28 de maio de 2019

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Após termos partilhado os nossos prémios referentes à Premier League, chegou a vez da nossa Liga NOS.
    Numa época em que o Porto procurava a consolidação, houve reconquista por parte do Benfica, que assim acentuou a sua hegemonia interna (5.º título em 6 anos). Mas os adeptos encarnados só puderam gritar a plenos pulmões "o campeão voltou" porque houve Bruno Lage, a principal figura do futebol nacional em 18/ 19, mesmo que não goste de ter os holofotes sobre si.
    Entre incríveis números colectivos (103 golos marcados, 18 vitórias nas últimas 19 jornadas por parte do Benfica) ou individuais (Bruno Fernandes, um médio, marcou 20 golos no campeonato e 32 no conjunto de todas as competições), saiu a ganhar o bom futebol e a aposta na juventude (Félix, Militão, Ferro, Florentino, Galeno, Heriberto, Gedson, etc.), numa Liga valorizada por surpresas como o Moreirense e o Santa Clara.
    Fazendo sentido falar num a.Bruno Lage e d.Bruno Lage, 2018/ 19 é um remate potente de Bruno Fernandes, festejando com a braçadeira vibrante no seu braço esquerdo, é o prodígio João Félix a surgir entre linhas e a provar quão especial é ao marcar nas estreias em Alvalade e no Dragão, é um passe açucarado de Pizzi e um cruzamento perfeito de Grimaldo, é uma bola conquistada na profundidade por Seferovic e um corte providencial de Éder Militão. É Chiquinho, a mostrar que um passo atrás pode permitir dois à frente, é uma arrancada imparável de Rafa, e é, porque há, sempre houve e sempre haverá coisas muito mais importantes do que o futebol, o conforto de saber que Iker Casillas está bem.

    O futebol é feito de jogadores e por isso os prémios abaixo são, praticamente, só deles. Abaixo encontrarão o nosso 11 do Ano, Jogador e Jovem do Ano, Treinador do Ano e algumas categorias adicionais. Vamos lá a isto:



Guarda-Redes: Entre as onze posições, entregar a titularidade na baliza de 2018/ 19 é o exercício menos consensual (além do guarda-redes, apenas merece também alguma discussão o centro da defesa, no lado direito), porque qualquer um entre 4 guarda-redes seria uma boa escolha.
    Mas comecemos em sentido inverso. Vlachodimos brilhou na Europa, mas deixou a nível interno algumas dúvidas sobre a sua capacidade para assumir as exigentes luvas do Benfica, clube onde rendeu mais - ao contrário da generalidade dos jogadores de campo - na versão Rui Vitória do que na versão Bruno Lage. Além do grego, e tendo também Beunardeau, Renan e Daniel Guimarães mostrado qualidade a espaços, importa mencionar Hélton Leite. O guardião axadrezado estava a ser um dos melhores e mais decisivos do nosso campeonato mas deixou de contar após a 21.ª jornada devido a uma lesão grave.
    Assim, e abaixo dos restantes 4, surge Tiago Sá. Com 24 anos, começou a temporada como 3.ª opção atrás de Matheus e Marafona mas fez do azar dos outros a sua sorte. Charles (guarda-redes com o maior nº de defesas espectaculares esta época) foi determinante para que o Marítimo não descesse, e é difícil encontrar um GR que tenha sido superior quando avaliada em exclusivo a segunda volta. Léo Jardim revelou tremendo potencial, parecendo reunir condições para reforçar um grande, Muriel (irmão de Alisson, guarda-redes do Liverpool) impressionou pela consistência, mas acabámos por escolher Casillas - sentimentos à parte pelo susto que provocou a sua saúde, o portero do Porto correspondeu sempre, mostrou-se seguro e ambicioso, puxou pela equipa e acumulou mais clean sheets do que qualquer outro. 



