12 de outubro de 2013

Crítica: Gravity

A CAMINHO DOS ÓSCARES 2014
Realizador: Alfonso Cuarón
Argumento: Alfonso Cuarón, Jonás Cuarón, George Clooney
Elenco: Sandra Bullock, George Clooney
Classificação IMDb: 7.8 | Metascore: 96 | RottenTomatoes: 96%
Classificação Barba Por Fazer: 79

     Sandra Bullock, agora que o filme já acabou podes ir devolver o look à Sigourney Weaver no Alien. Se faz favor, vai lá. Chegou então aos cinemas 'Gravity' - o tão badalado filme de Alfonso Cuarón, muito bem recebido pelo público até ao momento (veja-se a classificação de 8.5 no IMDb) e bem cotado para os próximos óscares.
    'Gravity' tenta não ser um filme de ficção científica. Tenta ser um drama científico porque Cuarón procura pôr no grande ecrã o rigor físico e dar ao espectador a experiência real do que é, de facto, a gravidade, a pequenez humana no espaço infinito. A história é pouco complexa: Ryan Stone (Sandra Bullock) está destacada para ajudar o astronauta Matt Kowalski (George Clooney) numa missão, até que estes têm que acabar por sobreviver juntos no silêncio e vazio do espaço depois de um acidente. Tentem ir bem acordados para o filme porque 'Gravity' tem apenas 2 personagens e avança de forma lenta, tentando que sintamos tudo por que Sandra Bullock passa, a dificuldade que é estarmos no espaço sem contacto e incapazes perante dificuldades gigantescas.
    É, acima de tudo, um "filme de realizador". Bullock faz um bom papel, mas difícil de se tornar comparável por exemplo com a dimensão emocional e psicológica de Cate Blanchett em 'Blue Jasmine', sendo sobretudo um filme técnico. Desde a Fotografia aos efeitos especiais, 'Gravity' vale por isso mesmo - por ser uma aposta arriscada e ambiciosa de Cuarón, realizada com mestria e com bons pormenores. O olho cinéfilo de Cuarón, realizador de Children of Men e de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, vê-se nomeadamente na cena em que Sandra Bullock consegue entrar na cápsula da estação espacial, retirando o fato em seguida e relaxando até uma posição embrionária. Não é um filme que encha as medidas, particularmente porque acaba por ser em certa medida um desenho magnificamente bem desenhado mas com régua, esquadro e compasso em vez de transmitir emoções com um traço mais solto e sentido. Quero com isto dizer que, embora haja em Bullock um desejo de sobreviver e de superação da perda da filha, acaba por faltar alguma emoção ou algo difícil de explicar. É, por isso, um filme que por esta altura está a ser bem recebido, contagiando sucessivas análises pelas (demasiado?) altas apreciações que teve no momento 0, um pouco como Avengers no ano passado.
    E porque neste momento está bem colocado para ser bastante nomeado para os óscares de 2014 faz sentido colocar aqui as categorias em questão. Parece nesta altura que para Melhor Filme, '12 Years a Slave' e 'Gravity' são os dois já com lugar marcado; também por isso Alfonso Cuarón e Steve McQueen são por esta altura apostas seguras para o óscar de Melhor Realizador; Sandra Bullock também parece reunir consenso para uma nomeação para Melhor Actriz e, depois, há um conjunto de categorias técnicas nas quais muito provavelmente 'Gravity' marcará presença: Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhores Efeitos Visuais (onde é bastante provável que ganhe), Melhor Banda Sonora, Melhor Edição de Som e Melhor Mixagem de Som. Com isto podemos perceber que 'Gravity' poderá reunir cerca de 9 nomeações.
    Vale a pena ver - e no cinema, porque ganha bastante com o formato 3D - porque é tecnicamente um passo à frente no cinema, com uma realização arrojada de Cuarón, embora após a aclamada reacção geral já pessoas da NASA e com doutoramentos em Física tenham levantado várias questões (o momento do extintor, a entrada na estação espacial, o incêndio na estação espacial, entre outros) que tornam o filme errado e com alguns momentos impossíveis de acontecerem no espaço, o que afasta o cenário de técnica, rigor e perfeição que é a única coisa que 'Gravity' tem a segurar o fio entre o épico perfeito e histórico e mais uma ficção. No entanto, uma boa ficção com uma Fotografia, em alguns momentos, impressionante.

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