12 de julho de 2014

Mundial 2014: 11 da Meia-Final

    Em dia de jogo ingrato entre duas equipas completamente desmoralizadas, aproveitámos para vos dar a conhecer o nosso 11 ideal das meias. Um onze repleto de alemães, alguns argentinos e uns quantos (poucos) holandeses. Apenas ficaram de fora os brasileiros que após o resultado desastroso, nenhum mereceu ter nota positiva. Ora fiquem a saber as nossas escolhas:
    Na baliza, Neuer voltou a ficar no banco. O alemão proporcionou algumas boas defesas negando a tentativa dos brasileiros em contrariar o resultado, mas foi Sergio Romero o guarda-redes destaque desta ronda. Romero decidiu uma eliminatória nas grandes penalidade tendo defendido dois remates sendo que o segundo - de Sneijder - foi uma defesa de grande nível. Preferimos optar por um guardião decisivo num encontro tão importante como uma semi-final ao invés dum guarda-redes com maior número de intervenções, mesmo que algumas de grande nível.
    Na defesa optámos por um quarteto defensivo formado por um alemão, dois holandeses e um argentino. Do lado direito temos Phillip Lahm. Um bom jogo para traduzir o que foi a sua carreira e o que ele é como jogador: enorme rigor tanto a defender como a apoiar o ataque, inteligência e acerto no passe astronómicos e juntando a tudo isto duas assistências para Kroos e Schürrle. É o melhor lateral do mundo e a vida da Alemanha mudou para muito melhor quando regressou à sua posição de origem. Do lado esquerdo temos um jogador que é avançado de origem mas tem sido fulcral no sector defensivo para Van Gaal - Dirk Kuyt. Fez praticamente tudo bem em campo. É o tipo de jogador que qualquer treinador gosta de ter e voltou a deixar patente a sua versatilidade táctica. Começou a ala direito, mas após a troca de Martins Indi por Janmaat, passou a jogar na esquerda e a verdade é que a Argentina passou a fazer muito menos pelo flanco que estava a explorar quase em exclusivo. É dos que não falha e foi um dos 3 melhores holandeses no jogo. No sector central da defesa temos outro holandês que foi o melhor da jornada - Ron Vlaar. Não merecia não conseguir marcar a grande penalidade. Foi um monstro em campo, secou Messi por inúmeras ocasiões, foi uma parede constante para os jogadores argentinos, posicionando-se com perfeição e assumindo-se como patrão da sua jovem defesa. Por fim, Ezequiel Garay volta a constar no nosso onze. Não esteve tão exuberante como frente à Bélgica mas manteve o brilhantismo, a superioridade constante no jogo aéreo e a capacidade de se antecipar e ler o jogo.
    Chegando ao miolo, Javier Mascherano foi um dos grandes destaques. A alma, o verdadeiro capitão da Argentina. Contra a Holanda foi um monstro (tal como Vlaar), de pulmão e força inesgotáveis. Já tinha sido um dos jogadores mais regulares pela positiva da Argentina ao longo dos últimos jogos, mas neste transcendeu-se. Nesta fase já se pode considerá-lo o melhor médio defensivo deste Brasil 2014 e caso a Argentina vença no Maracanã, será Messi a erguer o troféu, mas certamente será a Mascherano que o camisola 10 dará de seguida a taça. São dele as palavras finais na palestra antes dos penaltis, são dele as palavras finais de motivação para Romero. Depois de Javier temos Kroos que talvez tenha sido o jogador desta ronda. Representa na plenitude o que foi o jogo da Alemanha: manteve-se frio, concentrado e paciente, soube sempre o que fazer à bola, quando explorar o espaço e quando aplicar o golpe para deixar o Brasil KO. Um jogo para a História da Mannschaft e uma exibição para a carreira de Kroos, que reforçou que é de facto um dos médios mais completos do mundo e ainda com muito para crescer e conquistar. Dois golos, uma assistência e toda a construção ofensiva passou por ele - não há um 10 puro nesta Alemanha, mas é sobretudo Kroos que assume a equipa no processo ofensivo e não jogadores com mais imprensa como Özil ou Götze. Se for para o Real Madrid por 25 Milhões é um dos negócios do defeso. Segue-se André Schürrle que pouco há a dizer... Os colegas dele destruíram o Brasil, mas ele tratou de conferir à goleada números ainda mais históricos. Marcou um golo normal a passe de Lahm, finalizando uma jogada simples e que deixou bem evidente o desnorte e displicência brasileira a defender e depois colocou a cereja no topo do bolo com um remate ao ângulo da baliza de Júlio César. Não tem muitos minutos, mas já tem 3 golos. Outro jogador impossível de não colocar no 11 é Sami Khedira. O trio de meio-campo está afinado, rotinado e fizeram o que quiseram frente a um Brasil que simplesmente não teve meio-campo (foi aliás esse um dos problemas ao longo do Mundial, a falta de ligação). Assistiu, marcou, participando naquela fase em que parecia que a Alemanha já discutia entre si quem marcava, embora optando sempre pela melhor opção. Importante ainda no transporte do jogo e com a boa agressividade que uma meia-final de um Mundial exigia. Sabella teima em não lhe dar o devido crédito, mas esta Argentina é outra com Enzo Pérez. Enquanto esteve em campo foi um dos 2 melhores jogadores argentinos e não deveria ter saído. Excepcional a sair a jogar, a transportar jogo para a frente e a mostrar ao mundo a qualidade e o porquê de ter sido o melhor jogador do campeonato português em 2013/14. Por tudo o que fez merece ser titular na final e mesmo que Di María recupere, Sabella deveria ou apostar em Enzo para jogar com Mascherano no lugar habitual de Biglia ou - considerando a Alemanha e a sua forma de jogar - manter Biglia e abdicar de Lavezzi ou Higuaín no onze, privilegiando a segurança. Tudo incógnitas pelo desconhecimento da situação de Di María, mas o que certamente não é incógnito para ninguém é o valor do camisola 35 do Benfica e 8 da Argentina. 
    Por fim, isolado na frente está o futuro Sr. História - Thomas Müller. Indiscutivelmente um dos grandes jogadores deste Mundial e um dos jogadores tacticamente mais interessantes no Mundo (a tendência é essa referência surgir ligada a jogadores de meio-campo, mas claro que é redutor). Aparece sempre nos grandes momentos, trabalha sem parar pela equipa e já conta com 10 golos em Mundiais… aos 24 anos. Traduz bem o que é a máquina alemã porque, embora craque (à sua maneira), vê-se que se sente apenas mais um no meio de um conjunto em que a estrela é a equipa.


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