Lateral Direito: E se o mal amado dos benfiquistas vier um dia a ser o jogador mais titulado da História do clube? Pensem sobre isso, porque não é de todo impossível. O limitado lateral-direito do Benfica, capitão de equipa na recta final desta Liga NOS e figura essencial no balneário encarnado, realizou a sua melhor época de sempre (2 golos e 12 assistências), evoluiu a partir do momento em que teve o amigo Pizzi no corredor, sempre consciente do que é capaz e de quando e como não se deve expor.
    Numa época em que o lado direito dos dragões teve vários intérpretes, dois deles presentes no Top-5 de outras duas posições deste 11 do Ano, e em que nenhum dos laterais destros do Sporting nos convenceu, Rodrigo Soares destacou-se ao ser o jogador da Liga com mais oportunidades de golo criadas. Foram 118 passes decisivos, acima dos 104 de Bruno Fernandes e 103 de Pizzi.
    Marcelo Goiano apresentou a regularidade e competência a defender que o caracterizam, Kalindi foi o defesa com mais dribles depois de Grimaldo e alimentou dentro do possível o sonho da manutenção do Nacional, e Diogo Viana completou com sucesso a sua adaptação à nova função de lateral/ ala.


Defesa Central (Lado Dto.): De malas feitas para o Atlético Madrid deixando 20 milhões de euros nos cofres do Dragão, Felipe (30 anos) foi o central mais competente e regular entre os que actuaram pelo lado direito. Na comparação com o seu principal concorrente, Rúben Dias, ambos cometeram mais erros do que seria recomendável, embora o brasileiro tenha errado menos. Portugal perde um central duro mas alguém que formou excelentes parcerias com Marcano e Militão (não tanto com Pepe).
    Menos elegante do que o parceiro Ferro, Rúben Dias voltou a demonstrar que é um líder nato, afirmando-se como o patrão e alma da defesa encarnada no pós-Luisão e, salvo alguns deslizes, revelando uma concentração ímpar sobretudo quanto mais exigentes foram os adversários.
    Depois dos 2 potenciais titulares nesta posição, Coates esteve abaixo do que já fez, Gonçalo Silva esteve intratável em variadíssimos jogos, muitas vezes numa defesa a 3 que viu Sasso também brilhar, e Bruno Viana manteve-se irrepreensível, caindo o seu desempenho quando perdeu Raúl Silva como companheiro de defesa.


Defesa Central (Lado Esq.): O melhor central do campeonato e o 2.º melhor jovem desta edição. Sem precisar de qualquer período de adaptação ao futebol europeu, o futuro jogador do Real Madrid chegou ao Porto e apanhou logo o andamento, impressionando a sua qualidade e maturidade em todos os momentos (é dificílimo ultrapassá-lo em 1 para 1, farta-se de dobrar os colegas, é forte pelo ar e está cómodo quando lhe pedem que saia a jogar) e custando perceber como Sérgio Conceição o "atirou" para o lado direito, desfazendo aquela que vinha a ser a melhor dupla de centrais da Liga.
    Mathieu (que jogão na final da Taça!) consolidou o seu estatuto enquanto um dos jogadores preferidos dos sportinguistas nos últimos anos, oscilando mais o seu rendimento em comparação com 17/ 18 mas não deixando dúvidas em relação ao facto de ser o melhor central em Portugal com bola no pé. Também elegante, Ferro (poderá sempre dizer que a sua estreia na Liga foi um 10-0) destacou-se numa dupla de centrais com muitos anos de histórias lado a lado, agarrou em definitivo o lugar no 11 de Lage e conquistou os adeptos com a sua simplicidade a desarmar.
    Finalmente, apesar de ter integrado a defesa do último classificado Feirense, o mexicano Briseño mostrou-se fortíssimo a defender e merece uma transferência para um clube que lhe faça justiça; e Fábio Cardoso regressou a Portugal para se fartar de marcar (5 golos na Liga NOS).


