10 de junho de 2021

Euro 2020: Previsão Grupo F

Na véspera do arranque do Euro 2020 (disputado em 2021), encerramos a nossa análise detalhada a cada um dos grupos da competição. Nela procurámos realizar uma sumária retrospectiva do apuramento de cada selecção, identificando forças e fraquezas, esquematizando como deve jogar cada equipa, até que fase imaginamos que chegue e que jogadores devem ser tidos em conta.
    Neste torneio disputado em 11 cidades diferentes (Londres, Roma, Sevilha, Munique, Amesterdão, Glasgow, Copenhaga, Budapeste, Bucareste, São Petersburgo e Baku) espalhadas por toda a Europa, no Grupo F o "factor casa" pertence à Alemanha e à Hungria, com a Baviera a acolher a selecção germânica durante toda a fase de grupos.

    O Grupo F é o Grupo de Portugal e é, indiscutivelmente, o "grupo da morte". No entanto, acreditamos que não morra ninguém. E assim deve ser: se pensarmos que os melhores terceiros poderão ser equipas com 3 ou 4 pontos, basta por exemplo que os 3 favoritos vençam todos a Hungria e se verifique pelo menos um empate nos jogos entre si, ou que goleiem todos a Hungria e o 3.º classificado perca dois jogos pela margem mínima, e devem seguir todos para os oitavos.
    O campeão da Europa em título (sim, somos nós), que arrecadou também uma Liga das Nações, e os 2 últimos campeões do mundo. Difícil pedir melhor. Neste Grupo F, que acreditamos que até possa gerar 3 dos 4 semi-finalistas, há Ronaldo e há Mbappé, há Neuer e há Kanté, há Rúben Dias, Kimmich e Kroos. E até há Benzema.

    Mas vamos por partes. A Hungria, que há cinco anos empatou 3-3 com Portugal na fase de grupos, chega a esta fase final sem o seu melhor jogador (Szoboszlai) e tudo fará para encher páginas de jornais ao ajudar a tombar um gigante. A Alemanha por sua vez atravessa um momento de gritante imprevisibilidade - no Mundial 2018 ficou em último num grupo com Suécia, México e Coreia do Sul, na qualificação para este Euro chegou a perder em casa com a Holanda por 4-2, na Liga das Nações deixou-se atropelar pela Espanha (6-0) e já em 2021 chegou mesmo a registar uma chocante derrota caseira frente à Macedónia do Norte por 2-1. Löw repescou Hummels e Müller e já tem as malas feitas, com Hans-Dieter Flick confirmado como sucessor; é compreensível o sentimento geral de desconfiança em relação à Mannschaft, mas abaixo argumentamos e vemos as coisas das várias perspectivas.
    A França é campeã do mundo em título e, para a generalidade dos adeptos, é a favorita nº 1 à vitória neste Euro 2020. Falar desta França é falar de uma formação onde não houve espaço para Aouar, Theo Hernández, Upamecano e Camavinga, é falar de um ataque reforçado com Karim Benzema, é falar de uma equipa talhada para jogos a eliminar, dotada fisica, técnica e tacticamente, de fácil adaptação a qualquer oponente e que joga com 12 porque tem N'Golo Kanté.

    Portugal não tem Éder, mas tem uma equipa muito superior à de 2016: quem tem Ronaldo, Bernardo, Bruno Fernandes e Diogo Jota pode jogar olhos nos olhos com qualquer equipa, mas é possível que a Selecção das Quinas volte a ser uma equipa pouco vibrante mas muito eficaz; temos um excelente registo em Campeonatos da Europa (meias-finais em 2000, finalista em 2004, meias-finais em 2012 e vencedor em 2016) e com Fernando Santos são muitas as vezes em que não somos claramente superiores a quem temos pela frente, mas é muito muito complicado Portugal ser inferior a alguém.

