7 de junho de 2018

Barba no Mundial: Os Nossos 23 (Brasil)

Como cresceu este Brasil... Depois de há quatro anos a selecção canarinha ter caído com estrondo nas meias-finais (derrota gravada na História dos mundiais, com a Alemanha a atropelar a equipa de Scolari por 7-1 em Belo Horizonte), o Brasil reergueu-se e surge neste Mundial 2018 como um dos três principais candidatos ao título.
    Recordista de mundiais (5), o Brasil tem hoje um elenco bastante superior ao de 2014 e, sobretudo, um melhor comandante. Depois de vários anos entregue à velha guarda do futebol brasileiro (Scolari, Dunga, etc.), o escrete encontrou em Tite o treinador mais europeu do Brasil. O ex-Corinthians dotou a equipa de um equilíbrio que há muito não se via; e é aos 57 anos um treinador sábio e o homem certo no lugar certo.
    A qualificação arrasadora, no sempre difícil grupo partilhado com selecções como a Argentina, o Uruguai, o Chile e a Colômbia, impressionou. Afinal de contas, foram 41 pontos e 41 golos em dezoito jogos. Doze vitórias, cinco empates e apenas uma derrota (ocorrida em 2015 ainda sob a tutela de Dunga), deixando o 2.º classificado Uruguai a 10 pontos de distância e conseguindo uma diferença de golos (+30) dez vezes superior à rival Argentina.
    Na Rússia, o Brasil terá pela frente Suiça, Sérvia e Costa Rica, reunindo todas as condições para ficar em primeiro lugar. Mais importante: se a equipa de Tite ficar em primeiro, e as selecções da Alemanha e da Espanha também garantirem a pole position nos seus grupos, um potencial encontro do Brasil com um destes dois colossos só aconteceria... na final.

    Tite escolheu bem o seu elenco, e são poucas as alterações que fazemos em relação à fórmula de 23 jogadores que o Brasil apresentará em solo russo. Ainda assim, teríamos escolhido:


A Convocatória


  • Guarda-Redes: Alisson (Roma), Ederson (Manchester City), Neto (Valência)
  • Defesas: Fabinho (Liverpool), Fágner (Corinthians), Thiago Silva (PSG), Miranda (Inter Milan), Marquinhos (PSG), David Luiz (Chelsea), Marcelo (Real Madrid), Alex Sandro (Juventus)
  • Médios: Casemiro (Real Madrid), Fernandinho (Manchester City), Paulinho (Barcelona), Fred (Shakhtar Donetsk), Anderson Talisca (Besiktas), Coutinho (Barcelona)
  • Extremos: Neymar (PSG), Willian (Chelsea), Douglas Costa (Juventus)
  • Avançados: Roberto Firmino (Liverpool), Gabriel Jesus (Manchester City), Jonas (Benfica)
Lista de Contenção: Vanderlei (Santos), Danilo (Manchester City), Geromel (Grémio), Arthur (Grémio), Taison (Shakhtar Donetsk), Malcom (Bordéus), Luan (Grémio)

    Um luxo. Há 4 anos o Brasil jogava diante dos seus adeptos e tinha como opções para a baliza Júlio César, Jefferson e Victor. Hoje, a baliza será disputada por dois dos melhores guarda-redes do futebol europeu - Ederson (Manchester City) e Alisson (Roma). E o mais provável é mesmo ser o guardião da equipa romana o titular. Tite leva Cássio, experiente atleta do Corinthians, nós optávamos por Neto. E até colocávamos Vanderlei à frente de Cássio.

    Na defesa, Dani Alves é a grande baixa. Na estrutura escolhida por Tite, aumentam as despesas de Marcelo em termos de provocação de desequilíbrios e de Danilo (não o escolhemos), mais provável substituto do jogador do PSG, que falha aquela que iria ser a sua última grande competição.
    Para a direita, considerámos Fágner, embora entregássemos a titularidade a um jogador ao qual Tite não confiou um lugar no avião: Fabinho. Recentemente contratado pelo Liverpool, o médio do Mónaco é um jogador muito inteligente, um perfeccionista táctico que já jogou em diversas ocasiões a lateral-direito, e seria quanto a nós a melhor alternativa a Dani Alves rumo a um Brasil equilibrado.
    No centro da defesa, é absolutamente indiscutível a convocatória de Thiago Silva, Miranda e Marquinhos. A dúvida presta-se apenas com a escolha da melhor dupla a partir deste trio. Tite chamou Geromel (actualmente um dos melhores defesas do campeonato brasileiro), mas nós preferíamos David Luiz. O central do Chelsea jogou pouco esta época, é certo, mas apenas por teimosia de Antonio Conte; basta recordar o extraordinário nível que apresentou na Premier League 2016/ 17...
    À esquerda, Marcelo - provavelmente o melhor do mundo na sua posição - ganha a toda a concorrência. Deixando inclusive fora da contenção sequer um super-jogador como Alex Telles, Filipe Luís foi o escolhido pelo seleccionador, embora connosco a escolha recaísse em Alex Sandro.

