Num Estádio da Luz com 56.730 espectadores nas bancadas, encontraram-se
esta tarde as duas equipas que melhor futebol têm apresentado em solo nacional
nos últimos tempos (o Sporting arrancou a época com bom futebol mas há muito
que o perdeu). A equipa de Marco Silva tinha conseguido empatar na época
passada na Luz, num jogo-chave para o título, mas desta vez a história foi
outra. O Benfica, com aquele que é neste momento o seu onze base (onde para já
não figuram Salvio e Cardozo) resolveu o jogo cedo e podia até ter marcado
mais. Marcou inclusive, embora o 3-0 tenha sido mal anulado.
Os encarnados arrancaram bem no jogo, com velocidade,
intensidade, acutilância e muita vontade de marcar, tudo isto conjugado com uma
boa e constante capacidade de decisão. Lima e Gaitán tiveram nos pés os
primeiros momentos de perigo e foi nos pés do argentino que começou o 1.º golo
do jogo. Nico Gaitán, depois de um remate seu bem defendido por Vagner, bateu
um pontapé de canto teleguiado rumo à cabeça do capitão Luisão. O central
benfiquista estreou-se a marcar no campeonato, ele que tem sido por larga
margem o melhor central desta Liga ZON Sagres 2013/ 2014. O Estoril não perdeu
a sua identidade e continuou a impor o seu futebol, mas ainda antes dos 20
minutos de jogo sofreu o 2.º numa boa jogada do ataque encarnado. Com um passe
brilhante Gaitán isolou Siqueira no flanco esquerdo e o lateral cruzou para a
área, com Rodrigo a encher o pé e a rematar de primeira. O último grande
momento da primeira parte resultou de um livre "à Benfica" (embora só
metade deles saiam bem do laboratório), com Garay a desviar para Lima e o
brasileiro a não conseguir fazer o golo à boca da baliza. No que restou do
primeiro tempo, o Estoril até teve mais bola e o Benfica procurou transitar,
mas sempre com a consciência imposta por Fejsa e Enzo Pérez.
Marco Silva optou por trocar Gonçalo (um daqueles
jogadores para os quais Paulo Bento já deveria ter olhado nos últimos anos,
pelo menos num amigável) por Babanco (que devia ter sido titular) e, com um
Benfica ainda a ligar o motor, Bruno Lopes quase reduziu num remate que não
passou longe da baliza de Oblak. Depois foi a vez de Lima fazer um golo limpo,
oferecido por Gaitán, mas mal anulado por suposto fora-de-jogo. A 2.ª parte
teve poucos motivos de interesse, com o Estoril a procurar circular a bola na
procura de um erro e o Benfica a gerir a condição física dos seus jogadores.
Destacaram-se apenas 2 momentos - Rodrigo quase fez golo depois de uma
arrancada incrível e Evandro fez a bola embater no poste direito de Oblak, na
conversão de um livre desviado pela barreira.
O Benfica podia facilmente ter ganho por 3 ou 4 contra o
Estoril e hoje ficou um passo mais perto do título. A fórmula de sucesso
começou num arranque muito forte, com alguns momentos de bom futebol e
dinâmicas que neste momento (longe vai o início de época) estão instauradas.
Luisão marcou e voltou a ser imperial na defesa encarnada, onde Siqueira e Maxi
foram sinónimos de profundidade e muita entrega (Maxi teve uma entrada
perigosa, tal como Balboa, mas o árbitro sancionou ambas com amarelo). Rodrigo marcou
um belo golo e poderia ter feito outro na sua brilhante arrancada e a dupla
Fejsa-Enzo continua a fazer a diferença a meio-campo, mediante a inteligência e
capacidade física de ambos os jogadores. Na equipa canarinha Evandro foi o
melhor elemento - imagem do que tem sido nesta época - procurando pegar na sua
equipa atrás. Um jogador que na próxima época não estará no clube
garantidamente.
Gaitán foi talvez o melhor jogador em campo, envolvido nos
2 golos (assistiu também o "golo" de Lima) e o seu crescimento como
jogador e atleta (do ponto de vista psicológico e táctico) tem sido um dos
grandes updates desta
época. O segredo quando se tem um golo anulado? Marcar outros dois e conseguir
não sofrer. O Benfica terá na próxima jornada um difícil e decisivo teste na
Madeira - numa jornada em que há Sporting-Porto - e continua a depender de si.
Com a diferença qualitativa a nível de plantel e as progressivas falhas que o
Porto já teve, continuamos a dizer que o título é uma obrigação.
