The one that got away. Será assim que os adeptos do Liverpool, Steven Gerrard e Luis Suárez recordarão muito provavelmente esta Premier League. Bem nivelada por cima, a melhor liga do mundo foi mais uma vez fantástica e com o campeão a decidir-se apenas na última jornada. Um Super-Liverpool, um Manchester City que acabou por cumprir a sua obrigação, um grande Arsenal até à derrocada, um refinado Everton muito forte e talhado para os jogos cabeça-de-cartaz, um Chelsea choramingão com um Mourinho que teve mais medo de perder do que fome de ganhar, um entusiasmante Southampton, uns "milagrosos" Crystal Palace e Sunderland, e um Manchester United perdido, apagado e órfão da maior figura do clube nas últimas décadas: Sir Alex Ferguson. A emoção foi o elemento constante da primeira à última jornada, com jogos cheios de golos e várias goleadas. Ficarão na memória de muitos, por exemplo, o Everton 3-3 Liverpool, o Crystal Palace 3-3 Liverpool, o Liverpool 3-2 Manchester City ou as goleadas impostas pelos citizens e reds em várias jornadas. Só na Premier League é que podíamos assistir a jogos como o Manchester City 6-3 Arsenal ou Cardiff 3-6 Liverpool. E o mais impressionante é que se nos perguntarmos se é possível para o ano ser ainda melhor, acreditamos que possa ser.
Estreamos esta temporada os nossos prémios para a Premier League, nos quais avaliaremos posição a posição os melhores do ano, distinguindo ainda os melhores Jogador, Jovem Jogador e Treinador, acrescentando alguns prémios anexos.
Guarda-Redes: Nesta temporada não houve um guardião que se destacasse de forma avassaladora da concorrência. Tim Howard e Begovic (talvez o melhor GR de 2012/ 13) estiveram em grande plano, Szczesny estava a ser o melhor GR da competição quando o Arsenal respirava saúde e confiança, e o argentino Speroni foi fundamental no incrível registo defensivo do Crystal Palace com Tony Pulis. A nossa escolha recaiu sobre Petr Cech, elemento-chave em estabelecer o Chelsea de Mourinho como a melhor defesa da Premier League. Menções honrosas para Krul (conseguiu a melhor exibição de um GR esta época, frente ao Tottenham), não foi por Ruddy e Marshall que Norwich e Cardiff desceram, Mannone foi importante na manutenção do Sunderland e se não fosse De Gea, o cenário actual do United poderia ser pior.
Lateral Direito: Sem margem para dúvidas, Seamus Coleman foi o lateral direito desta Premier League. Com enorme impacto nos 2 lados do campo, um pulmão para dar e vender e intensidade do primeiro ao último minuto de cada jogo, foi determinante na boa época do Everton. Evoluiu a olhos vistos e amealhou ainda 6 golos (alguns decisivos). A fazerem-lhe companhia estão Ivanovic, Joel Ward (o polivalente jogador do Crystal Palace jogou esta temporada a lateral direito, esquerdo e médio centro), Zabaleta e o holandês Leandro Bacuna, que alternou entre a defesa e o meio-campo, sempre na faixa direita.
Defesa Central (Lado Dto.): Embora para nós Kompany seja o melhor defesa da Premier League, este ano não surge entre as nossas opções. Foi menos preponderante que noutras épocas e praticamente não jogou até à 14.ª jornada. Em todo o caso, Martin Skrtel foi claramente o destaque da posição. Com um por vezes desastrado Sakho ao seu lado, Skrtel valeu diversas vezes por 2 centrais e juntou a um impecável posicionamento e domínio do jogo aéreo a sua importância no plano ofensivo. Marcou 7 golos sendo o defesa da Premier com mais golos, e ficando no seu clube apenas atrás de Suárez, Sturridge, Gerrard e Sterling. Gary Cahill foi um porto seguro do Chelsea, Mertesacker teve um grande ano, o capitão Caulker deu tudo o que tinha para segurar o Cardiff no primeiro escalão e o nosso José Fonte fecha as opções.
Defesa Central (Lado Esq.): A qualidade foi menor a nível de defesas centrais do lado esquerdo, mas o francês Koscielny foi claramente o melhor jogador nesta posição. Determinante ao longo de toda a época, esteve "no ponto" a ler o jogo a partir de trás, antecipando-se como poucos e dobrando os seus colegas, multiplicando-se tanto nas suas acções como nos elogios que merece. Lovren, Terry, Distin e Vlaar foram os restantes 4 jogadores que escolhemos.
