26 de maio de 2014

Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Argentina)

    Estamos a chegar ao fim da rubrica «Os Nossos 23» e desta feita, a nossa antepenúltima selecção é uma das favoritas a erguer o troféu a 13 de Julho. A selecção albiceleste dominou o apuramento via CONMEBOL e dominou a concorrência sul-americana, num grupo onde o rival Brasil não prestou contas por ser anfitrião da Copa. Com 30 pontos em 16 jogos (9 vitórias, 5 empates e 2 derrotas, frente a Uruguai e Venezuela). Com Sabella no comando, Lionel Messi aproximou o seu rendimento do demonstrado na Catalunha, e a tríade ofensiva da Argentina alcançou bons números: Messi marcou 10 golos em 14 jogos, Higuaín 9 golos em 11 jogos e Agüero chegou aos 5 em 8 jogos. Só Suárez marcou mais do que Messi e Higuaín.
    No Mundial 2014 a Argentina teve um sorteio favorável. Terá que enfrentar Bósnia, Nigéria e Irão e o 1.º lugar é uma obrigação. Relativamente aos convocados, Sabella reduziu as suas escolhas neste momento a 26 jogadores (até 2 de Junho anunciará os 23 finais) e em alguns casos as nossas opções diferem das do seleccionador argentino. Tanto em alguns elementos que vão garantidamente ficar de fora deste Mundial como em alguns casos jogadores que achamos justo que sejam titulares (e provavelmente não o serão).
    São então estes os nossos 23 daquela que é porventura a selecção com a frente de ataque mais temível:

A Convocatória

    Em 3 guarda-redes, dois dos nossos diferem de Sabella. Sergio Romero foi o titular argentino durante a qualificação e Sabella confiar-lhe-á a baliza, mas para nós - embora surja entre os 3 eleitos - não seria a 1.ª escolha, mediante o facto de ter ficado a ver Subasic defender as redes do Mónaco. Assim sendo, Willy Caballero, guardião do Málaga e pouco valorizado, deveria no nosso entender ser o número 1 argentino. Aos 32 anos está no apogeu do seu futebol, apresenta reflexos invejáveis e esteve inclusive perto de tirar o título ao Atlético Madrid ao exibir-se de forma extraordinária no empate 1-1 da 37.ª jornada. Por fim, Speroni é o nosso terceiro guarda-redes. Não é um jogador incrível mas é muito competente e foi um dos embaixadores da incrível época do Crystal Palace com Tony Pulis na Barclays Premier League. Sabella levará Andújar e Orion, sendo que o primeiro figura na nossa lista de contenção.



    A nível defensivo, esta Argentina de 2014 apresenta maior solidez do que outrora. Comecemos pelo defesa argentino que se apresentou em melhor plano em 2013/ 14: Ezequiel Garay. O central do Benfica teve uma época indescritível, formando uma dupla perfeita com Luisão, à qual juntou vários golos. Está no auge da sua carreira e dificilmente ficará na Luz, subindo a sua cotação certamente durante este Mundial. Tudo indica que os laterais de Sabella serão os mesmos que os nossos: Zabaleta na direita e Rojo na esquerda. O lateral do City tem evoluído nas 2 últimas temporadas e hoje é um jogador maduro, dinâmico e que confere grande profundidade, cruzando bem. Rojo, central do Sporting mas capaz de jogar também a lateral esquerdo, realizou uma boa temporada e pode ajudar ao equilíbrio da albiceleste. Também para as laterais optámos por Gonzalo Rodríguez (capaz de jogar a central e lateral, fez grande época na Fiorentina a nível interno e europeu) e o jovem Gino Peruzzi, do Catania. 
    No centro da defesa, para além do indiscutível Garay, considerámos pertinente chamar Mascherano, Musacchio e Federico Fernández. Sabella certamente utilizará Fernández ou Demichelis ao lado de Garay, sendo Mascherano o homem mais recuado do meio-campo. No entanto, se Mascherano é central no Barça e consegue apresentar competência, com Garay ao lado sentir-se-ia ainda mais cómodo. Fernández era um dos centrais que tinha que constar (Campagnaro não nos encanta), ficando a última vaga a cargo de Musacchio. O central do Villarreal subiu de produção e ganhou o lugar, deixando Fazio apenas "à porta". 


