24 de maio de 2014

Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Itália)

Em dia de final da Liga dos Campeões, la squadra azzurra n'Os Nossos 23. Com Prandelli a selecção transalpina chegou à final do Euro 2012 (goleada na final sem nó nem piedade pela Espanha, mas depois do show Balotelli contra a Alemanha nas meias) e na Taça das Confederações voltou a deixar boa imagem vacilando novamente frente à Espanha, mas caindo apenas no desempate por grandes penalidades. 
    O último Mundial, na África do Sul, é de má memória tendo na altura a Itália ficado em último lugar de um grupo no qual seguiram em frente Paraguai e Eslováquia. No apuramento para este Mundial, a Itália ficou no 1.º posto, fruto de 6 vitórias e 4 empates num grupo interessante com Dinamarca, República Checa, Bulgária e Arménia. O desafio no Brasil será o "grupo da morte". Um Grupo D com Inglaterra, Uruguai e Costa Rica a fazerem companhia a esta Itália. Certamente um dos grupos de desfecho mais imprevisível, onde qualquer ponto que a Costa Rica consiga fazer pode fazer mossa, e com 3 selecções "pesadas" e todas elas com identidades bem diferentes.
    Os nossos 23 italianos têm algumas diferenças relativas aos eleitos por Prandelli (ainda não se sabem concretamente os 23 mas os pré-convocados já deixaram de fora alguns jogadores), sendo a Itália provavelmente a selecção com maior nº de avançados a fazer um 2013/ 14 impressionante. Eis os escolhidos pelo Barba Por Fazer:

A Convocatória

    Entre os postes, uma lenda. Gianluigi Buffon é um daqueles guarda-redes incontornáveis do futebol actual. Já passou o período em que era sem dúvidas o melhor do mundo na sua posição mas ainda assim é o capitão italiano e um homem para o qual o impossível nunca existiu. Ainda recentemente na Luz, no Benfica-Juventus, no momento em que a bola saiu da cabeça de Garay parecia um golo 100% certo. Buffon não conseguiu evitar, mas ainda assustou durante 1 segundo os benfiquistas graças a uma estirada que parecia impensável. Para fazerem companhia a Buffon, escolhemos Sirigu e De Sanctis. Sirigu foi um dos 2 guardiões menos batidos da Ligue 1 (o nigeriano Enyeama, do Lille, também sofreu só 16 golos em 38 jogos e apresentou-se individualmente a um nível superior) e é uma garantia de segurança para a equipa de Ibrahimovic. Para o último lugar os pretendentes eram vários mas optámos pelo guarda-redes da Roma, Morgan De Sanctis. Aos 37 anos foi essencial para o excelente campeonato da Roma e só Buffon acabou a época com menos golos sofridos: 23 contra 25. Para os mais esquecidos recordamos que à 10.ª jornada a Roma tinha apenas 1 golo sofrido, com De Sanctis a ter naturalmente o seu mérito. Na contenção deixámos o jovem de 17 anos, Scuffet, embora tanto ele como Mattia Perin (o 3.º de Prandelli) fossem boas opções e são ambos sérios candidatos a herdar as luvas de Buffon.


