4 de junho de 2016

Barba no Euro: Os Nossos 23 (Bélgica)

    A melhor selecção europeia no ranking FIFA, que apenas perde para a Argentina no geral. O crescimento da Bélgica tem sido progressivo, com uma geração de ouro agora mais madura, embora a ter ainda que provar ser capaz de corresponder às expectativas numa fase final contra selecções experientes e habituadas a jogos a doer. É que se o trio Alemanha, Espanha e França surge como o principal lote de favoritos à conquista deste Euro, numa 2.ª linha aparecem imediatamente selecções outsiders q.b. como Portugal, Itália, Inglaterra e Bélgica. Algo que não deixa de ser curioso uma vez que a Bélgica fez uma figura decente no Mundial 2014 (eliminada pela finalista Argentina nos quartos), tendo antes disso falhado a qualificação para todos os Europeus e Mundiais depois de 2000 e 2002. Este ano de 2016 é a primeira vez em que faz sentido colocar a fasquia mais elevada nas ambições belgas - atenção porque se Portugal ficar em primeiro, apanhará o 2.º classificado do grupo que contém Bélgica e Itália -, embora se possa ver este certame de França como mais uma etapa no amadurecimento da geração de Hazard, De Bruyne, Lukaku, Witsel, Courtois e Alderweireld.
    No apuramento a Bélgica saiu vencedora num grupo bastante forte - País de Gales, Bósnia e Israel deixaram todos boas indicações - tendo sofrido 5 golos em 10 jogos, marcado 24 e perdido pontos apenas com País de Gales (derrota e empate) e Bósnia (empate).
    Num grupo com Itália, Suécia e República da Irlanda, é expectável que belgas e italianos disputem o 1.º lugar, duas selecções que se estrearão uma contra a outra a 13 de Junho. A ausência do capitão Kompany é a principal baixa dos diabos vermelhos, juntamente com Lombaerts (o sector defensivo foi ainda afectado com as lesões dos substitutos Engels e Boyata). Embora os titulares estejam lá todos, promovemos várias alterações - há 4 jogadores que surgem nos nossos 23, e que Wilmots ignorou.


A Convocatória



  • Guarda-Redes: Thibaut Courtois (Chelsea), Simon Mignolet (Liverpool), Matz Sels (Gent)
  • Defesas: Thomas Meunier (Club Brugge), Toby Alderweireld (Tottenham), Jan Vertonghen (Tottenham), Jason Denayer (Galatasaray), Thomas Vermaelen (Barcelona), Jordan Lukaku (Oostende)
  • Médios: Radja Nainggolan (Roma), Moussa Dembélé (Tottenham), Axel Witsel (Zenit), Youri Tielemans (Anderlecht), Marouane Fellaini (Manchester United), Hans Vanaken (Club Brugge), Dennis Praet (Anderlecht)
  • Extremos: Kevin De Bruyne (Manchester City), Eden Hazard (Chelsea), Dries Mertens (Nápoles), Yannick Ferreira-Carrasco (Atlético Madrid)
  • Avançados: Romelu Lukaku (Everton), Divock Origi (Liverpool), Christian Benteke (Liverpool)

Lista de Contenção: Koen Casteels (Wolfsburgo), Laurens De Bock (Club Brugge), Laurent Ciman (Montreal Impact), Sven Kums (Gent), Nacer Chadli (Tottenham), Jelle Vossen (Club Brugge), Michy Batshuayi (Marselha)


