9 de março de 2014

Benfica põe Estoril na linha; Sporting perde pontos com polémica

 Benfica 2 - 0 Estoril  (Luisão 6', Rodrigo 19')

    Num Estádio da Luz com 56.730 espectadores nas bancadas, encontraram-se esta tarde as duas equipas que melhor futebol têm apresentado em solo nacional nos últimos tempos (o Sporting arrancou a época com bom futebol mas há muito que o perdeu). A equipa de Marco Silva tinha conseguido empatar na época passada na Luz, num jogo-chave para o título, mas desta vez a história foi outra. O Benfica, com aquele que é neste momento o seu onze base (onde para já não figuram Salvio e Cardozo) resolveu o jogo cedo e podia até ter marcado mais. Marcou inclusive, embora o 3-0 tenha sido mal anulado.
    Os encarnados arrancaram bem no jogo, com velocidade, intensidade, acutilância e muita vontade de marcar, tudo isto conjugado com uma boa e constante capacidade de decisão. Lima e Gaitán tiveram nos pés os primeiros momentos de perigo e foi nos pés do argentino que começou o 1.º golo do jogo. Nico Gaitán, depois de um remate seu bem defendido por Vagner, bateu um pontapé de canto teleguiado rumo à cabeça do capitão Luisão. O central benfiquista estreou-se a marcar no campeonato, ele que tem sido por larga margem o melhor central desta Liga ZON Sagres 2013/ 2014. O Estoril não perdeu a sua identidade e continuou a impor o seu futebol, mas ainda antes dos 20 minutos de jogo sofreu o 2.º numa boa jogada do ataque encarnado. Com um passe brilhante Gaitán isolou Siqueira no flanco esquerdo e o lateral cruzou para a área, com Rodrigo a encher o pé e a rematar de primeira. O último grande momento da primeira parte resultou de um livre "à Benfica" (embora só metade deles saiam bem do laboratório), com Garay a desviar para Lima e o brasileiro a não conseguir fazer o golo à boca da baliza. No que restou do primeiro tempo, o Estoril até teve mais bola e o Benfica procurou transitar, mas sempre com a consciência imposta por Fejsa e Enzo Pérez.
    Marco Silva optou por trocar Gonçalo (um daqueles jogadores para os quais Paulo Bento já deveria ter olhado nos últimos anos, pelo menos num amigável) por Babanco (que devia ter sido titular) e, com um Benfica ainda a ligar o motor, Bruno Lopes quase reduziu num remate que não passou longe da baliza de Oblak. Depois foi a vez de Lima fazer um golo limpo, oferecido por Gaitán, mas mal anulado por suposto fora-de-jogo. A 2.ª parte teve poucos motivos de interesse, com o Estoril a procurar circular a bola na procura de um erro e o Benfica a gerir a condição física dos seus jogadores. Destacaram-se apenas 2 momentos - Rodrigo quase fez golo depois de uma arrancada incrível e Evandro fez a bola embater no poste direito de Oblak, na conversão de um livre desviado pela barreira.
    
    O Benfica podia facilmente ter ganho por 3 ou 4 contra o Estoril e hoje ficou um passo mais perto do título. A fórmula de sucesso começou num arranque muito forte, com alguns momentos de bom futebol e dinâmicas que neste momento (longe vai o início de época) estão instauradas. Luisão marcou e voltou a ser imperial na defesa encarnada, onde Siqueira e Maxi foram sinónimos de profundidade e muita entrega (Maxi teve uma entrada perigosa, tal como Balboa, mas o árbitro sancionou ambas com amarelo). Rodrigo marcou um belo golo e poderia ter feito outro na sua brilhante arrancada e a dupla Fejsa-Enzo continua a fazer a diferença a meio-campo, mediante a inteligência e capacidade física de ambos os jogadores. Na equipa canarinha Evandro foi o melhor elemento - imagem do que tem sido nesta época - procurando pegar na sua equipa atrás. Um jogador que na próxima época não estará no clube garantidamente.

    Gaitán foi talvez o melhor jogador em campo, envolvido nos 2 golos (assistiu também o "golo" de Lima) e o seu crescimento como jogador e atleta (do ponto de vista psicológico e táctico) tem sido um dos grandes updates desta época. O segredo quando se tem um golo anulado? Marcar outros dois e conseguir não sofrer. O Benfica terá na próxima jornada um difícil e decisivo teste na Madeira - numa jornada em que há Sporting-Porto - e continua a depender de si. Com a diferença qualitativa a nível de plantel e as progressivas falhas que o Porto já teve, continuamos a dizer que o título é uma obrigação.

