Num jogo com intensidade digna de Premier League, o Benfica deu passo e
meio rumo aos quartos de final da Liga Europa. Em White Hart Lane, a noite foi
sobretudo do capitão Luisão, a premiar justamente a impressionante qualidade
que tem apresentado nesta época (a melhor da sua carreira).
Jorge Jesus lançou um onze com um gestão equilibrada.
Poupou Gaitán e Enzo, não abdicou de Oblak - e fê-lo bem. No Tottenham,
Sherwood deixou Soldado (que embora não esteja em grande forma poderia hoje ter
sido uma dor de cabeça) no banco, e optou por Kane. A partida iniciou-se com
uma pressão alta por parte do Tottenham, cativado pelo apoio do seu público, e
uma constante aposta no jogo directo, com vários lançamentos de Vertonghen,
Sandro e companhia em busca do jogo aéreo de Adebayor e Kane. A primeira meia
hora foi do Tottenham, revelando Oblak (em estreia europeia) um ligeiro
nervosismo, mas acabou por ser o Benfica - que já tinha deixado os visitantes
em sentido quando a bola ia parar à velocidade de Markovic e Rodrigo - a fazer
o golo. O brilhantismo da jogada iniciou-se num incrível passe a rasgar de
Ruben Amorim que deixou Rodrigo na cara do golo. O avançado flectiu a grande
velocidade da direita para a zona central e rematou de pé esquerdo, sem
hipóteses de defesa. O golo chegou num momento em que o Tottenham era quem
estava "por cima" no jogo e até ao intervalo coube ao Benfica
controlar, com o seu meio-campo a asfixiar o adversário e a fechar os caminhos
para a baliza. Amorim, Fejsa e Sulejmani (hoje praticamente a interior) brilhantes
nas suas acções.
O 2.º tempo começou logo com um susto para os encarnados.
Depois de um transição em velocidade-cruzeiro, Eriksen isolou Adebayor na área
mas o togolês rematou... muito mal. E isto somos nós a ser amigos do Adebayor.
O Benfica manteve o seu atrevimento, afinal de contas é superior ao Tottenham e
isso estava à vista de todos, e aos 57 Ruben Amorim, depois de combinar bem com
Cardozo, encheu o pé esquerdo para uma boa defesa de Lloris. Amorim assumiu o
canto consequente desse lance e colocou a bola na cabeça de Luisão que fez o
segundo da noite nas alturas. Os adeptos do Benfica faziam-se ouvir
efusivamente em Londres quando o Tottenham conseguiu reduzir. Sílvio fez uma
falta à entrada da área e Eriksen, num livre directo indefensável, fez um grande
golo. Com 1-2 no marcador, viveu-se autêntico ambiente de Premier League com
jogo partido e constantes perdas e recuperações de bola por parte de ambas as
equipas. Gaitán (tão castigado foi com faltas) e Enzo entraram e aos 84' o
Benfica sentenciou a eliminatória. Gaitán dispôs de um livre indirecto do lado
esquerdo e cruzou certeiro para um bom cabeceamento de Garay. Lloris defendeu a
tentativa do argentino mas nada pôde fazer, segundos depois, perante o
fortíssimo remate do capitão Luisão. Com os seus adeptos em justa
efervescência, o Benfica terminou o jogo ganhando por 3-1 e perto de fazer o
4.º num bom lance de Siqueira, com envolvimento de Gaitán.
Um jogo perfeito do Benfica. Os encarnados abordaram o
jogo com inteligência, tiveram a sorte/ eficiência de conseguir fazer o 1.º
golo (num grande lance de Amorim e Rodrigo) quando o Tottenham estava a ser
superior, mas a 2.ª parte deixou bem patente a diferença de qualidade entre as
duas equipas. Caberá ao Benfica arrumar com
a eliminatória na 2.ª mão, mas hoje voltou a ficar claro que este Benfica é um
dos indiscutíveis favoritos à conquista da Liga Europa (e a Juventus hoje
empatou em casa).