    Desde que abandonou o Atlético Madrid e foi finalmente o nº 1 do Chelsea, Thibaut Courtois baixou um pouco a sua cotação. O guarda-redes de 24 anos, um super guarda-redes ainda assim, encontra-se hoje abaixo de Neuer, Oblak ou De Gea, quando há pouco tempo parecia ser o único capaz de questionar o estatuto do alemão. Sendo Courtois um atleta de momentos grandes, pode revelar-se peça-chave com o seu 1,99m, ele que é o titular mais-do-que-indiscutível, deixando sentados no banco Simon Mignolet (em 2016/ 17 arrisca-se a perder o lugar para Karius no clube) e Matz Sels. Wilmots leva para França Gillet e não Sels, guardião do Gent.
    Numa defesa órfã do capitão Vincent Kompany, um líder em qualquer campo que pise, torna-se mais fácil não separar o que Pochettino uniu - a dupla Toby Alderweireld e Jan Vertonghen, que com Wilmots deverão jogar a laterais mesmo assim. Os centrais do Tottenham, tecnicamente muito evoluídos, jogaram no Mundial-2014 a lateral direito e lateral esquerdo respectivamente, mas sem Kompany, não faz sentido perder a coesão, a comunicação e as rotinas de 2 jogadores que passaram meses a fio lado a lado. De resto, e sendo a defesa belga constituído por elementos bastante acima da média em termos técnicos, interessa chamar 2 laterais que tenham essa posição como a sua de raíz (Thomas Meunier na direita, e Jordan Lukaku na esquerda), acrescentado a versatilidade de Thomas Vermaelen e Jason Denayer, habituados a actuar no centro da defesa, embora possam jogar também o primeiro na esquerda e o segundo no lado oposto.
    No meio-campo, Wilmots aprendeu a lição e desta vez convocou Radja Nainggolan, o tanque e pitbull da Roma. Há 2 anos atrás, Nainggolan surgiu nos nossos 23, com presença a titular inclusive, não merecendo no entanto a confiança do seleccionador. O músculo e a intensidade da Bélgica começam no romano, e porque às vezes o melhor é mesmo simplificar - Moussa Dembélé e Axel Witsel dão à Bélgica tudo o que a equipa precisa. A ambos é dificílimo roubar a bola, é muito complicado passar por qualquer um deles, tanto um como outro ligam a defesa ao ataque como poucos, e é preciso ter este triângulo para soltar os génios da frente. O nosso meio-campo fica completo com Marouane Fellaini (útil pelo supremacia no jogo aéreo, ele que luta por vezes demais), e ainda por 3 jovens do campeonato belga que Wilmots nem na pré-convocatória inicial incluiu: as promessas do Anderlecht, Youri Tielemans e Dennis Praet, e ainda Hans Vanaken, um ambidestro capaz de jogar a médio ofensivo e do lado esquerdo, que aos 23 anos brilhou no Club Brugge, conjugando o seu 1,94m com uma técnica acima da média.
    Falar de génios na Bélgica é falar dos 2 jogadores pelos quais passará o destino belga na competição que se avizinha - Kevin De Bruyne e Eden Hazard. Do jogador do Manchester City pode-se esperar a regularidade de sempre, porque raramente desilude e costuma ter mais impacto do que qualquer outro jogador na Selecção (na qualificação De Bruyne marcou 1 golo a cada 2 jogos), mas atenção porque o final de temporada de Hazard foi um regresso ao seu nível de 2014/ 15, e já há algum tempo que temos o feeling de que o 10 do Chelsea iria aparecer em grande em França. Depois, há Dries Mertens como 12.º jogador, o suplente quase sempre utilizado e ocasionalmente titular, e Yannick Ferreira-Carrasco entra nas contas por ser um jogador à Simeone, ele que marcou na final da Champions. O extremo do Atlético ocupa uma vaga que poderia ser entregue ou a ele ou a Chadli, num ano em que Mirallas nem surge na nossa lista de contenção.
    Com Batshuayi de fora (Wilmots convocou-o), o nosso trio de avançados é composto por Romelu Lukaku, Divock Origi e Christian Benteke. Três jogadores diferentes - Origi dá algo que os outros dois não dão - e com épocas bem distintas. Lukaku marcou 18 golos na Premier League, terminando a temporada num mau momento de forma, Origi (dos 3 o que Wilmots mais gosta por ser o mais móvel e o que mais pressiona) estava a explodir quando contraiu uma lesão que quase o retirou do Euro, e em relação a Benteke esperávamos muito mais dele no Liverpool. 


O Onze

    Não muda muito em relação há dois anos. O nosso trio de ataque mantém-se o mesmo, no miolo há apenas uma peça que é trocada, e a defesa é retocada por força da lesão de Kompany e pela actual sintonia de Alderweireld e Vertonghen.
    Neste 4-3-3, equilibrado e muito forte no meio (difícil ganhar a uma equipa com Nainggolan, Witsel e Dembélé), tudo começa em Courtois. O guarda-redes do Chelsea é muitíssimo superior aos compatriotas na sua posição, e mesmo não tendo brilhado esta época é um dos melhores do mundo. Na defesa, por acharmos que o mais sensato e inteligente é privilegiar a dupla Alderweireld-Vertonghen, colocamos Meunier na direita e Jordan Lukaku na esquerda. Esta opção - Wilmots deve optar por Alderweireld, Denayer, Vermaelen e Vertonghen - torna-se possível graças ao equilíbrio constante que o trio do meio-campo oferece, compensando quer as subidas de Meunier, quer as do Lukaku mais novo, capazes de potenciar movimentos interiores de De Bruyne e Hazard respectivamente. Com Lombaerts e Kompany disponíveis, a defesa seria outra, certamente.
    No meio-campo será um crime se Wilmots não apostar em Nainggolan, Witsel e Dembélé. A força do corredor central belga (conciliar a dupla de centrais do Tottenham com um trio à sua frente que só tem concorrência no triângulo Kanté, Matuidi, Pogba, que até pode nem ser a opção A de Deschamps na França) seria o primeiro passo para a afirmação belga no torneio.
    Os 3 homens da frente são De Bruyne, Hazard e Lukaku. Os dois primeiros aqueles para os quais os colegas irão passar a bola quando algo tiver que acontecer ao minuto 90, e Lukaku a referência - é uma força da natureza, com números impressionantes para quem tem ainda 23 anos, e seria a nossa 1.ª escolha, com Origi a ter minutos para baralhar as contas.


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