Nos jogos desta noite, não houve surpresas. Atlético e Bayern, favoritos nas suas eliminatórias à partida, e ainda mais depois dos resultados alcançados fora na 1.ª mão dos oitavos, carimbaram hoje a passagem para os quartos da Champions League. Para o Bayern, algo habitual, para o Atlético um regresso 17 anos depois.
Depois de na 1.ª mão Diego Costa ter selado a vitória em terras milanesas, hoje era de esperar um resultado positivo e mais confortável por parte da equipa de Simeone. E foi o que tivemos. Uma autêntica passagem de testemunho entre um histórico do futebol transalpino e europeu que já viveu claramente dias melhores e neste momento não é "equipa de Champions" e um Atlético, actualmente com um dos melhores plantéis da sua História, e que reúne condições para cimentar a sua posição enquanto uma das melhores equipas da actualidade nos próximos anos, caso consiga manter Simeone e o núcleo central.
Hoje havia ainda algumas pessoas a procurar o seu lugar e já o Atlético estava na frente do marcador. Gabi recuperou uma bola, conduziu-a até Koke e o extraordinário médio cruzou com conta, peso e medida, deixando Diego Costa - que se esticou todo e conseguiu inaugurar o marcador com 3 minutos jogados. Cruzamento perfeito, finalização acrobática. O Atlético continuou a controlar os acontecimentos, ainda ameaçou o 2-0 por Raúl Garcia, mas acabou por ser o Milan a empatar, deixando alguma indefinição momentânea na eliminatória. Poli cruzou uma bola para a área e Kaká cabeceou para a baliza. A bola foi desviada por Godín e traiu Courtois. Seguiu-se então o melhor período de jogo do Milan, com os jogadores de Seedorf galvanizados e esperançados. Kaká assumiu o jogo da equipa, mas foi do outro lado do campo, aos 41 minutos, que surgiu o momento decisivo do jogo e que acabou com a crença italiana. Depois de um passe longo, Raúl Garcia passou com o peito para o turco Arda Turan e o médio dominou e ajeitou a bola para um remate que só acabou "na gaveta". Se não tivesse sido desviado por um defesa milanês teria sido um golaço.
O Atlético, como sempre (pelo menos em jogos importantes) manteve enorme intensidade, Raúl Garcia continuou a procurar o golo, sempre com Gabi a orquestrar as acções da equipa e com Koke - um dos mais completos médios do planeta - a acrescentar sempre qualidade, e o 3-1 chegou aos 71'. Gabi (é sabido ser um excelente marcador de bolas paradas) colocou a bola a pingar na área e Raúl Garcia, que há muito se estava a mostrar "danado" para marcar, cabeceou para o 3-1. O Milan ainda conseguiu um lance de perigo, quando Robinho fez a bola bater na trave, mas até ao fim sucederam-se as mudanças de velocidade de Diego Costa a partir sistematicamente a defesa italiana. O Atlético geriu, podia ter feito nessa fase 2 ou 3 golos, mas fez apenas um: o 4-1 final. Sosa, já em campo nessa altura, combinou com Diego Costa e o avançado hispano-brasileiro fugiu aos defesas e rematou forte e rasteiro, com a bola a bater no poste antes de seguir para o fundo da baliza de Abbiati.
Quando uma eliminatória termina com um agregado de 5-1 não há nada a dizer. O Atlético está confiante, é uma das equipas mais ricas a nível táctico e físico do presente e tem um dos melhores treinadores da actualidade. Arda Turan, Gabi e Raúl Garcia estiveram todos em bom plano, sendo que Koke continua a demonstrar que, em condições normais teria que estar no 11 inicial de La Roja no Mundial. Faz tudo bem, decide bem nos tempos certos, pressiona, temporiza, passa com criatividade, roda sobre si mesmo e dribla uma equipa inteira com um movimento de corpo. Por fim, Diego Costa é invariavelmente o porta-estandarte desta equipa. O avançado, que será determinante para a Espanha neste Mundial (e daí também a importância que Del Bosque poderá encontrar em integrar Koke no onze) esteve novamente em destaque e marcou 3 dos 5 golos da eliminatória. Veremos se o Atlético o consegue aguentar no próximo Verão, uma vez que Mourinho certamente identificará Diego Costa (uma vez que Lewandowski que seria o outro candidato, já tem tudo acertado com o Bayern) como o avançado cujas características melhor serviriam o modelo dos blues.
