Realizador: Steven Spielberg
Argumento: Matt Charman, Ethan Coen, Joel Coen
Elenco: Tom Hanks, Mark Rylance, Alan Alda, Amy Ryan, Austin Stowell, Jesse Plemons
Classificação IMDb: 7.6 | Metascore: 81 | RottenTomatoes: 91%
Classificação Barba Por Fazer: 76
Quando se abordam parcerias realizador-actor frequentes lembramo-nos que houve Scorsese com De Niro e depois com DiCaprio, Woody Allen com Mia Farrow e Diane Keaton, há Burton com Johnny Depp, McQueen com Fassbender, Nolan com Michael Caine, Tarantino com L. Jackson, Wes Anderson com Bill Murray.. e muitos mais. Steven Spielberg e Tom Hanks encaixam neste raciocínio, com várias colaborações em termos de produção, para além dos sucessos 'Saving Private Ryan', 'Catch Me If You Can' e 'The Terminal'.
'Bridge of Spies' é, assim, a 4.ª colaboração que coloca Spielberg a dirigir Hanks.
O filme, com dedo dos irmãos Coen na escrita do Argumento, constrói-se até chegar à ponte Glienicke, colocando o advogado James B. Donovan (Tom Hanks) no centro das negociações para que se efectue uma troca, em plena Guerra Fria, do piloto norte-americano Francis Gary Powers (Austin Stowell) pelo espião soviético Rudolf Abel (Mark Rylance). Uma troca que se torna possível depois de Donovan, um advogado especializado em seguros, ser designado pelos EUA para representar Rudolf Abel, num julgamento em que só Donovan prioriza o sentido de justiça em relação a um condicionante patriotismo.
Tendo nos últimos anos realizado 'War Horse' e 'Lincoln', Spielberg mantém-se a folhear as páginas da História através de dramas que mostram que quem sabe não esquece, embora hoje em dia transpareça a ideia de que Spielberg joga pelo seguro e reproduz uma fórmula de sucesso, fazendo tudo by-the-book. Neste caso essa acepção reforça-se por vermos Tom Hanks como Tom Hanks - um dos Senhores actores que ainda temos a honra de ver hoje em dia, mas que seria bom vê-lo, nesta fase, a inovar nas personagens que abraça, fora do seu registo-padrão.
Entrando no campo injusto e muitas vezes desnecessário das comparações, 'Bridge of Spies' é, pelo seu todo, melhor do que os recentes trabalhos de Spielberg, 'Lincoln' ou 'War Horse'. Não tem um super-Daniel Day-Lewis, mas tem Mark Rylance como espião russo a justificar todos os elogios e nomeações que tem recebido. Rudolf Abel é uma personagem simples, memorável graças ao que Rylance faz dele - repete o seu Would it help? à medida que acentua a sua sapiência e calma, consciente do seu papel e do que o espera, querendo apenas desenhar, e descobrindo um amigo em circunstâncias improváveis. É curioso, Rylance pouco fala mas quando fala ouvimo-lo, talvez por isso, com particular atenção. Há pessoas assim.
Nos Óscares vindouros, o filme de Spielberg é menino para somar umas 4-5 nomeações: é um dos candidatos a constar na lista dos Melhores Filmes, e provável nomeado em categorias como Argumento Original, Design de Produção e Banda Sonora (Thomas Newman). Mais do que qualquer outra coisa, Mark Rylance é uma certeza no enquadramento de Actores Secundários mais competitivo dos últimos anos largos (Idris Elba, Tom Hardy, Christian Bale, Sylvester Stallone, Mark Ruffalo, Michael Keaton, Benicio del Toro, Michael Shannon, Jacob Tremblay, Paul Dano e Jason Segel, 11 nomes para 4 lugares).
Olhando para o futuro próximo, o trio Spielberg, Hanks e Rylance tem vários projectos interessantes a caminho. Spielberg volta a reunir-se com Rylance em 'The BFG' da Disney, terá o 5.º Indiana Jones em breve, para além de trabalhar com Jennifer Lawrence ('It's What I Do') na história de Lynsey Addario com cheiro a óscares, e com Olivia Cooke num filme de ficção científica. Já Tom Hanks tem 'The Circle' (com Emma Watson e John Boyega) em pós-produção, bem como um filme de Clint Eastwood e o seu regresso ao mundo de Dan Brown, tudo isto antes de voltar a dar a voz ao cowboy Woody. Por fim, Mark Rylance será um gigante da Disney mas, mais importante, é um dos três actores (ele, Tom Hardy e Kenneth Branagh) confirmados em 'Dunkirk', próximo filme de Christopher Nolan que estreará em 2017.
