal e Suécia.
    Além dos favoritos às duas primeiras posições no grupo, temos Escócia (qualificada por via do play-off, derrotando a Sérvia nas grandes penalidades) e República Checa. O factor casa pode ser uma vitamina muito importante no trajecto escocês, importando também recordar que as duas selecções mediram forças em 2020, levando a melhor a Escócia em ambos os jogos. 

    Abaixo a análise detalhada, e antevisão deste Grupo D:


1. INGLATERRA  
(Previsão: Oitavos-de-final, eliminada pela Alemanha)

  • Guarda-Redes: Jordan Pickford (Everton), Dean Henderson (Manchester United), Sam Johnstone (WBA)
  • Defesas: Reece James (Chelsea), Kieran Trippier (Atlético Madrid), Kyle Walker (Manchester City), Ben White (Leeds United), John Stones (Manchester City), Harry Maguire (Manchester United), Tyrone Mings (Aston Villa), Conor Coady (Wolves), Luke Shaw (Manchester United), Ben Chilwell (Chelsea)
  • Médios: Declan Rice (West Ham), Kalvin Phillips (Leeds United), Jordan Henderson (Liverpool), Mason Mount (Chelsea), Jude Bellingham (Borussia Dortmund)
  • Extremos/ Avançados: Phil Foden (Manchester City), Bukayo Saka (Arsenal), Jadon Sancho (Borussia Dortmund), Jack Grealish (Aston Villa), Raheem Sterling (Manchester City), Marcus Rashford (Manchester United), Harry Kane (Tottenham), Dominic Calvert-Lewin (Everton)
Seleccionador: Gareth Southgate;
Baixas: Trent Alexander-Arnold, Mason Greenwood; Ausência: James Ward-Prowse, Jesse Lingard

Forças: Harry Kane está a jogar muito e não costuma tremer; Criatividade de Mount, Foden e Grealish; Banco de luxo para agitar as partidas; Factor Wembley;
Fraquezas: Dúvidas sobre a condição física/ ritmo de Maguire e Henderson; Eventual recurso ao 3-5-2 torna impossível a coexistência de alguns atacantes; Defesa errática e nenhum guarda-redes é de topo.

Equipa-Base (4-3-3): Pickford (D. Henderson); Walker, Stones, Maguire, Shaw; Rice, Henderson (K. Phillips), Mount; Foden, Sterling (Grealish), Kane

Gareth Southgate tem uma constelação de jogadores ao seu dispor, vendo-se obrigado a relegar para o banco alguns dos maiores craques da Premier League. Na antevisão desta Inglaterra, surgem duas dúvidas muito relevantes: Harry Maguire e Jordan Henderson. O central do Manchester United acabou a época lesionado, falhando inclusive a final da Liga Europa, e Jordan Henderson está sem ritmo competitivo. Não se pode ignorar que estamos a falar de 2 dos elementos mais importantes na coluna vertebral desta Inglaterra, podendo na ausência de Maguire, Southgate sentir-se mais cómodo em privilegiar um 3-5-2 / 3-4-1-2.
    Em condições ideais, Walker, Stones Maguire e Shaw serão a defesa, o meio-campo atinge equilíbrio com Declan Rice, Henderson e Mason Mount, sobrando duas vagas em zonas adiantadas para Foden, Grealish, Sterling, Rashford e Sancho. Dúvidas não existem em relação ao ponta de lança: Harry Kane é o grande jogador deste conjunto e um dos principais favoritos para melhor marcador do Euro 2020.
    Ora, se não tiver Maguire nem Henderson, o seleccionador inglês pode optar por jogar com Trippier à direita e um trio de centrais como Walker, Stones e Mings; e nesse cenário Kalvin Phillips ganha força, Grealish ou Sancho perderiam, e mesmo a coexistência de Mount e Foden no mesmo 11 estaria longe de certa.

Destaques Individuais (Previsão):


