Argentina 1 - 0 Bélgica (Higuaín 8')
Sem
grandes dificuldades e com um golo madrugador a ajudar, a Argentina ultrapassou
a Bélgica e garantiu presença nas meias-finais de um Mundial 24 anos depois. A
selecção de Lionel Messi junta-se assim a Brasil e Alemanha, ficando agora à
espera de saber se o seu adversário será a Holanda ou a Costa Rica. Num Mundial
surpreendente em vários capítulos, a verdade é que no final das contas em 4
semi-finalistas estarão 3 (Brasil, Alemanha e Argentina) que a esmagadora
maioria previa.
Para hoje, Sabella não pôde contar com Rojo (castigado), e optou por Balanta para lateral esquerdo, apostando ainda em Demichelis e Biglia nos lugares habitualmente ocupados por Federico Fernández e Gago. Na Bélgica, Wilmots foi pouco astuto e bastante naive em vários sentidos - hoje pedia-se um miolo diferente e Wilmots manteve a fórmula, dando ainda a titularidade a Mirallas no flanco e Origi na frente. Depois de Lukaku transformar o jogo com os EUA só se compreende o facto de ter começado hoje no banco se continuar incapaz de aguentar muitos minutos. A Bélgica até iniciou o jogo com atrevimento e confiança, sempre com Kevin De Bruyne a mostrar-se ao jogo, mas acabou por ser a Argentina a marcar muito cedo. Lionel Messi bailou e colocou a cabeça de vários belgas a andar à roda, passou para Di María e o craque do Real Madrid assistiu por engano (porque tentava colocar a bola noutro colega, mas esta foi desviada) Higuaín. O avançado do Nápoles surpreendeu Courtois com um remate colocado e de belo efeito. A Bélgica não baixou os braços com o golo e foi tendo em Kompany e De Bruyne as suas maiores figuras. O central do Manchester City disse presente por várias vezes, evidenciando o seu poderio físico, enquanto que De Bruyne continuou a tentar levar a equipa para a frente, com Fellaini mais próximo de si, enquanto Hazard se manteve longe de aparecer neste Mundial 2014. Na Argentina, o brilhantismo defensivo de Ezequiel Garay e a maturidade táctica de Mascherano chegavam para as encomendas e, no contra-ataque, quase surgiu o 2-0 - Lionel Messi fez um passe simplesmente fantástico (um dos melhores deste Mundial) a encontrar Di María mas valeu um defesa a opor-se à investida do nº 7. O lance acabou por ser de triste sina para Ángel porque acabou por se lesionar, proporcionando a estreia de Enzo Pérez na competição. Os minutos finais da 1.ª parte contiveram um livre de Messi que levou relativo perigo e um cabeceamento de Mirallas que terá certamente assustado a afición argentina.
Infelizmente, a 2.ª parte não foi famosa. Bem longe da intensidade colocada em campo ontem por Brasil e Colômbia (jogar mais tarde ajuda, mas não é explicação suficiente), a Argentina conseguiu gerar a sua vantagem, controlando as acções de uma selecção belga à qual faltou chama, coragem e vontade de fazer a diferença, individual e colectivamente. No arranque houve inclusive mais Argentina. Higuaín deixou um primeiro aviso mas aos 55' esteve perto de bisar, e com grande qualidade. Pepita arrancou rumo à baliza, fez uma maldade a Vincent Kompany, mas acabou por acertar no ferro da baliza de Courtois. Com 3 médios inteligentes a ocupar os espaços (Mascherano, Biglia e Enzo) e com um super-Garay que resolveu todos os eminentes sarilhos na área sul-americana, o jogo foi decorrendo e Wilmots foi-se vendo obrigado a mexer - colocou Lukaku e Mertens, e mais tarde abdicou de Hazard aos 75' - numa total representação do fraco Mundial do jogador do Chelsea. Os "Diabos Vermelhos" acabaram com Van Buyten na área contrária, procurando explorar a superioridade física e no jogo aéreo não só do central como também de Fellaini, Witsel e Lukaku, mas o 1-0 não viria a transformar-se noutro resultado. O último lance do jogo acabou por ser uma arrancada de Messi em direcção à baliza, mas com Courtois a negar o golo, embora Messi tivesse obrigação de fazer melhor.
Esperávamos que a Argentina passasse mas não uma Bélgica tão pouco crente e capaz. No fundo, a selecção belga acaba por sair deste Mundial (sempre defendemos que este era um 1.º passo para esta geração começar a sentir estes palcos e aparecer com outras obrigações em 2016 e 2018) com um registo q.b. A equipa de Wilmots ganhou os 3 jogos da fase de grupos, não deslumbrou em nenhum deles, e conseguiu o seu melhor jogo neste Brasil'2014 contra os EUA nos oitavos, na tal exibição monumental de Tim Howard. De Bruyne foi sempre o jogador que não teve medo de assumir o jogo da equipa, e Eden Hazard foi uma das desilusões da competição, embora vá certamente voltar mais forte noutra prova.
Quanto à Argentina, não precisou de estar ao nível que apresentou frente à Suiça e volta a repetir o 1-0 desse confronto, desta vez sem recorrer ao prolongamento. Lionel Messi voltou a brindar os adeptos com alguns momentos de magia (hoje, curiosamente, esteve muito mais "solto" e confiante do que anteriormente), Gonzalo Higuaín decidiu o jogo e poderia muito bem ter bisado mas o destaque principal foi mesmo Ezequiel Garay. Numa ronda em que os centrais têm estado incríveis (David Luiz, Hummels, Thiago Silva), Garay esteve perfeito na defesa e por isso é impossível compreender como um central assim pode ser transaccionado por 6 milhões de euros.
Dia 9 de Julho já se sabe que teremos a Argentina de Messi em campo, resta agora ficar a conhecer o seu adversário: a Laranja Mecânica, ou a verdadeira surpresa do Mundial...
Barba Por Fazer do Jogo: Ezequiel Garay (Argentina)