Barba Por Fazer do Jogo: Nico Gaitán (Benfica)
Outros Destaques: Luisão, Siqueira, Fejsa, Rodrigo; Evandro


 Vit. Setúbal 2 - 2 Sporting  (Rafael Martins 52', Ricardo Horta (pen.) 89'; Slimani 34', Adrien (pen.) 86')

    O cenário que seria, à priori, mais provável aconteceu em Setúbal e o jogo desta tarde terminou empatado. No entanto, com muita polémica à mistura.
    Leonardo Jardim optou hoje por Slimani no 11 inicial em detrimento de Montero, e colocou Magrão de início; do lado sadino estavam hoje o jovem emprestado pelos leões João Mário e no banco o herdeiro de Peyroteo, José Couceiro. Começou melhor o jogo a equipa setubalense com Pedro Tiba, Zequinha e o jovem Ricardo Horta muito activos. Rui Patrício foi dizendo presente, inclusive a um forte remate do centro-campista Tiba. A polémica começou então aos 31 minutos. Contra a corrente do jogo, Adrien marcou, na recarga de um cabeceamento de Slimani, mas o golo foi anulado por pretenso fora-de-jogo. Três minutos depois a polémica continuou - Cédric tirou um bom cruzamento (é curioso a qualidade que apresenta regularmente a cruzar com o pé esquerdo) e Slimani cabeceou para defesa de Kieszek. Ficaram as dúvidas, praticamente impossíveis de dissipar mesmo recorrendo às repetições, se a bola entrou ou não, mas o árbitro optou por validar e o Sporting levou consigo a vantagem para o intervalo.
    No início dos segundos 45' Slimani voltou a ficar perto de marcar - sempre de cabeça - na sequência de um canto e aos 52 foi a vez do Setúbal empatar. Pedro Tiba descobriu Rafael Martins, o número 99 fugiu a Rojo e disparou para o fundo das redes. Na altura o lance não parecia levantar qualquer polémica, mas recorrendo à repetição é possível descortinar um ligeiro fora-de-jogo do avançado brasileiro. No entanto, quando nenhum jogador da equipa adversária reclama nada, percebe-se que o erro foi no limite. O Sporting perdeu Maurício para o confronto com os dragões e Montero - já em campo nessa altura - quase fez um bonito golo de chapéu.
    A polémica regressou então nos minutos finais com duas grandes penalidades. Vasco Santos esteve em dia não e continuou a errar. Entendeu primeiro que Pedro Queirós derrubou Capel, num lance em que intenção de Queirós existe zero, mas no qual houve de facto contacto do pé de Capel com o joelho do lateral. Adrien converteu. Logo de seguida, no outro lado do campo, foi a vez de Zequinha aproveitar para cair, originando o penalty que Ricardo Horta não falhou. Um golo que Horta merecia pelo jogo que fez.

    O Sporting perdeu 2 pontos num jogo em que Vasco Santos acumulou disparates e o Sporting-Porto da próxima jornada terá, como já seria de esperar, enorme interesse quer para ambos, quer para o Benfica que neste momento dista 7 (que na realidade são 8) e 9 pontos de Sporting e Porto, respectivamente.
    Ricardo Horta, miúdo de 19 anos, foi um dos grandes destaques da partida, sendo que João Mário também mostrou que neste momento poderia muito bem figurar no plantel principal (seria uma opção melhor do que Magrão, certamente). Zequinha começou muito bem o jogo, Rafael Martins voltou a deixar boas indicações e, no lado leonino, Patrício segurou os leões no começo do jogo e Slimani voltou a ser importante no jogo aéreo. Mesmo que Jardim defenda que Slimani merece ser titular, faz alguma confusão "sentar" um talento como Montero dando lugar a um jogador que tem nível de Championship em Inglaterra.
    Recordamos que o Sporting, ao contrário do Benfica que até final tem como jogos complicados as visitas a Nacional e Braga (e num patamar abaixo o Arouca), terá um recta final complicada - recebe o Porto na próxima jornada e termina o campeonato em casa frente ao Estoril, pelo meio ainda visita o Marítimo e o Nacional e ainda se deslocará aos terrenos de Paços e Belenenses, equipas que precisarão de pontos na luta pela manutenção.  

Barba Por Fazer do Jogo: Ricardo Horta (Vit. Setúbal)
Outros Destaques: João Mário, Rafael Martins, Zequinha; Rui Patrício, Slimani

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