Barba Por Fazer do Jogo: Nico Gaitán (Benfica)
Outros Destaques: Luisão, Siqueira, Fejsa, Rodrigo; Evandro
Vit. Setúbal 2 - 2 Sporting (Rafael Martins 52', Ricardo Horta (pen.) 89'; Slimani 34', Adrien (pen.) 86')
O cenário que seria, à priori, mais
provável aconteceu em Setúbal e o jogo desta tarde terminou empatado. No
entanto, com muita polémica à mistura.
Leonardo
Jardim optou hoje por Slimani no 11 inicial em detrimento de Montero, e colocou
Magrão de início; do lado sadino estavam hoje o jovem emprestado pelos leões
João Mário e no banco o herdeiro de Peyroteo, José Couceiro. Começou melhor o
jogo a equipa setubalense com Pedro Tiba, Zequinha e o jovem Ricardo Horta
muito activos. Rui Patrício foi dizendo presente, inclusive a um forte remate
do centro-campista Tiba. A polémica começou então aos 31 minutos. Contra a
corrente do jogo, Adrien marcou, na recarga de um cabeceamento de Slimani, mas
o golo foi anulado por pretenso fora-de-jogo. Três minutos depois a polémica continuou
- Cédric tirou um bom cruzamento (é curioso a qualidade que apresenta
regularmente a cruzar com o pé esquerdo) e Slimani cabeceou para defesa de
Kieszek. Ficaram as dúvidas, praticamente impossíveis de dissipar mesmo
recorrendo às repetições, se a bola entrou ou não, mas o árbitro optou por
validar e o Sporting levou consigo a vantagem para o intervalo.
No início
dos segundos 45' Slimani voltou a ficar perto de marcar - sempre de cabeça - na
sequência de um canto e aos 52 foi a vez do Setúbal empatar. Pedro Tiba
descobriu Rafael Martins, o número 99 fugiu a Rojo e disparou para o fundo das
redes. Na altura o lance não parecia levantar qualquer polémica, mas recorrendo
à repetição é possível descortinar um ligeiro fora-de-jogo do avançado brasileiro.
No entanto, quando nenhum jogador da equipa adversária reclama nada, percebe-se
que o erro foi no limite. O Sporting perdeu Maurício para o confronto com os
dragões e Montero - já em campo nessa altura - quase fez um bonito golo de
chapéu.
A polémica
regressou então nos minutos finais com duas grandes penalidades. Vasco Santos
esteve em dia não e continuou a errar. Entendeu primeiro que Pedro Queirós
derrubou Capel, num lance em que intenção de Queirós existe zero, mas no qual
houve de facto contacto do pé de Capel com o joelho do lateral. Adrien
converteu. Logo de seguida, no outro lado do campo, foi a vez de Zequinha
aproveitar para cair, originando o penalty que Ricardo Horta não falhou. Um
golo que Horta merecia pelo jogo que fez.
O Sporting
perdeu 2 pontos num jogo em que Vasco Santos acumulou disparates e o
Sporting-Porto da próxima jornada terá, como já seria de esperar, enorme
interesse quer para ambos, quer para o Benfica que neste momento dista 7 (que
na realidade são 8) e 9 pontos de Sporting e Porto, respectivamente.
Ricardo
Horta, miúdo de 19 anos, foi um dos grandes destaques da partida, sendo que
João Mário também mostrou que neste momento poderia muito bem figurar no
plantel principal (seria uma opção melhor do que Magrão, certamente). Zequinha
começou muito bem o jogo, Rafael Martins voltou a deixar boas indicações e, no
lado leonino, Patrício segurou os leões no começo do jogo e Slimani voltou a
ser importante no jogo aéreo. Mesmo que Jardim defenda que Slimani merece ser
titular, faz alguma confusão "sentar" um talento como Montero dando
lugar a um jogador que tem nível de Championship em Inglaterra.
Recordamos que o Sporting, ao contrário do Benfica que até final tem como jogos complicados as visitas a Nacional e Braga (e num patamar abaixo o Arouca), terá um recta final complicada - recebe o Porto na próxima jornada e termina o campeonato em casa frente ao Estoril, pelo meio ainda visita o Marítimo e o Nacional e ainda se deslocará aos terrenos de Paços e Belenenses, equipas que precisarão de pontos na luta pela manutenção.
Barba Por Fazer do Jogo: Ricardo Horta (Vit. Setúbal)
Outros Destaques: João Mário, Rafael Martins, Zequinha; Rui Patrício, Slimani