Bayern Munique 0 - 4 Real Madrid (Sergio Ramos 16' 20', Cristiano Ronaldo 34' 90')
No arranque para este jogo sabia-se que o Bayern era especialista em
eliminar o Real, e que o Real Madrid era especialista em retirar da Champions
os campeões em título. A segunda tradição falou mais alto. Com uma 1.ª parte
monstruosa e um jogo (também) perfeito a nível defensivo, o Real garantiu
bilhete para o Estádio da Luz, onde procurará conquistar a tão desejada 10.ª
Champions League. Será sempre especial. Não só por se tratar de uma final da
competição mais prestigiada de clubes mas também porque: ou os merengues revêem o seu
anterior treinador - José Mourinho - ou defrontam o rival da cidade, o
Atlético.
Para este jogo, Guardiola teimou em colocar Mandzukic (um
corpo estranho no processo ofensivo do Bayern, embora se esforce e até seja
ainda assim o melhor marcador actual da Bundesliga) e Ancelotti apenas trocou
Isco por Bale, mantendo o seu 4-4-2 sem bola, com Bale e Di María com pulmão
infinito no apoio a Modric e Alonso, e CR7 e Benzema mais soltos na frente. O Real
esteve longe de montar um autocarro, nunca abdicou de atacar e sempre que
recuperou a bola procurava sair a 150 à hora apostando na velocidade de Bale,
Ronaldo e Di María, com Benzema a combinar bem com os colegas velocistas.
O jogo foi arbitrado por Pedro Proença e depois de 1
minuto em memória de Tito Vilanova, a bola começou a rolar. O Real começou
melhor e Bale e Di María ficaram perto de inaugurar o marcador cedo. Mas o golo
chegou mesmo. O croata Luka Modric bateu bem um canto do lado direito, Ronaldo
subiu muito alto, mas foi Sergio Ramos a cabecear de forma fulminante. A festa merengue ainda tinha
apenas começado porque 4 minutos depois - e após Proença ter perdoado uma
possível expulsão a Dante - o central contratado ao Sevilha quando tinha 19
anos voltou a fazer das suas. Di María cruzou de forma exímia um livre
indirecto, Pepe penteou a bola com a sua (hoje em dia) farta cabeleira e Sergio
Ramos bisou. O campeão em título Bayern não sabia onde estava, a sua posse de
bola originava zero oportunidades de perigo e os alas Robben e Ribéry
permaneciam nos bolsos de Coentrão e Carvajal, respectivamente. Ramos e Pepe
"limpavam" qualquer iniciativa com vista a colocar a bola em
Mandzukic ou, ocasionalmente, Müller, mas o golo voltou a surgir na mesma
baliza. O Real mostrou-nos mais uma vez como contra-atacar: Di Maria abriu em
Benzema, o francês deu para Gareth Bale e depois... depois ligou-se o turbo.
Numa arrancada fantástica, Bale traçou caminho em excesso de velocidade e, na
hora H, decidiu bem e colocou a bola em Ronaldo, melhor colocado para marcar. O
altruísmo de Bale valeu o 3-0 marcado por Ronaldo, e uma entrada do português
para a História: novo recorde de golos numa edição da Champions League - 15.
Cristiano Ronaldo ficou perto do bis com um remate quase do meio-campo e até ao
intervalo o único momento de destaque foi o cartão amarelo a Xabi Alonso, com
Proença a impedir o médio espanhol de jogar a final.
Guardiola trocou Mandzukic por Javi Martínez ao intervalo
e, nos primeiros 25 minutos da 2.ª parte, aí sim o Real abdicou praticamente de
atacar. Fechou os caminhos para a sua baliza, manteve total concentração e
grande comunicação entre os seus elementos da defesa e meio-campo. Grande entre-ajuda, grande disciplina, uma equipa. Robben ficou perto de marcar, mas
os minutos começaram a passar e o Bayern - que precisava de um milagre chamado
"marcar 5 golos" - continuava sem conseguir um único. Os minutos
finais trouxeram mais oportunidades, mas divididas. Toni Kroos quase fez um
grande golo e, do outro lado, Coentrão e Ronaldo quase fizeram o 4.º. E o
quarto e derradeiro golo chegou mesmo, ao minuto 90. Cristiano Ronaldo, num
livre à entrada da área, foi inteligente e rematou forte e rasteiro,
aproveitando o previsível salto da barreira. O título vai mudar de mãos esta
época e o Real viajará a Lisboa, ao Estádio da Luz, para uma final do outro
mundo.
Foi uma exibição de outro planeta, por parte de uma equipa
que investiu e tem individualidades incríveis. No entanto, há um mérito nítido
de Ancelotti em ter ao longo da época criado uma equipa e transformado
jogadores. Fabio Coentrão fez mais um jogo incrível, Pepe e Ramos (que bisou)
foram reis e senhores da sua área, Modric voltou a espalhar magia, a acumular infinitas
boas decisões e a ser perfeito em todos os capítulos e momentos do jogo. Já não
há palavras para falar deste Di María 2013/ 14 e Gareth Bale mostrou porque é
que se mudou para Madrid. Bale viajou para o Bernabéu para ganhar títulos e
estar nos maiores jogos do futebol europeu e tem trabalhado para isso, estando
a fazer uma época de estreia brilhante. Não havendo grandes destaques num
Bayern apagado, sem chama e sem sangue na guelra, destaques finais para Xabi
Alonso (não merecia falhar a final e estes 2 jogos recuperaram o médio que
falhava sempre nos grandes jogos, apresentando-se inclusive hoje superior a
Schweinsteiger, um dos melhores médios do mundo na época passado, esta época
muitíssimo abaixo), Carvajal é neste momento um dos melhores laterais direitos do
mundo (já apresentava este nível no Leverkusen, mas pouca gente lhe ligava) e,
por fim, Cristiano Ronaldo.
O melhor em campo poderia ser Pepe, Ramos, Carvajal,
Modric, Bale ou Di María, porque a equipa esteve compacta e funcionou como um
todo. Deixamos o elogio final ao capitão da nossa Selecção porque bisou em casa
do campeão europeu em título e estabeleceu novo recorde (15 golos) aumentando-o
depois para 16. Que Ronaldo continue assim no Brasil, e que Coentrão e Pepe
mantenham o impressionante nível de hoje.
Barba Por Fazer do Jogo: Cristiano Ronaldo (Real Madrid)
Outros Destaques: Carvajal, Pepe, Sergio Ramos, Coentrão, Modric, Di Maria, Bale