Lateral Esquerdo: Parecia impossível bater Alex Telles, indiscutível melhor lateral-esquerdo e um dos melhores jogadores da Liga nos últimos anos, mas Grimaldo conseguiu-o. O jogador de campo do campeão nacional com mais minutos na Liga (3.052) marcou 4 golos, fez 12 assistências, foi um dos 8 destaques individuais desta edição e um dos melhores laterais-esquerdos do futebol europeu em 2018/ 19. Entre as figuras da época encarnada (Pizzi, João Félix, Rafa, Seferovic e Grimaldo) não foi o mais decisivo nem o melhor, mas foi o mais regular, bastando recordar aos mais esquecidos que a saída de bola do Benfica com Rui Vitória... era Grimaldo.
    É possível que Portugal perca no mesmo Verão dois craques - Grimaldo e Alex Telles - continuando o brasileiro do FC Porto essencial com a sua distinta qualidade de cruzamento, quer em bola corrida quer em bola parada.
    Sequeira evoluiu bastante ao serviço do Braga, Rafa Soares aproveitou o período em Guimarães para crescer com Luís Castro, e Acuña (umas vezes a lateral, outras vezes a extremo) manteve os seus elevados - ok, algumas vezes demasiado - índices competitivos, sendo um dos melhores do Sporting a longa distância do iluminado Bruno Fernandes.


Médio Centro: A necessidade de conciliar no mesmo 11 os melhores do ano, o que implica uma dupla na frente de Ponta de Lança + Segundo Avançado, gera a meio-campo dois conjuntos de 5 opções algo mistas. Indiscutível, isso sim, a obrigatoriedade dos nossos dois médios centro titulares serem Chiquinho e Bruno Fernandes.
    Jonatan Lucca foi um belo reforço do Belenenses SAD, Rashid um craque absoluto passeando toda a sua classe (excelente também Bruno Lamas, no Santa Clara) sobretudo até rumar à Taça da Ásia, Danilo Pereira fez-se sinónimo de correcção táctica e exemplar atitude, e Samaris passou de transferível a indiscutível.
    Mas Chiquinho (8 golos, 7 assistências) esteve noutro patamar. O único titular do nosso 11 extra-grandes foi um dos melhores jogadores da Liga, catapultou o Moreirense para um nível impensável, impressionando a sua qualidade a definir tanto em construção apoiada como em transição. Quando Shoya Nakajima saiu do nosso campeonato, passou a ser o jogador mais especial fora do Top-4, e o Benfica ficará muito bem servido caso o resgate.


Médio Centro: Há jogadores para os quais um curto texto não chega para traduzir uma época. Único repetente no nosso 11 do Ano em comparação com a temporada passada, Bruno Fernandes destacou-se de tudo e todos, e foi o capitão que o Sporting precisava numa época em que o leão arrancou ferido e traumatizado. Com 20 golos e 13 assistências no campeonato (32 golos no total da época), o camisola 8 jogou, fez jogar, foi o motor do Sporting (que intensidade) e apareceu sempre, exibindo notável liderança e inteligência dentro e fora de campo. Um orgulho e uma honra, para adeptos do Sporting e adeptos rivais, podermos assistir a uma época cá em Portugal de um jogador assim...
    Além do capitão verde e branco, Gabriel demorou a conquistar o seu espaço, mas Bruno Lage fez dele um dos reforços do ano, formando excelente e improvável dupla com Samaris e deliciando qualquer adepto com os seus passes longos; Herrera foi igual a si mesmo, embora com outro rosto; em Guimarães, Tozé deu sequência à boa época que fizera ao serviço do Moreirense; e Paulinho voltou a Portimão para se sentir em casa e soltar o seu melhor futebol.