    Esta Inglaterra é uma das selecções mais fascinantes deste Euro. Ninguém no seu perfeito juízo pode contestar essa ideia. E se Southgate encontrar um onze capaz de conciliar no apoio a Harry Kane craques como Mason Mount, Phil Foden e Jack Grealish, boa sorte para quem os encontrar pela frente. No entanto, se assim de cabeça até podíamos apontar a Inglaterra às meias-finais, pela brutal qualidade deste plantel, ao analisar o enquadramento a partir dos oitavos percebe-se o azar britânico: é que se os ingleses ficarem em 1.º (posição que seguramente quererão reclamar, vingando-se da eliminação contra a Croácia nas meias-finais do Mundial 2018) apanharão nos oitavos o 2.º do "grupo da morte", ou seja, à partida Alemanha, Portugal ou França. E mesmo num cenário em que a selecção dos três leões fique em 2.º, foge num primeiro instante ao Grupo F, mas enfrenta depois o 1.º classificado do nosso grupo nos quartos. Nesse sentido, e apesar de toda a expectativa criada em torno desta geração, é possível que a Inglaterra até seja uma das desilusões do Euro 2020. Cabe aos pupilos de Southgate contrariar a sua terrível sina em europeus.
    Em todo o caso, esperamos vários golos de Kane e esperamos Mount a dar sequência ao nível que o fez ser o MVP da época do Chelsea. Phil Foden, com o seu cabelo à Paul Gascoigne, é porventura o grande jovem talento deste Euro 2020, se Mbappé já não entrar nesse raciocínio claro, e oxalá Grealish tenha minutos para mostrar porque é que Guardiola o quer no Manchester City.
    Este Grupo D exigirá muitíssimo de Declan Rice, principalmente se Henderson não estiver a 100%, e seguindo a ideia que as bolas paradas (capítulo em que a equipa técnica de Southgate prepara sempre algumas jogadas de laboratório engraçadas) serão decisivas na guerrilha entre Inglaterra, Croácia Escócia e República Checa, John Stones pode recuperar o seu lado goleador pelo City na representação do seu país.


2. CROÁCIA  
(Previsão: Quartos-de-final, eliminada pela França)

  • Guarda-Redes: Dominik Livakovic (Dínamo Zagreb), Lovre Kalinic (Hajduk), Simon Sluga (Luton Town)
  • Defesas: Sime Vrsaljko (Atlético Madrid), Josip Juranovic (Legia), Dejan Lovren (Zenit), Domagoj Vida (Besiktas), Duje Caleta-Car (Marselha), Mile Skoric (Osijek), Josko Gvardiol (Dínamo Zagreb), Borna Barisic (Rangers), Domagoj Bradaric (Lille)
  • Médios: Marcelo Brozovic (Inter), Luka Modric (Real Madrid), Milan Badelj (Génova), Mateo Kovacic (Chelsea), Mario Pasalic (Atalanta), Nikola Vlasic (CSKA)
  • Extremos/ Avançados: Ivan Perisic (Inter), Josip Brekalo (Wolfsburgo), Luka Ivanusec (Dínamo Zagreb), Ante Rebic (AC Milan), Ante Budimir (Osasuna), Bruno Petkovic (Dínamo Zagreb), Mislav Orsic (Dínamo Zagreb), Andrej Kramaric (Hoffenheim)
Seleccionador: Zlatko Dalic;

Forças: Meio-campo quase perfeito, com destaque para Modric e Brozovic; Kramaric parece preparado para se assumir como o 9 desta Croácia;
Fraquezas: Incertezas em relação a quem será colega de Vida no centro da defesa; Um 11 com Rebic e Perisic ganha em objectividade mas pode perder em capacidade de gerir o ritmo do jogo.

Equipa-Base (4-3-3): Livakovic; Vrsaljko, Vida, Lovren (Caleta-Car), Barisic; Brozovic, Kovacic, Modric; Rebic (Vlasic), Perisic, Kramaric

Ao contrário da Inglaterra, a Croácia não tem qualquer segredo, prevendo-se mais do mesmo e muita maturidade táctica, com vários jogadores que antes figuravam no banco a subirem de importância na sucessão de Subasic, Rakitic e Mandzukic.
    Logo na baliza, há uma novidade. Dominik Livakovic tem brilhado na Liga Europa com o Dínamo Zagreb e tudo indica que, no geral, fará uma carreira muito superior à de Subasic. Na defesa, Vrsaljko, Vida e Lovren são caras bem conhecidas, mas a titularidade do central do Zenit está em dúvida, o que pode significar que Barisic (lateral esquerdo do Rangers de Steven Gerrard) não será o único refresh na linha defensiva, lutando Caleta-Car e Gvardiol pela presença no 11.
    O meio-campo tem Brozovic (determinante no título do Inter) como médio mais recuado, Modric (eleito melhor jogador do Mundial 2018) dispensa apresentações e caberá a Kovacic não se fazer notar o adeus de Rakitic. Kramaric é bem capaz de ser o croata que mais vezes fará balançar as redes, e embora Rebic e Perisic sejam os teóricos titulares, o facto de ambos serem autênticas setas pode tentar Dalic a optar apenas por 1, até porque terá no banco Vlasic, Orsic, Pasalic ou Brekalo.

