Esta noite jogaram-se os primeiros 2 jogos da 1.ª mão dos oitavos de final da prova milionária, a UEFA Champions League. Assistimos a 2 jogos bem diferentes, um deles entre City e Barcelona no qual se esperava equilíbrio entre duas equipas bem distintas embora com uma qualidade com bola igualável por poucos, enquanto que na Alemanha a esmagadora diferença qualitativa entre Leverkusen e PSG traduziu-se... no resultado.
Manchester City 0 - 2 Barcelona (Messi (pen.) 54', Dani Alves 90')
Manchester City 0 - 2 Barcelona (Messi (pen.) 54', Dani Alves 90')
Qualquer pessoa que goste de futebol terá ficado contente
quando o sorteio dos oitavos ditou um Manchester City-Barcelona. Ok, Pellegrini
deve gostar de futebol e não ficou contente. Adiante. Esta noite no Etihad
Stadium, em Manchester, encontraram-se 2 das melhores equipas do planeta na
actualidade. Poder-se-ia inclusive dizer que, muito provavelmente, juntamente
com o Real Madrid e (todos estes três) abaixo do Bayern, formam o quarteto das
equipas mais poderosas no panorama actual. Para o jogo de hoje Pellegrini
colocou em campo um onze inteligente. Soltou David Silva no apoio a Negredo,
deixou Kolarov avançado no flanco esquerdo para conter as subidas de Dani Alves
e voltou a ter Fernandinho ao lado de Yaya Touré. Na teoria havia capacidade
para ombrear com o Barcelona, na prática não.
O Barça tomou conta do jogo
a partir do apito inicial e perto do quarto de hora de jogo contava
aproximadamente 75% de posse de bola. Com um Yaya Touré inexplicavelmente
tímido (parece ter estranho defrontar a ex-equipa) mas David Silva a querer
bater-se com os amigos de La
Roja, foi precisamente o criativo espanhol a construir o 1.º lance de
perigo aos 19'. Silva isolou Negredo entre os centrais e o avançado ficou perto
de marcar. Sucederam-se alguns minutos que acabaram por ser o melhor período do
City no jogo. Embora longe da intensidade e criatividade habituais, com
mudanças de velocidade em bloco e muita troca de bola de 1.ª, o City
galvanizou-se e criou algum perigo, tendo Valdés (nem sempre da forma mais
ortodoxa) servido para as encomendas. O marcador chegou ao intervalo a zeros,
num jogo abaixo das expectativas.
O 2.º tempo iniciou-se
novamente com o Barça a fazer o meio-campo do City correr. Os blaugrana encostaram o
City e acomodaram-se no meio-campo da equipa da casa e foram ganhando progressivamente
o controlo do jogo ao cavar um fosso entre o duplo pivô (Fernandinho-Yaya) e a
dupla mais solta (Silva & Negredo). Aos 54' o tabuleiro pendeu finalmente
para um dos lados: Lionel Messi ficou isolado e, no caminho para a baliza, foi
travado por Demichelis na grande área. Conclusão: Demichelis expulso e golo de
Messi da marca de grande penalidade. O Manchester City acusou o golo, parecendo
acreditar ainda menos e revelando mais uma vez pouca força europeia, embora
Nasri tenha entrado bem no jogo. O médio francês entrou juntamente com Lescott,
substituindo Navas e Kolarov - o City voltou a ter 2 centrais, passo a ter
Nasri com a mesma garra de Silva no ataque, mas perdeu o "polícia" de
Dani Alves e mais tarde veio a pagar por isso. Dani Alves passou a ser o
denominador comum a todos os momentos de perigo do Barça: criou um lance para
Xavi, ficou a milímetros de marcar numa incursão individual, e do outro lado o
City só ameaçava quando Nasri ou Silva colocavam alguma velocidade, mas mal
apoiados.
Aos 90 minutos o Barcelona
sentenciou muito provavelmente a eliminatória. Dani Alves aventurou-se mais uma
vez pela direita, combinou bem com o compatriota Neymar e finalizou sem
problemas.
Ainda não é este ano que o
Manchester City dá o passo em frente a nível europeu, sendo que em Barcelona os
catalães deverão voltar a dominar. Hoje Agüero fez muita falta, uma vez que
seria o jogador perfeito para colocar a defesa do Barcelona em sentido e Yaya
Touré - embora tenha estado em campo - não pareceu, tal a falta de intensidade
que apresentou, comparativamente com o que é habitual em si. Clichy fez um jogo
péssimo e apenas Zabaleta, Silva, Nasri e Kompany (Messi não fez mais por
mérito seu) tiveram nota positiva. O Barcelona foi dono da bola, teve o jogo na
mão a partir da expulsão de Demichelis e viu Dani Alves crescer a partir da
saída de Kolarov. O vagabundo Fábregas
(tacticamente Martino deixa-o percorrer caminhos onde jogava na Espanha de
Aragonés) poderá ser importante na 2.ª mão e quando se tem jogadores como
Iniesta e Messi tudo é mais simples.