Extremo Direito: Os adeptos do Benfica vivem uma difícil relação com Pizzi. Mas não é à toa que com Jorge Jesus, Rui Vitória ou Bruno Lage o criativo encarnado foi sempre titular e peça-chave na manobra ofensiva da Luz. O cérebro do campeão nacional, de regresso à direita onde se sente realmente cómodo, útil e realizado, marcou 13 golos e fez 19 assistências. Colocando as coisas em perspectiva, esteve ligado a 32 golos enquanto que Bruno Fernandes esteve ligado a 33, e retirando os golos de grande penalidade a ambos, estiveram os dois ligados aos mesmos 27 golos de bola corrida. Aceitem-no como é, pois tem um QI diferenciado na construção e interpretação do jogo, compreendendo os colegas (que o adoram e respeitam) como ninguém e sendo o elemento que muitos procuram quando levantam a cabeça.
    Além do 21 das águias, Corona cumpriu a sua melhor época em Portugal, embora nunca se afirmando como um titular absoluto de Sérgio Conceição; Mama Baldé (8 golos) cresceu imenso e provou que rende mais actuando na frente; Arsénio acabou a temporada a lateral mas semeou o terror como extremo, combinando na perfeição com os colegas Chiquinho, Pedro Nuno, Heriberto ou Nenê; e Edgar Costa foi um dos poucos destaques positivos do Marítimo, alargando o seu reportório de livres directos e cruzamentos venenosos. 


Extremo Esquerdo: A qualidade esteve sempre lá, só lhe falta soltar-se sob a orientação do treinador certo. O melhor jogador do Benfica no último terço do campeonato explodiu finalmente, e tornou-se tudo aquilo que qualquer adepto sabia que ele podia ser. Com 17 golos na Liga (embora apenas duas assistências), coube a Rafa fazer o 2-1 em pleno Estádio do Dragão que colocou o Benfica numa liderança da qual nunca mais saiu. Sempre em excesso de velocidade, confiante e a acelerar o jogo como mais nenhum jogador o fez esta época em Portugal, fica a pergunta: será que conseguirá ser em toda a temporada de 2019/ 20 aquilo que foi neste ano civil?
    Yacine Brahimi despediu-se do futebol português com a sua melhor marca de golos na Liga (10), continuando a deixar os defesas tontos com os seus círculos perfeitos mas voltando a deixar a sensação que podia render muito mais; Galeno (estatísticas de drible ao nível de Rafa, e apenas batido por Brahimi) pediu uma oportunidade no FC Porto; Davidson mostrou porque é que Luís Castro o foi buscar ao Chaves onde já o orientara; e Heriberto Tavares fez o suficiente para ter uma oportunidade na pré-época com Bruno Lage, continuando a sua senda de aproveitar todas as épocas para se fazer mais jogador.



Segundo Avançado: Prodígio. E porque Bernardo Silva não foi aposta de Jorge Jesus podemos dizer: a Luz não vibrava e festejava um talento assim desde Rui Costa, e o futebol nacional não via despontar alguém tão especial desde que nasceu alguém que viria a conquistar 5 bolas de ouro. Dizemos isto sem querer exercer ou forçar comparações, que só fazem mal ao 79 das águias, mas de facto Félix é... fora de série. Aos 19 anos, o "miúdo" cuja titularidade a segundo avançado Bruno Lage viu como uma urgente e obrigatória mudança para deixar uma marca, acabou com 15 golos e 7 assistências sendo titular e aposta continuada apenas a partir de 6 de Janeiro (Benfica 4-2 Rio Ave). De joelhos assentes na relva, o rapaz que marcou nas suas estreias em Alvalade e no Dragão, olha de braços cruzados para o seu futuro, e os adeptos e o bom senso pedem pelo menos uma época mais de águia ao peito, quiçá com o 10 de Jonas.
    Portento físico sem igual, Marega voltou a ser importante na aplicação das ideias de Sérgio Conceição, embora passando de 22 para 11 golos, Wilson Eduardo picou o ponto com frequência; Licá encontrou no 3-5-2 um esquema indicado para as suas características; e Jhonder Cádiz foi um dos elementos que mais cresceu, num Vitória de Setúbal em que o seu talento contrastou com a monotonia.


