Tal como prometido e começado ontem, hoje damos sequência à análise e antevisão de outro dos 4 grupos do Euro 2012, o Grupo B ou “grupo da morte” no qual Portugal está inserido. Composto por uma super-Alemanha (3ª classificada do último Mundial e finalista do Euro 2008) e por uma Holanda (melhor ataque da qualificação para este europeu e finalista do Mundial 2010), a nossa selecção e uma Dinamarca que ficou á nossa frente na fase de qualificação. Um grupo que se deve decidir mesmo na última jornada, dia 17 de Junho. Vamos deixar tudo para a última, "à tuga", como sempre.
GRUPO B
Considerando a distribuição das várias selecções pelos potes, aquando do sorteio, dificilmente se poderia pensar que Portugal, Holanda e Alemanha teriam o azar de se juntarem as 4 selecções no mesmo grupo. A título pessoal, considero que a Alemanha e a Holanda estão entre as 3 selecções europeias com opções ofensivas mais interessantes e variadas (juntamente com a Espanha) mas, como português convicto, crente mas também racional, acredito que Portugal pode passar este grupo. Em todo o caso a existência deste grupo significará invariavelmente que entre van Persie, Ronaldo e Özil, pelo menos um não estará certamente nos quartos-de-final. Digo “pelo menos um” por respeito à Dinamarca, que também tem que ser minimamente tida em conta.
Apostando em quem seguirá em frente neste grupo, a Alemanha surge como o principal favorito. O 2º lugar ficará entregue a Portugal ou Holanda. É importante acreditarmos mas se calhar baixarmos ligeiramente as expectativas porque a Holanda é bem capaz de ter maior obrigação que nós de conseguir a qualificação.
Comecemos pela Alemanha. Antes de mais importa, analisando a qualificação, ressalvar que a Alemanha venceu 10 em 10 jogos, num grupo que contava com Turquia e Bélgica. A selecção germânica é um projecto consolidado e fundamentado numa boa política dos clubes, numa boa formação e orientada pelo excelente treinador e seleccionador Joachim Löw, a Alemanha junta o Bayern com o Dortmund, agregando outros importantes talentos. O que impressiona na Alemanha é a quantidade de soluções, sobretudo a nível de meio-campo e ataque, pese embora a defesa seja também muito capaz (ao contrário por exemplo da Holanda) e Manuel Neuer dispensa quaisquer apresentações.
Na baliza da Alemanha teremos, portanto, o guarda-redes do Bayern, Manuel Neuer. Frio, com enormes reflexos, um dos melhores do mundo. Na defesa, o capitão Lahm terá consigo Boateng garantidamente. Os outros 2 lugares ficarão entregues a 2 de 3 jogadores: Badstuber, Hummels e Mertesacker. Espero, porque gosto de ver bom futebol, que Hummels seja titular nesta Alemanha. A nível de meio-campo toda esta selecção funciona graças ao equilíbrio, raça e qualidade que Schweinsteiger confere, libertando Özil como o criativo da equipa. No duplo-pivot de meio-campo, ao lado de Schweinsteiger, ou jogará Toni Kroos ou Khedira. No ataque, supõe-se que Mario Gomez será o ponta-de-lança (Klose é também hipótese e foi o 2º melhor marcador da fase de qualificação, atrás do holandês Huntelaar) ficando os flancos entregues à partida a Thomas Müller (melhor marcador e jogador jovem do último mundial e jogador talhado para os grandes momentos e competições) e Lukas Podolski.
De qualquer forma, a Alemanha impressiona pelo banco que tem. Soluções como Schürrle, Götze e Reus terão uma palavra a dizer no decorrer dos jogos. No último jogo aliás, Dinamarca-Alemanha, talvez a selecção alemã possa experimentar outras soluções e rodar jogadores por já estar qualificada nessa altura.
Relativamente a Portugal, não considero que tenhamos uma estrutura tão consolidada como a Alemanha nem metade das soluções, nem considero que tenhamos uma ideia de jogo a nível ofensivo e um entrosamento tão bom quanto a Holanda tem (e isto poderá pesar no jogo decisivo do grupo, caso a Holanda esteja em dia Sim no ataque) mas a verdade é que é característico de Portugal agigantar-se nos momentos decisivos, mesmo à última e quando tudo parece impossível e contra todas as adversidades, Portugal geralmente dá-se bem. É assim que nós somos. Honestamente, acredito que percamos com a Alemanha e isso poderá motivar uma abordagem diferente a partir do 2º jogo, um pouco à imagem daquilo que Scolari fez em 2004 após a derrota com a Grécia a abrir o grupo.