Votos de um grande Euro 2020, e que ganhe Portugal! Fiquem então com a previsão deste Grupo F:


1. FRANÇA  
(Previsão: Vencedor)

  • Guarda-Redes: Hugo Lloris (Tottenham), Mike Maignan (Lille), Steve Mandanda (Marselha)
  • Defesas: Benjamin Pavard (Bayern Munique), Léo Dubois (Lyon), Raphael Varane (Real Madrid), Kurt Zouma (Chelsea), Jules Koundé (Sevilha), Presnel Kimpembe (PSG), Clément Lenglet (Barcelona), Lucas Hernández (Bayern Munique), Lucas Digne (Everton)
  • Médios: N'Golo Kanté (Chelsea), Paul Pogba (Manchester United), Corentin Tolisso (Bayern Munique), Adrien Rabiot (Juventus), Moussa Sissoko (Tottenham)
  • Extremos/ Avançados: Thomas Lemar (Atlético Madrid), Ousmane Dembélé (Barcelona), Marcus Thuram (Gladbach), Kingsley Coman (Bayern Munique), Antoine Griezmann (Barcelona), Olivier Giroud (Chelsea), Wissam Ben Yedder (Mónaco), Karim Benzema (Real Madrid), Kylian Mbappé (PSG)
Seleccionador: Didier Deschamps;
Ausências: Dayot Upamecano, Theo Hernández, Houssem Aouar, Eduardo Camavinga

Forças: N'Golo Kanté; Factor Benzema é um reforço na motivação do balneário, sobretudo de jogadores como Mbappé e Griezmann, ansiosos de se divertir em campo com o craque do Real Madrid; Difícil atrair a França e deixá-la exposta e desequilibrada;
Fraquezas: Balneário instável, como ficou provado com as recentes declarações de Giroud; Varane realizou uma época fraca, e Kimpembe está longe de ser um central à prova de erros; Ego de Pogba pode partir a equipa, se o médio de 28 anos quiser trabalhar menos e divertir-se mais. 

Equipa-Base (4-3-1-2): Lloris; Pavard, Varane, Kimpembe, L. Hernández; Kanté, Pogba, Rabiot (Tolisso); Griezmann; Mbappé, Benzema

Os campeões do mundo entram neste Euro 2020 com o estatuto de favoritos, e Deschamps deverá repetir 8 titulares da selecção mais consistente há três anos na Rússia.
    As nuances tácticas deste França, equipa completa e montada para dificilmente perder o equilíbrio, garantindo em simultâneo que os seus 2 principais desequilibradores (Griezmann e Mbappé) se mantêm frescos, são fáceis de identificar mas difíceis de contrariar.
    Num 4-3-1-2 que potencia a óptima leitura de Griezmann (no conjunto do Euro 2016 + Mundial 2018, nenhum jogador foi tão regular num nível tão alto) a surgir entre linhas, os franceses mantêm Lloris, Pavard, Varane e Lucas Hernández no sector defensivo, surgindo apenas Kimpembe (gostamos mais de Koundé) como novidade no lugar que outrora pertencia a Umtiti. De resto, o facto da França jogar com 2 laterais que também são centrais mostra bem a obsessão de Deschamps em não deixar a equipa descompensada.
    Claro está que qualquer equipa que conte com N'Golo Kanté sabe que pode abusar um bocadinho à frente e suspeitamos que a inclusão de Benzema na equipa possa levar a que se note mais Kanté, a salvar a equipa na sequência de um maior entusiasmo de Griezmann, Mbappé e Pogba nas combinações com o avançado do Real Madrid, homem que traz futebol de rua e imprevisibilidade. Manter Pogba comprometido, "amarrado" qb e sem estar de ego ferido ao ser porventura apenas a 4.ª figura da selecção será crucial, surgindo apenas como dúvida quem será o herdeiro de Matuidi - Rabiot leva vantagem, mas Tolisso esteve bem nos amigáveis recentes nessa posição e pode ser considerado.
    No L'Equipe, os adeptos franceses pediram um 11 com menos um médio (Rabiot/ Tolisso) e com Coman presente em campo, mas essa solução mais ofensiva será apenas um Plano B para o seleccionador. Na frente, espera-se grande química e muitos problemas para os adversários com Griezmann, Mbappé e Benzema a formarem o trio de ataque mais complicado de anular neste Europeu.

