Japão 1 - 4 Colômbia (Okazaki 45'+2; Cuadrado (pen.) 17', Jackson Martínez 55' 82', James Rodríguez 90')
Na Arena Pantanal, num jogo arbitrado pelo português Pedro Proença, pudemos testemunhar mais uma vez o potencial que esta Colômbia tem. Pékerman geriu a equipa, colocou apenas 3 titulares (Ospina, Armero e Cuadrado) em campo mas conseguiu que a selecção colombiana atingisse o pleno a nível de pontos, igualando o feito que a Holanda tinha também ontem conseguido. Podemos dizer que houve hoje um jogo antes de James Rodríguez e outro depois dele entrar. O ex-jogador do Porto, actual craque do Mónaco (provavelmente terá muitas propostas depois deste Mundial) está a ser um dos melhores jogadores no Brasil 2014.
Japoneses e colombianos chegavam ao jogo de hoje com posturas bem diferentes. À Colômbia bastava um empate para garantir o 1.º lugar, enquanto que o Japão precisava da vitória para se qualificar. O jogo iniciou-se bastante dividido mas aos 17' Proença assinalou penalty por falta imprudente de Konno sobre Adrián Ramos. Juan Cuadrado já tinha 3 assistências neste Mundial mas ainda não tinha marcado, e encarregou-se de disparar uma bomba para o fundo das redes de Kawashima. Durante praticamente toda a 1.ª parte vimos uma Colômbia satisfeita com o resultado e a aguentar as posições, frente a um Japão sempre igual a si mesmo - energia infinita, grande qualidade na recepção e no passe, mas pouca "boa agressividade", faltando também um matador que não se ponha com rodeios na grande área. No Mundial de futebol humano, os japoneses chegariam longe. Não obstante, o Japão conseguiu o empate antes de Proença apitar para intervalo - Honda cruzou do lado direito e Okazaki cabeceou para o golo.
Pékerman fez apenas 2 alterações ao intervalo, retirando Cuadrado e Quintero, lançando James Rodríguez e Carbonero. E pode-se dizer que James mudou o jogo. O número 10 da Colômbia disse logo bem cedo ao que vinha - fez uma "cueca" a um japonês, acelerou numa diagonal e fez a bola passar bem perto do poste. A Colômbia entregou a iniciativa de jogo ao Japão, passando a explorar as transições claramente consentidas pelo buraco gigante entre a defesa e o meio-campo ofensivo (nota negativa para o funcionamento de Hasebe e quer Aoyama, quer Yamaguchi). Os golos colombianos, fruto da velocidade e técnica dos seus jogadores, acabaram por aparecer uns a seguir aos outros. Aos 55' a Colômbia recuperou a vantagem com James a fazer um último passe de morte e Jackson Martínez a finalizar com qualidade. A dupla que ajudou e muito Vítor Pereira no Porto de 2012/ 13 funcionou na perfeição, mas voltaria a funcionar ainda melhor alguns minutos depois. Pelo meio, Honda rematou uma bomba para Ospina defender e perderam-se alguns contra-ataques com Adrián Ramos a decidir mal. Mas o 3-1 chegou com naturalidade. James Rodríguez fez um passe de ruptura que vale a pena ver e rever, isolando Jackson Martínez que não pediu licença a ninguém e bisou na partida. A equipa técnica colombiana sentiu que estavam reunidas as condições para fazer do guardião Faryd Mondragón o jogador mais velho a actuar em Mundiais (43 anos), e o melhor momento do jogo seria já com o substituto de Ospina a assistir a partir da baliza. James Rodríguez, depois de ter dado 2 golos a Jackson, procurou também o seu golo e para isso driblou 2 japoneses e picou a bola à saída de Kawashima. Golaço de James! São 3 golos e 2 assistências em três jogos de Mundial 2014, sem margem para dúvidas um dos destaques até este momento.
Foi um jogo com um a.J. e d.J. (antes de James e depois de James) como tínhamos mencionado. Tem dado gosto acompanhar o Mundial do camisola 10 da Colômbia e hoje bastaram-lhe 45 minutos para destruir o adversário. É um dos jogadores da actualidade mais forte em transição, uma vez que conjuga a sua excelente capacidade de decisão com enorme técnica, fazendo tudo bem nos tempos certos. Já no tempo em que jogava em Portugal o Porto usava esta característica de James, que entrava muitas vezes no decorrer do jogo com Vítor Pereira como treinador. Hoje foi uma vitória "à Porto" da Colômbia uma vez que Jackson Martínez bisou e terá deixado um aviso para Teófilo Gutiérrez, que não tem produzido tanto. Importa no entanto perceber que se tratam de jogadores bem diferentes e Teófilo é na realidade um segundo avançado, muito mais envolvido com a equipa. Relativamente ao Japão, deixou a imagem de sempre - a equipa tem futebol nos pés mas falta-lhe atitude competitiva, maturidade, matreirice, acabando por cair sempre com alguma inocência.
Marquem na agenda: Colômbia-Uruguai, 28 de Junho às 21 horas. Um dos melhores jogos dos oitavos-de-final!
Barba Por Fazer do Jogo: James Rodríguez (Colômbia)