Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

3 de fevereiro de 2024

As Melhores Séries de 2023

Apresentados os melhores episódios e as melhores novidades, despedimo-nos do melhor da Televisão em 2023 com a categoria das categorias: as Melhores Séries do ano.

    Há um ano atrás, o nosso Top-20 (este ano temos um Top-10) incluía Better Call Saul, Severance, Stranger Things ou My Brilliant Friend. Mais de 365 dias depois, a medalha de prata fica entregue pelo 2.º ano consecutivo à mesma série, que tal como há um ano perde para a temporada final de um colosso televisivo.
    
    A nossa dezena de escolhidos mesclam 6 séries que já por cá andavam (quatro das quais disseram Adeus em 2023 e vão deixar muitas saudades) e 4 novidades - uma mini-série, duas séries com mais temporadas para crescer e uma série cujo futuro ainda é algo incógnito, podendo transformar-se num formato de antologia).

    2024 trará de volta SeveranceStranger Things, Industry, HacksHouse of the Dragon, Andor True Detective (já leva 3 episódios), e variadíssimas novidades sobre as quais muitas ainda nem fazemos ideia.

    Apresentam-se então as 10 Melhores Séries de 2023, um ano com menos oferta mas com um Top-4 de luxo:


1. Succession (HBO)criado por Jesse Armstrong

(93) - I love you, but you are not serious people. O fim de Succession (agora sim, podemos afirmar que é uma das 3 melhores séries de sempre da HBO) cimentou Jesse Armstrong como mestre em construir momentos inesquecíveis, ágil fotógrafo da linguagem afetiva tão própria entre família, e autor realista na execução do desfecho.
    Em Succession, houve um antes e um depois de "Connor's Wedding", o nosso episódio do ano de 2023. 
    Jeremy Strong, Sarah Snook e Kieran Culkin foram aos limites das suas capacidades como intérpretes e, até acompanharmos Kendall na sua caminhada final ao som do brilhante Andante Risoluto de Nicholas Britell, houve: elogios fúnebres para ver e rever; mixórdias a altas horas da noite pelas mãos de 3 irmãos de fato de gala embora com nódoas inocentes para sempre; sacrifício da Democracia para proveito próprio; duas mãos na parte de trás de um carro, desconfortáveis e performativas; uma testa com uma ferida carregada num abraço e outra reclamada como propriedade num círculo roxo; e um testamento com uma dúvida para sempre, o nome de Kendall Roy sublinhado ou riscado (um dos pormenores mais geniais nas séries dos últimos anos).
    A série que conseguiu ser ao mesmo tempo 100% comédia e 100% drama resumiu-se num cru We are bullshit (...) We're nothing, sucedâneo daquele imortal e tão certeiro He made you a playground, and you think it's a whole world.
    Depois de Better Call Saul (2022 e 2020), Mr. Robot (2019 e 2017) e Atlanta (2018), Sucession volta ao lugar que já fora seu aqui no BPF em 2021, o de Melhor Série do Ano.

2. The Bear (FX on Hulu)criado por Christopher Storer

(92) The Bear foi a série da qual retirámos mais prazer em 2023, não sendo no entanto a mais perfeita ou que manteve a fasquia mais alta durante mais tempo. Apenas um ano depois da sua estreia absoluta, a série do FX (disponível no Disney+ em Portugal), vencedora de múltiplos Emmys e globos de ouro, passou com distinção no sempre difícil teste da 2.ª temporada.
    Christopher Storer, sempre coadjuvado por Joanna Calo, congelou Carmy para expandir o universo da série e fazer evoluir personagens à sua volta como Sydney e Richie.
    Metaforizada na procura de propósito ou vocação do rapaz sem cor, apenas apaixonado por comboios, de Haruki Murakami, The Bear continuou elétrica, enervante e inspiradora, caprichando no empratamento para nos arrebatar como comida de conforto.
    Jamie Lee Curtis, Olivia Colman, Sarah Paulson, Bob Odenkirk e Will Poulter foram alguns dos atores convidados numa temporada em que os episódios 6 e 7, "Fishes" e "Forks", captaram num profundo contraste tudo aquilo que a série consegue fazer o espectador sentir.
    Foi a nossa medalha de prata em 2022 e 2023, e por isso acreditamos que quando voltar será para se estabelecer em definitivo acima de toda a concorrência.