Destaques Individuais (Previsão):


    Torcemos para que assim não seja, mas perspectivando este Euro 2020 com cabeça a França é a principal favorita à vitória. E se o MVP da competição sair dos gauleses, vemos 4 diferentes narrativas com mais força: 1) N'Golo Kanté fechou a época em altas, brilhando na final da Champions e nas meias-finais, é um amor de pessoa, vale por 2 em campo e será peça-chave e bombeiro numa equipa que pode ficar mais distraída e fascinada ao ver integrada a classe de Benzema; 2) Kylian Mbappé é o herdeiro legítimo de Ronaldo e Messi, venceu um Mundial com 19 anos e aos 22 é o grande craque desta França, esperando-se muitas arrancadas imparáveis, muitos golos e super-exibições como aquele jogo de 2018 contra a Argentina; 3) Deschamps deu nova oportunidade a Karim Benzema e o avançado do Real Madrid vai elevar o jogo dos seus colegas de ataque, estando todo o planeta futebol deliciado com esta segunda vida do franco-argelino; 4) Antoine Griezmann é actor secundário em Barcelona, mas sempre que chega à selecção francesa e principalmente às fases finais joga que se farta. No somatório de 2016 e 2018 nenhum jogador europeu somou tantas performances num nível tão alto, e o mais certo é que a tendência se mantenha.
    O quarteto fantástico está apresentado, a França conta ainda com Pogba e pode atirar para jogo quando quiser os desconcertantes Coman e Dembélé. Parece-nos, porém, que um bom trajecto francês implicará sempre Raphaël Varane como esteio defensivo, algo que a acontecer seria em contramão com a época realizada em Madrid pelo central de 28 anos. Entre os laterais, Pavard esteve melhor em 2018 mas desta vez temos um feeling maior em relação a Lucas Hernández.


2. ALEMANHA  
(Previsão: Finalista vencido)

  • Guarda-Redes: Manuel Neuer (Bayern Munique), Bernd Leno (Arsenal), Kevin Trapp (Eintracht Frankfurt)
  • Defesas: Lukas Klostermann (RB Leipzig), Robin Koch (Leeds United), Matthias Ginter (Gladbach), Mats Hummels (Borussia Dortmund), Antonio Rüdiger (Chelsea), Niklas Süle (Bayern Munique), Marcel Halstenberg (RB Leipzig), Robin Gosens (Atalanta), Christian Günter (Friburgo)
  • Médios: Emre Can (Borussia Dortmund), Joshua Kimmich (Bayern Munique), Florian Neuhaus (Gladbach), Toni Kroos (Real Madrid), Ilkay Gündogan (Manchester City), Leon Goretkza (Bayern Munique), Jonas Hofmann (Gladbach)
  • Extremos/ Avançados: Kai Havertz (Chelsea), Sèrge Gnabry (Bayern Munique), Jamal Musiala (Bayern Munique), Timo Werner (Chelsea), Thomas Müller (Bayern Munique), Kevin Volland (Mónaco), Leroy Sané (Bayern Munique)
Seleccionador: Joachim Löw;
Baixa: Marc-André Ter Stegen.

Forças: Possibilidade de fazer o transfer da base do Bayern Munique; 3 jogos da fase de grupos na Allianz Arena; Melhor guarda-redes entre as 24 equipas; 3-4-1-2 dificulta aos adversários anular a preponderância de Kroos e Kimmich;
Fraquezas: Histórico recente de grande desnorte e vulnerabilidade; 3-4-1-2 parece perfeito em teoria mas não é um esquema com anos de rodagem; Dúvidas sobre a fé que os jogadores depositam nas ideias de Löw.