Destaques Individuais (Previsão):


    É simplesmente impossível não torcer pela Croácia mal olhamos para aquela camisola quadriculada vermelha e branca. Neste Euro, apontamos os vice-campeões do mundo aos quartos-de-final, ultrapassando a Polónia nos oitavos mas sendo depois eliminados... pela França. Irónico.
    Desta Croácia espera-se uma equipa difícil de desequilibrar, muito inteligente mediante a leitura de jogo de Marcelo Brozovic e a classe incontornável do maestro Luka Modric. Com eles em campo, a Croácia pode discutir o jogo com a maioria das selecções presentes em competição.
    Os herdeiros de Mandzukic e Subasic são Andrej Kramaric e Dominik Livakovic. O ponta de lança do Hoffenheim deixou claro na última Bundesliga que, quando está em dia sim, poucos o podem parar, e Livakovic é para nós um upgrade em relação ao seu antecessor, sendo aos 26 anos um dos guarda-redes mais subvalorizados do contingente europeu, tendo já feito por merecer o salto.
    Rebic, Perisic ou Vlasic são todos eles nomes fortes, mas muita atenção a Mislav Orsic, um craque que podia ter tido uma carreira bem diferente e que não costuma perdoar, mexendo sempre com o jogo.


3. ESCÓCIA  
(Previsão: Oitavos-de-final, eliminada pela Bélgica)


  • Guarda-Redes: David Marshall (Derby County), Craig Gordon (Hearts), Jon McLaughlin (Rangers)
  • Defesas: Nathan Patterson (Rangers), Stephen O'Donnell (Motherwell), Liam Palmer (Sheffield Wednesday), Declan Gallagher (Motherwell), Grant Hanley (Norwich), Jack Hendry (Oostende), Scott McKenna (Nottingham Forest), Kieran Tierney (Arsenal), Andrew Robertson (Liverpool), Greg Taylor (Celtic)
  • Médios: Scott McTominay (Manchester United), Billy Gilmour (Chelsea), John Fleck (Sheffield United), John McGinn (Aston Villa), Callum McGregor (Celtic), David Turnbull (Celtic), Ryan Christie (Celtic)
  • Extremos/ Avançados: Stuart Armstrong (Southampton), James Forrest (Celtic), Ryan Fraser (Newcastle), Kevin Nisbet (Hibernian), Lyndon Dykes (QPR), Che Adams (Southampton)
Seleccionador: Steve Clarke;
Ausência: Ryan Gauld.

Forças: Muita alma, com uma dimensão extra expectável nos jogos em Glasgow; Andrew Robertson e John McGinn devem impor a fasquia a seguir a nível de intensidade;
Fraquezas: Será a equipa deste grupo que mais facilmente recorrerá ao jogo directo; Marshall é o pior guarda-redes do Grupo D; Conseguirá Che Adams disfarçar a falta de um grande avançado?

Equipa-Base (3-5-2): Marshall; Gallagher (Hanley), McTominay, Tierney; O'Donnell, McGregor, McGinn, Armstrong, Robertson; Christie (Dykes), C. Adams

Dizem que a rivalidade entre Inglaterra e Escócia é a mais antiga na História do futebol. Sorte a nossa de terem calhado juntas nesta rara aparição escocesa (desde 1996 que não havia Escócia em europeus).
    A Escócia não tem nada a perder, sabe que a qualidade técnica não abunda entre os seus jogadores, mas o "factor Glasgow" promete dotar este conjunto, sempre cheio de alma, de uma dimensão extra.
    O 3-5-2 deve ser a roupa desta Escócia, com o super-experiente guardião David Marshall (36 anos) a viver algo que talvez já não pensasse experienciar. Na defesa, Steve Clarke pode usar McTominay adaptado como central e Tierney também deve integrar a linha de 3, numa função que não lhe é totalmente desconhecida. O capitão Andrew Robertson promete maratonas no flanco esquerdo, enquanto que no flanco oposto espera-se a titularidade de O'Donnell. McGregor e McGinn serão a casa das máquinas desta equipa, desejando Clarke ter dianteiros com outro estatuto e qualidade, uma lacuna que a naturalização de Che Adams veio suprir.

Destaques Individuais (Previsão):


    Nesta Escócia, se há jogadores que tudo farão para contagiar os colegas e mostrar-lhes que tudo é possível, esses elementos são John McGinn e Andrew Robertson. O médio esquerdino do Aston Villa, senhor de grandes golos, dará muita luta pelo corredor central, sendo expectável que não mostre qualquer timidez na hora de disparar à baliza, e Robertson é um dínamo autêntico, cavalgando pelo corredor esquerdo e servindo aos avançados a bola numa bandeja através dos seus cruzamentos. O facto de actuar a ala, com 3 centrais a protegê-lo, leva a crer que integrará ainda mais vezes o ataque, puxando para dentro.
    Che Adams tornou-se a principal esperança dos escoceses a nível de golos, McGregor é um guerreiro a quem só falta o kilt, mas se as coisas correrem bem à Escócia, muito provavelmente Scott McTominay (ou como médio ou recuado para central) e Stuart Armstrong (pode ser o centrocampista com maior liberdade) terão uma palavra a dizer sobre o assunto.


