Mais um Domingo, e mais umas audições do Factor X. O último programa teve alguns bons concorrentes - no geral ainda está abaixo dos padrões de qualidade/ versatilidade que se tem visto sobretudo no Reino Unido - e confirmou a pouca qualidade do júri do programa, que gerou polémica e controvérsia perante actuações que não deixariam dúvidas a ninguém. Sónia Tavares vai mostrando ser claramente o elemento do júri com mais ouvido e sensibilidade musical, uma agradável surpresa, Paulo Junqueiro não se enterra muito mas Paulo Ventura (esperava-se mais precisamente por gerir a carreira, por exemplo, do grande Tiago Bettencourt) já teve momentos bastante estranhos, como no último programa com David Dias. Torna-se alarmante considerando a importância que o júri terá no decurso do programa.
Comecemos então com polémica. Com potencial para dar uma perninha numas músicas de Bon Iver e com uns trejeitos de Cameron Mitchell na voz, chegou ao palco do Factor X o David Dias. Sem dúvida um dos melhores concorrentes até agora do programa e, sem dúvida também, um dos que se poderia considerar mais artista do que concorrente. Mas não para Paulo Ventura. O Ventura fez questão de gerar polémica e tornar a passagem do David uma aventura autêntica - o seu "Hallelujah" devia ser suficiente para passar, mas foi ainda obrigado a cantar uma 2.ª ("Stay" da Rihanna com Mikky Ekko) e em ambas ficou patente que, mesmo não tendo um vozeirão, tem muito potencial, bom gosto e não é uma voz que se ouça muitas vezes em Portugal. Talvez venha a ter a vida difícil no programa - por exemplo se Ventura ficar com os "jovens" -, mas para já passou com a persistência de Sónia Tavares e Junqueiro a ceder no último segundo.
Fechem os castings para dobragens de músicas da Disney, a Raquel Couto dá conta de tudo. Sim, desafinou um nadinha, ao sair da sua "praia" aguda mas depois de vermos passar alguns concorrentes banais... surge uma professora de inglês e espanhol a cantar uma música do Fantasma da Ópera como cantou e o júri (desta vez não tiveste culpa, Paulo Ventura) hesita. Dá Deus cadeiras de júri a quem não tem ouvidos. Mas como Sónia Tavares disse será uma concorrente que terá que ser bem direccionada e apoiada em boas escolhas de músicas. PS: Bom momento da mãe da Raquel "Obrigada Manzarra".
Mantenhamo-nos então no feminino, mas com duas gerações perfeitamente distintas. A senhora Nina Pereira decidiu aos 61 anos dedicar algum tempo a si mesma. E em boa hora o fez. Mãe da actriz Paula Castelão, cantou o "Avé Maria" de Franz Schubert e, a partir do momento em que (aconteceu comigo, porque eu sou estranho) consegui tirar a imagem mental do Zach Galifianakis a cantar na Ressaca 3, pude apreciar a voz desta senhora. Seria um crime ela não passar, mas veremos como encarará as próximas fases da competição.
Invertem-se os números e de 61 passamos para 16 anos. Boas notícias para a açoriana Mariana Rocha: vai ter um bom futuro musical pela frente. A cantar "Stronger than Me" de Amy Winehouse e com um timbre a fazer lembrar Selah Sue, a Mariana é - à imagem do David Dias - uma voz invulgar no panorama nacional. Completa, e a acompanhar bem com a sua viola, com um mentor inteligente terá muito para explorar e dar.
Os grupos continuam a não ter uma qualidade de encher o olho mas, depois dos 2605, surgiram nesta 3.ª amostra de audições dois grupos com alguma coisa. Quando se começaram a ouvir os X4U era inevitável pensar: "Olha os One Direction, mas com uma garrafa de azeite Oliveira da Serra vertida para cima deles". A verdade é que à medida que ouvimos a actuações dos rapazes (juntos pela produção após a pré-selecção) a ideia que fica é que de facto faz sentido que exista um grupo assim, com a herança natural dos One Direction. Os X4U cantaram "One Way or Another" na versão de, claro está, One Direction. A harmonia vocal conjunta é relativamente interessante mas curiosamente são os 2 rapazes que aparentam ter menos confiança ou à vontade que parecem ter melhor voz.
Os The Bliss são compostos por um rapaz e uma rapariga, em perfeita sintonia - vocal e não só - e são até ver o grupo vocalmente mais afinado que surgiu em palco. As vozes combinam bem, sabem adequar-se um ao outro e podemos esperar mais "caretas" do Paulo nas próximas fases.
Para acabar, mais duas raparigas. A concorrência vai ser bastante apertada nos "jovens" com este júri em tríade - era melhor terem arranjado 4 elementos para o júri e, consequentemente, 2 categorias de jovens, - rapazes e raparigas. Como lá fora.
O palco é da Mariana Pádua - que se cale quem o negar. A jovem de 16 anos entusiasmou e cativou a plateia com "Proud Mary" de Tina Turner, mas deixou alguma curiosidade para ver o nível que vai mostrar na fase seguinte. Já a Mariana Rodrigues, mais uma fadista, superior a Jéssica Meireles mas ao nível de Marisa Ramos, justificou também plenamente a passagem. Em todo o caso, ter-lhe-ia dito: já passaste, mas canta aí outra coisa.
Aconselho ainda a verem a audição do Pedro Rocha - o rapaz foi cantar Drake e Dengaz (ft. Agir) e infelizmente foi pena não ter uma voz e um inglês melhores. Claramente a audição mais cómica até agora, com a mãe dele envolvida, e as melhores respostas ao júri. Pode não se aproveitar musicalmente (é pena porque seria bom alguém trazer a onda Drake) mas talvez alguém pegue nele para o mundo da televisão. Depois, para além do Emanuel Delgado e da Ana Maio que não passaram, a Mariana Azevedo optou por imitar integralmente a audição da concorrente Jannel Garcia do X-Factor norte-americano. E no próximo domingo lá haverá mais..