Haja mais equipas como este Atlético Madrid e treinadores como Simeone. O futebol é bom assim.
Outros Destaques: Koke, Arda Turan, Gabi, Raúl Garcia; Kaká
Menos frenético que a 1.ª mão, menos empolgante, mas com o
mesmo número de golos marcados. Bayern e Arsenal encontraram-se na Baviera, mas
desta vez cada equipa marcou 1. Guardiola, ou leu mal o jogo ou quis de facto
gerir convicto de que o 2-0 fora daria conforto à equipa, uma vez que a equipa
de Munique teria ganho com a titularidade de Kroos e Müller e com a colocação
de Lahm a meio-campo, conjugada ainda para mais com a ausência de Wilshere.
A
1.ª parte não teve muita história. O Bayern foi senhor das incidências,
controlando o ritmo e acelerando - normalmente através de Robben, Ribéry ou
Alaba - quando quis. Os bávaros iniciaram o jogo tímidos, mas progressivamente
tomaram conta do jogo e somaram lances de perigo. Na primeira parte, Koscielny
e companhia voltaram a demonstrar a enorme valia desta defesa do Arsenal,
evitando que Robben marcasse por mais do que uma ocasião, sendo que também
Fabianski disse presente ao evitar que Götze fizesse o golo. O intervalo chegou
com o nulo, mas a segunda parte começou emotiva. Jogava-se o minuto 54 quando
Ribéry iniciou um dos seus movimentos característicos a partir do flanco
esquerdo, tendo soltado a bola no momento certo, com boa visão de jogo para um buraco da defesa do
Arsenal no qual Schweinsteiger surgiu. O médio alemão, um "monstro"
ao qual muitas vezes não é dado o devido valor, teve tempo para receber e
depois sim rematar, colocando o Bayern com uma vantagem de 3 golos na
eliminatória. Na resposta, quis ser figura o árbitro norueguês Svein Moen. Lahm
tinha a bola protegida, foi empurrado pelas costas por Podolski e o alemão
ficou em posição de fazer o golo, fuzilando Neuer. Com uma mãozinha do árbitro
o Arsenal conseguiu chegar ao empate, mas não quis desarmar a sua defesa,
mantendo-se coeso e respondendo bem às investidas do Bayern. Os alemães
construíram um bonito lance aos 69 com Schweinsteiger e Thiago a desenharem um
lance que terminou num cabeceamento de Mandzukic defendido por Fabianski. O
Bayern dispôs, bem perto do fim, de um penalty mas Müller viu Fabianski
defender o seu remate, agarrando a bola enquanto ela caprichosamente rodava
sobre a linha de golo, não entrando.
O
jogo de hoje não terá sido uma boa ilustração do verdadeiro poder do Bayern. O
Arsenal esteve em bom plano, defensivamente, e não é qualquer equipa hoje em
dia que se pode gabar de ter empatado em Munique. Pelo 2.º ano consecutivo o
Bayern elimina o Arsenal da Champions e, para isso, voltou a contribuir a
vitória em Emirates.
Barba Por Fazer do Jogo: Lukasz Fabianski (Arsenal)
Outros Destaques: Schweinsteiger, Robben; Koscielny, Oxlade-Chamberlain, Podolski
Ainda não se sabe por esta altura que confrontos gerará o sorteio dos quartos, nem definitivamente sabemos quem serão os 8 finalistas desta edição mas seria interessante que o sorteio ditasse, para gerar os mais interessantes encontros e choques de futebol: Real Madrid-PSG, Chelsea-Atlético, Bayern-Barcelona e Dortmund-Olympiakos/M.United.