Lateral Esquerdo: Uma posição com pelo menos 3 jogadores em grande plano. Azpilicueta cresceu imenso como jogador (e do lado esquerdo!) sob o comando de Mourinho, justificando plenamente o lugar de Ashley Cole no banco e a dúvida recairia sempre entre Baines e Shaw, os 2 laterais esquerdos que Hodgson deveria justamente levar ao Mundial. Luke Shaw (apenas 18 anos) tornou-se muito consistente, forte defensivamente mas aquilo que vimos dele - embora tenha sido já incrível - é apenas um átomo perante todo o potencial que ainda está por explorar, e vai certamente explodir nas 2 próximas épocas. Assim, acabámos por optar por Leighton Baines, sempre fundamental na manobra ofensiva do Everton - forte a cruzar, a defender, a desmontar defesas, a bater livres. No entanto, acreditamos que para o ano Baines perderá para Shaw. Evra e o galês Ben Davies ocupam os últimos 2 lugares.
Extremo Direito: Embora seja um vagabundo no meio-campo ofensivo de Pochettino, considerámos Adam Lallana médio/extremo direito para o encaixar no onze da temporada. Um dos jogadores com mais técnica e melhor jogo de pés na presente Premier League, o capitão dos saints fez uma época memorável. Golos, assistências e muita magia saída dos seus pés. Dificimente o Southampton o segurará. Mirallas esteve bem (ainda pode dar mais), Puncheon fez um final de época impressionante, Ramires foi muitas vezes colocado no lado direito do meio-campo nos jogos mais difíceis e Adam Johnson teve também o seu período.
Médio Centro: No conjunto de médios centro de características mais defensivas, o eleito só poderia ser Steven Gerrard. O capitão do Liverpool foi um dos jogadores do ano, a serenar a equipa - a nível anímico e futebolístico. Uma lenda em campo, um capitão como há muito poucos. James McCarthy foi um jogador silencioso mas incrível no Everton de Roberto Martínez, onde Gareth Barry também brilhou no 4-2-3-1 dos toffees; Fernandinho justificou a sua contratação e Jedinak foi um dos médios que mais deu gosto ver esta época, a nível de recuperação de bolas e posicionamento.
Médio Centro: Abram alas para o melhor jogador da Premier League, a seguir a Suárez. Yaya Touré! O médio da Costa do Marfim foi o jogador mais importante dos campeões ingleses, conseguindo uns históricos 20 golos (pensar que o Barcelona o usava ocasionalmente a central..). Foi a melhor época da sua carreira, um "Monstro" autêntico. No conjunto de médios centro que pisaram terrenos mais adiantados, Jordan Henderson foi notável (a recuperar, a transportar, a contribuir a nível de último passe e com alguns golos); Ross Barkley deu os primeiros sinais do extraordinário jogador que vai ser; se Aaron Ramsey não se tivesse lesionado seria garantidamente um dos maiores destaques da época; e, por fim, entre Sidwell e Delph optámos por dar o último lugar ao médio do Fulham.
Extremo Esquerdo: Mais uma posição em que não há dúvidas. Eden Hazard fez a sua melhor temporada em Inglaterra, Mourinho tornou-o um jogador diferente (diminuiu as suas assistências, melhorou a finalização) mas é apenas uma questão de tempo para produzir ainda mais por época e integrar o lote mais restrito de melhores do mundo. David Silva deu gosto ver, como sempre, Eriksen foi o único jogador que se aproveitou na época do Tottenham. Para além destes elementos, escalámos Raheem Sterling e Coutinho. Os 2 jogadores do Liverpool surgem na mesma posição pela necessidade de os colocar em alguma slot e também demonstrando a total dinâmica do ataque do Liverpool. Que época de Sterling, que classe e técnica de Coutinho!
Avançado: Faltam palavras para descrever a temporada 2013/ 14 de Luis Suárez. O uruguaio falhou os primeiros 5 jogos mas nem isso o impediu de ser o melhor marcador e jogador do campeonato. Incrível na finalização, único na técnica e na recepção orientada, forte nas bolas paradas e nos grandes golos. Suárez evoluiu como profissional de futebol e pessoa, interessando-se apenas pelo jogo. Que ninguém o tire do Liverpool, porque temos uma lenda de Anfield a consumar-se. A fazer companhia ao craque uruguaio, Jay Rodríguez (tremendamente injusta a sua lesão porque merecia ir ao Mundial), Rooney (salvou-se ele, De Gea e a aparição de Januzaj na péssima temporada do United), Agüero (é tacticamente o jogador mais importante do City e se não fossem as lesões, talvez fosse ele a ficar perto de Suárez no troféu de Jogador do Ano) e, por fim, Rémy.