3. Scavengers Reign (HBO Max)criado por Joseph Bennett e Charles Huettner

(89) - A nossa Nova Série preferida do ano é uma autêntica obra-prima de animação, um tesourinho por descobrir para grande parte do público. Scavengers Reign provoca inicialmente uma intencional sensação de estranheza, mas não demora a afirmar-se como uma série de consumo obrigatório para todos os fãs de boa televisão, hábil no entendimento da Natureza, da humanidade e da arte de contar uma boa história.
    Alguém escreveu online que é uma fusão entre Annihilation com o maravilhoso mundo visual do nipónico Hayao Miyazaki, uma descrição sem dúvida acertada.
    Nenhuma série valorizou e respeitou tanto o espectador este ano como Scavengers Reign, apresentando paulatinamente um planeta do zero e introduzindo-nos à sua diferenciada Biologia. Ficção científica ao mais alto nível, inteligente, viciante, belíssima em todos os planos, para contemplar e interpretar.

4. The Last Of Us (HBO)criado por Neil Druckmann e Craig Mazin

(85) - Parece já tão distante (esteve no ar entre Janeiro e Março de 2023), mas ainda nos lembramos da pica que todas as segundas-feiras passaram a ter por haver novo episódio de The Last Of Us para ver, sensação que só teve par na sempre aguardada despedida de Succession.
    A nova grande série da HBO não tinha vida fácil à priori, mas convenceu tudo e todos de forma consensual. Craig Mazin manteve o nível alto depois de Chernobyl e Neil Druckmann provou a sua capacidade multi-plataforma, semeando pormenores para os fãs do jogo, mas sabendo como e quando fazer crescer o universo da história, sem nunca desrespeitar o material original.
    A história de Bill e Frank foi um dos pontos altos de 2023, Pedro Pascal esteve soberbo (um trabalho incrível, maioritariamente em pequenos apontamentos) e Bella Ramsey deu uma chapada de luva branca a todos aqueles que torceram o nariz ao seu casting.

5. Barry (HBO)criado por Bill Hader e Alec Berg

(84) Nas suas 4 temporadas, Barry teve em duas (a segunda, em 2019, e esta última em 2023) a porventura ingrata posição de ser o episódio que a HBO emitia logo depois de um dos episódios das temporadas finais de Game of Thrones (2019) e Succession (2023). Por mérito de Bill Hader, aconteceu o melhor de dois mundos: em 2019, a desilusão de GoT fez sobressair Barry, com o melhor exemplo a 29 de Abril desse ano quando "The Long Night" foi ofuscado por "ronny/lily"; e em 2023 os fãs de ambas as séries colaram os finais de Barry e Succession, despedindo-se com dificuldade dupla e misturando sentimentos a 29 de Maio.
    Mais sério do que nunca antes (os gags humorísticos, quando aconteceram, tiveram assim ainda mais impacto pelo contraste), Barry terminou com ajustes de contas entre gangues rivais, entrelaçou com mestria os caminhos da personagem principal com NoHo Hank, Fuches e Cousineau e surpreendeu num salto temporal, um isolamento com Sally que durante algum tempo pareceu mera ilusão.
    "wow" contribuiu com ironia para uma série em que pudemos ver Bill Hader a crescer como autor, experimentando e conseguindo um objeto artístico que, aqui e ali, teve coisas de Breaking Bad/ Better Call Saul.

6. Dave (FXX)criado por Dave Burd e Jeff Schaffer

(83) Presença constante nos nossos Tops de séries do ano (2º lugar nas Novas Séries de 2020 e 3º lugar nas Melhores Séries de 2021), Dave voltou com argumentos de peso, incluindo algumas participações especiais impensáveis demonstrativas do respeito que Dave Burd alcançou no meio.
    No geral, a jornada do rapper Lil Dicky ficou quase no mesmo ponto em que estava no final da 2.ª temporada, mas Robyn (Chloe Bennet) foi uma lufada de ar fresco - hipoteticamente condenada a ser o enésimo erro do protagonista - e a ida ao Met Gala com um fato pronto a insuflar a qualquer instante foi um belo pedacinho indutor de ansiedade.
    Se à terceira temporada, Dave conseguiu Brad Pitt, Rachel McAdams e Drake... não nos atrevemos a arriscar que cameos conseguirá da próxima vez em que o rapper neurótico pegar num microfone para nos dar grandes êxitos como "I Met A Girl" ou "Mr. McAdams".

