Camarões 1 - 4 Brasil (Matip 26'; Neymar 17' 34', Fred 49', Fernandinho 84')
O Brasil de Luiz Felipe Scolari garantiu hoje o primeiro lugar do Grupo
A com aquela que foi até agora a melhor exibição do escrete. Com um colectivo mais
afinado - e também contra o adversário mais fraco que a "canarinha"
já enfrentou até agora - o talento de Neymar sobressaiu num jogo que até esteve
empatado 1-1. No caminho deste Brasil estará nos oitavos-de-final um muito
perigoso Chile, primeiro teste de fogo para Neymar e companhia.
Hoje Scolari optou pelo seu onze clássico.
Comparativamente com o jogo frente à Croácia a diferença residiu no
posicionamento do trio ofensivo, com Hulk a jogar no flanco direito onde mais
rende e Neymar geralmente descaído para a esquerda em vez de aparecer no
corredor central. Os Camarões não contaram com Alex Song (castigado com 3
jogos) e o seleccionador fez também muito bem ao não contar com Ekotto, que no
último jogo tinha agredido Moukandjo, embora não tenha sido sancionado. O começo
do jogo caracterizou-se pela forma desinibida como os Camarões encararam a
partida, causando alguns problemas à defesa do Brasil. Foi ainda assim o Brasil
a marcar primeiro - Luiz Gustavo recuperou uma bola a meio-campo, conduziu o
ataque pelo flanco direito e cruzou para uma finalização certeira e sem pressão
de Neymar. O golo podia ter tranquilizado a selecção da casa mas acabou por
motivar os Camarões que conseguiram num primeiro momento um cabeceamento à
barra (a meias entre Matip e Thiago Silva) e logo depois o golo do empate. O
lateral Nyom trabalhou bem sobre Dani Alves e cruzou para o coração da pequena
área onde Matip, nas costas de David Luiz, se limitou a encostar. Foi no
entanto muito positiva a resposta do Brasil, finalmente a funcionar através do
colectivo mas com o craque, o camisola 10, em destaque. O 2-1 chegou após um
passe de Marcelo para Neymar. O jogador do Barcelona, com 22 anos mas já muitos
golos pelo Brasil, arrancou da esquerda para a área e rematou para o lado que
ninguém esperava. Um lance muito consentido pela defesa e por Itandje.
Manteve-se a toada com o Brasil a viver da magia de Neymar e Hulk esteve perto
de marcar por 2 ocasiões, uma à base da lei da bomba.
Mérito para Scolari ao intervalo, ao trocar Paulinho por
Fernandinho e o futebol do Brasil arrancou em grande na 2.ª parte. A
intensidade da equipa subiu bastante com a introdução de Fernandinho,
conferindo maior capacidade para pressionar mais alto e Fred ameaçou o golo
antes de o conseguir mesmo. Aos 49' Fred estreou-se a marcar neste Mundial
depois de Fernandinho trabalhar bem à entrada da área antes de David Luiz
cruzar para o desvio do ponta-de-lança. Um golo no qual houve ligeiro
fora-de-jogo. A partir daí houve claras intenções de Scolari de colocar o
Brasil a controlar a bola e o ritmo do jogo, abdicando também de Hulk e Neymar
com o passar do tempo. O 4-1 final chegou já nos minutos derradeiros com
Fernandinho, Oscar e Fred a construírem um bom golo. Um golo de Fernandinho a
coroar 45 minutos de grande qualidade do médio que esta época foi peça-chave no
sucesso do Manchester City, e a justificar a aposta no 11 inicial nos oitavos.
Foi a exibição mais conseguida do Brasil até aqui, embora
contra um adversário fraco (foi ainda assim a melhor cara que os Camarões
mostraram neste Mundial). Colectivamente foi o jogo mais coerente do Brasil,
que continua com várias lacunas - Dani Alves mantém-se muito abaixo do
esperado, a diferença entre o Paulinho das Confederações e o actual justifica
que Fernandinho fosse titular; Hulk está a precisar de um golo para se soltar,
e Willian merecia mais minutos. Neymar chegou hoje aos 4 golos (melhor marcador
do Mundial neste momento), mas será contra o Chile que terá o seu verdadeiro
teste. Na antevisão do Mundial 2014 Scolari disse que, do Grupo B, não queria o
Chile mas calhou-lhe a fava.
Outros Destaques: Matip, Bedimo; David Luiz, Marcelo, Fernandinho