Luisão foi o homem do jogo, juntando à sua (mais uma vez)
exibição imperial na defesa, dois golos nas suas aventuras até à área
contrária. É o melhor ano da sua carreira, acumula experiência e uma noção
perfeita dos momentos de jogo. Ruben Amorim foi o "outro homem do
jogo". O médio português esteve brilhante a meio-campo, formando uma dupla
perfeita com Fejsa, e foi ele quem desbloqueou o jogo com um passe que dá gosto
ver e rever para o golo de Rodrigo. Fez ainda a assistência para o 1.º golo de
Luisão. Sulejmani e Rodrigo apresentaram-se em grande nível e Fejsa voltou a
demonstrar que é fortíssimo a pressionar, a simplificar processos e sabe meter
o pé à bola como ninguém.
Para a semana joga-se a segunda mão, e o Benfica tem uma
tarefa para terminar.
A gestão da condição física é importante e a prioridade do
Benfica é o campeonato, mas quase que se pode dizer que, moralmente, com a
exibição de hoje o Benfica ganhou o jogo na Madeira da próxima 2.ª feira.
Barba Por Fazer do Jogo: Luisão (Benfica)
Outros Destaques: Eriksen; Fejsa, Ruben Amorim, Sulejmani, Rodrigo
Porto 1 - 0 Nápoles (Jackson Martínez 57')
Porto 1 - 0 Nápoles (Jackson Martínez 57')
O Porto
jogou ao fim da tarde e Luís Castro voltou a ter razões para sorrir enquanto
treinador do clube da Invicta. Os azuis e brancos conseguiram vencer e, também
graças a Hélton, viajarão para o inferno napolitano sem terem sofrido qualquer
golo na 1.ª mão.
No Dragão, Luís Castro voltou a apresentar o seu
trio de meio-campo - Fernando, Defour e Carlos Eduardo - que curiosamente ao
fim de 2 jogos é o que mais perto o Porto deve ter andado de ter um trio coeso
e de acordo com o habitual nível exibicional no clube; o jogo começou com
cuidados de parte a parte e foi Jackson Martínez o primeiro a acordar o jogo, rematando para boa defesa
de Reina. O Nápoles espreitava o contra-ataque, com Callejón a ser um perigo
constante para Alex Sandro - como o foi todo o jogo -, mas foi o Porto a
marcar. Embora o golo tenha sido (mal) anulado. Carlos Eduardo marcou mas o
árbitro entendeu erradamente que este se encontrava em fora-de-jogo.
Os segundos 45 até começaram com Quaresma a avisar
Reina que o Porto queria marcar, mas depois seguiram-se momentos de alarme na
área portista. Hélton e alguma sorte em várias ocasiões seguraram o nulo
durante vários minutos Higuaín, Behrami e Callejón a acumularem perdidas.
Lances nos quais, como já é sabido, Hélton tem íman. E quem não marcou...
sofreu. O Porto chegou então ao decisivo golo desta 1.ª mão aos 57' com o
colombiano Jackson Martínez a fazer um bom remate na sequência de um canto. O
final de jogo foi absolutamente frenético, com Quintero - voltou a sair do
banco, mais uma nota positiva para o treinador - a rematar uma bola ao poste e
Zapata a ficar perto do 1-1 por duas ocasiões. O jogo terminou com 1-0 e este
golo de Jackson poderá ser muito importante na eliminatória.
Foi a 1.ª vitória do Porto na Europa em 2013/ 2014,
em casa, e o facto da equipa portuguesa não ter sofrido golos hoje poderá
revelar-se determinante no desfecho do jogo em Nápoles. O meio-campo portista
voltou a estar bem, Jackson voltou a marcar e Hélton foi... Hélton.
Um bom jogo em Nápoles, no qual um golo marcado pelo Porto poderá deixar em aperto e a correr contra o relógio a equipa napolitana, poderá ajudar a que o futebol português consiga ter duas equipas nos quartos de final da Liga Europa. Não é a Champions, mas é o que se vai conseguindo.
Barba Por Fazer do Jogo: Hélton (Porto)
Outros Destaques: Carlos Eduardo, Defour, Jackson Martínez; Reina, Callejón