4. REP. CHECA  


  • Guarda-Redes: Tomas Vaclik (Sevilha), Jiri Pavlenka (Werder Bremen), Ales Mandous (Sigma Olomouc)
  • Defesas: Vladimir Coufal (West Ham), Pavel Kaderabek (Hoffenheim), Jakub Brabec (Plzen), Ondrej Celustka (Sparta Praga), David Zima (Slavia Praga), Tomás Kalas (Bristol City), Ales Mateju (Brescia), Jan Boril (Slavia Praga), Tomás Holes (Slavia Praga)
  • Médios: Alex Král (Spartak Moscovo), Tomas Soucek (West Ham), Vladimir Darida (Hertha), Michal Sadílek (Slovan Liberec), Jakub Jankto (Sampdoria), Jakub Pesek (Slovan Liberec), Petr Sevcik (Slavia Praga), Antonín Barak (Hellas Verona)
  • Extremos/ Avançados: Lukás Masopust (Slavia Praga), Matej Vydra (Burnley), Michael Krmencik (PAOK), Tomás Pekhart (Legia), Patrik Schick (Bayer Leverkusen), Adam Hlozek (Sparta Praga)
Seleccionador: Jaroslav Silhavy;

Forças: Tomas Soucek é rei nas alturas; Flanco direito temível com Coufal e Masopust; Prodígio Adam Hlozek pode tornar-se um caso sério se Silhavy confiar nele;
Fraquezas: Centro da defesa não está ao nível do resto do 11; Schick é um goleador irregular.

Equipa-Base (4-2-3-1): Vaclik; Coufal, Kalas, Celustka, Boril; Král, Soucek; Masopust, Barak (Darida), Jankto; Schick (Hlozek)

Teremos todo o gosto em ver esta República Checa a qualificar-se, e o futebol romântico dos checos deixa antever bons jogos. Vemos esta selecção a conseguir tirar pontos a qualquer uma das outras 3, mas assumindo que Inglaterra e Croácia ocuparão, independentemente da ordem, os dois primeiros lugares, vemo-nos forçados a atirar a Rep. Checa para o último lugar devido ao "factor Glasgow" e ao histórico recente do embate Escócia-Rep. Checa.
    O 4-2-3-1 é o esquema de eleição de Silhavy, sendo importante ter presente que Vaclik (GR) chega a este Euro sem clube, o que pode ser bom para ele e para a sua selecção, e a defesa apresenta maior qualidade nos laterais (Coufal e Boril) do que na zona central. A grande força dos checos reside na dupla Soucek-Král, com especial destaque para a importância que a superioridade nas alturas de Soucek pode ter frente a Inglaterra e Escócia, e o Euro poder ser palco para Masopust levar os olheiros a perguntarem como é que se eterniza até hoje na República Checa sem ter experimentado outro campeonato.
    Silhavy enfrenta dilema entre a dimensão física de Barak e a experiência e critério de Darida. A liderar o ataque, Schick é o típico de avançado de engate que, se realizar uma boa 1.ª jornada, pode surpreender. Porém, temos muita vontade de ver o seleccionador a lançar Hlozek (18 anos, e um futuro brilhante pela frente). 

Destaques Individuais (Previsão):


    Num grupo onde as bolas paradas podem desempenhar um papel muito importante, o facto da República Checa contar com Tomas Soucek (10 golos nesta Premier League, altamente dominante no jogo aéreo) pode fazer diferença. O médio do West Ham é cada vez menos um médio defensivo, pode ser usado num "papel Fellaini", sendo assinalável o seu desenvolvimento: 18 golos na última época completa no Slavia Praga, e um hat-trick recente pela selecção contra a Estónia.
    Adam Hlozek tem apenas 2 internacionalizações mas com 18 aninhos (nasceu em 2002) sagrou-se melhor marcador do campeonato checo ao apontar 15 golos em 19 jogos. O fenómeno do Sparta Praga contraiu uma lesão grave que o afastou dos relvados durante vários meses, mas um póker na última jornada da Fortuna Liga comprovou que está aí para as curvas.
    De resto, Lukas Masopust terá em Vladimir Coufal um melhor amigo, podendo juntos fazer a cabeça em água aos laterais esquerdos adversários, e acreditamos que Alex Kral dê nas vistas, sendo tanto mais importante quanto mais Soucek se aproximar da grande área contrária.