O Factor X sucede naturalmente ao formato Ídolos que nos deu grandes duelos como Nuno Norte vs Ricardo Oliveira ou, mais recentemente, Filipe Pinto vs Diana Piedade. A avaliar pelo 1.º programa, e considerando também o facto de nós sermos ligeiramente exigentes pela vasta oferta musical actual, poucos foram os que demonstraram ter o "factor x". A estreia mostrou aquilo que nos pareceu uma procura incessante por uma Susan Boyle portuguesa, num júri que para já não nos convenceu (e tão grande é a importância do júri no percurso dos concorrentes, só batida pela importância do júri de um The Voice). Em todo o caso, mantemos a esperança de que ainda vão aparecer concorrentes com potencial que se juntem a nomes como Jair Neves, Sílvia Barros, Marisa Ramos e Mafalda Gomes.
Enquanto muitos ficaram extasiados com a actuação do "cisne" Patrícia Gameiro, na tal procura por uma Susan Boyle portuguesa, para nós o destaque principal do 1.º programa foi Jair Neves. O concorrente de 29 anos começou da melhor maneira o seu percurso no Factor X, escolhendo bem a música (adequada à sua voz e a revelar bom gosto) "John Legend - All of Me" e cumprindo com qualidade. Claramente um concorrente para acompanhar nas próximas fases.
Com 17 anos, a Sílvia Barros chegou ao palco, com o look certo para vingar no panorama musical actual e escolheu dar voz à pesada herança musical que o "At Last" de Etta James comporta. Vinda de Faro e natural de São Tomé e Príncipe, Sílvia esteve a um bom nível - boa presença de palco, muito à vontade e alguns tiques vocais a serem corrigidos, mas há ali potencial.
Foram também destaque duas jovens raparigas, uma com 16 e outra com 17 anos. Marisa Ramos, depois de nos deixar a saber toda a sua vida, cativou e surpreendeu com um fado. Acima do nível da fadista que foi apresentada minutos antes no programa - Delfina Henriques -, Marisa Ramos não deixou ficar mal o êxito "Gente da Minha Terra" da homónima Marisa e mostrou grande controlo vocal, uma voz clean e ficamos curiosos por ver como se sairá noutras praias musicais. Mafalda Gomes, de 17 anos, mostrou também grande poder vocal com o "If I Ain't Got You" de Alicia Keys. Boa amplitude vocal, embora achemos que pode haver o risco de oversinging nesta concorrente em algumas das performances futuras. Em todo o caso, merecia passar, claro.
Por fim, dois concorrentes com idades e destinos bem diferentes. Pedro Florim, rapaz dos seus 20 anos e que muitos se calhar pensaram que iria ser um cromo, surpreendeu pela positiva. Com uma escolha musical peculiar (Paulo de Carvalho - Nini dos Meus 15 Anos) - mãe Florim, andámos a escolher o reportório do filho - o Pedro mostrou ser muito afinado e bem disposto. Já o José Jorge Reis, senhor dos seus 61 anos, fisicamente um cromo autêntico, não passou. Porquê? Não sabemos. Talvez por ter 61 anos, talvez pela sua figura (que no caso da Patrícia Gameiro resultou em sentido inverso) mas a verdade é que mostrou melhor voz do que vários dos concorrentes que seguiram em frente. Com "Release Me" de Engelbert Humperdinck, o senhor Reis podia ter tido pelo menos mais uma fase para nos entreter e cantar.
Naturalmente, a concorrente Patrícia Gameiro esteve a um nível merecedor do voto de confiança e de seguir em frente, mas ficaremos à espera que prove o seu valor na fase seguinte. O jovem luso-alemão André Nienhaus tem o look mas não teve voz (a 1.ª parte da música foi bastante má), os Black and White terão que trabalhar para estar a um nível superior e aguardamos também com expectativa o que Joana Baltarejo (a concorrente que acompanhava o seu amigo nos Last Call mas acabou por ficar apenas ela) dará. Hoje à noite há mais Factor X, esperemos que com maior qualidade e potencial para acompanhar.