    No meio-campo o ADN argentino começa a fazer-se sentir. Rumo ao sucesso da Selecção das Pampas, é necessário fazer coexistir jogadores criativos, geniais, tecnicistas de outra dimensão com jogadores operários, de sacrifício. Felizmente para Sabella, há 2 jogadores neste momento que combinam estes dois parâmetros. Falemos primeiro de Ángel Di María. O antigo extremo do Benfica, actual médio-interior do Real Madrid, chega ao Mundial como o argentino em melhor momento de forma. Di María é um dos melhores do mundo na sua posição e transformou-se (mental e tacticamente) com a chegada de Bale a Madrid. Muito do que a nossa Argentina, e também a de Sabella, conseguirá depende da sua capacidade de surgir entre linhas, de transportar jogo, apresentando alta rotação e intensidade até ao último segundo. Claro está que Di María é agora um jogador de equipa mas continua a saber driblar como ninguém (veja-se o trabalho no golo de Bale na final da Luz). Depois, Enzo Pérez. Estamos em crer que Enzo ficará nos 23 de Sabella mas dificilmente será titular - uma estupidez do seleccionador porque as características de Enzo, próximo de Di María e funcionando exactamente como no Benfica, poderiam muito bem elevar a Argentina ao estatuto de favorita nº 1. 
    O meio-campo precisa de operários, jogadores com músculo e capacidade de pressionar e soltar os génios, e para isso há Biglia e Banega. Embora Banega não se limite a esta descrição. Apostámos ainda no talento de caras bem conhecidas dos portugueses - Gaitán, Salvio e Iturbe - para os flancos, sendo Gaitán o mais híbrido. Gaitán tinha que constar nos 23 de Sabella pelo espectacular ano, podendo inclusive ser um jogador importante para fazer saltar do banco em alguns jogos. Iturbe explodiu esta temporada e a sua irreverência, tal como a de Salvio, davam outras soluções ao seleccionador. Por fim, Javier Pastore mereceu também a nossa confiança. Falta-lhe ainda alguma regularidade. Na contenção deixámos o colchonero Sosa e o jovem Lucas Romero (perfil semelhante a Enzo, embora um embrião, bem longe a nível tecnico-táctico).


    Na frente, Sabella teve a preocupação de estruturar uma equipa onde Messi se sinta bem e onde as suas capacidades sejam potenciadas - uma equipa feita à volta do craque do Barcelona, permitindo que este apareça tanto em zona de construção como a finalizar. Tanto connosco como com Sabella, a frente de ataque terá uma dinâmica e mobilidade ímpares. Se com Sabella, Higuaín será a referência, connosco o avançado do Nápoles não surge. Nunca fomos seus fãs e deixámo-lo na contenção. O tridente ofensivo ficaria sim entregue a 2 elementos que levarão a Argentina às suas costas (Messi e Agüero, que juntamente com Di María serão no Mundial real os 3 jogadores com maior impacto no estilo de jogo), juntando a eles Lavezzi. Neste trio, Lavezzi é o jogador mais orientado para estar no flanco, existindo total permuta e jogo posicional entre Messi e Agüero. Ambos sabem surgir entre linhas, destruir defesas, abordar o espaço nos momentos certos. O último homem da nossa Argentina é Carlos Tévez - um craque que não conta para Sabella mas que seria um luxo de ter no banco. O apache é um guerreiro, um jogador que não é justo deixar fora de um Mundial.
    A fechar a lista de contenção, para além de Higuaín (que provavelmente acabará por marcar vários golos no Mundial), também Icardi e Ocampos, jogadores mais jovens, poderão ser opções em fases finais futuras.

O Onze

    Relativamente ao nosso onze inicial, a baliza deixámos a cargo de Willy Caballero pelas razões supra-mencionadas. A defesa, composta por 4 elementos, é composta por Pablo Zabaleta e Marcos Rojo nas laterais, ficando no coração da área Garay e Mascherano ao seu lado. Como dissemos, Sabella deverá optar por Fernández ou Demichelis ao lado do central benfiquista.
    O meio-campo começa na posição do nosso 6. Não um trinco puro mas um médio defensivo, capaz de soltar a equipa toda no processo ofensivo. Para esse lugar as opções seriam duas: Banega ou Biglia. Assim sendo, Enzo Pérez e Di María seriam os nossos médios interiores. Dois dos argentinos que realizaram um 2013/ 14 de maior qualidade e que funcionariam em perfeita sintonia. Di María, naturalmente, mais solto e próximo do trio da frente.
    Aí, e porque connosco não há Higuaín, os 3 craques eleitos para a titularidade só poderiam ser Messi, Agüero e Lavezzi. A equipa alimenta Messi, alimenta Agüero e Lavezzi é o complemento perfeito, num funcionamento diferente da Argentina de Sabella, com Gonzalo Higuaín.

    Quarta-feira há mais 23 para conhecerem. A nona selecção é uma daquelas que não guarda boas memórias dos portugueses no passado recente. Uma selecção de um campeonato que acompanhamos bem de perto, também aqui no Barba Por Fazer, e com um universo de jogadores incrível. Ainda assim, não são normalmente favoritos e pecam muitas vezes em vários capítulos do seu futebol.

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