Benfica 2 - 1 Juventus (Garay 3', Lima 84'; Tévez 73')
O Benfica sobreviveu ao maior desafio táctico que enfrentou desde que Jorge Jesus é treinador dos encarnados e conseguiu vencer a Juventus por 2-1 num jogo sofrido. A equipa da casa dominou as acções durante os primeiros 25 minutos mas a partir daí houve sempre mais Juventus, com a cultura táctica do 3-5-2 italiano a baralhar as movimentações e as sucessivas dobras dos encarnados. O 2-1 é um resultado perigoso sim, mas é evidentemente melhor que o 1-1 que se verificava até Lima fazer balançar as redes de Buffon pela 2.ª vez.
Foi um desfile de estrelas que hoje passou pelo relvado da Luz. Os adeptos benfiquistas puderam ver os históricos Pirlo e Buffon, e o promissor Pogba (já não é uma promessa, é uma certeza), mas melhor que isso puderam festejar uma saborosa vitória. Jesus, não podendo contar com Salvio - como acontecerá até ao fim da época -, Gaitán e Fejsa (que tanto jeito dariam para este jogo) optou por colocar Sulejmani no flanco esquerdo, com André Gomes e Enzo a terem que se desdobrar em acções, e Rodrigo perto de Cardozo. A grande ausência da Vecchia Signora foi Arturo Vidal. O jogo teve o melhor arranque possível para os encarnados. Galvanizados pela recente apoteose no Marquês, bastaram 3 minutos para o Estádio da Luz explodir novamente. Sulejmani cruzou a partir de um canto e Garay elevou-se cabeceando sem hipóteses de defesa para o 1-0. Corrijo: perante um guarda-redes "normal" aquela bola seria indefensável, mas Buffon ainda ficou muito perto de defender, tocando inclusive no esférico. O Benfica mostrou à Juventus quem mandava na Luz, André Gomes (novamente com intensidade, como sempre nos grandes palcos, jogos e momentos de grande peso) conseguiu ombrear nos primeiros instantes ganhando alguns duelos a Pogba e, com uma pressão alta colectiva e um atrevimento que talvez a Juventus não esperasse, o 2-0 ficou muito perto de acontecer. Luisão fez um corte gigantesco junto à sua área, Markovic disparou e correu muitos metros até soltar para Sulejmani. O compatriota de Lazar acabou por não dar a melhor sequência à brilhante jogada e desperdiçou um excelente lance. O progressivo desnorte de André Gomes pareceu contagiar a equipa e a Juventus começou a assumir o controlo do jogo. O esquema da Juve obrigava Enzo Pérez a uma constante difícil leitura do jogo, mas o craque argentino esteve sempre perfeito, embora Sulejmani (mal a decidir no ataque, muito lento, e a pecar na ajuda à defesa) e André Gomes (por vezes demasiado colado a Pogba, embora talvez por indicações de J. Jesus) não estivessem ao nível dos restantes colegas. A defesa do Benfica ia-se apresentando exímia - Luisão e Garay acumularam intervenções decisivas, Siqueira conseguiu sair a jogar pelo seu flanco por várias ocasiões - e na frente Cardozo ia-se revelando importante ao segurar pelo menos 2 dos 3 homens mais recuados. Ao ritmo de Pirlo e com Tévez sistematicamente a procurar aparecer em zonas de finalização, a Juventus foi crescendo mas a 1.ª parte terminou com muito sofrimento das águias, que a partir dos 25 minutos nunca conseguiram encaixar-se e perceber as várias nuances tácticas da perspicaz Juventus. Tévez ia sendo o principal destaque ofensivo, a dar muito trabalho, tendo ficado "no bolso" de Enzo Pérez num lance cuja garra do camisola 35 merecia uma vénia. Em nota de rodapé, o árbitro turco ia-se revelando tendencioso a favor da equipa italiana, com bastante incoerência nas suas decisões.