Barba Por Fazer do Jogo: Dani Alves (Barcelona)
Outros Destaques: Kompany, Silva; Iniesta, Fábregas, Messi
Barba Por Fazer do Jogo: Zlatan Ibrahimovic (PSG)
Em Leverkusen era esperada uma vitória fácil do PSG e foi o
que aconteceu. Embora este Leverkusen seja 2.º classificado na Bundesliga
(apenas e só porque o Dortmund tem sido sucessivamente castigado com lesões de
jogadores-chave), era previsível que o PSG - talvez a equipa que após o
investimento bruto que fez (e nós aqui no BPF somos tendencialmente contra
essas equipas que emergem a partir do nada) mais rapidamente se tornou sólida e
uma verdadeira equipa - tivesse uma noite tranquila. Talvez não fosse de
esperar, no entanto, tamanha apatia alemã e tamanho poderio e coesão
parisiense.
Foram precisos 3 minutos
para o marcador mudar em Leverkusen. A jogada iniciou-se no flanco direito com
a bola a ir parar aos pés do pequeno Verratti. Coube então ao italiano
descobrir a desmarcação de Matuidi que, sem dificuldades, fez o 1-0. A
milionária equipa de França continuou a pressionar alto, com uma exibição
perfeita do trio de meio-campo (Motta, Verratti e Matuidi) e Ibrahimovic deu o
1.º sinal de que queria também escrever o seu nome na ficha de jogo aos 11
minutos - Leno não estava na baliza mas um defesa bloqueou o remate do avançado
sueco. O jogo amainou a nível de lances de perigo, embora continuasse a deliciar
qualquer adepto com a capacidade de Verratti de rodar no meio-campo e fazer
alguns passes longos parecerem "canja", enquanto Thiago Motta ia
lendo o jogo como ninguém e Lucas ia provando que está cada vez mais
"europeu", estando a crescer muito esta época e tornando-se mais
completo e concentrado. Nos minutos finais da 1.ª parte, Zlatan resolveu o jogo
e a eliminatória. Aos 39' Lavezzi ganhou uma grande penalidade e Ibrahimovic
não vacilou fazendo o 2-0. Três minutos depois foi a vez de Matuidi dar a bola
ao sueco à entrada da área e Ibrahimovic disparou um míssil que só acabou no
canto superior da baliza alemã. Golo incrível, jogador incrível. Ibra chegou
assim aos 10 golos em 6 jogos em que esteve envolvido nesta Champions, sendo
que Cristiano Ronaldo já tem agora um novo amigo para ultrapassar.
Para a 2.ª parte o
Leverkusen trouxe alguma energia, Reinartz deu alguma qualidade ao meio-campo
defensivo germânico, mas Spahic tratou de deixar o jogo ainda mais
desequilibrado quando viu o 2.º amarelo. O jogo foi decorrendo, num domínio
completo da equipa de Paris e enquanto já alguns adeptos já abandonavam o
recinto, Matuidi (justamente ovacionado pelos seus adeptos presentes em
Leverkusen) deu o lugar a Cabaye. O médio ex-Newcastle ainda foi a tempo de marcar
um bom golo aos 88' fechando o activo. A jogada iniciou-se em Ibrahimovic com o
avançado a desmarcar Maxwell no flanco esquerdo. Maxwell cruzou fazendo a bola
chegar a Lucas e o brasileiro colocou a bola ao jeito do remate de Yohan
Cabaye. Há equipas assim: com Motta, Matuidi e Verratti no onze, mas com Cabaye
e Pastore no banco e Cavani ausente.
O PSG fez um jogo perfeito,
dominou em todos os capítulos, e teve a sua força assente em 2 elementos:
Zlatan Ibrahimovic e o trio de meio-campo. Thiago Silva foi o patrão da defesa
(como é habitual) e na 2.ª mão podemos esperar nova vitória. Seria interessante
para o crescimento deste PSG que o sorteio dos quartos de final ditasse um
PSG-Real Madrid.
Barba Por Fazer do Jogo: Zlatan Ibrahimovic (PSG)
Outros Destaques: Reinartz; Thiago Silva, Thiago Motta, Matuidi, Verratti