'Bridge of Spies' reúne os ingredientes tradicionais de um dos cineastas mais marcantes da História do Cinema. É um thriller de guerra, um clássico jogo de espiões, que não surpreende mas entretém. Diz-se que o saber não ocupa lugar. Este filme também não.
Quando se abordam parcerias realizador-actor frequentes lembramo-nos que houve Scorsese com De Niro e depois com DiCaprio, Woody Allen com Mia Farrow e Diane Keaton, há Burton com Johnny Depp, McQueen com Fassbender, Nolan com Michael Caine, Tarantino com L. Jackson, Wes Anderson com Bill Murray.. e muitos mais. Steven Spielberg e Tom Hanks encaixam neste raciocínio, com várias colaborações em termos de produção, para além dos sucessos 'Saving Private Ryan', 'Catch Me If You Can' e 'The Terminal'.
'Bridge of Spies' é, assim, a 4.ª colaboração que coloca Spielberg a dirigir Hanks.
O filme, com dedo dos irmãos Coen na escrita do Argumento, constrói-se até chegar à ponte Glienicke, colocando o advogado James B. Donovan (Tom Hanks) no centro das negociações para que se efectue uma troca, em plena Guerra Fria, do piloto norte-americano Francis Gary Powers (Austin Stowell) pelo espião soviético Rudolf Abel (Mark Rylance). Uma troca que se torna possível depois de Donovan, um advogado especializado em seguros, ser designado pelos EUA para representar Rudolf Abel, num julgamento em que só Donovan prioriza o sentido de justiça em relação a um condicionante patriotismo.
Tendo nos últimos anos realizado 'War Horse' e 'Lincoln', Spielberg mantém-se a folhear as páginas da História através de dramas que mostram que quem sabe não esquece, embora hoje em dia transpareça a ideia de que Spielberg joga pelo seguro e reproduz uma fórmula de sucesso, fazendo tudo by-the-book. Neste caso essa acepção reforça-se por vermos Tom Hanks como Tom Hanks - um dos Senhores actores que ainda temos a honra de ver hoje em dia, mas que seria bom vê-lo, nesta fase, a inovar nas personagens que abraça, fora do seu registo-padrão.
Entrando no campo injusto e muitas vezes desnecessário das comparações, 'Bridge of Spies' é, pelo seu todo, melhor do que os recentes trabalhos de Spielberg, 'Lincoln' ou 'War Horse'. Não tem um super-Daniel Day-Lewis, mas tem Mark Rylance como espião russo a justificar todos os elogios e nomeações que tem recebido. Rudolf Abel é uma personagem simples, memorável graças ao que Rylance faz dele - repete o seu Would it help? à medida que acentua a sua sapiência e calma, consciente do seu papel e do que o espera, querendo apenas desenhar, e descobrindo um amigo em circunstâncias improváveis. É curioso, Rylance pouco fala mas quando fala ouvimo-lo, talvez por isso, com particular atenção. Há pessoas assim.
Nos Óscares vindouros, o filme de Spielberg é menino para somar umas 4-5 nomeações: é um dos candidatos a constar na lista dos Melhores Filmes, e provável nomeado em categorias como Argumento Original, Design de Produção e Banda Sonora (Thomas Newman). Mais do que qualquer outra coisa, Mark Rylance é uma certeza no enquadramento de Actores Secundários mais competitivo dos últimos anos largos (Idris Elba, Tom Hardy, Christian Bale, Sylvester Stallone, Mark Ruffalo, Michael Keaton, Benicio del Toro, Michael Shannon, Jacob Tremblay, Paul Dano e Jason Segel, 11 nomes para 4 lugares).
Olhando para o futuro próximo, o trio Spielberg, Hanks e Rylance tem vários projectos interessantes a caminho. Spielberg volta a reunir-se com Rylance em 'The BFG' da Disney, terá o 5.º Indiana Jones em breve, para além de trabalhar com Jennifer Lawrence ('It's What I Do') na história de Lynsey Addario com cheiro a óscares, e com Olivia Cooke num filme de ficção científica. Já Tom Hanks tem 'The Circle' (com Emma Watson e John Boyega) em pós-produção, bem como um filme de Clint Eastwood e o seu regresso ao mundo de Dan Brown, tudo isto antes de voltar a dar a voz ao cowboy Woody. Por fim, Mark Rylance será um gigante da Disney mas, mais importante, é um dos três actores (ele, Tom Hardy e Kenneth Branagh) confirmados em 'Dunkirk', próximo filme de Christopher Nolan que estreará em 2017.
'Bridge of Spies' reúne os ingredientes tradicionais de um dos cineastas mais marcantes da História do Cinema. É um thriller de guerra, um clássico jogo de espiões, que não surpreende mas entretém. Diz-se que o saber não ocupa lugar. Este filme também não.