3 de março de 2014

E os Óscares foram para...

Como era, de certo modo, expectável a noite de ontem - a 86.ª edição dos Óscares da Academia - não ditou um vencedor absoluto. 12 Years a Slave, Gravity e Dallas Buyers Club saíram todos eles do Dolby Theatre com grandes motivos de satisfação, podendo ser considerados os vencedores da noite, enquanto que American Hustle (com 10 nomeações) e The Wolf of Wall Street podem-se definir - e ontem já tínhamos cogitado este cenário nas nossas previsões - como o derrotado e injustiçado da noite, respectivamente.
    Ellen Degeneres entrou para a História dos Óscares. Mas antes disso, do Twitter. A apresentadora da cerimónia esteve ao mais alto nível e, num de vários momentos improváveis tirou uma fotografia (o tão popular selfie) rodeada de várias estrelas (Brad Pitt, Jennifer Lawrence, Bradley Cooper, Angelina Jolie, Kevin Spacey, Lupita Nyong'o, Julia Roberts, Meryl Streep, Jared Leto, Channing Tatum.. e até o irmão de Lupita) cuja repercussão foi brutal a nível de retweets. Ellen colocou a fasquia bem alta com o seu monólogo introdutório: abordou sarcasticamente a preocupação da organização para com a chuva, acrescentou um improviso de última hora com a "nova queda" de Jennifer Lawrence e fechou com chave de ouro na referência ao que Jonah Hill "mostrou" em The Wolf of Wall Street. A tudo isto Ellen ainda acrescentou um momento que o público não esquecerá ao ter encomendado pizza para os convidados - o que proporcionou vermos Brad Pitt a distribuir pratos de cartão ou Harrison Ford a fazer Ellen voltar atrás para tirar, com toda a naturalidade, um guardanapo para si.
    Volta Ellen, em 2015 ninguém te dirá que não. Relativamente aos artistas que apresentaram determinadas categorias, destaque para John Travolta que conseguiu chamar Adele Dezeem à Idina Menzel; ao momento em que Jim Carrey imitou Bruce Dern em Nebraska; e também à entrada de Kevin Spacey, falando à Frank Underwood em House of Cards.

Melhor Filme: 12 Years a Slave
Melhor Realizador: Alfonso Cuarón
Melhor Actor: Matthew McConaughey
Melhor Actriz: Cate Blanchett
Melhor Actor Secundário: Jared Leto
Melhor Actriz Secundária: Lupita Nyong'o
Melhor Argumento Original: Her
Melhor Argumento Adaptado: 12 Years a Slave
Melhor Direcção Artística: The Great Gatsby
Melhor Fotografia: Gravity
Melhor Figurino: The Great Gatsby
Melhor Montagem/ Edição: Gravity
Melhor Caracterização: Dallas Buyers Club
Melhor Banda Sonora: Gravity
Melhor Mistura de Som: Gravity
Melhor Edição de Som: Gravity
Melhores Efeitos Visuais: Gravity
Melhor Música: "Let it Go"
Melhor Filme de Animação: Frozen
Melhor Filme Estrangeiro: The Great Beauty
Melhor Documentário: 20 Feet From Stardom
Melhor Curta-Metragem: Helium
Melhor Documentário (Curta): The Lady in Number 6
Melhor Curta de Animação: Mr. Hublot

12 Years a Slave sagrou-se Melhor Filme, Argumento Adaptado e teve a Melhor Actriz Secundária. Gravity foi o papa-troféus "técnico" e perfez, como ontem tínhamos sugerido como hipótese, 7 óscares (6 categorias técnicas + Melhor Realizador). Dallas Buyers Club, por sua vez, garantiu 3 estatuetas, com destaque para o facto de ter sido o único filme a somar 2 vitórias a nível de interpretação (Matthew McConaughey e Jared Leto).
    Her foi justamente vencedor enquanto Argumento Original, deixando American Hustle sem qualquer óscar, isto porque Lupita Nyong'o derrotou mesmo Jennifer Lawrence. Blanchett e Jared Leto eram dados adquiridos, mas nós ontem ainda tínhamos alguma esperança (apontámos ainda assim mais de 90% de favoritismo a McConaughey) que Leonardo DiCaprio vencesse. DiCaprio já merecia um óscar antes deste ano e depois do seu melhor desempenho de sempre - enquanto Jordan Belfort - provavelmente já não saberá o que tem que fazer para ganhar um óscar. Ainda assim, Matthew McConaughey (que elegemos nos nossos Óscares Barba Por Fazer como Personalidade do Ano no cinema) teve provavelmente o melhor discurso de aceitação - someone to look up to, something to look forward to, someone to chase. E já que falamos em discursos, Lupita e Jared foram outros dois actores com bons discursos. Lupita acabou por dar ênfase aos sonhos das pessoas dizendo -  When I look down at this golden statue, may it remind me and every little child that no matter where you're from, your dreams are valid - e Leto acabou por agarrar no seu personagem e filme (Dallas Buyers Club) para dar a cara contra a discriminação - This is for the 36 million people who have lost the battle to AIDS and to those of you who have ever felt injustice because of who you are or who you love, tonight I stand here in front of the world for you!
    Para finalizar, em tom de bazófia, referimos que apenas falhámos redondamente no Óscar de Melhor Curta de Animação. A Academia é cada vez mais previsível e vai caindo sempre nos mesmos clichés. Por vezes são clichés justos, mas a maioria não.

    Até aos próximos Óscares, pessoas esbeltas! E continuem a seguir as nossas críticas a caminho dos Óscares de 2015!

Miguel Pontares e Tiago Moreira
    

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