    Rumo à compreensão das nossas escolhas, podemos desde já adiantar que o nosso modelo táctico para esta Itália seria o 5-3-2 (na realidade, Prandelli poderá oscilar entre o 5-3-2, o 4-5-1 e o 4-4-2). Actualmente o trio de centrais da Juventus tem sempre presença assegurada. Chiellini, Bonucci e Barzagli conhecem-se de trás para a frente e a comunicação com Buffon está mais do que afinada. Depois, há Daniele De Rossi e sim, para o Barba Por Fazer, De Rossi é central em exclusivo. Um jogador que admiramos por tudo o que dá em campo e pela sua enorme (e cada vez mais rara) fidelidade à Roma. Prandelli já o usou a central, sabemos que De Rossi perderia algo mas a possibilidade de olhar/ ler o jogo de frente durante a maioria do tempo é positiva considerando as suas características e o seu momento enquanto jogador. Sendo um sistema com 3 centrais optámos ainda por convocar Astori, num lugar que poderia ser de Ogbonna se este tivesse tido mais minutos. Para laterais, Abate não nos deslumbra, a vida de Giaccherini no Sunderland não correu tão bem como esperávamos e por isso há 2 lugares para 3 jogadores: De Sciglio, Maggio e Balzaretti. Mattia De Sciglio, o "futuro Maldini" (alcunha naturalmente exagerada) é capaz de jogar nos 2 flancos e tem uma margem de evolução brutal. Connosco seria titular indiscutível, deixando a lateral vaga para Maggio ou Balzaretti. O lateral do Nápoles é um jogador que sempre apreciámos e o jogador da Roma, embora tenha perdido espaço com o decorrer da época, merece também o nosso voto de confiança. Rômulo, do Hellas Verona, surge na contenção juntamente com o já referido Ogbonna.


    No meio-campo, como em qualquer grande Selecção, as opções são várias e muito boas. Entre os nossos 8 centro-campistas, tudo indica que Prandelli levará ao Brasil 6 deles e dois não vão garantidamente. O Sr. "tenho pena do Benfica" Andrea Pirlo é o cérebro de Itália. Aos 35 anos está num momento invejável, sabendo sempre onde tem que estar e fazendo uso da sua exímia qualidade de passe. É um dos jogadores com mais classe hoje em dia (fora de campo não a teve com o clube da Luz) e cada vez mais um especialista em livres directos. Depois, há Verratti, Thiago Motta e Candreva. O duo do PSG era obrigatório constar pela grande temporada que realizaram no clube parisiense. Verratti, juntamente com Florenzi (de quem falaremos a seguir) é o médio mais promissor do futebol italiano e talvez seja ligeiramente incompatível com Pirlo. Será, garantidamente, o seu sucessor. Thiago Motta fez uma grande época, é um jogador maduro e é um dos melhores jogadores a marcar cantos dos que que pisam os maiores palcos. Candreva é um utilitário, tipicamente italiano, e uma boa arma para introduzir consoante o que o jogo ditar, sendo capaz de se moldar às necessidades do mesmo. 
    Marchisio e Montolivo surgem equacionados para a posição mais adiantada do nosso meio-campo. Ambos são jogadores de grande técnica, com grande qualidade de passe, embora prefiramos - atendendo à época que realizaram - Montolivo. O jogador do AC Milan teria inclusive a tarefa de guerrear pela titularidade com a nossa jovem promessa (que Prandelli deixou de fora), Alessandro Florenzi. Aos 23 anos é um jogador que poderia ser peça-chave nesta Itália, tem técnica para dar e vender, surge em zonas de finalização e remata bem, é um romano guerreiro, tendo participado em 37 jogos no campeonato, ainda que muitas vezes utilizado como suplente decisivo. Por fim, a lenda viva Francesco Totti merecia a chamada para este Mundial. Com 37 anos inspirou os seus colegas no ressuscitar da Roma e cremos que não rejeitaria ser chamado, podendo inclusive fazer muita diferença em alguns jogos. Chamemos-lhe, o "impacto Forlán".
    Na lista de contenção deixámos assim Aquilani (grande época na Fiorentina) e Zaza, um dos bons valores que emergiram no Sassuolo.


