Realizador: John Lee Hancock
Argumento: Kelly Marcel, Sue Smith,
Elenco: Emma Thompson, Tom Hanks, Colin Farrell, Paul Giamatti
Classificação IMDb: 7.5 | Metascore: 65 | RottenTomatoes: 78%
Classificação Barba Por Fazer: 75
Ora aqui está um filme interessante. Para os fãs de Mary Poppins e não
só, para os fãs da Disney e não só, é sempre bom ficarmos a saber algumas
histórias. John Lee Hancock, com a ajuda de um argumento bem pensado do
princípio ao fim, conta-nos a história da venda dos direitos de 'Mary Poppins',
da escritora P.L. Travers (Emma Thompson) à Disney ou, especificamente, ao
imortal Walt Disney (Tom Hanks). O filme utilizou o slogan 'Where her book
ended, their story began' - em alusão aos 20 anos durante os quais Walt Disney
manteve sem desistir as suas tentativas de convencer Travers a aceitar a sua
proposta, mas vai mais longe. 'Saving Mr. Banks' explica-nos a origem de Mary
Poppins. É uma viagem ao passado de P.L. Travers para perceber a sua infância,
a sua fonte de inspiração e as suas reticências em aceitar as futuristas e
alegres propostas dos estúdios da Disney. 'Saving Mr. Banks' acompanha portanto a evolução mental de P.L. Travers, aceitando que a sua Mary Poppins está bem entregue à Disney e tornando-se menos fria e triste. Os flashbacks,
nos quais surge o actor Colin Farrell a interpretar o pai da escritora então
criança, foram todos eles bem pensados, alimentando uma cortina final que cai
quando Walt Disney (Tom Hanks bate certo neste papel) diz, concluindo sobre
Mary Poppins: It's not the
children she comes to save, it's their father. It's your father. Toda a
qualidade do filme - que é, como disse no início, interessante - afunila-se na
cena em que Walt Disney conta a história da sua infância a P.L. Travers e
retira depois conclusões sobre a escritora e a sua obra. Porque 'Saving Mr.
Banks', tal como Mary Poppins, é sobretudo saber desculpar, deixarmo-nos ir
consoante a nossa imaginação e deixar o passado para trás. David Tomlinson, Mr. Banks,
este filme é sobre ti.
É sumariamente um bom projecto que a Disney desenvolveu desde a sua
génese e que poderia facilmente perder qualidade com um argumento contado doutra
forma. É o 2.º filme decente de Lee Hancock, depois de 'The Blind Side' e a
banda sonora ficou a cargo do hiper-nomeado pela Academia, Thomas Newman. Emma
Thompson (curiosamente já tinha ficado ligada a amas mágicas, ao fazer de Nanny
McPhee) e Tom Hanks (que é primo em certo grau de Walt Disney) foram brilhantes
escolhas para as personagens e o restante elenco - sobretudo Farrell e Giamatti
- mantêm o nível. Emma Thompson está muito bem colocada para ser nomeada para
Melhor Actriz, embora não deva ter aspirações a ganhar, enquanto que nos
últimos tempos Tom Hanks - que será nomeado para Melhor Actor por 'Captain
Phillips - perdeu alguma força na corrida com o seu Walt Disney nos desempenhos secundários
masculinos, embora ainda possa ter alguma esperança. De resto o próprio 'Saving
Mr. Banks' pode ainda ser nomeado para Melhor Filme caso haja espaço para 8 ou
9 filmes neste ano, número que é sempre uma incógnita. A tudo isto se devem juntar ainda nomeações técnicas como
Melhor Banda Sonora, Melhor Figurino ou Melhor Design de Produção.
Aprende-se com o filme, vê-se dois bons papéis e bons pormenores de realização, como a utilização que Hancock faz inteligentemente do rato Mickey na personificação da Disney.