17 de março de 2014

Reviravolta na Madeira a caminho do título

Nacional   2 - 4   Benfica (Candeias (pen.) 7', Djaniny 80'; Lima 24', Rodrigo 33', Garay 43' 89')

    Num emocionante jogo de futebol, o Benfica ultrapassou um difícil teste na Madeira vencendo o Nacional por 4-2. A equipa insolar ganhou vantagem cedo, mas a resposta encarnada foi sintomática da qualidade de jogo e da valia do plantel benfiquista, incomparável neste momento com qualquer outra equipa no nosso país.
    Jesus e Machado, que se cumprimentaram no início do jogo, escalaram as equipas que eram esperadas e o início de jogo foi de grande intensidade por parte da equipa da casa. O Nacional começou pressionante, acutilante e confiante, com Candeias muito activo e a ganhar os duelos com Maxi, e chegou mesmo ao golo aos sete minutos. Candeias ganhou uma grande penalidade - motivada por uma alegada mão de Luisão, embora pareça que a trajectória da bola se altere motivada pelo 1.º contacto com a coxa de Luisão - e foi ele mesmo que assumiu a conversão. Oblak acertou no lado, mas Candeias converteu mesmo num golo que premiou a boa entrada do Nacional, mas com o "dedo" do árbitro Manuel Mota, que nos últimos dias recebeu ameaças de morte dirigidas a ele e à filha, caso o Benfica vencesse hoje.
    O Benfica procurou reagir e teve uma boa ajuda quando Aly Ghazal (o egípcio tem sido um dos melhores médios defensivos do campeonato) se lesionou. Nos últimos 20 minutos da 1.ª parte o que se viu foi uma resposta forte e uma declaração clara de que o Benfica quer muito o título. O empate começou num bom cruzamento de Markovic perante o qual Rodrigo teve a calma e discernimento de, em plena grande área, deixar a bola para Lima, que estava em melhor posição. O artilheiro brasileiro - que tem feito muitos golos, mas essencialmente de penalty - pontapeou para o 1-1. Os encarnados mantiveram o pé no acelerador, Siqueira viu um justo amarelo por simulação, e Gaitán esteve perto de fazer o golo após boa jogada de ataque, novamente saída dos pés de Markovic e com Rodrigo a fazer muito com uma simples simulação. O golo da reviravolta chegou então aos 33' e foi apenas e só o momento do jogo. Rodrigo, em noite inspirada, pegou na bola do lado direito, flectiu para o centro, adiantou ligeiramente a bola e rematou fortíssimo de pé esquerdo, num golaço que só parou no ângulo superior esquerdo da baliza de Gottardi. Mas como quem marca 2 marca 3, Garay encarregou-se de colocar os visitantes com margem mais confortável. Canto de Enzo Pérez e em terras de Saviola surgiu Ezequiel Garay que, com arte, engenho (e a ajuda do vento) cabeceou para o golo de ângulo difícil. Depois de ter perdido na 1.ª jornada na Madeira, frente ao Marítimo (que se mantém a única derrota do Benfica nesta edição) o Benfica conseguiu deixar bem patente o seu valor respondendo com personalidade e qualidade de jogo, numa avalanche de excelentes 20 minutos.
    A 2.ª parte deve ser vista de uma maneira: houve um jogo até aos 80 minutos e outro a partir daí. Nacional e Benfica, muito graças à vontade do Benfica em arrefecer o jogo e ao facto do Nacional ser mais forte em transição com a velocidade do seu trio de ataque, deixaram os minutos passarem longe do ritmo da primeira parte. No entanto, ao minuto 80 numa desatenção defensiva, Candeias ficou sozinho no flanco direito (deu a ideia que Oblak poderia ter-se saído mas pareceu também que se o tivesse feito não teria chegado a tempo) e cruzou para o desvio de Djaniny. O 3-2 do ex-benfiquista relançava o jogo a 10 minutos do fim e o Nacional voltou logo de seguida a ficar perto de marcar num livre marcado de forma perfeita por Marçal, ao qual Gomaa não conseguiu dar a melhor correspondência. E como o Benfica estava a ser sinónimo de eficácia, as águias - diga-se, Garay - encarregaram-se de "matar" o jogo com o 4-2 final. Sílvio, nessa altura já no lugar de Siqueira, cruzou a partir do flanco esquerdo com muita qualidade e Garay cabeceou, desta vez de forma 100% intencional, bisando e carimbando uma vitória suada mas merecida. Foi a 10.ª vitória consecutiva das águias, que - considerando todas as competições - não perdem desde que jogaram com o Olympiakos a 5 de Novembro. Desde aí, 25 jogos sem perder (23 vitórias e 2 empates).

    Era um dos grandes testes que o Benfica tinha na luta pelo título e ficou novamente claro o que nos últimos meses vem ficando reforçado: o Benfica é de longe a equipa no nosso campeonato que melhor futebol pratica e, dada a esmagadora diferença qualitativa do seu plantel para os restantes, ganhar o campeonato é uma obrigação. O Benfica tem, comparando com os 2 rivais directos (o Porto já não deve ser considerado um candidato neste momento), o calendário mais favorável até final da competição - como já dissemos há semanas -, deslocando-se ainda a Braga e Arouca e na última jornada ao Dragão. A lógica demandaria que os encarnados consigam sagrar-se campeões em sua casa frente a Setúbal ou Olhanense, mas depois do final de época passado, com certeza que todos só terão certezas quando estas forem garantidas matematicamente. Nestas 7 derradeiras jornadas, o Sporting deslocar-se-á à Madeira por 2 ocasiões (Marítimo e Nacional), termina o campeonato numa recepção ao Estoril mas pelo meio terá ainda 2 visitas a campos de equipas que estarão desesperadas por pontuar para se manterem no principal escalão - Paços Ferreira e Belenenses.

    Num jogo em que o Benfica conseguiu colocar-se a 12 pontos dos dragões e voltou a distar 7 pontos do Sporting (que são 8, uma vez que o Benfica tem vantagem no confronto directo), Rodrigo foi a principal figura. O avançado espanhol já tinha apresentado esta garra e qualidade noutro jogo decisivo - na Luz contra o Porto - e foi determinante, ele que tem sido esta temporada o mais regular e com melhor índice dos 3 avançados do Benfica. Garay foi novamente central goleador e lá leva 6 golos na liga. Tantos como Djaniny, que seria um jogador interessante para crescer por exemplo em Braga ou tornar-se aposta do Estoril, embora o melhor elemento do Nacional tenha sido Candeias, um daqueles jogadores que merecia ter tido outra carreira. Nota final para Nico Gaitán, o artista maior (não necessariamente o melhor jogador do plantel nesta edição, porque aí Enzo, Luisão e Rodrigo têm vantagem esta época) deste Benfica: se os adeptos encarnados perdessem com o argentino o tempo que os adeptos leoninos gastam a fazer gifs dos grandes pormenores de William Carvalho (não obstante ser um dos nossos jogadores favoritos do campeonato), não teriam vida.

Barba Por Fazer do Jogo: Rodrigo (Benfica)
Outros Destaques: Candeias, Djaniny; Garay, Enzo, Gaitán
Resumo:

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