Manchester City 0 - 1 Chelsea (Ivanovic 52')
O jogo grande da jornada 24 da Premier League ditou uma surpresa - podia-se esperar que o Chelsea pontuasse em Etihad, mas poucos seriam os que acreditavam num Chelsea a sair vencedor e sem golos sofridos. O Chelsea de José Mourinho fez uma exibição impressionante, digna de equipa que quer e pode ficar no 1.º lugar, ao atestar mais que tudo que tem um colectivo muito unido, com mentalidade vencedora. O ADN Mourinho, chamemos-lhe assim. O treinador português não surpreendeu e fez o esperado - colocou Matic e David Luiz no duplo pivô, Ramires a falso extremo e apenas surpreendeu ao optar por Willian deixando Óscar no banco. Pellegrini não teve Agüero e Fernandinho e, face à ausência do último, escolheu Demichelis ao lado de Yaya Touré no meio-campo.
A partida arrancou com mais iniciativa do Manchester City, muita intensidade e poucos lances dignos de registo. Kolarov foi o 1.º a criar perigo ao fazer um grande cruzamento ao qual Yaya Touré não chegou por pouco. Yaya Touré foi-se mantendo como o mais activo dos citizens e voltou a ameaçar com um remate de meia distância, mas que bastou a Cech acompanhar com olhar atento. O Chelsea não estava "com autocarro" e foi-se galvanizando com Eden Hazard a ganhar todos os duelos individuais em 1 para 1, pondo a defesa do City em sentido e em total desacerto com as suas movimentações da esquerda para o centro. Embora fosse o City a ter mais bola, acabou por ser o Chelsea a ter uma oportunidade gigantesca para inaugurar o marcador: saída em transição de 4 para 1 na qual Willian decidiu mal e Ramires rematou para defesa de Hart (se Ramires tivesse deixado Hazard explorar o espaço, provavelmente teria sido golo). Mas aos 31' o Chelsea marcou mesmo, o único golo do jogo. Hazard provocou o desequilíbrio, Ramires procurou o golo e a bola sobrou para a entrada da área de onde Branislav Ivanovic rematou um tiro de pé esquerdo. O City acusou o golo, continuou com o seu meio-campo engolido e até ao intervalo foi o Chelsea a ficar perto de aumentar: Hazard foi quebra-cabeças na esquerda e cruzou para Eto'o com o camaronês a rematar fortíssimo ao poste.
As equipas voltaram para os segundos 45 e esperava-se muita emoção. E o jogo - mais um para a colecção de jogos marcantes de Mourinho - não desiludiu. Nemanja Matic foi o primeiro a colocar os adeptos do City com o coração na boca aos 54' quando recuperou uma bola e rematou de muito longe. A bola acertou no vértice de união entre o poste e a barra. Era um golo do outro mundo. Pellegrini trocou Negredo (não fez literalmente nada no jogo) por Jovetic, mas foi o Chelsea a ficar perto do golo outra vez - Willian marcou um canto e Cahill cabeceou ao poste. No quarto de hora final o Manchester City fez o seu pressing final e Petr Cech brilhou em duas intervenções, primeiro a defender um excelente livre de David Silva e no final a evitar um bom golo de Jovetic. O Chelsea somou 3 pontos em casa do rival e claro favorito à conquista do título, igualando-o na tabela - estão ambos com 53 pontos, 2 a menos que o Arsenal. Para a História deste campeonato fica para já o facto do Chelsea ter ganho os dois jogos ao City, sendo sem dúvida superior desta vez em casa do adversário.
Hoje faltou o pulmão e inteligência de Fernandinho no meio-campo, faltou Agüero a explorar o espaço entre a defesa e a dupla David Luiz-Matic e o City podia ter perdido por mais golos, visto que o Chelsea acertou por 3 vezes nos postes (Eto'o, Matic e Cahill). O Chelsea fez uma exibição "à Mourinho", com enorme organização, inteligência, competitividade e muito suor. Ivanovic apareceu, como é seu hábito, num jogo grande, Cahill foi gigante no centro da defesa e Willian justificou totalmente a titularidade. David Luiz e Matic fizeram ambos um jogo para mais tarde recordar, asfixiando o meio-campo adversário e fazendo quase tudo bem. Matic - ao contrário de Javi García - está talhado para a velocidade/ intensidade da liga inglesa e rapidamente se tornará uma referência na sua posição em terras de Sua Majestade. Por fim, Eden Hazard esteve "monstruoso". O extremo belga, a ser trabalhado por Mourinho, fez o que quis do adversário, ganhou quase todos os lances em que arriscou, decidiu sempre bem e revelou uma confiança assustadora.
José Mourinho conseguiu que a sua equipa deixasse hoje uma excelente mensagem, não deixando o City fugir e aumentando as suas hipóteses de se sagrar campeão com este Chelsea. A moral estará em alta depois deste jogo e resta acrescentar que o Chelsea receberá ainda Arsenal, Everton e Tottenham, deslocando-se apenas a Anfield. O Liverpool terá já uma palavra a dizer sobre o título na próxima jornada uma vez que recebe o Arsenal e em caso de vitória pode ajudar, no próximo fim-de-semana, Chelsea e City.
Palavra final para a qualidade da Premier League enquanto espectáculo: Mike Dean, um dos melhores árbitros da actualidade, pouco falhou (ficou por mostrar um vermelho a Nastasic nos últimos minutos uma vez que Óscar ficaria totalmente isolado) e é bom ver o respeito entre jogadores. Hoje Jovetic entrou e Ivanovic cumprimentou-o de pronto, dando-lhe as "boas-vindas" ao campo, algo que já se tinha visto no último City-Cardiff quando Yaya Touré e Kolarov esqueceram e bem por momentos as camisolas e cumprimentaram Bellamy quando este entrou no recinto.
Barba Por Fazer do Jogo: Eden Hazard (Chelsea)
Outros Destaques: Yaya Touré; Ivanovic, Cahill, David Luiz, Matic, Willian