    Na zona mais adiantada do terreno, houve muitos (muitos mesmo!) avançados em forma esta época. Ciro Immobile foi o melhor marcador da Serie A com 22 golos, ao serviço do Torino, e ficámos rendidos ao seu rendimento esta temporada. Um avançado inteligente, muito "italiano" nas suas movimentações, um finalizador nato. Perante a necessidade de convocarmos apenas 4 elementos, procurámos jogadores conciliáveis e atender de facto ao que alcançaram em 13/ 14. Mattia Destro tem muito a seu favor: entre os avançados italianos foi aquele que apresentou um maior índice de eficácia, de remate e de concretização de oportunidades. Os candidatos para estes 4 lugares eram, de facto, muitos. Não surgem, nem na lista de contenção, talentosos elementos como Insigne e El Shaarawy (2 craques que esta temporada estiveram por vários motivos a anos-luz do seu melhor nível), experientes finalizadores como Luca Toni ou Di Natale, e ainda Paloschi, Gilardino e Cassano. 
    As restantes 2 vagas foram destinadas a Mario Balotelli e Giuseppe Rossi. O avançado do Milan, embora tenha cumprido uma época muito abaixo do que pode realmente dar, é um wildcard que vale o risco. Na Itália sacrifica-se normalmente mais e tem qualidade individual para resolver um jogo sozinho (Alemanha 1-2 Itália, Euro 2012, na memória de todos). Giuseppe Rossi sofreu uma lesão no decorrer da época e talvez só por isso não tenha sido o melhor marcador em Itália. É um dos melhores finalizadores transalpinos, "cheira" o golo com ninguém e, ainda para mais considerando que ao voltar da lesão, voltou a marcar, mereceu o nosso voto. À porta dos 23 ficaram dois grandes nomes da Serie A esta época: Berardi e Cerci. Relativamente a Berardi, o facto de ter 19 anos tirou-nos alguma pressão dos ombros por deixá-lo de fora. Com tanto avançado em forma, Berardi pode esperar mais dois anos e caso mantenha o nível desta época (noutro clube, certamente) pode ser um dos maiores destaques no Euro 2016. Já Alessio Cerci fez uma temporada extraordinária mas acabámos por preferir jogadores com um perfil ligeiramente diferente.

O Onze

    Perante o que já referimos, o onze inicial é uma consequência lógica. Buffon é capitão e fonte de segurança e confiança para toda a defesa, tendo o seu lugar incontestável na baliza de Itália. A defesa, com 3 centrais e dois alas, ficaria por nós entregue a apenas dois elementos do trio da Juventus - Chiellini e Bonucci - sendo De Rossi a preencher o lugar de Barzagli. Entre Maggio e Balzaretti optámos por dar a titularidade a Maggio, até por ter jogado mais, ficando De Sciglio (que connosco seria sempre titular, restando só saber-se o lado) no lado esquerdo.
    O meio-campo, entregue a 3 homens, seria o cérebro de todas as operações da squadra azzurra. Os 2 primeiros elementos seriam a garantia de equilíbrio e qualidade a ocupar os espaços, permitindo também à equipa jogar em transição e colocar a bola em profundidade nos espaços: Thiago Motta e Andrea Pirlo. Dois senhores cuja idade poderia fazer com que Verratti entrasse várias vezes no decorrer do jogo. A posição mais adiantada seria disputada entre Florenzi (a nossa aposta pessoal) e Montolivo. Candreva acabaria por ser um jogador importante para sair do banco, enquanto Totti seria fonte de inspiração para a equipa, pondo em sentido os adversários e fazendo valer a magia dos seus pés. Aquilo que Rui Costa foi no Euro 2004 para Portugal, aquilo que Forlán poderá ser este Mundial para o Uruguai (em 2010, quando foi o melhor da competição, estava "no ponto"), era isso que queríamos ao chamar Totti.
    A nossa dupla de avançados seria o irreverente Balotelli e o prolífico Immobile (jogador que claramente vai mudar de ares este defeso), sendo que tendo Rossi e Destro, um "dia não" de Super Mario teria substitutos prontos a entrar a qualquer momento.

    O regresso da rubrica do Mundial 2014 "Os Nossos 23" será já nesta segunda-feira. Cada vez mais perto de chegar à 10.ª selecção, a nossa oitava equipa conta com uma frente ofensiva verdadeiramente temível e reúne vários rostos - actuais e não só - da liga portuguesa.

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