22 de abril de 2014

Atlético e Chelsea ficam-se a zeros

Atlético Madrid  0 - 0   Chelsea

    Há alguns 0-0 que marcam quem assiste, que preenchem o "coração futebolístico" do vulgar adepto. Às vezes por monumentais exibições dos guarda-redes, porque os postes fizeram o seu trabalho ou porque, embora as equipas tenham criado inúmeras oportunidades e jogado bom futebol, não era o dia deles. Hoje, o 0-0 não foi um desses bons casos. José Mourinho "trancou" a sua equipa atrás e conseguiu um bom resultado dadas as ausências de Hazard e Eto'o (por lesão), Ivanovic (suspenso) e considerando ainda que perdeu durante o jogo Petr Cech. Este Atlético-Chelsea era um jogo bastante aguardado, após um sorteio que tinha ditado o confronto entre as duas equipas mais fortes ofensivamente (Real e Bayern) e aquelas que melhor defendem e são fisicamente mais fortes, as de hoje.
    Nas escolhas das suas equipas, Simeone deixou o português Tiago no banco, optando por Mario Suárez e colocou Diego no apoio ao avançado Diego Costa. Mourinho foi para o jogo para, primeiro que tudo, não sofrer e lançou Ashley Cole na esquerda, uma vez que coube a Azpilicueta regressar à sua posição de origem na ausência de Ivanovic; Ramires jogou do lado direito (opção típica de Mourinho nos grandes jogos), David Luiz e Lampard estiveram à frente da defesa e Fernando Torres (a regressar à casa onde nasceu para o futebol) foi o avançado escolhido. O jogo começou com as duas equipas a não quererem cometer erros, e o primeiro destaque foi mesmo a lesão de Petr Cech aos 14 minutos. Num canto, David Luiz lesionou indirectamente o seu guarda-redes num lance dominó. O central brasileiro empurrou Raúl García e o espanhol provocou a lesão do guardião checo. Toda a 1.ª parte foi fraca, com Courtois e o substituto Schwarzer a não terem praticamente trabalho. Juanfran fez um péssimo primeiro tempo, e Koke esteve a anos-luz do seu melhor futebol. Por essa altura, antes do apito de Jonas Eriksson para o intervalo, Cahill e Terry (e também David Luiz, uns metros mais à frente) iam-se projectando como os principais intervenientes, ao impedirem Diego Costa e os aguerridos médios do Atlético de criar qualquer real perigo.
       O Atlético regressou dos balneários com maior intensidade e declarando em campo querer assumir o jogo, mas o Chelsea agradeceu sempre o estilo de jogo directo que os colchoneros acabaram por se ver obrigados a produzir. Mérito da defesa do Chelsea e do seu meio-campo (obviamente hoje Mourinho não seria capaz de reconhecer que, tal como há uns meses apontou ao West Ham, praticou "futebol de século XIX") e demérito para Simeone que, aos 60 minutos, retirou de campo aquele que estava a ser o único jogador capaz de baralhar as marcações aos blues - Diego. O brasileiro estava a aparecer entre linhas e a arriscar no remate de meia distância, mas Simeone quis lançar Arda Turan. Uma alteração que deveria estar já à priori escalada na estratégia de jogo. O Atlético manteve a aposta no jogo directo, com Gary Cahill e John Terry a controlarem qualquer tráfego aéreo existente e Schwarzer a apresentar grande tranquilidade. No outro lado, a "ilha" Fernando Torres bem tentava criar alguns problemas com as suas movimentações, servido por Ramires e Willian, mas quando conseguiu rematar, Courtois nem precisou de se mexer. Aos 75' o Chelsea bem pôde agradecer a Eriksson quando este perdoou o 2.º amarelo a Lampard, e acabou a mostrar cartões a Mikel e Gabi. Isto momentos depois de Mourinho ter-se visto obrigado a retirar Terry de campo, lesionado, recuando D. Luiz para central, Ramires para o duplo pivô e lançando Schürrle para a ala. Os minutos finais deram-nos mais um de tantos cabeceamentos, neste caso de Arda Turan, a ficar perto do golo.

    Esperava-se um jogo fechado, mediante o facto de estarem em campo as duas equipas da Champions que melhor defendem mas o nulo, totalmente ajustado face ao que (não) aconteceu, teve origem no facto do Chelsea nunca ter querido controlar o jogo. O Atlético teria hoje mais probabilidade de ganhar caso tivesse defrontado Bayern ou Real Madrid, por serem equipas que assumem o jogo e querem ter a bola, uma vez que é precisamente contra estas equipas (veja-se a eliminatória com o Barcelona) que os colchoneros de Simeone brilham mais. Em todo o caso, a eliminatória está totalmente em aberto. Esperemos, para bem do futebol, que na 2.ª mão já haja Eden Hazard e que o jogo seja mais aberto.
    A nível individual não se pode dizer que tenha havido qualquer destaque ofensivo. Diego estava a ser o único num nível decente, mas saiu cedo. Godín e Filipe Luís estiveram bem, Miranda (um dos melhores centrais em 2013/ 14) também mas já o vimos melhor e Juanfran, sobretudo na 1.ª parte, fez praticamente tudo mal. No Chelsea, Azpilicueta deu sequência à sua excelente época, David Luiz voltou a apresentar bons índices físicos e tácticos no meio-campo, o capitão John Terry "limpou" tudo o que apareceu na sua área mas muito graças ao seu companheiro - Gary Cahill. Mais uma grande exibição daquele que é um dos melhores centrais actualmente a nível de jogo aéreo. Excelente posicionamento e antecipação nas alturas, ao nível do que fizera no início de época na supertaça entre Chelsea e Bayern.
    Quarta-feira há mais e esperemos que com mais golos e emoções ao nível das dos quartos-de-final.


Barba Por Fazer do Jogo: Gary Cahill (Chelsea)
Outros Destaques: Terry, Azpilicueta, David Luiz; Filipe Luís, Godín, Mario Suárez

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