Quando um grupo se apresenta bem estratificado, com cada equipa superior a todas abaixo de si, temos o formato clássico nestas fases de grupos a três jornadas: 9-6-3-0. É possível que seja esse o aspecto final da tabela neste Grupo C, embora não afastemos uma igualdade pontual entre Alemanha e Polónia (no apuramento, a Polónia ganhou 2-0 em Varsóvia, perdendo 3-1 em Frankfurt). A selecção germânica, actual campeã do mundo, teve em Reus e Gündogan duas baixas de peso, uma vez que ambos seriam titulares em condições normais, acrescentando-se a isso a retirada de Lahm da Mannschaft, e algumas indefinições. Falar da Polónia é falar do melhor ataque na fase de qualificação (33 golos marcados, embora os 8-1 e 7-0 a Gribaltar tenham um peso brutal), e de uma selecção que, ao contrário do País de Gales, que é praticamente Bale+10, não acaba em Lewandowski.
A Ucrânia surge neste grupo como um possível outsider, determinado a baralhar as contas. Não apontamos os ucranianos aos oitavos, embora possam perfeitamente atingir essa fase. Torna-se muito difícil acertar nos 4 melhores terceiros. A Irlanda do Norte, depois de se apurar de forma hercúlea, é a selecção mais fraca do grupo, e talvez do torneio, assemelhando-se à Albânia graças à forte e organizada estrutura defensiva, mas com um défice de soluções de qualidade na frente.
A Ucrânia surge neste grupo como um possível outsider, determinado a baralhar as contas. Não apontamos os ucranianos aos oitavos, embora possam perfeitamente atingir essa fase. Torna-se muito difícil acertar nos 4 melhores terceiros. A Irlanda do Norte, depois de se apurar de forma hercúlea, é a selecção mais fraca do grupo, e talvez do torneio, assemelhando-se à Albânia graças à forte e organizada estrutura defensiva, mas com um défice de soluções de qualidade na frente.
Fiquem então com a análise mais aprofundada do Grupo C:
1. ALEMANHA
(Previsão: Meias-finais)
(Previsão: Meias-finais)
- Guarda-Redes: Manuel Neuer (Bayern Munique), Bernd Leno (Bayer Leverkusen), Marc-André Ter Stegen (Barcelona)
- Defesas: Emre Can (Liverpool), Jonathan Tah (Bayer Leverkusen), Shkodran Mustafi (Valência), Jérôme Boateng (Bayern Munique), Mats Hummels (Bayern Munique), Benedikt Höwedes (Schalke 04), Jonas Hector (Colónia)
- Médios: Joshua Kimmich (Bayern Munique), Bastian Schweinsteiger (Manchester United), Sami Khedira (Juventus), Julian Weigl (Dortmund), Toni Kroos (Real Madrid), Mesut Özil (Arsenal)
- Avançados: Thomas Müller (Bayern Munique), Julian Draxler (Wolfsburgo), Leroy Sané (Schalke 04), Mario Götze (Bayern Munique), André Schürrle (Wolfsburgo), Lukas Podolski (Galatasaray), Mario Gómez (Besiktas)
Baixas: Marco Reus, Ilkay Gündogan, Antonio Rüdiger; Ausências: Karim Bellarabi, Max Kruse, Julian Brandt, Mahmoud Dahoud
Equipa-Base (4-2-3-1): Neuer; Can (Höwedes), Boateng, Hummels, Hector; Khedira (Schweinsteiger, Weigl), Kroos; Müller, Özil, Draxler (Götze, Schürrle); Gómez
É muito estranho olhar para o 11 alemão e não ver Philipp Lahm e Miroslav Klose, cujos ciclos na Selecção chegaram ao fim no pós-Mundial. Há várias dúvidas relativamente aos intérpretes que Löw escolherá para algumas posições, com várias indefinições graças a lesões. Neuer, Boateng e Hector são dados adquiridos, tal como Hummels, que poderá não começar a titular por estar a recuperar duma pequena lesão. Emre Can parece ser o mais forte candidato para a posição de lateral-direito, embora o polivalente Höwedes possa também fazer a posição.