Na baliza não há dúvidas, Rui Patrício será o escolhido. Na defesa poucas dúvidas restam também. João Pereira (poderá perder o lugar para Miguel Lopes) começará a lateral direito, Coentrão fará um bom europeu no lado esquerdo e os centrais serão Bruno Alves e Pepe (a nossa defesa depende sobretudo dele). Espero que P. Bento não se ponha a inventar adaptando Pepe a trinco contra a Alemanha. No meio-campo o trio Veloso-Meireles-Moutinho parece ser o que agrada mais a Paulo Bento. No entanto, ter Veloso contra a Alemanha será dar um tiro no pé e será dar o jogo todo a Schweinsteiger e Özil, a não ser que Meireles corra por 3 nesse jogo (normalmente ele corre por 2). A solução ideal seria Manuel Fernandes, mas não foi convocado e por isso contra a Alemanha Custódio seria a melhor opção e Hugo Viana seria a melhor opção com Dinamarca e Holanda, mas o coitado do Viana só jogará se a empregada do Hotel não puder. No ataque, relativamente aos flancos parece-me óbvio: é através daquilo que Ronaldo e Nani produzirem que Portugal jogará o que tiver que jogar. A referência ofensiva quanto a mim deveria ser, a partir do 2º jogo Nélson Oliveira pela incompetência de Hugo Almeida e Postiga. Contra a Alemanha a solução ideal era Vaz Tê mas não foi convocado, lá está, e não apostando em Nélson (o que seria um risco mas talvez compensasse) o ideal talvez até fosse apostar num meio-campo mais preenchido dando o ataque apenas a Ronaldo e Nani. Mas preparem-se para ver o Postiga contra a Alemanha.
Quanto à Holanda, tenho bastante pena de ver a laranja mecânica no nosso grupo porque, face ao poderio que reconheço à Alemanha, tenho obrigatoriamente que torcer contra esta Holanda porque tudo se deverá decidir no Portugal-Holanda a 17 de Junho. Gostava sinceramente que a Holanda estivesse noutro grupo para poder torcer pelo futebol atractivo e inocente que os holandeses sempre praticam. A parte pior (melhor para nós) nesta selecção é mesmo a defesa.
Na baliza, Stekelenburg será o titular. O estatuto que já tem confere-lhe essa condição mas, pelo que jogaram este ano, tanto Vorm como Krul mereciam mais o lugar. A lateral direito, van der Wiel tem tudo para se destacar neste Euro 2012 e “dar o salto” para um clube maior. A restante defesa será formada por Mathijsen, Heitinga (caso não recupere a tempo do 1º jogo, jogará Bouma ou Vlaar) e, a lateral esquerdo, o sportinguista Schaars (que será adaptado) parece ganhar a corrida ao jovem Jetro Willems. Espero que Schaars (jogador de que gosto bastante, enquanto médio centro) cometa alguns erros que permitam a Nani fazer a diferença no jogo decisivo. A nível de meio-campo, o capitão Mark van Bommel terá ao seu lado ou De Jong ou Strootman (optaria pelo 2º), jogando à frente deles o construtor de jogo da equipa – Wesley Sneijder. Todo o jogo holandês passará por ele. Nos flancos, dum lado Arjen Robben e do outro, Ibrahim Affelay parece ter convencido o seleccionador de que merece a titularidade. Van Persie será o avançado desta laranja mecânica, relegando Huntelaar (melhor marcador da qualificação com 12 golos) para o banco.
Por fim, a Dinamarca. Honestamente, não vejo a Dinamarca a pontuar neste europeu. Apenas e só porque o grau de exigência e responsabilidade estará elevadíssimo para as outras 3 selecções com que partilha o grupo. É verdade que a Dinamarca fica sistematicamente à nossa frente nas qualificações, mas numa fase final a mentalidade e postura dos portugueses é totalmente diferente. Analisando a equipa escandinava, na baliza face à lesão de Sorensen, Anders Lindegaard será o guarda-redes. Honestamente acho que a Dinamarca ficou a ganhar com esta troca. Na defesa a dupla de centrais Agger-Kjaer é forte e nas laterais jogarão Jacobsen e Simon Poulsen. Num sistema táctico semelhante àquele em que joga a Alemanha ou a Holanda (não digo Portugal porque não temos nenhum Özil/ Sneijder/ Eriksen a organizar jogo) a Dinamarca terá um duplo-pivot com Christian Poulsen e William Kvist, actuando à sua frente o melhor jogador da equipa – Christian Eriksen, do Ajax. Eriksen servirá o alto avançado Bendtner (normalmente carrasco dos portugueses) e nos flancos estarão o experiente Rommedahl e Krohn-Dehli.
O Grupo B é aquele que tem o maior conjunto de jogos de elevado interesse e será disputado claramente até ao último minuto. Acredito que Portugal consiga crescer como cresce sempre nestes momentos e saiba explorar as fraquezas defensivas da Holanda. Em todo o caso voltou a dizer que, se o ataque holandês estiver num dia inspirado (como normalmente está) e Portugal defender como fez contra a Turquia há uns dias, a coisa pode correr mal.
Possível classificação final:
1º Alemanha
2º Portugal/ Holanda
3º Holanda/ Portugal
4º Dinamarca
2º Portugal/ Holanda
3º Holanda/ Portugal
4º Dinamarca
Destaques Alemanha: Neuer, Lahm, Hummels, Schweinsteiger, Özil, Müller, Götze, Gomez
Destaques Portugal: Pepe, Coentrão, Meireles, Moutinho, Nani, Ronaldo, Nélson Oliveira
Destaques Holanda: van der Wiel, Sneijder, Affelay, Robben, van Persie, Huntelaar
Destaques Dinamarca: Lindegaard, Agger, Kvist, Eriksen
MP
Destaques Portugal: Pepe, Coentrão, Meireles, Moutinho, Nani, Ronaldo, Nélson Oliveira
Destaques Holanda: van der Wiel, Sneijder, Affelay, Robben, van Persie, Huntelaar
Destaques Dinamarca: Lindegaard, Agger, Kvist, Eriksen
MP