27 de dezembro de 2013

Crítica: Saving Mr. Banks

A CAMINHO DOS ÓSCARES 2014
Realizador: John Lee Hancock
Argumento: Kelly Marcel, Sue Smith,
Elenco: Emma Thompson, Tom Hanks,  Colin Farrell, Paul Giamatti 
Classificação IMDb: 7.5 | Metascore: 65 | RottenTomatoes: 78%
Classificação Barba Por Fazer: 75


    Ora aqui está um filme interessante. Para os fãs de Mary Poppins e não só, para os fãs da Disney e não só, é sempre bom ficarmos a saber algumas histórias. John Lee Hancock, com a ajuda de um argumento bem pensado do princípio ao fim, conta-nos a história da venda dos direitos de 'Mary Poppins', da escritora P.L. Travers (Emma Thompson) à Disney ou, especificamente, ao imortal Walt Disney (Tom Hanks). O filme utilizou o slogan 'Where her book ended, their story began' - em alusão aos 20 anos durante os quais Walt Disney manteve sem desistir as suas tentativas de convencer Travers a aceitar a sua proposta, mas vai mais longe. 'Saving Mr. Banks' explica-nos a origem de Mary Poppins. É uma viagem ao passado de P.L. Travers para perceber a sua infância, a sua fonte de inspiração e as suas reticências em aceitar as futuristas e alegres propostas dos estúdios da Disney. 'Saving Mr. Banks' acompanha portanto a evolução mental de P.L. Travers, aceitando que a sua Mary Poppins está bem entregue à Disney e tornando-se menos fria e triste. Os flashbacks, nos quais surge o actor Colin Farrell a interpretar o pai da escritora então criança, foram todos eles bem pensados, alimentando uma cortina final que cai quando Walt Disney (Tom Hanks bate certo neste papel) diz, concluindo sobre Mary Poppins: It's not the children she comes to save, it's their father. It's your father. Toda a qualidade do filme - que é, como disse no início, interessante - afunila-se na cena em que Walt Disney conta a história da sua infância a P.L. Travers e retira depois conclusões sobre a escritora e a sua obra. Porque 'Saving Mr. Banks', tal como Mary Poppins, é sobretudo saber desculpar, deixarmo-nos ir consoante a nossa imaginação e deixar o passado para trás. David Tomlinson, Mr. Banks, este filme é sobre ti.

    É sumariamente um bom projecto que a Disney desenvolveu desde a sua génese e que poderia facilmente perder qualidade com um argumento contado doutra forma. É o 2.º filme decente de Lee Hancock, depois de 'The Blind Side' e a banda sonora ficou a cargo do hiper-nomeado pela Academia, Thomas Newman. Emma Thompson (curiosamente já tinha ficado ligada a amas mágicas, ao fazer de Nanny McPhee) e Tom Hanks (que é primo em certo grau de Walt Disney) foram brilhantes escolhas para as personagens e o restante elenco - sobretudo Farrell e Giamatti - mantêm o nível. Emma Thompson está muito bem colocada para ser nomeada para Melhor Actriz, embora não deva ter aspirações a ganhar, enquanto que nos últimos tempos Tom Hanks - que será nomeado para Melhor Actor por 'Captain Phillips - perdeu alguma força na corrida com o seu Walt Disney nos desempenhos secundários masculinos, embora ainda possa ter alguma esperança. De resto o próprio 'Saving Mr. Banks' pode ainda ser nomeado para Melhor Filme caso haja espaço para 8 ou 9 filmes neste ano, número que é sempre uma incógnita. A tudo isto se devem juntar ainda nomeações técnicas como Melhor Banda Sonora, Melhor Figurino ou Melhor Design de Produção.
    Aprende-se com o filme, vê-se dois bons papéis e bons pormenores de realização, como a utilização que Hancock faz inteligentemente do rato Mickey na personificação da Disney.

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