Equipa-Base (3-4-1-2): Neuer; Ginter (Süle), Hummels, Rüdiger; Kimmich, Kroos, Gündogan, Gosens; Müller; Havertz (Sané), Gnabry (Werner)

Nos últimos anos, a Alemanha tem deixado em campo claros sinais de desnorte e vulnerabilidade. Löw tem inventado e inventado, sem sucesso, mas uma inspiração, a que também poderemos chamar uma pequena cópia do 3-4-1-2 do Chelsea de Thomas Tuchel, pode ter salvo a Mannschaft mesmo a tempo.
    Há um dado que distingue esta Alemanha de todos os outros principais candidatos e que não deve ser ignorado: com Neuer, Süle, Kimmich, Goretkza, Müller, Gnabry e Sané, os germânicos têm a vantagem de ter a base de um clube importada para a selecção, com tudo o que isso significa a nível de rotinas, e tendo especial importância uma vez que o Bayern Munique é uma das melhores equipas da actualidade. Além dos 7 jogadores referidos, mesmo Hummels e Kroos já não jogam em Munique (cidade e estádio que acolhe os 3 jogos da Alemanha) mas já jogaram no Bayern.
    Se em 4-3-3 havia uma série de dúvidas para Löw e a defesa parecia sempre excessivamente desprotegida, além de por exemplo Müller (reintegrado, tal como Hummels) não ser potenciado a 100%, o 3-4-1-2 resolve muita coisa.
    Visto que a Eslovénia de Oblak não marca presença neste Euro, pode-se considerar Neuer o melhor guarda-redes deste Euro 2020, e se a defesa actuar de facto com 3 centrais, além de Hummels e Rüdiger (óptimo ano no Chelsea), Ginter pode ter vantagem sobre Süle por conferir maior dinâmica e flexibilidade ao tabuleiro germânico. O sistema ganha muito com Kimmich e Gosens como alas, deixando Kroos como cérebro e Gündogan como seu colega de sector, podendo fazer mais sentido Goretkza para essa posição pela sua dimensão física superior.
    E se Tuchel aposta no Chelsea em Mount no apoio a Werner e Havertz, Löw tem a oportunidade de deixar Thomas Müller a assistir uma dupla que pode ser composta precisamente pelos homens do Chelsea, esfomeados para se redimirem depois de uma temporada que acabou em glória clubística mas que em que ficaram ambos bem abaixo das expectativas, sem esquecer os extremos do Bayern, Gnabry e Sané. A dupla que nos parece mais perigosa neste esquema? Gnabry e Havertz.

Destaques Individuais (Previsão):


    No estudo das várias selecções, é fácil identificar e elencar claras razões para confiar na França, em Portugal e na Itália. Na Alemanha... não tanto. Ao contrário das restantes 3 selecções, a eleição da Alemanha como semifinalista sustenta-se muito mais no instinto, apoiada pelo factor Bayern Munique e também pelo factor casa na fase de grupos. A Mannschaft até pode acabar este Grupo F em 1.º, mas também pode terminar em terceiro. Ou não fosse o "grupo da morte".
    Caso Joachim Löw mantenha o recente 3-4-1-2 em que tudo de repente parece ganhar sentido, Joshua Kimmich e Toni Kroos podem ser 2 dos principais destaques da competição, num esquema em que se torna bastante mais difícil para os adversários condicionar a influência de ambos (dois atletas singulares a nível de QI futebolístico) na engrenagem alemã.
    Thomas Müller tem 10 golos em mundiais, mas nunca marcou num Europeu. Aos 31 anos, quer corrigir isso e mostrar o quanto a Alemanha ficou a perder quando Löw o afastou. Poucos jogadores na actualidade assistem como ele (claro que quando se tem Lewandowski como destino da bola é normal que os números sejam altos) e se tiver como função jogar nas costas de 2 avançados móveis, vemo-lo a fazer mossa.
    A defesa alemã deixa-nos de pé atrás, mas Manuel Neuer é um dos melhores (será entre ele e Courtois) ou mesmo o melhor guarda-redes entre os presentes nesta competição e um senhor como ele faz toda a diferença nos grandes jogos. Uma vez mais, apoiados na ideia de que o 3-4-1-2 é para manter, Robin Gosens terá carta branca para correr e correr pelo flanco esquerdo, entrando pela grande área com frequência e tentando imitar os números que atinge pela Atalanta, e na dupla da frente, Gnabry é a aposta mais segura mas algo nos diz que o elegante Kai Havertz (não esquecer que praticou o melhor futebol da sua curta carreira como falso 9 no Leverkusen), autor do golo da final da Champions, pode-se afirmar como um dos jovens da competição.