Do meio-campo para a frente, 3 certezas: Kroos, Özil e Müller. O médio do Real Madrid deve ter ao seu lado Khedira (que bom seria ver Weigl), face à época fraca de Schweinsteiger, enquanto que uma das principais questões é a posição em que jogará Thomas Müller, em função da titularidade ou não do gigante Mario Gómez. Com o goleador do Besiktas na frente, Müller jogará na direita e a vaga restante deve ficar para Draxler. Se Müller for o avançado, Joachim Löw terá que escolher 2 jogadores entre várias (5) possibilidades - Draxler, Götze, Schürrle, Sané e Podolski. Não se deve ainda excluir um plano C, com jogadores como Özil ou Götze como falsos 9.
Destaques Individuais (Previsão):
A especialidade de Thomas Müller são os mundiais, mas podem crer que o jogador do Bayern, para nós um dos melhores do mundo embora seja poucas vezes valorizado, vai aparecer em grande neste Euro, sendo inclusive um dos candidatos a melhor marcador. Quer jogue descaído para a direita quer seja o elemento mais adiantado (não havendo Klose, é possível que Löw comece o torneio com Gómez, mas que com o passar dos jogos acrescente qualidade técnica e juventude ao meio-campo, adiantando Müller) podem ter a certeza que dirá presente nas várias fases, com a frieza e simplicidade do costume.
Mesut Özil, um dos melhores assistentes da actualidade, deve transportar para este Euro a qualidade que apresentou ao serviço do Arsenal em 15/ 16, sendo importante considerar 2 dados: Özil costuma marcar mais golos na Selecção, e o facto de não ter brilhado propriamente no Mundial 2014 pode aumentar-lhe o apetite. Toni Kroos, um dos que mais brilhou em 2014, é um destaque certo, ao contrário dos restantes elementos que são essencialmente palpites nossos. Parece-nos que a lesão de Reus pode ser a oportunidade perfeita para Julian Draxler se afirmar, podendo ter início neste Euro um percurso marcante do prodígio do Wolfsburgo pela Alemanha e esperamos também bastante do lateral-esquerdo Jonas Hector (bom demais para o Colónia). Boateng-Hummels é uma excelente dupla, mas ao contrário de há 2 anos atrás parece-nos que o destaque poderá ser principalmente Jérôme Boateng e, por fim, Leroy Sané é uma aposta pessoal nossa, um feeling completo. Pode dar ao jogo germânico o que Coman pode dar à França e Renato Sanches a Portugal - a irreverência e rebeldia de quem tem o mundo pela frente, mas muitas ganas de fazer História.
2. POLÓNIA
(Previsão: Quartos-de-Final)
- Guarda-Redes: Wojciech Szczesny (Roma), Lukasz Fabianski (Swansea), Artur Boruc (Bournemouth)
- Defesas: Lukasz Piszczek (Dortmund), Artur Jedrzejczyk (Légia Varsóvia), Kamil Glik (Torino), Thiago Cionek (Palermo), Michal Pazdan (Légia Varsóvia), Bartosz Salamon (Cagliari), Jakub Wawrzyniak (Légia Varsóvia)
- Médios: Krzysztof Maczynski (Wisla), Tomasz Jodlowiec (Légia Varsóvia), Grzegorz Krychowiak (Sevilha), Filip Starzynski (Zaglebie Lubin), Karol Linetty (Lech Poznan), Piotr Zielinski (Empoli)
- Extremos: Jakub Blaszczykowski (Fiorentina), Kamil Grosicki (Rennes), Bartosz Kapustka (Cracóvia), Slawomir Peszko (Légia Gdansk)
- Avançados: Robert Lewandowski (Bayern Munique), Arkadiusz Milik (Ajax), Mariusz Stepinski (Ruch Chorzów)
Baixa: Maciej Rybus
Equipa-Base (4-4-2): Fabianski; Piszczek, Glik, Pazdan (Salamon), Wawrzyniak (Jedrzejczyk); Zielinski (Blaszczykowski), Krychowiak, Maczynski, Grosicki; Milik, Lewandowski
Olha-se para esta Polónia e a consistência é significativa, aumentando a qualidade à medida que avançamos pelo terreno de jogo. Fabianski deve ganhar o lugar a Szczesny, e na defesa a lesão de Rybus (adaptado a lateral-esquerdo, esperávamos bastante dele) coloca alguns pontos de interrogação em relação ao central que jogará ao lado de Glik e, claro, a quem será o defesa esquerdo. Krychowiak e Grosicki são presenças certas no meio-campo, mas a excelente época de Zielinski pelo Empoli pode atirar para o banco Maczynski ou Kuba. A liderar o pelotão, a dupla deste 4-4-2 é uma só: Milik e Lewandowski. Os golos estão garantidos.