Ponta de Lança: Se no começo da época nos dissessem que o melhor marcador desta Liga ia encerrar 2018/ 19 com 23 golos, menos de 2.000 minutos na Liga, 1 golo a cada 84 minutos e nenhum golo de grande penalidade... teríamos ficado confusos. Quem seria este jogador: Ferreyra ou Castillo? Aboubakar ou Soares? Jonas ou Bas Dost sem penalties? Não, foi Haris Seferovic, o suiço que encarávamos como excedentário e virou um dos jogadores mais importantes da Liga. Em perfeita sintonia com João Félix (como diz Lage, um procura espaços nas costas da defesa e o outro o espaço à frente da defesa), o helvético foi o Most Improved Player desta edição, bisou por 6 ocasiões e apareceu sempre nos jogos grandes.
    Dyego Sousa foi um dos 10 melhores da Liga, realizando uma 1.ª volta de sonho, Soares falhou vários jogos mas marcou como nunca pelo Porto, Jonas (é o adeus?) pincelou a época do 1.º classificado com a sua classe, e Bas Dost acabou relegado para o banco por Luiz Phellype mas no conjunto da época teve bons períodos, mesmo que 8 dos seus 15 golos tenham sido de grande penalidade.



    Aceitamos que Éder Militão, Grimaldo ou Dyego Sousa também eram escolhas admissíveis para este Top-6, mas foi neste sexteto que encontrámos maiores argumentos a favor.
    Longe das andanças dos grandes, e depois de dispensado da pré-época do Benfica, Chiquinho mostrou no Moreirense que tem muito para dar, quem sabe até ao serviço das águias. Médio requintado, distinto na visão de jogo que apresenta e na forma como conduz jogo e esconde a bola, jogou como muito poucos. Nota para o facto de não entregarmos uma vaga do nosso Top-6 a um jogador extra-grandes desde Diogo Jota (2015/ 16).
    Depois, uma avalanche ofensiva do campeão nacional. Haris Seferovic (ninguém cresceu como ele) falhou vários golos mas mesmo assim foi o melhor marcador da Liga com 23 (jogando menos de 2.000 minutos e marcando um golo a cada 84 min), disse sempre presente nos palcos de maiores nervos, funcionando em sintonia perfeita com João Félix e sendo igualmente determinante pelo seu contributo defensivo. Já Rafa - o melhor jogador dos encarnados se considerarmos apenas o último terço, e muitos adeptos ficam apenas com essa imagem - realizou um campeonato em excesso de velocidade, apresentando muito melhor relação com o golo (17) e sendo por vezes absurda a sua facilidade e naturalidade em retirar adversários do caminho.
    João Félix mudou o Benfica, sendo aos 19 anos a revelação da Liga e deixando os portugueses a sonhar com o seu futuro, tornando-se a melhor representação em campo do Benfica versão Bruno Lage. Depois, o demasiadas vezes criticado e poucas vezes valorizado Pizzi foi o maestro e o cérebro (impressionantes 19 assistências!) do ataque benfiquista. Mas o Jogador do Ano só podia ser um: Bruno Fernandes. O médio e capitão do Sporting recusou-se a tirar o pé do acelerador em momento algum, marcou 20 golos, fez 13 assistências e carregou a sua equipa praticamente sozinho. O ano passado a Liga considerou-o o MVP quando na verdade era Jonas que merecia esse prémio, mas desta vez o número 8 do Sporting merece tudo.



    Tudo estava encaminhado para Éder Militão "limpar" este prémio, até que Bruno Lage confiou a titularidade a um rapaz de 19 anos que mudou para sempre o rumo deste campeonato. Com golo, visão de jogo, qualidade a distribuir e colocar os colegas na cara do golo, tudo muito à frente daquilo a que estamos habituados a ver em atletas da sua idade, o principal traço que distingue o Jovem Jogador do Ano 18/ 19 dos restantes jovens craques é a capacidade que tem de interpretar, perceber e ocupar os espaços. Isso, e a ousadia que caracteriza os fenómenos, jamais se escondendo e aparecendo sempre nos jogos grandes. Difícil encontrar nesta edição momento mais bonito do que a substituição de Félix por Jonas, com o 10 brasileiro em lágrimas. Estava passado o testemunho.
    Além da nova coqueluche do futebol português, Éder Militão foi o reforço do ano em Portugal, o melhor central da Liga (embora condenado na recta final à direita), fazendo o suficiente para que o Real Madrid não tivesse dúvidas sobre o seu valor.
    Numa edição que deu a conhecer Florentino (apenas 11 jogos e 841 minutos na Liga, abaixo dos mínimos que temos fixados para que os jogadores sejam elegíveis para esta categoria), Gedson ou Kalindi, consolidando Bruno Tabata e Ivanildo Fernandes, destacamos principalmente a dupla de centrais do Benfica - o campeão nacional acabou a época com dois centrais de 22 anos, Ferro e Rúben Dias -, o desconcertante Galeno e ainda Heriberto Tavares, atleta exemplar que no espaço das últimas 4 temporadas tem crescido de ano para ano.