3. PORTUGAL  
(Previsão: Meias-finais, eliminado pela Alemanha)

  • Guarda-Redes: Rui Patrício (Wolves), Anthony Lopes (Lyon), Rui Silva (Granada)
  • Defesas: João Cancelo (Manchester City), Nélson Semedo (Wolves), Rúben Dias (Manchester City), Pepe (Porto), José Fonte (Lille), Raphael Guerreiro (Borussia Dortmund), Nuno Mendes (Sporting)
  • Médios: João Palhinha (Sporting), Danilo Pereira (PSG), William Carvalho (Bétis), Rúben Neves (Wolves), João Moutinho (Wolves), Renato Sanches (Lille), Sérgio Oliveira (Porto), Bruno Fernandes (Manchester United)
  • Extremos/ Avançados: Bernardo Silva (Manchester City), Pedro Gonçalves (Sporting), Rafa (Benfica), Gonçalo Guedes (Valência), Diogo Jota (Liverpool), Cristiano Ronaldo (Juventus), João Félix (Atlético Madrid), André Silva (Eintracht Frankfurt)
Seleccionador: Fernando Santos;
Baixa: Pedro Neto.

Forças: Melhor dupla de centrais do Euro 2020; Mentalidade vencedora garantida com Ronaldo, Rúben Dias, Pepe e Bruno Fernandes; Geração claramente superior à de 2016, sabe sofrer e fechar os caminhos para a baliza, mas conta com velocidade e criatividade na frente;
Fraquezas: Melhor 11 deve ser encontrado e ajustado ao longo da competição; Perseguição de CR7 ao recorde de Ali Daei servirá de motivação mas pode prejudicar a tomada de decisões; Titularidade de Raphael Guerreiro contra algumas selecções é um convite à exploração das suas costas;

Equipa-Base (4-3-3): Rui Patrício; J. Cancelo, Rúben Dias, Pepe, R. Guerreiro (N. Mendes); Danilo (João Palhinha), R. Sanches, B. Fernandes; Bernardo, Diogo Jota, C. Ronaldo

Que sejamos bicampeões e que Fernando Santos deixe de fumar! Desde que FS abraçou o desafio de ser seleccionador nacional em 2014, Portugal perdeu por 12 vezes em 84 jogos. No entanto, 8 dessas derrotas aconteceram em jogos amigáveis, o que significa que apenas França (Liga das Nações), Ucrânia (Qualificação Euro 2020), Uruguai (Mundial 2018) e Suiça (Qualificação Mundial 2018) derrotaram a Selecção das Quinas. Apenas uma derrota em fases finais.
    Embora Portugal tenha obrigação de praticar um melhor futebol (pela brutal qualidade do elenco actual e porque qualquer equipa que jogue bem está sempre mais perto de ganhar) estamos preparados para que a selecção não nos preencha como as de 2000 ou 2004, mas saiba sofrer, lutar e matar na Hora H.
    Num 4-3-3 sem grandes segredos, Portugal deve ver o seu 11 afinado à medida que o Euro 2020 se desenrolar, sendo provável a fixação de Nuno Mendes como titular e a gradual estabilização da melhor fórmula para o trio de médios, com 5 jogadores (Danilo, Palhinha, William, Neves e Renato) interessados em garantir lugar na dupla de médios que farão companhia a Bruno Fernandes.
    Com a melhor dupla de centrais do Euro 2020 (Rúben Dias e Pepe) a poder revelar-se um factor muito importante, Portugal procurará cruzar apenas através dos seus laterais subidos, transportando em transição com Bernardo ou Renato (quando for titular) e apostando forte na flutuação táctica e comunicação de Ronaldo e Diogo Jota. Bruno Fernandes é o wildcard da equipa, importando que não acuse o cansaço (acabou a época completamente rebentado) e que repita o que fez no amigável contra Israel, conseguindo dar continuidade à importância que tem tido nos seus clubes, um nível que quase nunca tem apresentado ao vestir a camisola da selecção. André Silva e João Félix são excelentes opções para poder lançar.