Destaques Individuais (Previsão):
Se a Polónia chegar aos quartos-de-final como acreditamos, seria naturalmente uma das sensações da competição e um dos outsiders. Com um ataque temível, formado pela dupla Robert Lewandowski e Arkadiusz Milik, não se prevê qualquer timidez na hora de rematar à baliza. Lewandowski surge logo numa segunda linha de candidatos a máximo goleador do certame, e veremos que números atinge logo no primeiro encontro com a Irlanda do Norte, e Milik pode beneficiar com o peso do parceiro no crime, sendo o complemento perfeito do avançado do Bayern.
No meio-campo há 3 jogadores para os quais temos grandes expectativas: Kamil Grosicki, Grzegorz Krychowiak e Piotr Zielinski. Grosicki parece reunir os ingredientes para ser o 3.º polaco com melhores números, Krychowiak terá que ser uma aranha no miolo (especialmente se tiver Zielinski e não Maczynski em terrenos centrais), enquanto que o jovem Zielinski pode ser a arma secreta desta Polónia, um jogador com muita técnica e pronto para dar o salto. No sector defensivo, a ausência de Rybus na esquerda aumenta as responsabilidades de Piszczek nas suas incursões pelo flanco contrário, mas é de Kamil Glik que esperamos grandes coisas. A voz de comando da defesa polaca.
Temos ainda bastante curiosidade para ver o que mostram os jovens Kapustka e Karol Linetty nos minutos que Nawalka lhes der.
3. UCRÂNIA
- Guarda-Redes: Andriy Pyatov (Shakhtar), Denis Boyko (Besiktas), Mykyta Shevchenko (Zorya)
- Defesas: Artem Fedetskyi (Dnipro), Bohdan Butko (Amkar), Evhen Khacheridi (Dínamo Kiev), Oleksandr Karavaev (Zorya), Oleksandr Kucher (Shakhtar), Yaroslav Rakitskyi (Shakhtar), Vyacheslav Shevchuk (Shakhtar)
- Médios: Serhiy Sydorchuk (Dínamo Kiev), Serhiy Rybalka (Dínamo Kiev), Ruslan Rotan (Dnipro), Denys Garmash (Dínamo Kiev), Anatolyi Tymoschuk (Kairat), Taras Stepanenko (Shakhtar), Oleksandr Zinchenko (UFA)
- Extremos: Yevhen Konoplyanka (Sevilha), Viktor Kovalenko (Shakhtar), Andriy Yarmolenko (Dínamo Kiev)
- Avançados: Roman Zozulya (Dnipro), Yevhen Seleznyov (Shakhtar), Pylip Budkivskyi (Zorya)
Ausências: Artem Kravets, Oleg Gusev
Equipa-Base (4-3-3): Pyatov; Fedetskyi, Khacheridi, Rakitskyi, Shevchuk; Stepanenko, Garmash, Rotan (Sydorchuk, Rybalka); Yarmolenko, Konoplyanka; Zozulya (Seleznyov)
Se a Ucrânia se apresentará num 4-2-3-1 ou num 4-3-3 não sabemos dizer, de tão ténue que é a diferença, provocada pelo ocupamento territorial e pelas dinâmicas, conjugados com as características dos intérpretes. No quinteto GR+defesas deverão constar 3 futuros jogadores de Paulo Fonseca, e no meio-campo há bastantes opções, mas Stepanenko e Garmash diferenciam-se dos restantes. Rotan (34 anos) compete com Sydorchuk e Rybalka no que diz respeito à vaga que sobra. No ataque, Yarmolenko e Konoplyanka estão de pedra e cal, e são os 2 craques da equipa. Embora Fomenko tenha Seleznyov, parece-nos mais provável Zozulya ser a 1.ª escolha pelo que dá ao colectivo.
