Filme: Ferris Bueller's Day Off
Actor: Matthew Broderickpor Miguel Pontares
É preciso recuarmos aos anos 80,
mais precisamente a 1986, para encontrar o Rei dos Gazeteiros, Ferris Bueller.
A personagem mais emblemática da carreira de Matthew Broderick (afastando o facto de ter dado voz a Simba) é o príncipe dos esquemas, o mestre da mentira, embora seja, no final de contas, apenas um rapaz que não quer ir às aulas num dia.
A personagem mais emblemática da carreira de Matthew Broderick (afastando o facto de ter dado voz a Simba) é o príncipe dos esquemas, o mestre da mentira, embora seja, no final de contas, apenas um rapaz que não quer ir às aulas num dia.
Com um carisma que vai daqui até à China, e muitas vezes naquele discurso directo com o espectador, olhando directamente para a câmara - estilo Kevin Spacey em 'House of Cards', mas num registo bem mais suave -, Ferris Bueller é um Clássico da comédia, o expoente máximo do carpe diem.
A história de Ferris não é complexa, muito pelo contrário. Ferris acorda, o dia está bom demais para ser passado na escola, e por isso opta por fingir que está doente. Como não tem piada nenhuma estar sozinho, convence o melhor amigo Cameron (interpretado por Alan Ruck) a alinhar na mentira, persuadindo-o ainda a usar o Ferrari do seu pai, e vai buscar a namorada Sloane (Mia Sara), fazendo-se passar por pai dela e fazendo pouco do director Ed Rooney (brilhante personagem de Jeffrey Jones), uma humilhação que se estende aliás ao longo do filme. Durante a balda, naquele casamento típico entre inocência e turbilhão hormonal característicos da adolescência, em que até o momento mais banal é capaz de ganhar contornos de imortalidade, o trio "vive" a cidade e Ferris Bueller define-se no seu playback de 'Twist and Shout' (música dos Beatles de 1961, mas cuja popularidade ressuscitou aquando deste filme) cantado para milhares de pessoas. Ferris é aquilo, um miúdo que não sabe o que virá a ser, mas que quer viver o momento. O epicentro da energia da cidade, uma figura carismática e contagiante, um rapaz esperto, um vendedor de sonhos. É interessante como Bueller despoleta em nós uma ambiguidade: quando, na apoteose da acção, Ferris corre desenfreadamente para chegar a casa a tempo de não ser apanhado, damos por nós divididos - o nosso "eu" adulto entende que o melhor é o plano correr-lhe finalmente mal e assumir as responsabilidades, a culpa; e o adolescente dentro de nós torce em sentido contrário.
A história de Ferris não é complexa, muito pelo contrário. Ferris acorda, o dia está bom demais para ser passado na escola, e por isso opta por fingir que está doente. Como não tem piada nenhuma estar sozinho, convence o melhor amigo Cameron (interpretado por Alan Ruck) a alinhar na mentira, persuadindo-o ainda a usar o Ferrari do seu pai, e vai buscar a namorada Sloane (Mia Sara), fazendo-se passar por pai dela e fazendo pouco do director Ed Rooney (brilhante personagem de Jeffrey Jones), uma humilhação que se estende aliás ao longo do filme. Durante a balda, naquele casamento típico entre inocência e turbilhão hormonal característicos da adolescência, em que até o momento mais banal é capaz de ganhar contornos de imortalidade, o trio "vive" a cidade e Ferris Bueller define-se no seu playback de 'Twist and Shout' (música dos Beatles de 1961, mas cuja popularidade ressuscitou aquando deste filme) cantado para milhares de pessoas. Ferris é aquilo, um miúdo que não sabe o que virá a ser, mas que quer viver o momento. O epicentro da energia da cidade, uma figura carismática e contagiante, um rapaz esperto, um vendedor de sonhos. É interessante como Bueller despoleta em nós uma ambiguidade: quando, na apoteose da acção, Ferris corre desenfreadamente para chegar a casa a tempo de não ser apanhado, damos por nós divididos - o nosso "eu" adulto entende que o melhor é o plano correr-lhe finalmente mal e assumir as responsabilidades, a culpa; e o adolescente dentro de nós torce em sentido contrário.
Ferris Bueller é um rebelde com um sorriso no rosto, presunçoso sim, mas alguém que sabe o real valor das pequenas coisas, que retira o máximo de cada situação, passando a perna a toda a gente enquanto alimenta o seu hedonismo. Mas sem maldade.
Bueller representa a forma desprendida e intensa como a juventude é vivida. O ideal dele é simples: a vida passa muito rápido; se não pararmos de vez em quando e olharmos à nossa volta, podemos deixá-la passar (ou perdê-la). Claro que todos temos responsabilidades e deveres mas a mensagem neste caso não é elaborada. Ferris Bueller faz das palavras de Raul Solnado actos, olha directamente para a câmara e, de sorriso no canto da boca, é como se nos dissesse Façam o favor de ser felizes.
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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.