Schalke 04 1 - 6 Real Madrid (Huntelaar 90+1'; Benzema 13' 57', Bale 21' 69', Ronaldo 52' 89')
E ao 25.º jogo em solo alemão, o Real Madrid conseguiu a
segunda vitória da sua História. E que vitória! Os merengues marcaram dois
golos no 1.º tempo e destruíram o Schalke com mais 4 golos na segunda parte -
uma exibição impressionante e perfeita, apenas beliscada já no tempo de compensação
por um prémio para os adeptos da casa que apoiaram a sua equipa até ao fim: um
golaço saído do pé direito do holandês Huntelaar. Já poucas dúvidas restam da
maior qualidade que este Real tem com Ancelotti ao leme (um treinador
"resultadista") e este festival terá sido claramente uma afirmação do
Real, uma espécie do "Eu estou aqui", de Ronaldo mas ampliado ao
colectivo, no que diz respeito à conquista da Champions onde muito
provavelmente este Real pode ser considerado a seguir ao Bayern a equipa com
maior probabilidade de erguer o troféu.
Ancelotti colocou em campo
aquele que parece ser por esta altura o seu melhor onze e viu o seu trio da
frente (Ronaldo, Benzema e Bale) espalhar bom futebol numa avalanche imparável.
O Schalke 04 tentou jogar de igual para igual - não se pode condenar uma equipa
que quer discutir o jogo atacando em sua casa - e o Real abriu o marcador aos
13 minutos. Tudo começou numa diagonal frenética de Gareth Bale. O galês
flectiu, combinou com Ronaldo e o português tentou servir o galês de calcanhar
mas, graças a um desvio, acabou por assistir sim Benzema. O Schalke procurou
responder de imediato e o talentoso Draxler viu Casillas negar-lhe o golo com
uma defesa incrível. Incrível foi também Bale aos 21'. Karim Benzema soltou a
bola para o galês no flanco direito e depois o fantástico jogador fez
gato-sapato da defesa do Schalke - entre 3 defesas delineou o seu caminho para
a baliza e rematou forte com a parte exterior do pé esquerdo para o golo. O
Schalke acusou colectivamente o 2-0 sofrido e começou a deixar um autêntico
"buraco" entre a sua defesa e o seu ataque, vendo-se Bale e Di María,
e sobretudo Cristiano Ronaldo, a testar a atenção de Fahrmann. O guarda-redes
fez o que pôde para adiar o golo da equipa de Madrid e o resultado chegou ao
intervalo num justíssimo 0-2.
A 2.ª parte, essa sim, foi
um verdadeiro testemunho da força deste Real Madrid. A equipa de Carlo
Ancelotti, com processos simples e visivelmente trabalhados, destruiu por
completo os alemães e nunca tirou o pé do acelerador. Bastaram mais 7 minutos
para Ronaldo surgir finalmente na ficha de jogo. Gareth Bale iniciou o lance no
flanco direito, descobriu no lado oposto o capitão da Selecção portuguesa e
Ronaldo - a mostrar que ainda arrisca e consegue ser letal no 1 para 1 - dançou
frente a Matip (chegou a dar alguma pena a forma como o jogador foi
ultrapassado) e desferiu um remate sem hipóteses.
Quem achava que o festival
iria parar por ali, rapidamente percebeu que não seria o caso. Benzema e
Ronaldo construíram o 4.º golo com tabelinhas sucessivas, terminando o lance
num passe soberbo de Ronaldo para o golo do francês. Manteve-se a toada com o
Real a mastigar o jogo e a ter a bola até "querer" acelerar e marcar,
e aos 69' foi a vez de Sergio Ramos fazer um brilhante passe, isolando Gareth
Bale (em ligeiro fora-de-jogo) que não vacilou e finalizou sem espinhas. O
último golo merengue estava
guardado para o minuto 89 quando o já entrado Isco recuperou uma bola, Benzema
não tardou em desmarcar Ronaldo e CR7 aguentou a carga de um defesa, tirou
Fahrmann do seu caminho e chegou aos 11 golos em 6 jogos de Champions -
ultrapassou Ibrahimovic e manteve-se num excelente caminho para bater o recorde
de golos numa época da competição. Até Howard Webb apitar para o final da
partida houve ainda tempo para os adeptos alemães (que mesmo vergados por
tantos golos continuaram a entoar cânticos) serem recompensados com o golo da
noite. Huntelaar, em resposta a um cruzamento atrasado de Fuchs, rematou uma
bomba sem deixar a bola cair, num golo para ver e rever.
