5 de janeiro de 2016

Crítica: Brooklyn

A CAMINHO DOS ÓSCARES 2016
Realizador: John Crowley
Argumento: Nick Hornby, Colm Tóibín
Elenco: Saoirse Ronan, Emory Cohen, Domnhall Gleeson, Julie Walters, Jessica Paré, Jim Broadbent
Classificação IMDb: 7.5 | Metascore: 87 | RottenTomatoes: 97%
Classificação Barba Por Fazer: 72


    É bom quando podemos ver um grande talento a crescer no ecrã. Quando vemos Saoirse Ronan em 'Brooklyn' testemunhamos o total amadurecimento da actriz que disse "eu estou aqui" em 'Atonement', que por pouco não foi Luna Lovegood em 'Harry Potter', e cuja carreira não tem tido passos em falso, entrando em 'The Lovely Bones', 'Hanna' e mais recentemente 'The Grand Budapest Hotel'. Com aqueles olhos de um azul azulão, neste romântico 'Brooklyn' Saoirse diz basicamente: eu vou continuar aqui, por muitos anos.
    'Brooklyn' é requinte, elegância e romance, e é um filme que recria a Irlanda e os Estados Unidos dos anos 50. Com Argumento de Nick Hornby (a adaptar o romance histórico escrito por Colm Tóibín) e com John Crowley (último episódio da 2.ª temporada de 'True Detective) na Realização, este filme, com uma ambiência bem capaz de deixar os membros da Academia todos malucos, segue o percurso de Eilis Lacey (Saoirse Ronan). Tal como tantos emigrantes irlandeses da época (1952), Eilis consegue, graças à irmã, a oportunidade de tentar o american dream e segue de navio, instalando-se em Brooklyn. Naquele que é hoje em dia o condado mais populoso de Nova Iorque, Eilis tem dificuldades em adaptar-se, enquanto vive numa casa exclusivamente ocupada por mulheres sob a alçada de Madge (Julie Walters) e trabalha numa loja. As saudades asfixiantes tornam-se, no entanto, mais suportáveis quando Eilis conhece Tony (Emory Cohen), um rapaz de raízes italianas, que dá luz à personagem de Saoirse Ronan.
    A sensação que 'Brooklyn' oferece é a de que estamos a ver algo como 'Titanic', 'Little Women' ou 'Pride and Prejudice'. Há essa pompa e circunstância, um tom distinto. Saoirse Ronan é perfeita para o papel de Eilis: amadurece no ecrã naquele que é, segundo a actriz, o filme que explora o seu lado mais pessoal, e de jovem menina faz-se mulher, levando no coração - tal como a personagem - a Irlanda e os EUA em simultâneo.
    As grandes questões que apimentam 'Brooklyn' são, invariavelmente, escolhas - seguir o coração ou agarrar um futuro certo e seguro, conviver ou não com a mentalidade característica das vilas pequenas (neste caso Enniscorthy, na Irlanda) em que tudo se sabe, toda a gente se conhece e sobre tudo se opina.
    Para além de Ronan, e embora entre também Domnhall Gleeson (um daqueles actores que está em todo o lado ultimamente), 'Brooklyn' serve como plataforma de afirmação para Emory Cohen. Com 25 anos já tinha aparecido por exemplo em 'The Place Beyond the Pines' mas é aqui que convence quem alguma vez duvidou do seu potencial. No próximo dia 14 teremos confirmações mas Saoirse Ronan parece ser uma das incontestáveis nomeadas para Melhor Actriz; relativamente a Melhor Filme, Argumento Adaptado ou Guarda-Roupa logo se verá. 

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