Porto e Benfica consumaram esta tarde/ noite a sua qualificação para os quartos de final da Liga Europa. Ambos com empates 2-2 mas em jogos com histórias bem diferentes. O Porto foi asfixiado pelo Nápoles na 1.ª parte mas deixou a equipa italiana sem oxigénio no final do jogo; na Luz, o Benfica apanhou um valente susto sem qualquer necessidade mas sobreviveu.
Nápoles 2 - 2 Porto (Pandev 21', Zapata 90+2'; Ghilas 69', Quaresma 76')
Foi uma segunda parte extraordinária, uma qualificação que
a dado momento pareceu altamente improvável e muito "dedo" de Luís
Castro no jogo. O Porto sobreviveu ao inferno napolitano, numa eliminatória
para a qual os seus guarda-redes (Hélton na 1.ª mão e Fabiano esta noite)
contribuíram em larga escala. Às ausências de Hélton e Alex Sandro (castigado),
juntou-se Maicon à última da hora e o Porto viu-se obrigado a alinhar com Diego
Reyes ao lado de Mangala, e Ricardo a lateral esquerdo.
A 1.ª parte foi toda do
Nápoles. A equipa da casa - onde Rafa Benítez deixou no banco Hamsik e
Callejón, e veio a pagar por isso - entrou asfixiante, catalisada pelo seu
público e ambientes impressionantes. Insigne foi deixando a defesa do Porto a
entrar em parafuso até que aos 21' o Nápoles fez o golo. Pandev iniciou a
transição, combinou com Higuaín que o descobriu de novo com um brilhante passe,
tendo apenas o macedónio que "picar" a bola numa boa finalização.
Mertens e companhia continuaram como setas apontadas à baliza de Fabiano
Freitas, mas o guardião foi deixando os seus colegas tranquilos com
sistemáticas boas intervenções. Ao intervalo parecia difícil que o Porto
subsistisse à pressão italiana, mesmo embora Fabiano, com a ajuda do polvo Fernando a lutar
contra o mundo, estivessem em destaque.
A 2.ª parte começou e tanto
Mertens como Higuaín viram Fabiano negar-lhes o golo. Luís Castro interpretou
bem o jogo, viu que Carlos Eduardo estava a ser uma nulidade e optou por trocar
o brasileiro e Varela por Josué e Ghilas. Bastaram 3 minutos em campo para o
argelino marcar um golo muito importante na eliminatória. Jackson iniciou a
manobra colectiva, acabou "virado" por Behrami - Martin Atkinson, e
bem, deixou a jogada prosseguir -, Fernando ficou com a bola e fez um grande
passe que isolou Ghilas à entrada da área. O argelino recebeu e rematou
imediatamente com o seu pé esquerdo, para gáudio portista. O golo de Ghilas aos
69 minutos obrigava o Nápoles a marcar mais 2 golos, mas continuou a ser o Porto
a equipa mais inteligente em campo. Josué foi coleccionando pormenores de
craque, Defour quase fez golo e depois... depois chegou a magia de Ricardo
Quaresma. Numa jogada com Danilo e Josué, a bola chegou ao camisola 7 e o
extremo "limitou-se" a traçar o seu caminho para a baliza, fazendo um slalom entre os
adversários antes de fuzilar de pé esquerdo. Golaço de Quaresma, que obrigava o
Nápoles a fazer 3 golos no último quarto de hora.
Os minutos finais foram do
Nápoles, embora o meio-campo portista tenha sabido controlar e congelar o jogo
quando pôde, mas a defesa do Porto (sobretudo Mangala e Ricardo, e Fernando à
sua frente) foi resolvendo as situações. Apenas nos descontos o Nápoles chegou
ao empate, embora o Porto merecesse sair de San Paolo com a vitória. Hamsik e
Callejón (porque é que Rafa Benítez deixou 2 dos seus melhores jogadores no
banco?) construíram a jogada que o outro suplente utilizado, Duván Zapata,
finalizou.
O Porto mereceu a
qualificação e merecia mesmo ter ganho hoje em Nápoles. Fabiano manteve o Porto
na eliminatória e o treinador (Luís Castro continua a deixar algumas indicações
de que pode continuar a treinar a equipa na próxima temporada) soube corrigir
os problemas da equipa: lançou Ghilas e Josué no jogo e "ganhou" hoje
alguns jogadores para o seu plantel. Ricardo Quaresma, mantendo este nível,
terá obrigatoriamente que integrar o lote de 23 convocados para o Mundial 2014.
Tanto ele como Fernando - e ambos não jogarão com o Belenenses no fim-de-semana
- são neste momento os 2 jogadores mais influentes na concepção de jogo azul e
branca. Quanto a Fabiano, o maior elogio que se pode fazer ao brasileiro é
dizer que, tal como evidenciou hoje, será certamente um bom substituto de
Hélton durante a sua lesão e, depois, um bom sucessor.