Na 2.ª parte a Juventus manteve o controlo das operações e Pogba cabeceou com perigo para uma defesa apertada de Artur. O guarda-redes brasileiro assustou os adeptos ao ir atrás de Tévez, mas conseguiu impedir o golo de Pogba depois de um cruzamento do argentino. Aos 57' ficou por marcar uma grande penalidade favorável ao Benfica. Enzo Pérez fez um túnel ao uruguaio Caceres e acabou derrubado pelo mesmo (houve deslocação de Caceres para impedir a progressão de Enzo, e com o critério que o árbitro estava a adoptar, tinha que ser penalty). A Juve continuava a ficar sucessivamente perto do golo, Maxi ainda salvou um golo eminente, mas aos 73 o empate aconteceu mesmo. Marchisio abriu bem em Asamoah, o ganês atrasou para Tévez e o argentino tirou 3 jogadores do seu caminho com um simples toque, finalizando depois para êxtase dos tristes adeptos italianos (lamentável como só puxaram pela sua equipa quando Tévez marcou, e nos minutos seguintes). Jesus foi mexendo bem na equipa, interpretando as necessidades e, imaginamos, respeitando mais ou menos a estratégia que tinha pré-definida e sucessivamente entraram André Almeida, Lima e Ivan Cavaleiro para os lugares de Sulejmani, Cardozo e André Gomes. O golo da vitória chegou então 10 minutos depois do golo de Tévez: Enzo Pérez foi determinante com a sua combinação com Maxi, tal como Ivan Cavaleiro que com uma simulação permitiu uma bomba de Lima. Golaço do homem do título, cujos índices de confiança estarão neste momento nos píncaros. Um tiro fortíssimo de pé direito, sem hipóteses para Buffon. Puxou o pé atrás e disse 'cá vai disto'. Nos minutos finais, com o Estádio da Luz empolgado, o Benfica procurou o 3-1, Markovic ficou perto de o conseguir, mas o apetite encarnado expôs a equipa atrás valendo então Artur a negar por mais do que uma vez o golo a Marchisio. A acabar a partida, Cavaleiro podia ter-se tornado capa de jornal de amanhã mas faltou-lhe pé esquerdo após uma boa jogada.
Evidentemente 2-1 é um resultado perigoso, mas foi justo atendendo ao que aconteceu. O Benfica não dominou (afinal de contas, estava do outro lado a Juventus) mas foi eficaz. Considerando os esquemas tácticos de ambas as equipas e os intervenientes, reforçamos que esta eliminatória representa o maior desafio que o Benfica de Jesus já teve. Já defrontou equipas superiores, mas nunca uma equipa tão... diferente. O melhor para o Benfica será descansar plantel no jogo de Domingo com o Porto (colocar uma 2.ª ou 3.ª linha, uma mistura de suplentes com elementos da equipa B) porque a 2.ª mão será épica, muito difícil mas o Benfica é capaz de chegar à final, que se jogará precisamente no estádio da próxima quinta-feira.
Na Juventus, Pirlo (não fez o que quis do jogo, os passes nas costas da defesa não criaram perigo, mas distribuiu como ninguém) e Tévez foram os principais destaques. Lima está a atravessar um momento incrível, Siqueira continua a justificar a contratação e Enzo Pérez fez mais um jogo que não terá deixado indiferentes os vários olheiros presentes na Luz. Os melhores foram Luisão e Garay mas, uma vez que o central argentino marcou, pende a balança para o seu lado.
Uma grande noite europeia. Quinta-feira é dia de procurar um lugar na História.
Barba Por Fazer do Jogo: Ezequiel Garay (Benfica)
Outros Destaques: Luisão, Siqueira, Enzo Pérez, Lima; Pirlo, Tévez
Na outra meia-final, o Sevilha derrotou o Valência por 2-0. Beto, Daniel Carriço e Diogo Figueiras foram titulares. Rakitic e companhia partem como favoritos para chegar à final, mas uma vez que o Valência ganhou 5-0 ao Basel em sua casa depois de perder 3-0 fora, veremos o que acontece. Os golos foram marcados aos 33' e 36', o 1.º por Mbia de calcanhar (embora em fora-de-jogo) e o 2.º por Bacca numa boa jogada com Vitolo.