Destaques Individuais (Previsão):


Portugal tem equipa para se bater com qualquer selecção neste Euro 2020 e, somando tudo o que deve ser ponderado, é realista considerar Portugal, detentor do troféu, um dos 4 principais candidatos a chegar à final. Na nossa previsão, deixamos a Selecção das Quinas nas meias-finais, mas torceremos para estar enganados.
    Um dos desafios da nossa Selecção neste Campeonato da Europa é saber jogar sem Cristiano Ronaldo - com jogadores como Bruno Fernandes e Bernardo Silva a assumirem maiores responsabilidades - mas tendo Ronaldo em campo também. O capitão português quer acima de tudo ser bicampeão, sem se ver obrigado a abandonar o jogo decisivo em lágrimas, mas terá metas individuais: basta-lhe 1 golo para desempatar com Platini e tornar-se o maior goleador de sempre em europeus (com a diferença que Platini marcou 9 no Euro 84 e Ronaldo marcou 9 distribuídos entre 2004, 2008, 2012 e 2016) e actualmente com 104 golos está a cinco do recorde do iraniano Ali Daei nas selecções. Quer isto dizer que, se por exemplo Ronaldo marcar 2 golos à Hungria na jornada inaugural, a imprensa portuguesa vai garantidamente passar o resto da competição obcecada com a contagem decrescente até o recorde ser igualado ou ultrapassado. Desde que não afecte o futebol da selecção e motive CR7, nada contra.
    Ronaldo está com 36 anos e já sabe o que é ser campeão europeu, mas há 5 craques portugueses que ainda não sentiram esse gosto e têm todos capacidade para brilhar: Diogo Jota pode ser o grande destaque português, parecendo-nos o tipo de jogador que jamais se esconderá nos momentos difíceis, podendo beneficiar da sua óptima leitura a decidir quando aparecer nas costas e da marcação mais cerrada que será feita a Ronaldo; Rúben Dias foi o melhor central do futebol europeu em 2020/ 21 e esperamos que a sua parceria com Pepe seja um dos alicerces da nossa Selecção; Bernardo Silva já estava na órbita da Selecção A em 2016, ao contrário de outros, mas falhou a competição por lesão. O 10 português é o jogador mais mágico e tecnicista e, não tendo realizado uma temporada tão exuberante como outros, pode crescer agora, sendo o jogador "do passe para o passe". Bruno Fernandes é para nós a grande dúvida - carregava o Sporting, carrega o United, mas costuma desaparecer quando joga por Portugal. Oxalá não acuse o desgaste da época que realizou em Manchester e faça muitos jogos no nível que exibiu no particular com Israel. E João Cancelo foi o melhor lateral da Premier League e quererá ser um dos melhores laterais deste Euro 2020. É natural que Portugal canalize muito do seu jogo pela direita, procurando que o lado esquerdo seja o quadrante de concretização e nesse sentido Cancelo pode emergir como o principal desequilibrador português.
    Além de tudo isto, o júnior Nuno Mendes é menino para conquistar a titularidade durante a fase de grupos, e no meio-campo temos curiosidade principalmente para acompanhar o equilíbrio e as diferentes soluções que Rúben Neves oferece e o suplemento vitamínico que Renato Sanches poderá ser, pontualmente, para a equipa.