Quando se tem Ronaldo e Bale
(e Benzema, embora os 2 primeiros tenham sido os dois grandes destaques do
jogo) tudo é mais fácil. Este Real é cada dia mais equipa, e Ancelotti -
bem-sucedido no Milan, Chelsea e PSG - está a afinar a máquina. A defesa esteve
assertiva (Carvajal é um lateral bastante subvalorizado e já no ano passado no
Leverkusen foi um dos melhores da Europa na sua posição; Marcelo hoje pareceu
não estar ainda a 100% fisicamente), Modric esteve extraordinário e está a
fazer este ano a melhor época da sua carreira; Di María esteve incansável
enquanto esteve em campo, a defender e a levar jogo para a frente. Gareth Bale
brilhou e, afinal de contas, foi para momentos como estes que ele trocou o Tottenham
pelo Real Madrid. Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo, jogou de acordo
com o estatuto que alcançou com o seu trabalho - marcou 2, assistiu 2 e
conseguiu mais uma exibição difícil de esquecer.
Barba Por Fazer do Jogo: Cristiano Ronaldo (Real Madrid)
Outros Destaques: Huntelaar; Ramos, Modric, Bale, Benzema
Galatasaray 1 - 1 Chelsea (Chedjou 65'; Torres 9')
Na Turquia o jogo foi bem menos espectacular e aconteceu o
que se poderia de alguma forma prever. O Chelsea não conseguiu ganhar e adiou a
decisão da eliminatória para Stamford Bridge. A impossibilidade de utilizar
Nemanja Matic - e os hábitos que a equipa já adquiriu com ele em campo - fez a
diferença na capacidade do Chelsea em encher o campo, e a equipa de Mourinho
acabou por falhar numa bola parada defensiva. O jogo teve o seu 1.º momento de
perigo numa desatenção de Muslera que Willian não aproveitou e aos 9 minutos já
o Chelsea gritava golo no inferno turco. Depois de uma bola recuperada a
meio-campo, Schürrle desmarcou Azpilicueta no flanco esquerdo e o lateral
espanhol assistiu magnificamente Fernando Torres para um desvio certeiro de El Nino. O jogo continuou com
mais intensidade do que propriamente bem jogado e no Chelsea foi-se assistindo
a um jogo muito apagado de Hazard, enquanto Willian e Ramires se evidenciavam
com os principais dinamizadores da equipa. O Galatasaray procurou o golo,
Drogba foi dando trabalho ao antigo colega de equipa John Terry e o Gala marcou
ainda na 1.ª parte mas viu o seu golo ser anulado por estarem 2 bolas em campo.
O segundo período de jogo
continuou com muitas faltas e o Galatasaray foi crescendo devagarinho. Aos 65'
os turcos acabaram mesmo por marcar. Sneijder bateu um canto do lado esquerdo e
a bola percorreu a área dos blues até
ser desviada pelo improvável Chedjou para o fundo das redes. Terrível abordagem
defensiva da equipa de Mourinho (que certamente terá ficado frustrado por
sofrer um golo naqueles termos) e Terry ficou mal na figura, ao deixar Chedjou
"escapar". O golo turco fez crescer o apoio dos seus fervorosos
adeptos e a equipa do Chelsea foi, de certo modo, engolida pelo ambiente. O
favorito Chelsea aguentou os restantes minutos de jogo sem sofrer e o único
lance de maior relevância acabou por ser um remate do lateral Alex Telles.
A decisão da eliminatória
ficou adiada para a 2.ª mão, sendo que o Chelsea parte ainda assim como
favorito mas precisará que as suas maiores estrelas - Hazard e Óscar (nessa
altura já estará em boa condição física) - façam a diferença.
Barba Por Fazer do Jogo: Aurélien Chedjou (Galatasaray)
Outros Destaques: Alex Telles; Azpilicueta, Torres