Destaques Individuais (Previsão):
Com 6 golos e duas assistências na qualificação, Andriy Yarmolenko provou que a Ucrânia pode confiar nele. O herdeiro de Shevchenko, que continua por Kiev sem que qualquer grande europeu perca a cabeça por ele, é a principal figura e o mais provável goleador desta equipa surgindo a partir do corredor direito (encontrará neste Grupo C um jogador semelhante na forma como se move, Thomas Müller). Seja como for, será muitas vezes Yevhen Konoplyanka a pegar no esférico e a levar a equipa para a frente, caindo em cima dos adversários e procurando descobrir caminhos até à baliza oposta.
Por razões bem diferentes apostamos forte em Denys Garmash e Taras Stepanenko. O médio do Dínamo Kiev pela qualidade de passe e visão de jogo, e Stepanenko porque contra equipas fortes como a Alemanha e a Polónia, a Ucrânia terá muito trabalho no seu meio-campo defensivo. Podíamos referir Viktor Kovalenko, mas deixamos estas últimas linhas para outro miúdo - Oleksandr Zinchenko. Tem 19 anos, já se estreou a marcar, e pode ser um dos jókers de Fomenko.
4. IRLANDA DO NORTE
- Guarda-Redes: Roy Carroll (Linfield), Alan Mannus (St. Johnstone), Michael McGovern (Hamilton Acad.)
- Defesas: Lee Hodson (MK Dons), Jonny Evans (West Brom), Craig Catchcart (Watford), Gareth McAuley (West Brom), Patrick McNair (Manchester United), Conor McLaughlin (Fleetwood Town), Luke McCullough (Doncaster Rovers), Aaron Hughes (-)
- Médios: Oliver Norwood (Reading), Chris Baird (Derby County), Corry Evans (Blackburn), Shane Ferguson (Millwall), Steven Davis (Southampton)
- Extremos: Jamie Ward (Nottingham Forest), Stuart Dallas (Leeds United), Niall McGinn (Aberdeen)
- Avançados: Kyle Lafferty (Norwich), Conor Washington (QPR), Will Grigg (Wigan), Josh Magennis (Kilmarnock)
Baixa: Chris Burnt
Equipa-Base (5-3-2): McGovern (Carroll); McLaughlin, Cathcart, McAuley, Evans, Dallas; McNair (Baird), Norwood, Davis; Grigg (Ward), Lafferty
Se neste grupo a Irlanda do Norte pontuar ficamos surpreendidos. Se passar, será um milagre ao nível da qualificação da Costa Rica em 2014. Os comandados de Michael O'Neill deverão apresentar-se num 5-3-2 com muita força no jogo aéreo (Cathcart, McAuley e Evans vão limpar a área) mas com poucos recursos técnicos. Sobram ainda algumas dúvidas, nomeadamente no médio mais defensivo (o jovem central do United, McNair, ou Baird) e no ataque o companheiro de Laffery pode ser Jamie Ward, mas o mais inteligente seria optar por Will Grigg.
Destaques Individuais (Previsão):
O capitão e o goleador. O capitão Steven Davis sabe que é a grande figura e deve subir o seu nível precisamente face à exigência e ao contexto, mas não temos quaisquer expectativas para esta Irlanda do Norte. Quando Kyle Lafferty, um jogador que este ano cumpriu 13 minutos na Premier League e marcou apenas 1 golo em 324 min de Championship, é a principal esperança dum país na hora de fazer a diferença, percebe-se em que pé está a Irlanda do Norte, e quão espectacular será uma eventual surpresa. Não devemos ignorar os 7 golos que Lafferty marcou na qualificação, tantos como Rooney ou Bale, embora os adversários desta vez sejam muito mais fortes. Depois de 22 golos pelo MK Dons e 28 golos pelo Wigan nas duas últimas épocas, Will Grigg merece ser titular ao lado de Lafferty, podendo mostrar-se como uma espécie de híbrido entre Shane Long e Jamie Vardy.
Posters ESPN - Euro 2016 - Grupo C |
Com o primeiro jogo (França - Roménia) cada vez mais perto, amanhã publicaremos o nosso olhar em relação ao Grupo D, fértil em estilos de jogo e com a bicampeã europeia Espanha como favorita.