Treinador do Ano: Sem esquecer o papel fundamental de Lito Vidigal, Augusto Inácio e Petit na salvação e consolidação de Boavista, Aves e Marítimo, e sendo obrigatório perdermo-nos também em elogios ao trabalho desenvolvido por João Henriques nos Açores, 4 treinadores (sem ordem definida) marcaram à sua maneira esta edição, abaixo do nosso Treinador do Ano, que só podia ser um.
    O holandês Marcel Keizer chegou a Portugal em Novembro e em Maio tem 2 taças no seu currículo ao serviço dos leões (melhor época do clube em termos de títulos desde 2002). Um gentleman, refrescante na postura e cultura, fez mais do que seria expectável com o plantel ao seu dispor, e teve dedo inequívoco na época de Bruno Fernandes, que melhorou a olhos vistos a partir da sua entrada em funções. Sérgio Conceição acabou de mãos vazias, depois de perder uma vantagem de 7 pontos, mas merece que lhe seja reconhecido algum mérito - os azuis e brancos foram por larga margem a melhor defesa do campeonato e fizeram apenas menos 2 pts do que o campeão. Relativamente ao futebol praticado pelo Porto e ao carácter do técnico portista... não contem connosco para o defender na mesma medida. Entre os não-candidatos, Silas teve tudo contra o seu Belenenses SAD mas terminou na 1.ª metade da tabela, potenciando um plantel muito limitado e demonstrando a partir do banco que sabe preparar um jogo e corrigi-lo no seu decurso. Finalmente, Ivo Vieira comandou o fantástico Moreirense, equipa sensação da prova e um dos projectos que mais gosto nos deu acompanhar, com futebol de equipa grande e muita personalidade.
    Mas, naturalmente, todos os caminhos vão dar a Bruno Lage. E depois de ver nascer José Mourinho, Setúbal fica provado como autêntico viveiro de treinadores especiais. O técnico com as melhores conferências de imprensa e flash interviews (fala de futebol, abre o jogo e permite ao adepto comum aprender) dos últimos anos revolucionou o Benfica, transformando potencial desperdiçado numa máquina de bom futebol. Os números falam por Lage - 103 golos marcados, 18 vitórias e 1 empate nos seus 19 jogos na Liga - tendo feito renascer Gabriel e Samaris, promovido Florentino ou Ferro, encontrado a fórmula certa para espremer o melhor de Pizzi, Rafa, Grimaldo e Seferovic e tido a coragem e a sensibilidade de perceber que João Félix é um jogador diferenciado.
    Que o futebol português aprenda e se deixe contagiar com o homem que ergueu o 37, que para ele é dele e de Jaime Graça.



Melhor Marcador: 1. Haris Seferovic (Benfica) - 23
2. Bruno Fernandes (Sporting) - 20
3. Rafa (Benfica) - 17

Melhor Assistente: 1. Pizzi (Benfica) - 19
2. Bruno Fernandes (Sporting) - 13
3. Álex Grimaldo, André Almeida (Benfica) - 12

Clube-Sensação: Moreirense
Desilusão: Desportivo de Chaves
Most Improved Player: 1. Haris Seferovic, 2. Mama Baldé, 3. Jhonder Cádiz
Reforço do Ano: Éder Militão (Porto)
Flop do Ano: Facundo Ferreyra (Benfica)
Melhor Golo: André Almeida (Benfica 6 - 2 Braga) (Link)




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