Everton 2 - 2 Arsenal (Coleman 19', Naismith 45'; Ramsey 83', Giroud 90')
Há
sensivelmente 4 meses, Goodison Park foi palco da supremacia do Everton frente
ao Arsenal. Na 33.ª jornada da temporada passada, Naismith, Lukaku e um
auto-golo de Arteta ditaram uma vitória incontestável, com "dedo" de
Roberto Martínez. A dado momento o jogo de hoje pareceu encaminhar-se novamente para esse 3-0 mas, nuns 10 minutos á la Premier League, o Arsenal conseguiu o empate a duas bolas. Para já, o Everton vê-se envolvido nos 2 melhores jogos destas duas jornadas, claudicando com vantagem e tendo 2 pontos quando podia ter 6. Já o Arsenal bem pode agradecer a Ramsey e aos seus finais de partida.
Everton e Arsenal tinham portanto arrancado na Premier de forma diferente. O Everton
empatou 2-2 em casa do Leicester, enquanto que o Arsenal tinha ganho ao Crystal
Palace. Depois da fantástica exibição na community
shield frente ao City, os gunners desiludiram
mas Ramsey salvou-os ao cair do pano. Hoje Wenger inventou em algumas coisas
bem, noutras mal. Infelizmente Koscielny ficou no banco, regressando
Mertesacker para o lado de Chambers, e a ausência por lesão de Arteta
revelou-se crucial em vários momentos. No entanto, colocar Alexis no centro e
Oxlade-Chamberlain titular poderia ter tido benefícios. Martínez não repetiu a
ousadia de colocar Lukaku declaradamente no flanco direito, embora tenha explorado essa zona ocasionalmente, mas a equipa
funcionou quase na perfeição. É evidente que este Everton possui um dos conjuntos de
jogadores mais inteligentes no campeonato inglês, que sabem o que fazer, numa
equipa com uma maturidade competitiva muito elevada.
O embate iniciou-se praticamente com a lesão de Pienaar (substituído por
Osman) e, embora o Arsenal tenha procurado mexer com o jogo, foi Seamus 'Goalman' Coleman a fazer
das suas. No primeiro jogo em que pôde ser titular esta época o lateral direito
irlandês subiu até à área e inaugurou o marcador de cabeça, depois de um
cruzamento perfeito de Gareth Barry, isto tudo após uma troca de bola simples
mas tremendamente eficaz. O golo motivou ainda mais o Everton, que criou perigo
mais do que uma vez por intermédio de Kevin Mirallas, e a fechar a 1.ª parte
chegou o 2-0. Lukaku soube temporizar e ajudar na construção e desmarcou
Naismith (que estava ligeiramente fora-de-jogo) para uma finalização imaculada.
Um excelente arranque de época para o número 14 dos toffees e mais um golo com
selo irlandês.
O segundo tempo de jogo começou com uma enorme surpresa, tendo Wenger trocado Alexis Sánchez por Giroud. Compreendia-se a vontade do treinador francês em ter Giroud mais fixo na frente, mas retirar o craque chileno parecia um passo atrás na ambição de lutar pelo jogo. Na segunda parte era evidente que seria necessário ter alguém que caísse em cima dos defesas e arriscasse em situações de 1 para 1, e como tal retirar Özil, ainda sem estar em forma e sempre a passo, talvez fosse o mais aconselhável. A verdade é que os minutos foram passando e o Everton foi controlando as incidências. É sempre complicado para qualquer equipa grande jogar em Goodison Park, com este Everton que parece talhado para os jogos cabeça-de-cartaz, e muito mais difícil é jogar estando a perder 2-0. O tempo de jogo foi passando, Giroud foi dando algum trabalho à defesa da equipa mais antiga de Liverpool, enquanto que do outro lado Naismith e Lukaku iam mantendo o Arsenal em sentido. No meio de tudo isto era já nessa altura impressionante a disponibilidade física de Aaron Ramsey, quase omnipresente no meio-campo do Arsenal e a procurar vir sempre recuperar bolas e levar jogo. Wenger trocou a dada altura Wilshere e Chamberlain por Cazorla e Joel Campbell e a equipa respondeu bem. Nos 10 minutos finais, Cazorla inventou um lance para Ramsey finalizar e sete minutos depois, numa jogada iniciada por uma abertura de Ramsey, o lateral espanhol Monreal cruzou e Giroud cabeceou (acompanhado por um passivo Distin) para o empate.
O Arsenal não desistiu e, embora parecesse impossível aos 80 minutos prever este desfecho, conseguiu empatar um jogo que parecia perdido. As substituições de Wenger revelaram-se felizes e as emoções finais foram características daquela que é a liga mais apaixonante e imprevisível do momento. Coleman marcou o seu primeiro golo desta época, Gareth Barry foi um relógio suiço ao lado de McCarthy e Naismith, que na época passada marcou 5 golos, à 2.ª jornada de 2014/ 15 já contabiliza 2. O Arsenal teve mérito ao não desistir - e Ramsey foi o rosto dessa postura - o médio galês marcou até agora em todos os jogos em solo inglês (Manchester City, Crystal Palace e Everton) e é o talismã de uma equipa em que Wenger tem que encontrar resposta para algumas questões: Wilshere merece neste momento ser titular? Faz sentido contratar um 6 que preencha melhor o meio-campo (uma vez que sem a inteligência de Arteta, Flamini não é solução)? Qual a posição em que se retira o melhor do futebol de Alexis Sánchez? Os próximos jogos dos gunners serão interessantes de acompanhar, com a 2.ª mão do play-off com o Besiktas e depois, a nível interno, uma ida ao reduto do Leicester, antes de receber o Manchester City.
Barba Por Fazer do Jogo: Aaron Ramsey (Arsenal)