Everton 3 - 0 Arsenal (Naismith 14', Lukaku 34', Arteta a.g. 71')
Roberto Martínez disse, ao
chegar a Goodison Park, que iria levar o Everton à Champions League. Volvidos
alguns meses, a afirmação pode vir a tornar-se realidade logo na 1.ª época. O
sonho, pelo menos, está bem vivo e recomenda-se. Recordemos, no entanto, que
Wenger é sinónimo de Arsenal no Top-4 e a equipa do Norte de Londres tem um
calendário mais fácil até ao final do que o Everton. Não tem, ainda assim, a
determinação e consistência táctica da equipa azul de Liverpool. Dissemos ainda
há dias que o título e a luta pelo lugar de acesso ao play-off da Champions iam
decidir-se em Liverpool, e hoje tivemos o primeiro de vários jogos decisivos
(na próxima jornada, Liverpool-Man City).
Não houve surpresas nos
onzes de hoje. Martínez deixou Ross Barkley, por precaução e estratégia no
banco; Wenger voltou a contar com Ramsey, ficando o galês no banco juntamente
com Oxlade-Chamberlain. Com lotação esgotada, foi Osman o primeiro a criar perigo
- o médio que dedicou toda uma vida ao Everton quis imitar Papiss Cissé (no
golaço que o senegalês marcou em Stamford Bridge) e a bola não passou muito
longe da baliza. A reacção do Arsenal deu-se por Podolski e logo aos 9' o
Everton viu-se obrigado a trocar Osman (a sangrar abundantemente da cara) pela
jovem pérola Ross Barkley. E foi passados poucos minutos que Goodison Park
delirou pela primeira vez. Leighton Baines fez um passe soberbo para Lukaku, o
belga rematou para defesa de Szczesny mas o guardião nada pôde fazer perante a
recarga de Naismith, à hora certo no lugar certo. Sempre que tinha a bola o
Everton ia-se revelando objectivo, equilibrado pela dupla Gareth Barry e James
McCarthy, e aos 34' chegou o 2-0. Naismith iniciou a transição, Mirallas fez um
grande passe a abrir Lukaku e depois o resto ficou a cargo do monstruoso e
potente avançado belga. Romelu Lukaku, emprestado por Mourinho que se queixa de
ter falta de avançados, flectiu e foi tirando defesas do seu caminho até
disparar para o fundo das redes. Até ao intervalo valeu Howard a evitar com uma
grande defesa um remate espontâneo de Podolski. O resultado ao intervalo não
surpreendia por certo quem tem acompanhado este Everton - a equipa tacticamente
mais evoluída da Premier League, com posicionamento, concentração quantidade de
soluções estratégicas brilhantes.
O Arsenal regressou dos
balneários com a "cara lavada" e com os seus laterais mais envolvidos
no processo ofensivo mas nessa fase o Everton soube fechar as portas da sua baliza,
com o jovem central John Stones (que começou o jogo nervoso, mas recompôs-se)
em destaque, e a experiência de Distin a ser determinante. Não só não sofreram,
como ainda marcaram o 3-0. Naismith e Mirallas estiveram na origem do golo,
acabando por ser um desvio de Mikel Arteta, um ex-Everton curiosamente, a fazer
um auto-golo. Kevin Mirallas merecia ter marcado.
Wenger ainda tirou da
cartola Ramsey e Oxlade-Chamberlain, jogadores que poderiam muito bem ter
entrado aos 45', mas já é conhecida a capacidade que o Everton tem de segurar
resultados que lhe são favoráveis. Chamberlain ainda proporcionou a Howard a
defesa do jogo, numa bola que ainda embateu na trave, sendo que do outro lado
do campo o Everton acabou a coleccionar maldades - Coleman driblou Cazorla com
uma "cueca" e Deulofeu ainda teve alguns minutos para fazer as suas
"traquinices". Em cima do apito final, Martin Atkinson (melhor
árbitro inglês, provavelmente) anulou erradamente um golo a Sanogo, por
pretenso fora-de-jogo, que não existiu.
No ano passado o Arsenal
conseguiu segurar o seu 4.º lugar, numa acesa luta com o seu maior rival, o
Tottenham (na altura, Bale+10). Este ano, o 4.º tem tudo para ser discutido
entre Arsenal e Everton. Quer isto dizer que, mesmo que não consiga atingir o
sonho da Champions, tudo indica que o Everton estará na Europa na próxima
época, parecendo nesta fase difícil que Tottenham e Manchester United consigam
roubar essa posição aos toffees,
que neste momento só olham para cima.
A exibição do Everton hoje
foi perfeita. A equipa manteve-se coesa, defendeu como um todo, trocou a bola
com calma e inteligência, movimentando-se como de costume, mantendo-se sempre
equilibrada mas sabendo acelerar nos momentos certos. É a equipa da Premier que
melhor utiliza os seus laterais - hoje vimos Coleman na grande área adversária
por várias vezes (conseguindo ainda assim estar sempre presente junto à sua
área) e Baines sistematicamente envolvido na construção de jogo. Lukaku e
Mirallas estiveram em dia sim e Naismith foi novamente herói, à imagem do
último fim-de-semana, tornando-se um jogador chave num momento decisivo da
temporada. Por fim, e porque mais vale esperar por novo jogo do Arsenal para
termos coisas boas para dizer, Gareth Barry e James McCarthy merecem grande
crédito pela vitória do Everton. São a âncora de Roberto Martínez, estiveram em
todo o lado, lendo e antecipando o jogo como mais ninguém no campo.
Seja qual for a posição
final na tabela a temporada do Everton terá que ser considerada impressionante.
Também motivados pelo sucesso e espectacular futebol do rival Liverpool,
pode-se afirmar que o dia 31 de Agosto foi decisivo para todos estes meses:
aquele dia em que o Everton perdeu Fellaini, mas ganhou James McCarthy e os empréstimos
de Romelu Lukaku e Gareth Barry.
Outros Destaques: Baines, McCarthy, Barry, Mirallas, Lukaku; Podolski