17 de outubro de 2013

Factor X: Audições 2

Eu sou o lobo mau, au, au, au, au. Hoje eu vou-te pegar, sim, sim, sim sim. Eu sou o lobo mau, au, au, au, au. E tu vais delirar, sim, sim, sim, sim.
    Não, isto não foi um delírio. O Daduh King, nome artístico, que fez uma música chamada "Lobo Mau" com dois seres vivos ex-Casa dos Segredos, apareceu no último Factor X e, senhoras e senhores, confessamos que foi dos melhores concorrentes até agora. Mas já lá vamos. O 2.º programa deu-nos (felizmente) um aumento de qualidade e levantou uma questão. Existindo 3 elementos no júri, os concorrentes serão divididos em 3 lotes - jovens, +25 e grupos. Ora, considerando que serão 3 conjuntos de quatro e vendo até agora a menor qualidade dos grupos - coisa que normalmente não funciona 100% bem em Portugal - veremos se a médio-prazo o júri que ficar com os grupos não irá repescar concorrentes individuais e juntá-los num grupo forçado. Mas, para já, vamos lá esmiuçar o que de bom houve no último programa.


    O grande destaque da noite de Domingo dá pelo nome de José Freitas. O locutor de rádio de 44 anos subiu ao palco e mostrou aquilo que vulgarmente se designa na gíria musical por... um vozeirão. Com uma "Florent Pagny" de Enrico Caruso, José Freitas cantou o suficiente para ser destaque em qualquer caça-talentos do mundo - como está cá tem 11 mil visualizações no youtube, se estivesse no X Factor britânico teria 1 milhão. É tudo uma questão de montra, também adequada ao mercado. Mas o que vimos foi uma voz enorme e um controlo dos tempos, dos silêncios e da intensidade que o tornam num caso sério. Ele podia estar a cantar em urdu ou numa língua qualquer que não percebêssemos que ia passar na mesma.
    Ligeiramente surpreendente foi a aparição de Daduh King. Com 5 anos de carreira, tornou-se fenómeno depois de uma música viral com concorrentes da Casa dos Segredos, Dário Ferreira mostrou no Factor X que tem uma voz bastante interessante (dava essa impressão nas suas músicas, embora canalizada para coisas pouco entusiasmantes) e fez um brilharete a cantar Elton John. Tem o soul dos grandes cantores negros, carisma e bastante potencial. E sim, tira o chapéu, Dário.


    Rogério Barros poderia automaticamente passar ao ser treinador dos pré-escolas do Benfica. Mas fez por justificar a passagem, e bem. Claramente uma audição de encontro aos nossos padrões e gostos, a preencher a "Give Me Reason" de Tracy Chapman com aquela voz que pode ser explorada em algumas coisas mais grunge ou alternativas. Ele é cantor de anos 90, e é isso que é bom nele.
    E porque estão aqui a faltar mulheres, eis a Veronika Haluzynska. Ora bem... é gira (e um clone rejuvenescido da mãe), sabe manter os olhos postos nela enquanto está em palco, fez uma boa opção ao cantar Pixie Lott e mereceu passar. É um bom pacote, não interpretem esta expressão da forma errada. Não tem uma voz incrível, tem bastante ainda a corrigir/ melhorar, mas pode chegar longe.


    Os 2605 foram o primeiro grupo dos apresentados a aparentar ter algum potencial. Pegaram em "Can't Hold Us" de Macklemore e animaram o auditório, ainda que com algumas adversidades durante a actuação. Com uma voz feminina que ainda poderá melhorar e ganhar confiança e um duo masculino que sente a música e talvez até tenha maiores skills em rap do que as que ouvimos, têm certamente material para poderem dar algo. Já antes grupos como os Black and White ou Helis & Ela tinham merecido a passagem mas sido apenas decentes, enquanto que os 2605 podem elevar a fasquia. É possível imaginá-los nas galas a cantar outras músicas de Macklemore - Same Love ou Otherside seriam bons desafios.
    A Maria Inês Paris decidiu cantar "Feeling Good" de Nina Simone, já cantado por tantas outras vozes (uma das versões mais icónicas será a dos Muse, claramente) e portanto a responsabilidade era muita. Tem boa voz, vacilou no fim quando a música exigia mais dela e precisamos das próximas fases para vermos o que poderá dar.

    No último programa tivemos mais uma jovem fadista de 16 anos a cantar "Gente da Minha Terra". A Jéssica Meireles teve uma audição em tudo semelhante à Marisa Ramos mas, quanto a nós, ligeiramente inferior. O Ivo Soares mostrou ser incrivelmente afinado mas para o elogiarmos à grande será preciso mostrar algo que nos faça crer que tem o Factor X e não é apenas mais um elemento para a watchlist do La Féria. Também foi destaque a jovem Paloma Nunes - bom look, voz em formação, um bom timbre mas com algum descontrolo. Ainda houve a Nance Matoso que, com o seu cabelo mestiço e os seus 2 sinais no pescoço, fez uma actuação digna de dividir opiniões. Tem uma voz pequenina, uma rouquidão interessante e claramente muito carisma em palco, mas será que chega? Por fim, não conseguimos destacar o André Viamonte pela sua péssima entrada na música e porque precisamos de ouvir uma performance dele que seja coesa e integralmente lógica - de qualquer forma foi interessante ver como tornou uma música dos Snow Patrol, no final, numa música com trejeitos de U2. E assim não destacaremos também o Tony Curtes - melhor nome artístico de sempre - nem aquela ave que passou no ecrã no domingo e, embora fã de Anastacia, optou por "encantar" com Madonna.

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