Avançado: No conjunto de avançados mais posicionais, Daniel Sturridge facilitou-nos e bem a tarefa. Era inevitável optarmos pela dupla de avançados do Liverpool. Foi a melhor época da carreira de Sturridge e será interessante ver se consegue manter este nível ou melhorá-lo em 2014/ 15. Lambert (melhor quando com Jay Rodriguez perto de si), Lukaku (que destino no próximo ano?), Bony (melhor swan do ano) e Dzeko (preponderante na recta final da época) completam esta shortlist.
Na distinção individual mais significativa da época, os nossos 6 eleitos foram curiosamente os mesmos da Associação de Futebolistas Profissionais, em Inglaterra. Sturridge tinha que estar, Lallana também, Hazard idem aspas. O capitão do Liverpool merecia esta Premier League, Yaya Touré conseguiu ser o único jogador minimamente perto do nível apresentado por Suárez e, por isso mesmo, o uruguaio era a escolha evidente. Suárez foi um diabo à solta em terras de Sua Majestade, e foi inclusive um dos melhores jogadores do mundo nesta temporada.
Na distinção de Jovem Jogador do Ano, o critério utilizado aqui no BPF entende como "jovens" os jogadores até (inclusive) 22 anos de idade. Por isso mesmo, comparativamente com os candidatos da FPA, não surgem na nossa lista Hazard, Sturridge e Ramsey. Precisamente por isto, Luke Shaw foi para nós o jovem jogador de 2013/ 14. É importante recordarmos que Shaw tem apenas 18 anos, por incrível que pareça quando o vemos jogar. Não se vêem jogadores a defender tão bem e a apresentar tanta consistência em tão tenra idade. O futuro reserva-lhe um lugar na História, e vai explodir a curto-prazo. Os companheiros de Shaw são Sterling, Barkley acrescentando ainda Ben Davies, Berahino (merecia mais minutos no WBA) e Januzaj (incrível como tão jovem carregou o United a dada altura).
Treinador do Ano: Foi difícil escolher porque houve vários técnicos (4 sobretudo) merecedores de destaque nesta Premier League mas Brendan Rodgers foi o nosso eleito. Está a ser incrível o seu trabalho no crescimento do Liverpool, e foi notável principalmente o futebol que conseguiu pôr os reds a praticar (de acordo com o ADN do clube), combinando isso com regularidade a nível de resultados, fazendo vários jogadores crescer, e conseguindo disputar o campeonato contra City e Chelsea, com plantéis com mais opções e mais dinheiro. Tony Pulis fez um milagre autêntico ao conseguir um salto brutal do Palace a partir do momento em que assumiu o comando técnico; Martínez é um dos treinadores mais inteligentes da Premier e o seu bom e marcante trabalho ainda agora começou em Goodison Park; Pochettino colocou o Southampton a jogar um futebol de excepção e seria bom - mas é difícil - que o clube o conseguisse manter. Por fim, o último lugar entregámo-lo ao campeão Pellegrini. É certo que tinha mais do que obrigação de vencer, mas acreditamos que se fosse Mancini o treinador do City, este campeonato teria ido parar às mãos de Gerrard e do Liverpool. Mourinho desapontou-nos, sempre muito choramingão, embora tenha conseguido fazer 12 pontos em 12 possíveis frente a Liverpool e City; Gus Poyet conseguiu dar boa resposta à faixa "Miracles happen, Gus", o Sunderland salvou-se à la Premier mas com o plantel ao seu dispor a manutenção deveria ser um objectivo alcançado há mais tempo.
Clube-Sensação: Southampton
Most Improved Player: 1. Seamus Coleman, 2. Jordan Henderson, 3. Aaron Ramsey
Golo do Ano: Jack Wilshere (Arsenal 4-1 Norwich) (Link)
To follow is to love. A Premier League voltará para o ano, e a equipa do Barba Por Fazer voltará a acompanhar bem de perto o campeonato mais apaixonante do planeta.
Clube-Sensação: Southampton
Most Improved Player: 1. Seamus Coleman, 2. Jordan Henderson, 3. Aaron Ramsey
Golo do Ano: Jack Wilshere (Arsenal 4-1 Norwich) (Link)
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