O Benfica foi a Turim carimbar o seu passaporte para a final da Liga Europa com 11, 10 e - por fim - 9 guerreiros que deram tudo em campo e fizeram com que os italianos se sentissem pequenos com uma lição de raça, querer e ambição.
Os encarnados alinharam com o seu melhor onze e o mesmo fez a Juventus - pelo menos na cabeça de Conte. Os italianos alinharam com dois avançados - Tevez e Llorente - com Pirlo, Pogba e Vidal nas costas e Asamoah e Lichtsteiner nas alas. Chiellini, Bonucci e Cáceres eram os 3 últimos homens. O Benfica até começou melhor. Quis assumir o jogo e trocava a bola como se jogasse em casa enquanto que os da casa viam os portugueses a trocar a bola e o seu público a assobiar. A primeira ocasião de golo é mesmo do Benfica. Maxi executa um lançamento longo, Luisão desvia e Rodrigo surge ao segundo poste a rematar contra o braço de Lichtsteiner. A Juventus responderia apenas aos 20 minutos, quando já assumia o controlo do jogo com um remate acrobático de primeira de Arturo Vidal por cima da baliza. A Juventus tinha cada vez mais bola, mas era incapaz de causar grandes perigos para a baliza de Jan Oblak. Isto até aos 40 minutos. Aí o Benfica deu as primeiras mostras que não estava ali para estender o tapete aos que se julgam melhores. Pirlo, provavelmente irritado com a falta de remates, tentou a sua sorte de longe e a verdade é que não passou muito longe da baliza do esloveno. Num livre muito perto da marca de canto, novamente Pirlo a fazer um cruzamento exímio onde Bonucci desviou ao primeiro poste quase para dentro da baliza. A bola rasou o poste e Tevez ainda tentou a emenda sem sucesso. Para piorar o coração dos adeptos benfiquistas, nos descontos do primeiro tempo, Asamoah entrou na área, cruzou para Vidal e o chileno cabeceou de baixo para cima - contra o chão - tendo a bola feito um chapéu a Oblak e tendo apenas sido salva pelo capitão Luisão em cima da linha de golo. Foi um dos momentos mais marcantes do jogo! O gigante nº 4 (ou 3 para Jorge Jesus) a salvar de cabeça na linda de golo e levando a vantagem na eliminatória para o balneário. Para o intervalo, Jesus tinha que puxar mais por Markovic que andava desaparecido do jogo.
As águias voltaram a entrar melhor no jogo e novamente por Rodrigo. Novo lançamento longo - desta vez do lado esquerdo por Siqueira - Garay desvia ao primeiro poste e Rodrigo - após corte incompleto da defesa - atira por cima da baliza de Buffon. O Benfica ia aproveitando as más decisões dos Bianconeros e ia criando contra-ataques que morriam no último terço. Pirlo - ainda longe da baliza - teve um livre e não se pôs com rodeios. Aplicou uma bomba com um efeito tremendo que quase traiu Jan Oblak. Porém, o esloveno mantinha-se sereno e com uma segurança admirável. A Juve tentava apertar e após cruzamento de Vidal e posterior cabeceamento de Llorente, Carlos Tevéz encheu o pé e só não pontapeou a bola para dentro da baliza porque surgiu outro gigante - Ezequiel Garay. O argentino tirou o pão da boca do compatriota com um corte de bicicleta in extremis. Eis que surge outro momento do jogo. Já não bastava estar a jogar em Turim contra a Juventus numa eliminatória que possibilitaria à La Vecchia Signora jogar a final em sua casa, como também Enzo foi expulso por acumulação de amarelos. O argentino chegou atrasado à bola e atropelou Vidal vendo assim justamente o segundo amarelo. Mesmo com mais um em campo, os Bianconeros não criavam perigo e só nos últimos minutos começaram a pressionar mais. Um dos momentos de maior aflição foi num cruzamento largo de Marchisio que isolou por completo Lichtsteiner. Porém, o suíço não conseguiu segurar a bola e a mesma acabou por sair pela linha final. Os ânimos exaltavam-se - ainda mais depois de um golo bem anulado a Osvaldo - e Vucinic e Markovic acabaram por ver o vermelho já no banco por uma alegada troca de palavras. Não tendo havido trocas de agressão ou tentativas do mesmo - pelo menos captadas pelas câmeras - é um exagero do árbitro Mark Clattenburg. Os nervos dos benfiquistas aumentaram quando Pogba - depois de uma tentativa de pontapé de bicicleta - tenda dado uma valente patada na boca rasgando o lábio ao central argentino e obrigando-o a sair de maca. O Benfica teria que jogar 6 minutos de descontos com 9 unidades em campo. E aqui a prova final foi dada pela equipa. A raça, o querer e a ambição mostrados no final da partida foram determinantes para a presença na segunda final consecutiva do clube da Luz na Liga Europa. O último lance de perigo foi parado por Jan Oblak. Martin Cáceres subiu ao segundo andar aos 97 minutos e obrigou Oblak a uma enorme defesa fazendo lembrar a de Thibaut Courtois no jogo contra o Chelsea. Os últimos segundos não foram da Juventus, mas sim do Benfica. Os encarnados assumiram a posse de bola até ao apito final e depois fizeram a festa no Juventus Stadium.
Fantástico jogo do Benfica que soube sofrer até ao último segundo quer com 11 em campo ou 9. Enorme jogo da defesa encarnada. Garay não teve dificuldade em colocar Carlitos Tevéz no bolso e Llorente foi completamente anulado pelo capitão Luisão que é o homem do jogo. O capitão encarnado fartou-se de lutar e acabou por estar num dos momentos cruciais ao roubar um golo em cima da linha a Vidal. Maxi esteve incansável e Siqueira correu os 90 minutos com tudo o que tinha num dos seus melhores jogos de águia ao peito. O lateral esquerdo acabou em lágrimas de felicidade com o desfecho do jogo. Rúben Amorim foi outros dos destaques encarnados com um dos trabalhos mais difíceis - fazer desaparecer Arturo Vidal. A verdade é que não fez desaparecer, mas diminuiu e de que maneira a criatividade do médio. O chileno praticamente só surgiu em lances de finalização e mesmo assim não foram muitos. Enzo esteve igual a si mesmo quer no ataque, quer na pressão defensiva ao adversário e Markovic apareceu no segundo tempo para os contra-ataques encarnados impingindo velocidade nas saídas ofensivas.
Foi uma vitória da justiça, da humildade e do suor. Italianos, aprendam uma coisa com os ingleses: Não desrespeitem os portugueses porque isso só nos torna mais fortes. Podem queixar-se e apontar o dedo ao Benfica do que quiserem. Mas ficava-vos bem admitir o fracasso. Isso sim era digno de clube grande. Não é dar por garantido a passagem só porque têm nome de clube grande carregado de títulos ganhos de forma pouco digna. Tirem notas e... Pirlo, temos pena.
Barba Por Fazer do Jogo: Luisão (SL Benfica)
Outros Destaques: Pirlo, Vidal, Pogba; Oblak, Garay, Amorim, Siqueira, Maxi, Markovic.
Outros Destaques: Pirlo, Vidal, Pogba; Oblak, Garay, Amorim, Siqueira, Maxi, Markovic.