Barba Por Fazer do Jogo: Fabiano (Porto)
Outros Destaques: Pandev; Mangala, Ricardo, Fabiano Quaresma
Benfica 2 - 2 Tottenham (Garay 34', Lima (pen.) 90+4'; Chadli 78' 80')
Na Luz houve... emoções e sofrimento desnecessários. Jorge
Jesus colocou André Gomes, Ruben Amorim, Djuricic, Salvio, Sulejmani e Cardozo
em campo, naturalmente com a sua defesa e Oblak atrás, e o 1.º tempo foi
maioritariamente das águias. O Tottenham ganhou todos os duelos - fosse
Townsend ou Lennon a ala direito - a Maxi, e conseguiu perigo em alguns
momentos mas Soldado não soube finalizar. Os encarnados abusaram em alguns
momentos do adorno (Salvio e André Gomes foram evidentes exemplos disso) e
foram tomando conta do jogo. Luisão quase fez o 1-0 assistido por Garay mas o
1.º golo da tarde estava mesmo reservado para o central argentino, que tinha
bisado na Madeira no último jogo. Salvio cozinhou o lance e Garay cabeceou para
o seu 3.º golo em 2 jogos. Um golo que simbolizou também o renascer de Salvio,
elemento que vai ser determinante para o Benfica nestes últimos meses de época.
Ao intervalo, tudo pacífico no relvado da Luz. O jogo era do Benfica, a
eliminatória ainda mais. Sem margem para surpresas.
Na 2.ª parte voltou a ser o
Benfica a controlar os acontecimentos, falhando por diversas vezes o último
passe. Djuricic nunca conseguiu surgir no espaço certo, pouca gente quis fazer
o trabalho invisível para isolar os colegas e André Gomes demorou bastante em
algumas acções. Luisão quase marcou, Townsend ficou ainda mais perto numa
diagonal venenosa. Jesus leu bem o jogo ao trocar Djuricic por Enzo Pérez
(embora devesse com isso ter soltado Ruben Amorim e deixado Enzo ao lado de
André Gomes, o que não fez) mas errou substancialmente ao trocar depois Cardozo
por Lima, quando o Benfica precisava da "traquinice" de Markovic, da
sua desconcertante velocidade para continuar a criar perigo e garantir que o
Tottenham se mantinha atento tanto ao sérvio como à marcação em redor de
"Tacuara". Aos 78' - isto depois de Sherwood já ter tirado Soldado e
Townsend - foi a vez de Chadli também fazer o que quis de Maxi e, num movimento
em tudo semelhante ao de Andros Townsend, fez o empate. Só que logo a seguir, o
Tottenham fez o 1-2. Numa enorme falha de concentração colectiva, o Benfica
ficou a ver jogar. Naughton combinou com Lennon, Kane ganhou uma bola nas
alturas e Chadli (talvez num ligeiro fora-de-jogo, mas milimétrico) rematou
sozinho sem hipóteses para Oblak. De repente, o Tottenham via a eliminatória a
relançar-se, como que caída do céu, e mais um golo permitiria aos ingleses
disputar o prolongamento na Luz. A "nervoseira" instalou-se no palco
lisboeta e a pintura podia ter ficado completamente borrada não fosse um jovem
com um potencial do outro mundo chamado Jan Oblak. Antes de fazer uma ligeira
asneira noutro lance, o esloveno tirou um golo a Sigurdsson numa defesa
monumental! O público da Luz só pôde serenar o batimento cardíaco quando Sandro
derrubou nos instantes finais Lima dentro da grande área. O próprio Lima
converteu e o Benfica seguiu para a fase seguinte, depois de um susto dos
antigos (leia-se, final de 2012/ 2013).
Eliminar o Tottenham com um
agregado de 5-3 parece positivo, mas os encarnados não se livraram de roer as
unhas. Oblak não deu pontos mas neste caso, tirou um prolongamento ao
Tottenham, num horrendo de Maxi Pereira (Townsend e Chadli fizeram o que lhes
apeteceu do uruguaio). Siqueira continua a evoluir e começa a justificar a
compra do seu passe, Garay voltou a marcar e Ruben Amorim foi dono do
meio-campo na 1.ª parte, voltando a fazer passes longos incríveis. No
Tottenham, Fryers - embora seja lateral esquerdo também consegue jogar a
central - não comprometeu muito e Eriksen no pouco tempo que esteve em jogo
semeou o pânico.
Salvio e Chadli foram os
melhores elementos em campo. O belga bisou e o argentino teve frente ao
Tottenham a sua melhor exibição desde que regressou da lesão.
Barba Por Fazer do Jogo: Nacer Chadli (Tottenham)
Outros Destaques: Oblak, Siqueira, Garay, Ruben Amorim, Salvio; Fryers, Townsend, Eriksen
Às duas equipas portuguesas juntam-se no sorteio de amanhã (os confrontos dos quartos da Liga Europa serão sorteados às 12h, enquanto que os da Champions às 11h) as seguintes 6 equipas: Juventus, Sevilha, Lyon, AZ Alkmaar, Basel e Valência. O "tubarão" a evitar por Benfica e Porto é, certamente, a Juventus, partindo tanto águias como dragões como favoritos para qualquer embate que não seja com a Vecchia Signora (e a classe de Pirlo a marcar o livre?).
Às duas equipas portuguesas juntam-se no sorteio de amanhã (os confrontos dos quartos da Liga Europa serão sorteados às 12h, enquanto que os da Champions às 11h) as seguintes 6 equipas: Juventus, Sevilha, Lyon, AZ Alkmaar, Basel e Valência. O "tubarão" a evitar por Benfica e Porto é, certamente, a Juventus, partindo tanto águias como dragões como favoritos para qualquer embate que não seja com a Vecchia Signora (e a classe de Pirlo a marcar o livre?).