Realizador: Bennett Miller
Argumento: E. Max Frye, Dan Futterman
Elenco: Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo, Vanessa Redgrave
Classificação IMDb: 7.0 | Metascore: 81 | RottenTomatoes: 88%
Classificação Barba Por Fazer: 76
Argumento: E. Max Frye, Dan Futterman
Elenco: Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo, Vanessa Redgrave
Classificação IMDb: 7.0 | Metascore: 81 | RottenTomatoes: 88%
Classificação Barba Por Fazer: 76
Depois
de 'Capote' e 'Moneyball', Bennett Miller está de volta. E pela terceira vez o
resultado é um filme bom, sim, mas que não chega a um patamar de excelência.
Como os dois anteriores. 'Foxcatcher' aborda a história verídica do trio Mark Schultz (Channing
Tatum), wrestler campeão olímpico e mundial, o seu irmão Dave
Schultz (Mark Ruffalo), praticante da mesma modalidade mas mais medalhado, e do
milionário John du Pont (Steve Carell). A boa vontade de John du Pont leva a
que os irmãos Schultz integrem a equipa Foxcatcher, com longa tradição e
sucessos noutras modalidades, querendo du Pont afirmar-se aos olhos da sua mãe,
achando o dinheiro capaz de comprar tudo, menos a força da relação entre dois
irmãos.
E é de irmãos que se faz o lado luminoso de 'Foxcatcher'. Mark e Dave
Schultz, interpretados por Channing Tatum e Mark Ruffalo, são uma dupla de
campeões, mas que precisam do apoio um do outro. Sobretudo Mark, o mais novo,
do apoio, do treino, das palavras e da orientação do seu melhor amigo e sangue
do seu sangue. O lado menos luminoso, ou mais negro, do filme foca-se na
relação John du Pont-Mark Schultz, uma espécie de irmandade à força, carregada
de complexidades e sentimentos mistos. O destino deste triângulo será
porventura sabido por alguns de vocês, mas é melhor não o referir para não
estragar o filme a quem não conheça a história.
O filme de Bennett Miller esteve para ser lançado no ano passado mas foi
adiado para este ano. É possível que a decisão se tenha prendido com o facto
dos produtores entenderem que nos Óscares 2015 teriam maiores hipóteses, embora
a versão pública da SONY tenha sido que o filme precisava de mais tempo, e o
que é certo é que Bennett Miller já confirmou em tertúlia com outros
realizadores que demorou uma eternidade a editar 'Foxcatcher', na sua clausura
criativa. Falando de Óscares, B. Miller tem a seu favor a Academia ter nomeado
os seus 2 anteriores filmes, e 'Foxcatcher' é um dos filmes que está na
corda-bamba entre figurar ou não nos nomeados da principal categoria. Bennett
Miller dificilmente terá hipóteses de estar no Top-5 de realizadores, embora
Mark Ruffalo seja praticamente uma garantia como Actor Secundário, e Steve
Carell tenha legítimas aspirações de integrar o quadro de actores principais
nomeados. Eventualmente poderá figurar em alguns categorias técnicas, como por
exemplo a distinguir a maquilhagem que transformou Steve Carell em John du
Pont.
A noção de "transformação" é importante. Para Hollywood, para
a Academia, para a crítica especializada e, por influência, para o público em
geral. Caiu-se num lugar comum em que quando um actor se reinventa ou
transforma então é porque o seu papel foi incrível. Há casos em que isso de
facto acontece mas não se deve banalizar ou andar à procura de premiar o actor
que emagreceu mais, ou aquele que mudou radicalmente a sua carreira com uma
mudança de género. McConaughey deu uma volta de 180º nos seus filmes e papéis,
e é um caso de sucesso, mas há transformações e transformações. Steve Carell é,
apesar deste raciocínio, uma boa surpresa. O actor que já foi virgem aos 40
anos e que integrou o escritório mais cómico da televisão, surpreende na pele
de John du Pont. Não tanto porque se reinventou - até porque curiosamente
diversos actores defendem que é mais difícil desempenhar alguns papéis de
comédia do que dramáticos - mas porque conseguiu preencher John du Pont de uma
dimensão ao mesmo tempo triste, problemática e perigosa. Channing Tatum
(impressiona em vários momentos de explosão) fica certamente um passo mais
perto de ser verdadeiramente respeitado/ aclamado como actor, embora ainda
tenha um longo percurso para se afirmar, e Mark Ruffalo acaba por ter em Dave
Schultz a personagem com a qual é praticamente impossível não simpatizar.
Claramente um actor que ultimamente tem sabido a que projectos deve dizer sim.
Um filme cujo valor está assente sobretudo no que os 3 actores dão, e
que acaba por ser metaforizado em pequenos momentos-chave: as tentativas de
John du Pont em ser aceite aos olhos da mãe, aquele encosto entre irmãos cabeça
com cabeça, ou a câmara a captar directamente o testemunho de Dave Schultz
(Ruffalo) sobre a importância de du Pont no sucesso da equipa Foxcatcher.
Deverá figurar em alguma categoria dos Óscares 2015 e, embora não fique
para a História, é uma história que só ganhamos em conhecer melhor.