    No meio-campo é muito bom sinal quando pensamos que o Brasil poderá, em jogos mais taco-a-taco, apresentar um meio-campo com 1 médio do Real Madrid, 1 do Barcelona e 1 do Manchester City. Tratando-se inclusive de três titulares nos seus clubes. Casemiro, Paulinho e Fernandinho são garantia da versão mais europeia deste Brasil, permitindo ao país dos 207 milhões de habitantes maior controlo dos jogos. No entanto, há ainda Fred. À Russia vai também Renato Augusto, uma vaga que connosco estaria garantida graças à polivalência de Fabinho. Depois, há Coutinho. O craque do Barcelona é uma das principais diferenças para a equipa de 2014 - nessa altura já havia Neymar, com 22 anos, mas nem Hulk nem Óscar (à época os principais apoios ofensivos do camisola 10) tinham a qualidade e capacidade de decidir dos jogos que tem o ex-Liverpool. A rematar, e precisamente graças à sua capacidade de remate, incluiríamos também Anderson Talisca. O médio do Besiktas, prestes a embarcar numa equipa de nomeada, não é um jogador muito "fácil" por só encaixar em determinados contextos, e devendo ser cada vez mais encarado quase como um avançado e não como um médio, tratando-se sim dum híbrido, era um nome que fazia sentido na lista face às suas características.

    Para a frente, há pouco a dizer. Quem tem Neymar tem um dos melhores do mundo, e quem tem Douglas Costa e Willian tem garantida a capacidade de "partir" adversários, podendo potenciar transições e tendo craques para mudarem jogos a partir do banco. Ao Mundial vai também Taison, uma chamada tal como seria a de Malcom, que faz sentido.
    Por fim, Tite chamou Roberto Firmino e Gabriel Jesus, fechando logo aí o sector mais avançado do terreno. A nós parece-nos mais do que justo incluir também o goleador máximo da Liga NOS, Jonas (34 anos e 34 golos), uma possibilidade que fica aberta graças à polivalência de Fabinho e à não-convocatória de Renato Augusto.
    Tudo somado, apenas cinco alterações face às escolhas do seleccionador brasileiro: escolhemos Neto, Fabinho, David Luiz, Talisca e Jonas para os lugares de Cássio, Danilo, Geromel, Renato Augusto e Taison.


O Onze

    Com um "23" de luxo, Tite tem duas hipóteses a nível de abordagem. Mudando um jogador do onze-base, poderá oscilar entre um 4-3-3 mais clássico, com um miolo operário pronto para batalhar contra as maiores equipas, ou jogar mais solto, em jogos em que tenha o estatuto de claro favorito, num 4-2-3-1 de quem quer imprimir maior dinâmica e sabe que pode correr mais riscos.
    Alisson será, com 90% de certezas, o titular na competição vindoura. Não nos choca, mas connosco o titular seria Ederson.
    Na defesa, apenas uma diferença face ao que Tite irá eleger como seu quarteto defensivo. Se houvesse Dani Alves seria natural primeira escolha, mas a sua lesão faz-nos optar por Fabinho (não convocado na realidade), quando a posição deverá ficar entregue a Danilo (não convocado por nós). A esquerda é toda de Marcelo, e a nossa dupla de centrais seria formada por Thiago Silva e Miranda. Nas contas de Tite, não é de excluir a coexistência de Marquinhos com um destes dois, embora Silva-Miranda seja a dupla mais lógica também.

    Avançando no terreno, o nosso Brasil guarda Casemiro para os jogos mais complicados, optando por entregar o sector mais suado a Fernandinho e Paulinho. Esta opção, facilitada pela nuance táctica de Coutinho estar habituado a baixar em diversos momentos para ser o 3.º elemento do meio-campo, permite estruturar uma linha de 3 com brutal criatividade e técnica. Willian à direita, Coutinho ao centro, Neymar à esquerda... Porquê Willian e porque não Douglas Costa? Apenas e só porque acreditamos que o extremo da Juventus seja um jóker mais valioso ao ser introduzido no decorrer das partidas.
    À frente, diríamos que Gabriel Jesus parte na frente para ser titular na Rússia face à sua excelente qualificação e ao facto de ser visto por muitos como o legítimo herdeiro de Ronaldo "Fenómeno". A nossa primeira opção seria Roberto Firmino, pelo carácter solidário para com os colegas, ajudando a crescer o futebol de todos à sua volta, e pela extraordinária que realizou. Mas, claro está, gostaríamos de ver, neste nosso cenário hipotético, não-titulares como Gabriel Jesus, Douglas Costa (sobretudo estes dois) e Fred com bastantes minutos.




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