17 de junho de 2012

Euro 2012: Rep.Checa-Polónia | Grécia-Rússia

Olha os gregos, olha... A chegarem à fase a eliminar após uma vitória por 1-0. Que cliché... E os checos, han? Muita bem Ondrej! Muita bem! O Ondrej é um nosso amigo checo. Ok, é apenas um checo com quem jogámos nos nossos tempos do Sparta de Praga, que é como quem diz, na Cidade Universitária. Um dia cheio de surpresas (nós esperávamos Rússia e Polónia a seguir em frente). Que amanhã a surpresa seja Portugal golear a Holanda em vez de ganhar "apenas". Não, não vamos dizer "que a surpresa seja o Ronaldo marcar" porque nós não entramos nessa onda anti-Ronaldo gigante. Força Ronaldo! Nós tomamos conta da Irina, não te preocupes.

Rep.Checa 1 - 0 Polónia

     Para nós, foi uma pena. Gostávamos da Polónia. Gostávamos de Lewandowski, Kuba, Piszczek, Obraniak e companhia. Gostávamos da entrega e do coração com que jogavam. Mas no futebol não se pode jogar apenas com a emoção. Há que ter cabeça. Pensar melhor o jogo. Isso a Polónia não teve e daí ter sido eliminada hoje pela organizada República Checa. A primeira parte foi de total domínio polaco. A selecção da casa partiu para cima dos checos sem pedir licença. Lewandowski aos 10 minutos devia ter inaugurado o marcador, mas não o fez. Polanski fez um grande passe desmarcando o número 9 polaco e este, em excelente posição, mandou ao lado. Depois, Polanski numa jogada individual rematou por cima. Os checos só causavam perigo quando a bola ia para Selassie ou para Pilar. Os únicos capazes de atrapalhar a defesa polaca. Boenisch começava a surgir bem na defesa, mas também no ataque. Grande remate à entrada da área a obrigar Cech a ir ao chão. Tyton teve muito pouco trabalho na primeira parte muito por culpa da ausência de Rosicky. Os checos não estavam a conseguir sair a jogar. O facto de bastar um empate para se apurarem também fazia com que não arriscassem muito. Contudo, Karagounis marcou à Rússia antes do intervalo e isto fazia com que a Rep. Checa e Polónia estivessem eliminadas.
    O golo de Karagounis à Rússia mudou completamente a abordagem ao jogo por parte dos checos. E a partir da segunda parte não houve mais Polónia. Pilar começou a ganhar maior destaque e era uma constante dor de cabeça para Piszczek. Porém, não era apenas o pequeno Messi checo a aparecer. Sivok e Jirácek também começaram a mexer mais com o jogo. O estilo de contenção continuava, porém, havia maior querer no ataque por parte da equipa checa. E o golo acabaria por surgir. Numa altura em que a Polónia errava imensos passes, um deles resultou num contra-golpe mortífero.  Hübschman conduziu o ataque, deu para Milan Baros, o experiente avançado esperou pelo apoio de Jirácek, deu-lhe a bola e o apaixonado jogador checo simulou um remate tirando um jogador polaco do caminho e rematou para dentro da baliza do Tyton. O golo colocava a equipa de Bilek nos quartos-de-final e a Rússia fora do Euro. Como as coisas mudam tão rápido... A Polónia passou a jogar com demasiado coração que em nada resultava. As más mexidas de Smuda não ajudaram em nada. Não havia um lance de grande perigo para Petr Cech tamanha era a desorganização... Nos últimos 10 minutos, os jogadores polacos ainda fizeram um forcing final como que dizendo "Se eu não passo, tu também não passas!" - todos invejosos. E o golo quase surgiu no último minuto do jogo com Sivok a salvar na linha de golo! Era, de facto, frustrante para os checos se este golo entrasse mesmo.
    Não foi um jogo extremamente bem jogado. Longe disso. Teve demasiado coração e pouca cabeça, principalmente do lado da Polónia. Nós gostávamos da Polónia, mas não chega entregarem-se de corpo e alma ao jogo. É preciso mais. Hoje os destaques vão para o lateral Selassie, que fartou-se de correr e de criar perigo no ataque. Sivok fez um jogo consistente. Hübschman organizava o meio campo da melhor maneira. Jirácek foi sempre um jogador extremamente raçudo e nunca deu uma bola por perdida. Pilar foi o homem do jogo. Jogou e fez jogar. Que grande jogador este pequeno do Wolfsburg. Do lado da Polónia... Poucos merecem nota positiva. Kuba e Obraniak pela boa primeira parte (sobretudo o primeiro). E por fim, Polanski... Talvez o melhor jogador durante todo o jogo do lado polaco.

Ficha de jogo
Rep.Checa: Cech; Selassie, Sivok, Kadlec, Limbersky; Hübschman, Plasil, Kolar, Jirácek (Rajtoral), Pilar (Rezek); Baros (Pekhart).
Polónia: Tyton; Piszczek, Wasilewski, Perquis, Boenisch; Dudka, Polanski (Grosicki), Murawski (Mierzejewski), Obraniak (Brozek), Kuba; Lewandowski.
Golos: 1-0 72' Jirácek.
Destaques: Pilar, Selassie, Hübschman, Jirácek; Polanski, Kuba.
"Barba Por Fazer" do Jogo: Vaclav Pilar (República Checa).