4. HUNGRIA  


  • Guarda-Redes: Peter Gulácsi (RB Leipzig), Ádám Bogdán (Ferencváros), Dénes Dibusz (Ferencváros)
  • Defesas: Loïc Négo (MOL Fehérvár), Gergö Lovrencsics (Ferencváros), Bengedúz Bolla (MOL Fehérvár), Endre Botka (Ferencváros), Willi Orbán (RB Leipzig), Ákos Kecskés (FC Lugano), Ádám Lang (Omonia) Attila Szalai (Fenerbahçe), Attila Fiola (MOL Fehérvár)
  • Médios: Kevin Varga (Kasimpasa), Ádám Nagy (Bristol City), Dániel Gazdag (Philadelphia Union), Tamás Cseri (Mezokovesdi), András Schafer (FC DAC 1904), László Kleinheisler (NK Osijek)
  • Extremos/ Avançados: Roland Sallai (Friburgo) Filip Holender (Partizan), Szabolcs Schön (FC Dallas), Roland Varga (MTK), Csaba Hahn (Paksi), Nemanja Nikolic (MOL Fehérvár), Ádám Szalai (Mainz)
Seleccionador: Marco Rossi;
Baixa: Dominik Szoboszlai

Forças: Puskas Arena (único estádio do Euro 2020 com lotação permitida de 100%) contra Portugal e França; Gulácsi é um bom guarda-redes de engate; Nada a perder;
Fraquezas: Sem Szoboszlai a equipa perde magia, transporte e possibilidade de resolver jogos à lei da bomba; Há ouro para explorar nos canais entre Négo e Botka e entre Holender e Attila Szalai;

Equipa-Base (3-4-1-2): Gulácsi; Botka (Lang), Orban, Szalai; Négo, Nagy, Kleinheisler, Holender; Sallai; Szalai, Nikolic

A Hungria teve o azar de calhar num grupo com 3 equipas que apontamos às meias-finais deste Euro 2020. Perante as circunstâncias, os comandados de Marco Rossi são a selecção com menos responsabilidades neste Euro 2020 (até a Finlândia e a Macedónia do Norte têm mais pressão), beneficiando ainda de uma Puskas Arena com capacidade de quase 70 mil espectadores a seu favor contra Portugal e França.
    É lamentável que Szoboszlai (será a referência desta Hungria na próxima década) não tenha recuperado a tempo, e convém relembrar que actualmente esta selecção já não conta com Dzsudzsak e Gera, dois dos seus melhores jogadores num passado recente, e os responsáveis pelos 3 golos marcados contra Portugal naquele 3-3 de loucos em 2016.
    Com o intuito de estragar as contas dos 3 favoritos, a Hungria actuará com 3 centrais, destacando-se nos primeiros metros dois atletas do Leipzig, Gulácsi (será seguramente muito testado neste Grupo F) e Orban; no meio-campo, Nagy e Kleinheisler são os jogadores mais esclarecidos com bola e o posicionamento de Sallai será a principal particularidade a ter em atenção, baixando o jogador do Friburgo em relação à linha de Szalai e Nikolic. No entanto, temos dúvidas que a Hungria insista na sua opção habitual de alinhar com 2 avançados em todos os jogos desta fase de grupos.

Destaques Individuais (Previsão):


    Numa Hungria órfã do seu verdadeiro craque (Dominik Szoboszlai), o mais certo é que os destaques individuais sejam pouco expressivos, com cada jogo a ser um tremendo e exigente teste à capacidade húngara de se aguentar viva no jogo e sem golos sofridos.
    Numa óptica de adiar o golo e tentar enervar portugueses, franceses e alemães, Peter Gulácsi terá uma palavra a dizer. Há 3 anos era Király o guardião húngaro, e nessa posição o jogador do Leipzig representa um evidente upgrade. Que seja homem do jogo em algum encontro, mas que não seja contra nós.
    Figura central no comportamento táctico da formação de Marco Rossi, o amadurecido-mas-longe-de-corresponder-ao-seu-potencial Ádám Nagy pode voltar a ganhar cotação, tal como quando se deu a conhecer ao mundo em 2016, e Roland Sallai (bom final de época na Bundesliga) é capaz de representar o maior perigo ao ser menos policiado do que Szalai.


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