Filme: Hachi, A Dog's Tale
Actor: -
por Miguel Pontares
Antes de iniciar a defesa deste canídeo, proponho o seguinte exercício: vão ao Youtube e coloquem a tocar ou This Land (da banda sonora do Rei Leão) ou uma música de Bon Iver, como Heavenly Father ou Holocene. Isso tornará a leitura do texto certamente mais épica e emocionante.
É comum ouvir-se dizer que o cão é o melhor amigo do homem. Pois bem, Hachiko - autêntico sinónimo do que é a lealdade - deu um sentido especial a essa frase.
Sempre achei que tinha uma certa lógica a empatia entre Hachiko e Richard Gere, que interpreta Parker Wilson (dono de Hachiko). Não sei se mais pessoas acham isto, mas sempre fui da opinião que Richard Gere podia muito bem ser um cão a quem foi concedido um desejo de se tornar humano. As feições estão lá. E concluí que não era o único a padecer desta doença uma vez que ao escrever "Richard Gere dog" no Google os resultados incluem não só o actor com Hachiko, mas também a comparação dele com uma collie. Invoco os Xutos e Pontapés e digo: Não, não sou o único.
Baseado em factos verídicos - que ocorreram no Japão - Hachiko é um atika, uma raça de cão com ar de "não me chateiem que eu sou demasiado lindo e estou concentrado nas minhas missões". Desde o momento em que o Professor Parker Wilson encontra Hachiko numa estação de comboio, os dois tornam-se inseparáveis. Hachiko não é o tipo de cão que alinhe em correr atrás de uma bola e devolvê-la ao dono. Se há coisa que ele não é, é banal. Mas sim especial. Por iniciativa, e para espanto da comunidade envolvente, 'Hachi' desenvolve a rotina de acompanhar o Professor diariamente até à estação de comboio, esperando que ele siga viagem para o seu trabalho, e aparecendo novamente à hora certa da chegada do dono.
Chega o dia em que Hachi aguarda mais do que o normal, até ser demovido pelo genro do então falecido Professor Parker. Aquilo que eterniza e emociona em Hachiko é o que acontece depois. Nos 10 anos seguintes (na história real foram nove anos) Hachi esperou todos os dias pela chegada do seu dono e amigo, como sempre fazia enquanto Parker estava vivo. Acarinhado pela comunidade, tornou-se notícia de jornal, símbolo da estação de comboio (onde mais tarde teve uma estátua, no seu "posto", como tributo) e provavelmente não existe outra cena - que envolva um animal - tão forte e profunda como quando a viúva do Professor Parker, interpretada por Joan Allen, reencontra Hachiko anos depois, com aquele semblant de sofrimento, aquela lealdade capaz de retirar as palavras e puxar a lágrima a qualquer um.
Interpretado por 3 diferentes atikas - Chico, Layla e Forrest -, poucas personagens representam tão bem quanto Hachiko o que é a lealdade e a devoção. Sabemos que a vida faz sentido quando sentimos que somos o Hachiko da vida de alguém, ou que alguém o é na nossa.
Sei por quem seria capaz de esperar assim. Mas com um blusão, porque tenho a barba por fazer mas não tenho aquele pelinho.
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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.
É comum ouvir-se dizer que o cão é o melhor amigo do homem. Pois bem, Hachiko - autêntico sinónimo do que é a lealdade - deu um sentido especial a essa frase.
Sempre achei que tinha uma certa lógica a empatia entre Hachiko e Richard Gere, que interpreta Parker Wilson (dono de Hachiko). Não sei se mais pessoas acham isto, mas sempre fui da opinião que Richard Gere podia muito bem ser um cão a quem foi concedido um desejo de se tornar humano. As feições estão lá. E concluí que não era o único a padecer desta doença uma vez que ao escrever "Richard Gere dog" no Google os resultados incluem não só o actor com Hachiko, mas também a comparação dele com uma collie. Invoco os Xutos e Pontapés e digo: Não, não sou o único.
Baseado em factos verídicos - que ocorreram no Japão - Hachiko é um atika, uma raça de cão com ar de "não me chateiem que eu sou demasiado lindo e estou concentrado nas minhas missões". Desde o momento em que o Professor Parker Wilson encontra Hachiko numa estação de comboio, os dois tornam-se inseparáveis. Hachiko não é o tipo de cão que alinhe em correr atrás de uma bola e devolvê-la ao dono. Se há coisa que ele não é, é banal. Mas sim especial. Por iniciativa, e para espanto da comunidade envolvente, 'Hachi' desenvolve a rotina de acompanhar o Professor diariamente até à estação de comboio, esperando que ele siga viagem para o seu trabalho, e aparecendo novamente à hora certa da chegada do dono.
Chega o dia em que Hachi aguarda mais do que o normal, até ser demovido pelo genro do então falecido Professor Parker. Aquilo que eterniza e emociona em Hachiko é o que acontece depois. Nos 10 anos seguintes (na história real foram nove anos) Hachi esperou todos os dias pela chegada do seu dono e amigo, como sempre fazia enquanto Parker estava vivo. Acarinhado pela comunidade, tornou-se notícia de jornal, símbolo da estação de comboio (onde mais tarde teve uma estátua, no seu "posto", como tributo) e provavelmente não existe outra cena - que envolva um animal - tão forte e profunda como quando a viúva do Professor Parker, interpretada por Joan Allen, reencontra Hachiko anos depois, com aquele semblant de sofrimento, aquela lealdade capaz de retirar as palavras e puxar a lágrima a qualquer um.
Interpretado por 3 diferentes atikas - Chico, Layla e Forrest -, poucas personagens representam tão bem quanto Hachiko o que é a lealdade e a devoção. Sabemos que a vida faz sentido quando sentimos que somos o Hachiko da vida de alguém, ou que alguém o é na nossa.
Sei por quem seria capaz de esperar assim. Mas com um blusão, porque tenho a barba por fazer mas não tenho aquele pelinho.
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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.