Grécia 1 – 0 Rússia


Sim, é verdade, os gregos outra vez. Se as qualificações para os quartos-de-final espelharem o actual panorama económico europeu, meus amigos, amanhã estamos em festa. Os espanhóis fartam-se de jogar à bola, os gregos qualificam-se. Só faltamos nós.
    Hoje, no entanto, um português já rejubila nos quartos – o Fernando. Foi pelo Fernando Santos que a Grécia começou a ganhar este jogo. Porquê? Porque o Fernando percebeu que os 3 golos sofridos pela Grécia tinham tido todos o mau envolvimento do lateral-esquerdo Holebas. Holebas ficou no banco (só entrou no fim) e a Grécia não sofreu golos hoje.
    O jogo começou a um ritmo razoável e Katsouranis ameaçou o golo logo aos 6 minutos. Uma daquelas aparições ao primeiro poste, como ele fazia no Benfica, só que Malafeev defendeu. Nos minutos seguintes, forte resposta russa com, entre vários lances de perigo, destaque para um remate de Kerzhakov que daria um grande golo. Eram os russos que tinham a bola, mas eram os gregos (lembrando-nos a Grécia de 2004) que se defendiam como podiam e adiavam o golo russo ao máximo. E foi já em tempo de descontos da primeira parte que, não havendo Charisteas como em 2004, o pequeno grande Karagounis foi lá à frente, aproveitou um erro da defesa russa e rematou forte, colocando inesperadamente a Grécia na frente.
    Ao intervalo, Dick Advocaat foi um verdadeiro dick (não foi um pénis, foi um estúpido) e retirou Kerzhakov, trocando-o por Pavlyuchenko. O problema russo, durante todo o jogo foi sim a falta de Zyryanov, deitando por terra a dinâmica habitual de meio-campo.
    E pronto, os gregos já estavam a ganhar, e os russos queriam marcar. Mas, no início da 2ª parte não estavam desesperados por isso porque como o Rep.Checa-Polónia estava 0-0, naquele momento parecia a Rússia em 1º e a Grécia em 2º. E os russos lá iam tentando. Denisov de longe, Shirokov e Dzagoev (muito desinspirados hoje, para azar dos Czares), enquanto que os gregos procuravam defender com tudo e sair em transição colocando a bola em Samaras, que ia brincando com Anyukov. Aos 61 minutos, Karagounis foi tocado na área. Talvez o Giorgos tenha provocado o contacto, mas julgo que seria penalty. O rapaz até jurou pela pátria e por Deus que não tinha simulado. Só lhe faltou a família para referir todos os valores salazaristas. Nesse momento tive um dejá-vu do passado benfiquista, observando Karagounis, Katsouranis e Fernando Santos a serem “fanados”. Mas, apesar de ser estranho, a Grécia voltou a ficar muito perto do golo. Num livre directo, Tzavellas rematou ao poste. E poucos minutos a seguir, a República Checa marcava por Jirásek e os russos hão-de ter tido o momento “oooiii, espera aí que estamos fora! Temos que fazer alguma coisa” (ler com sotaque russo).
    Mas a verdade é que, até final, a Rússia até mais com o coração do que com a cabeça, o que não é nada comum nesta selecção e na Grécia Sifakis, Papastathoupoulos, Papadopoulos e todos esses jovens de extensos nomes faziam tudo para evitar o golo. O único lance relevante dos russos acabou por ser um cabeceamento de Dzagoev, após cruzamento do capitão Arshavin, que passou ligeiramente ao lado.
Surpreendentemente, pelo menos para nós, os russos (uma das equipas com uma ideia de jogo mais definida neste Euro) ficaram de fora e a Grécia conseguiu seguir em frente jogando “à Grécia”. Os gregos ficaram no 2º lugar do Grupo A e, se no Grupo B ficar Alemanha em 1º e Portugal em 2º, poderemos esperar por um Alemanha-Grécia nos quartos-de-final. Para esse jogo, uma das más notícias para a Grécia, seja contra Alemanha, Portugal ou outra equipa, os gregos não poderão contar com Karagounis (suspenso).
    Na Rússia é difícil destacar alguém hoje. Zhirkov e Dzagoev batalharam mas cometendo muitos erros e o único jogador que acabou por ter uma prestação mais homogénea foi Denisov. Na Grécia, o elogio maior vai para Karagounis. Aos 35 anos, no jogo em que igualou Zagorakis com 120 internacionalizações, Karagounis marcou e colocou a sua Grécia nos quartos. É uma pena que não jogue naquele que poderá ser o último jogo dos gregos, mas com a Grécia nunca se sabe, como vimos hoje. De resto, enorme jogo de Torosidis e Tzavellas, tal como Samaras, Katsouranis e o próprio guarda-redes Sifakis que, desde que conquistou a baliza, ainda não sofreu golos.

Ficha de jogo
Grécia: Sifakis; Torosidis, Papastathopoulos, K.Papadopoulos, Tzavellas; Maniatis, Katsouranis, Karagounis (Makos); Samaras, Salpingidis (Ninis), Gekas (Holebas).
Rússia: Malafeev; Anyukov (Izmailov), Ignashevich, A.Berezutskiy, Zhirkov; Denisov, Shirokov, Glushakov (Pogrebnyak); Dzagoev, Arshavin, Kerzhakov (Pavlyuchenko).
Golos: 1-0 45'+2 Karagounis.
Destaques: Sifakis, Torosidis, Tzavellas, Katsouranis, Karagounis, Samaras; Denisov.
"Barba Por Fazer" do Jogo: Giorgos Karagounis (Grécia)


MP. TM.

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