2 de julho de 2014

Bélgica 2-1 (a.p.) EUA: Howard adiou mas a juventude belga ganhou

Bélgica  2 - 1 (a.p.)  EUA (De Bruyne 97', Lukaku 105'; Green 107')

    Os jogos dos oitavos-de-final terminaram com mais um jogo resolvido no prolongamento (em 8 jogos, só 3 deles ficaram resolvidos em 90 minutos), com vários ingredientes frequentes nesta ronda: muita emoção e grandes exibições de GR. Neste caso, Tim Howard. O guardião do Everton acabou o jogo com 15 defesas mas a entrada de Romelu Lukaku (colega de Howard este ano) mudou o jogo, com Kevin De Bruyne em destaque evidente.
    A Bélgica era favorita no jogo de hoje e Wilmots apostou em Mertens e Origi, deixando Mirallas e Lukaku no banco. Opções que se entendiam considerando as boas exibições do baixinho extremo e do jovem prodígio do Lille, importantes a resolver alguns jogos. Os "diabos vermelhos" tinham revelado alguns problemas de finalização e na fase de grupos tinham demorado sempre muito tempo a marcar, tendo inclusive Vertonghen como o único marcador que não tinha saído do banco para contribuir. O desafio começou muito intenso e logo com poucos segundos Origi teve o golo nos pés - valeu a rapidez do jovem avançado mas valeu também a defesa de Tim Howard, a primeira de muitas. A Bélgica manteve muita intensidade e muita vontade de marcar, querendo contrariar o timing de jogos anteriores, e foram várias as oportunidades desperdiçadas: Vertonghen esteve muito activo e serviu De Bruyne num lance em que o jogador do Wolfsburgo demorou muito e finalizou mal, e depois foi o próprio Vertonghen, lançado por um grande passe de Hazard, a perder um lance ao tentar dar a bola a Fellaini em vez de rematar à baliza. Destaque nos primeiros 45 para a lesão de Fabian Johnson, embora DeAndre Yedlin o tenha substituído com qualidade, tanto a dar profundidade como a defender Hazard. No fim da 1.ª parte havia claramente uma Bélgica superior, e Tim Howard estava apenas a aquecer na baliza norte-americana.
    No arranque dos segundos 45, a Bélgica regressou pronta a sufocar os EUA. Mertens testou a atenção de Howard com um cabeceamento de costas para a baliza, Origi (bastante perdulário hoje) falhou um remate à boca da baliza e pouco depois o jogador mais adiantado da Bélgica cabeceou à barra. A partir dos 50/60 minutos foi quando Tim Howard começou a "engatar". A Bélgica tentava de todas as maneiras e feitios chegar ao golo - nem sempre a decidir bem no último terço - e Howard foi dizendo presente sem parar. Defendeu um remate de Vertonghen, depois outro de Origi e brilhou ao esticar o seu pé evitando um golo que parecia certo de Mirallas, após grande passe de Origi. Nos 10 minutos a toada manteve-se e os belgas começavam a desesperar com a noite inspirada de Howard. Hazard, Kompany e Origi viram o guardião norte-americano defender, mantendo-se extremamente frio em todas as suas intervenções. E quando nada o fazia prever, e já se adivinhava o prolongamento, os EUA tiveram a oportunidade de resolver o jogo - Wondolowski rematou por cima num desperdício inacreditável. Klinsmann não queria acreditar.
    Se os 90 minutos ficaram marcados pela super-exibição de Tim Howard, o prolongamento ficou marcado pela entrada de Lukaku. O avançado que esta temporada representou o Everton entrou para o lugar de Origi e mudou o jogo com a sua dimensão física impressionante. Aos 93 minutos foi empurrado por um defesa norte-americano junto à linha, mas foi o defesa que tombou e Lukaku que arrancou rumo à baliza. No desenvolvimento do lance, Lukaku tentou servir De Bruyne e depois de um corte o jovem belga rematou rasteiro, fazendo o esférico ultrapassar finalmente Howard. Lukaku continuou a tentar o golo, fazendo uso do seu corpo e da frescura física, e aos 105 pensou-se que teria sentenciado o jogo. De Bruyne fez um bom passe para as costas da defesa e Lukaku não teve contemplações e encheu o pé esquerdo, dedicando depois o golo ao seu pai. No intervalo do prolongamento Klinsmann lançou o jovem Julian Green (promessa do Bayern) e bastaram 2 minutos para que este relançasse o jogo. Bradley fez um passe dos seus e Green rematou de primeira, com pouca força mas bastante arte. Courtois tocou na bola mas não fez o suficiente para evitar o 2-1. Os minutos finais foram de grande nervosismo na grande área belga, e os EUA procuraram o golo, galvanizados pelo tento de Green. Entre vários momentos, o mais perto que estiveram do empate acabou por ser um livre estudado e bem executado, com Courtois a negar o golo a Dempsey. A Bélgica suspirou de alívio no apito final e vai jogar com a Argentina nos quartos-de-final.


    Mais um jogo dos quartos, e mais uma extraordinária exibição de um guarda-redes. Keylor Navas, Ochoa, Ospina, Claudio Bravo e Júlio César à sua maneira, M'Bolhi e Neuer, Benaglio e esta noite, Tim Howard. O guardião da selecção norte-americana fez tudo o que pôde e o que não pôde, mas no prolongamento os EUA caíram perante o talento de De Bruyne a força de Lukaku. A Bélgica voltou a evidenciar todo o potencial que tem e dá a entender que quanto maior for o peso do momento e a reputação do adversário, melhor jogará. Estes jovens terão maiores responsabilidades em 2016 e 2018 mas para já têm pela sua frente uma Argentina que é favorita, mas contra a qual - mesmo que seja eliminada - é possível que a Bélgica realize a melhor exibição deste Mundial. Eden Hazard continua muito longe do nível que apresentou esta temporada na Premier League, e veremos se Lukaku será aposta inicial nesse jogo. Para já, o pesadelo Tim Howard, um autêntico cabo das tormentas, está ultrapassado.


Barba Por Fazer do Jogo: 
Tim Howard (Bélgica)
Outros Destaques: Kompany, Vertonghen, De Bruyne, Lukaku; Bradley, Green

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