24 de dezembro de 2013

Crítica: Fruitvale Station

Realizador: Ryan Coogler
Argumento: Ryan Coogler
Elenco: Michael B. Jordan, Melonie Diaz, Octavia Spencer
Classificação IMDb: 7.5 | Metascore: 85 | RottenTomatoes: 94%
Classificação Barba Por Fazer: 80


Na senda de 'Crash' ou 'American History X' (sobretudo Crash, para ser honesto) cá está o filme sociológico do ano. Fruitvale Station, incrivelmente aclamado em Sundance, é um retrato actual da sociedade, realista (relata a história de Oscar Grant III, rapaz de 22 anos e todos os seus momentos do último dia de 2008, cruzando-se com a família, amigos, inimigos e desonhecidos) e cativante. Resumidamente, Oscar Grant (Michael B. Jordan) é um rapaz dos subúrbios de Bay Arena que procura fazer as escolhas certas num mundo errado, tendo vários pequenos pormenores (que tornam o filme mais rico) ao preocupar-se com o mundo à sua volta - o bem-estar da filha, da namorada e da mãe ou com uma estranha no supermercado que nunca viu antes. Para quem vir o filme acresce aqui o episódio do cão, que resume bem a personagem e os seus valores. E é de valores que o filme se trata - o actor Michael B. Jordan (nos óscares deve ficar com, por exemplo, Hugh Jackman à porta das nomeações para Melhor Actor, mas quiçá tenha lugar nos "nossos" óscares) põe a nu uma genuinidade e integridade que já não víamos no grande ecrã desde que Will Smith interpretou Chris Gardner em 'The Pursuit of Happyness'.

    O filme começa com imagens reais - gravadas na altura por um telemóvel quando o incidente que originou o filme aconteceu - e toda a acção passa-se depois numa analepse até chegar a esse momento. Ryan Coogler conseguiu um argumento consistente e que é uma boa fotografia de Oscar Grant, com uma realização de bom nível (poderia a nível de edição ter fechado o filme com o momento em que Oscar Grant corre com a filha à saída da creche, ou com as últimas imagens deles juntos, quando ele a tem às cavalitas num silêncio consumido pelo sol e pelo sorriso de ambos). Michael B. Jordan disse numa posterior entrevista que a personagem de Oscar Grant é alguém que ele vai levar consigo para o resto da vida, e a tudo isto se acrescenta um pequeno mas interessante papel da já credenciada Octavia Spencer, que faz de mãe de Oscar Grant. Neste momento não está cogitada para ser nomeada para Melhor Actriz Secundária, mas mereci mais desta vez do que noutras em que foi.
    O estúdio de Bob e Harvey Weinstein - The Weinstein Company - tem pot€nciado alguns filmes menos merecedores de tal ajuda, mas ultimamente tem acertado e Fruitvale Station (que era para se chamar apenas 'Fruitvale') certamente não teria tanta exposição se não fosse este empurrãozinho, à imagem do que aconteceu com 'The Intouchables'. Django Unchained, Silver Linings Playbook, The Artist, The Fighter e The King's Speech foram alguns dos filmes que tiveram mão dos Weinstein. E, precisamente por esta análise, só dia 16 de Janeiro - quando as nomeações para os Óscares 2014 forem anunciadas - é que perceberemos se os Weinstein conseguiram pôr Fruitvale Station na corrida para alguma estatueta dourada.
    Para já, a boa notícia é que Michael B. Jordan teve neste filme uma rampa de lançamento para a carreira, depois de ter andado sobretudo no ramo das séries. Se sempre se juntar - para já é só rumor - a 'Triple Nine' com Christoph Waltz e Casey Affleck e 2 rumores chamados Chiwetel Ejiofor e Cate Blanchett, o filme promete.

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