7. Beef (Netflix)criado por Lee Sung Jin

(83) - Quase todos os anos uma série Netflix (seja Squid Game ou The Hunting of Hill House) emerge súbita e instantemente, protagonizando sucessivos tópicos do Reddit, tornando-se a série que todos os amigos nos recomendam e quase obrigando a que a devoremos em três tempos.
    Beef foi o fenómeno da Netflix em 2023. Estilisticamente rica e com ótimos papéis de Steven Yeun (a cena na igreja ao som de "O Come to the Altar" foi dos momentos mais emocionantes do ano) e Ali Wong (boa surpresa neste registo), a rixa ou desaguisado entre dois condutores de classes sociais bem diferentes, escalada imparável de competição e vingança, foi uma excelente fotografia de uma sociedade em panela de pressão, de ambição sem propósito e infelicidade reprimida. Danny e Amy desafiaram o espectador a empatizar com os dois lados, e num buzinão desmedido agitaram a televisão em 2023.
    Não faz sentido a Netflix renovar Beef, exceto se optar por transformá-la numa série de antologia.

8. Ted Lasso (Apple TV+)criado por Jason Sudeikis, Bill Lawrence, Brendan Hunt e Joe Kelly

(82) O nosso Top deste ano inclui 6 séries repetentes, 4 das quais se despediram em definitivo. Dessas (Succession, Barry, Ted Lasso e Reservation Dogs) a série de Jason Sudeikis deixa uma mágoa distinta por ser a única que podia perfeitamente continuar, jamais aparentando estar a fazer render o peixe.
    A história do treinador norte-americano no AFC Richmond, entre Premier League e Championship, começou em 2020 e foi sempre uma das melhores terapias televisivas. Os trocadilhos de Ted, a personalidade carismática de Rebecca, o mau feitio de Roy Kent, o sorriso de Sam, o otimismo de Dani Rojas e a arrogância de Jamie foram titulares indiscutíveis numa série que, em equipa, deu palco para cada qual brilhar na sua vez e à sua maneira.
    Guardaremos desta temporada o bromance entre Jamie Tartt (fantástico arco ao longo das 3 temporadas) e Roy, aquele vídeo "motivacional" ao som de Ed Sheeran, o futebol total, uma noite em Amesterdão e a empatia do balneário com Colin. Fica a sensação que houve um certo desnorte no tratamento de Keeley e foi positivo assistir à redenção de Nathan, embora pudesse ter sido menos acelerada se a série durasse mais uma ou duas temporadas.

9. Reservation Dogs (FX on Hulu)criado por Sterlin Harjo e Taika Waititi

(82) A comédia intimista sobre quatro amigos nativo-americanos, à procura de fazer o luto depois da perda do 5.º membro dos 'Rez Dogs' de Oklahoma, foi uma despedida melancólica, capaz de cimentar a série de Harjo e Waititi como uma das mais consistentes dos últimos anos neste género.
    Apesar do clímax da série ter sido aquele mágico e fugaz encontro a 5 no mar na season finale de 2022, Reservation Dogs escolheu dizer adeus com uma dolorosa viagem às origens da Deer Lady, recuou no tempo para um gangue doutra época em "House Made of Bongs" e resolveu o mistério sobre o pai de Elora, recrutando Ethan Hawke para uma participação bem ao seu jeito.
    Ficam as saudades e a sensação que os autores entenderam o momento certo para sair de cena. Estaremos atentos ao futuro destes 4 jovens atores.

10. The Curse (Showtime)criado por Nathan Fielder e Benny Safdie

(80) - Uma parceria de Nathan Fielder (The Rehearsal, Nathan For You) e Benny Safdie (Good TimeUncut Gems) ter-nos-ia sempre como ávidos espectadores em primeira fila, mais ainda com Emma Stone no papel principal. E correspondeu às expectativas.
    A série com o final mais surreal de 2023 apostou no realismo, nos silêncios desconfortáveis e nos contrastes da sociedade para mergulhar no mundo dos bastidores da Reality TV, iludindo com uma ideia de paródia para ir bem mais além, em ousadia e altitude.
    The Curse é uma série de nicho, para um público paciente e que não precisa de estímulos constantes; é das que pede digestão entre episódios, ora descarada ora subtil, diferente de tudo o que há e porventura influenciadora para próximas gerações.
    Que Fielder e Safdie voltem a colaborar, e que Emma Stone abrace mais projetos televisivos.