Gareth Frank Bale foi há momentos apresentado no Santiago Bernabéu como jogador do Real Madrid, cumprindo um sonho de infância e tornando-se o novo nº 11 dos merengues. O jogador galês, ex-Tottenham, assinou como ontem dissemos até 2019, custando aos blancos uma quantia de 99 ou 100 milhões de euros.
BPF - Com a transferência consumada, finalmente podemos esmiuçar o que isto significa, a nosso ver, para o Real e para o jogador. Gareth Bale perde a possibilidade de jogar todos os fins-de-semana em alta intensidade e a sentir as emoções da Premier League, perdendo o estatuto de ser "o melhor jogador da sua liga" embora aumente a hipótese de ganhar títulos a nível colectivo ou, no mínimo, lutando por uma equipa favorita a conquistá-los.
- O Real responde, à galácticos, à dupla Messi-Neymar com a dupla Ronaldo-Bale. No entanto, casos diferentes porque se um será inserido progressivamente numa filosofia, Bale terá que provar no balneário o seu valor. Isto no balneário do mundo de futebol onde os egos são maiores.
- O galês torna-se o jogador mais caro da história do futebol, mas não tem culpa e Bale parece ter a noção disso, pelas suas palavras na conferência de imprensa. A culpa desta loucura é do Real Madrid (injustamente retirando a Ronaldo o estatuto de mais caro da História), e o jogador apenas tem culpa (pela positiva) que o Tottenham queira ter feito de tudo para o manter num projecto no qual contavam com ele para ser o porta-estandarte nas próximas épocas.
- O Real não precisava de Bale, mas precisa sempre de encher jornais, de pôr os seus activos debaixo de holofotes e veremos como Gareth Bale reagirá a todo este mediatismo. Já havia um "crime" em Madrid que era ter Isco, Özil e Modric - 3 jogadores que deveriam ser o cérebro de 3 diferentes equipas. A confirmar-se a saída de Özil, algumas coisas se resolvem. Quanto a Modric, já se percebeu que será sacrificado a longo-prazo no duplo pivot ao lado de Xabi Alonso/ Casemiro. Agora, e voltamos a aconselhar Özil a fugir de Madrid, haverá Ronaldo, Isco, Bale, Özil, Di Maria, Jesé e Benzema para os 4 lugares na frente.
- Joga a favor de Bale e do Real Madrid, o trabalho táctico que André Villas-Boas desenvolveu com o jogador a nível de movimentação e ocupação de espaços na 2.ª metade da última época: Bale cada vez mais ocupou o lugar atrás do ponta de lança e a faixa direita, marcando vários golos em diagonais na fuga aos laterais esquerdos. Será muito provavelmente nesse flanco direito que Ancelotti encaixará o galês.
- Uma das grandes questões é se uma equipa consegue suportar as "exigências" em campo de Ronaldo e Bale em simultâneo. Ambos se habituaram, na época passada, a ser o jogador-alvo das suas equipas, aquele jogador em que a bola caía ao minuto 90 para decidirem o jogo. A humildade que Bale parece transparecer pode ajudar nesse âmbito, e veja-se a chegada de Isco a Madrid para se perceber que um jogador pode deitar tudo para trás se apenas se dedicar a jogar bem e fazer as coisas certas.
- Importante no entanto, em conclusão da conferência, como Gareth Bale soube manter Ronaldo no pedestal, mostrando humildade. O galês referiu-se a Ronaldo como o main player do Real, querendo ajudá-lo e aprender com ele, tratando-se Ronaldo, na opinião dele, do melhor jogador do mundo. Mantendo e transparecendo isto, Gareth Bale poderá estar no bom caminho para ter sucesso em Madrid.
Desejamos o maior sucesso a Gareth Bale, provavelmente fez uma opção que ajudará a que o seu nome fique gravado na história do futebol, embora a sua permanência no Tottenham (desculpa-se por não ser um jogador da formação, formado no Southampton, não sentia a camisola como lendas como Gerrard ou Giggs) acabasse por ditar o perdurar de memórias mais intensas e duradouras para os adeptos do clube e da Premier League. Nem sempre a opção mais fácil é a melhor e ir para Madrid foi certamente mais fácil do que permanecer e lutar pela evolução do Tottenham. Claro que se pode fazer a leitura inversa e considerar que este é um passo corajoso e ousado de Bale ao fugir da sua zona de conforto, duma equipa que jogava para ele, catalisando em larga escala o seu grau de exigência e responsabilidade.
Já o FIFA14, que se lançou com Messi e Bale (com a camisola do Tottenham) na sua capa, procurou remediar o assunto com o lançamento deste teaser no momento em que Real e Tottenham anunciaram o acordo. Por sinal, até está interessante.